sexta-feira, 24 de maio de 2013
Renovar a tropa...
A União Europeia (UE) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) defendem que a Guiné-Bissau deve levar a cabo mudanças nas forças armadas e de segurança, nomeadamente através de uma «renovação da liderança militar superior». «A UE e a CEDEAO concordam que reformas profundas e irreversíveis, começando com a reestruturação radical das forças armadas e de segurança, especialmente a renovação da liderança militar superior, bem como uma profunda reforma dos setores de segurança e da justiça e do sistema político, são essenciais para a estabilização e prosperidade do país», refere um comunicado tornado público ontem pelo gabinete da UE em Bissau, mas referente a uma reunião ocorrida em Bruxelas a 16 de maio.
Ambas as organizações «expressaram ainda a sua profunda preocupação com a infiltração inquietante em todas as estruturas do Estado pelo crime organizado e o narcotráfico, observando que a detenção do ex-chefe da marinha, sob acusação de narcotráfico, e a acusação ao atual chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, de alegada participação no narcotráfico, demonstram a gravidade do problema». Nesse sentido, a UE e a CEDEAO estão determinadas em «tomar todas as medidas necessárias contra todas as pessoas e entidades condenadas pelos tribunais». As organizações apelam, ainda, a «todas as pessoas com cargos de responsabilidade em Bissau» que demonstrem o seu «firme compromisso na luta contra o narcotráfico».
quinta-feira, 23 de maio de 2013
No país do faz de conta
DOMINGOS SIMÕES PEREIRA é bem conhecido dos meios diplomáticos em Portugal e nos países lusófonos pois liderou a CPLP entre 2008 e 2012. Quer concorrer à liderança dos PAIGC e às próximas eleições, ainda sem data marcada depois do golpe do ano passado. Hoje, foi ouvido no tribunal militar em BissauO antigo secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e candidato à liderança do PAIGC na Guiné-Bissau Domingos Simões Pereira foi esta quinta-feira ouvido no Tribunal Militar Regional de Bissau. Os motivos da sua notificação não foram esclarecidos. Um dos seus advogados, ouvido pela RDP-África, disse que o político guineense entrou e saiu declarante. A audição durou duas horas. No tribunal, presidido por um militar, decorre desde Março o julgamento de 16 militares e um civil, acusados de envolvimento na acção militar de 21 de Outubro – apresentada pelos militares golpistas de 12 de Abril, liderados pelo general António Indjai, como uma tentativa de contragolpe. Alguns já foram condenados, entre os quais o capitão Pansau N’Tchama, acusado de liderar o ataque.
«Estou a sair como entrei. Um cidadão nacional. Vim cumprir um dever de cidadania colocando-me à disposição dos tribunais e espero ter contribuído para clarificar um assunto que o tribunal queria de facto esclarecer»
Domingos Simões Pereira, membro do PAIGC, partido do ex-primeiro-ministro derrubado no golpe de Estado de Abril, Carlos Gomes Júnior, disse que em circunstância alguma conheceu Pansau N’Tchama. Este foi, no mês passado, condenado a cinco anos de prisão, acusado de traição e uso de armas ilegais. A acção de 21 de Outubro deu lugar a uma série de perseguições de políticos, detenções, tortura e execuções, de acordo com a Liga Guineense dos Direitos Humanos. O secretário-geral da ONU Ban Ki-Moon, num relatório apresentado ao Conselho de Segurança, em finais de Novembro passado, notava igualmente com “profunda preocupação” a “deterioração da situação de segurança no país” depois desse ataque. Também salientava a “incapacidade” do Estado “em proteger a população e especialmente certos grupos étnicos”, desde então.
O alto responsável das Nações Unidos referia o aumento das violações dos direitos humanos “cometidas por militares”, incluindo tortura e execuções sumárias. E dizia recear que "o direito à vida, à segurança pessoal, à integridade física, propriedade privada e ao acesso à justiça, bem como a liberdade de reunião, de opinião e de informação” continuassem “a ser violados". Destacava os abusos – incluindo tortura, intimidação e assassínios – cometidos contra elementos do grupo étnico Felupe-Djola, que tem sido acusado de apoiar o ataque de 21 de Outubro, e que é visto como próximo de Carlos Gomes Júnior. No mesmo relatório, Ban Ki-moon responsabilizava as chefias militares, no poder desde o golpe de Estado de Abril, pelo aumento do narcotráfico na Guiné-Bissau. Nesse documento e no mais recente que foi aprovado por unanimidade esta quarta-feira pelo Conselho de Segurança da ONU, o alto responsável da ONU insistiu na necessidade de se marcar uma data para a realização de eleições e na urgência de atacar o problema do narcotráfico – que já levou à prisão do ex-chefe de Estado-Maior da Marinha Bubo Na Tchuto em águas internacionais numa operação secreta liderada pelos Estados Unidos que o acusam a ele e ao actual chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas António Indjai de envolvimento neste tráfico e outro tipo de crime organizado.
Domingos Simões Pereira, que anunciou este ano a sua candidatura à liderança do PAIGC para suceder a Carlos Gomes Júnior, promete, no seu manifesto político, “distanciamento total do partido” da “natureza criminosa e corrupta dos círculos ligados ao narcotráfico” e defende o envolvimento de todas as instituições do Estado, da sociedade e da comunidade internacional no combate ao narcotráfico. O seu objectivo é concorrer a umas eleições que ainda não têm data marcada. Simões Pereira foi secretário-executivo da CPLP entre 2008 e 2012. No passado, foi membro eleito da Comissão Permanente do Bureau Político do PAIGC e integrou o governo deste partido saído das eleições de 2004 enquanto ministro das Obras Públicas. PÚBLICO
Perseguição e violência não faz parar os jovens
O Movimento Ação Cidadã da Guiné-Bissau fez circular uma "Carta Aberta" que denuncia à comunidade internacional o clima de medo e perseguição de que a sociedade guineense e, em particular, os jovens estão a ser vítimas.
O Movimento Ação Cidadã dá conta ainda de restrições de liberdade de imprensa e manifestação e denúncia a violação dos direitos humanos. Um dos membros do movimento, Cadija Mané, explica os motivos pelos quais levaram o Ação Cidadã apresentar esta nova "Carta Aberta", e conta que "há vários casos isolados de pessoas que são agredidas que não se manifestam, que não vão fazer queixa", acabam por desistir da denúncia porque acham que "já ninguém quer saber, ou as pessoas sabem, mas não reagem".
A vida dos jovens hoje na Guiné-Bissau não é fácil e Cadijá Mané faz um retrato da situação actual no país. "Os jovens estão apáticos, nos seus lugares. Vivemos cercados de informadores pelas ruas, que uma pessoa onde está sentada tem as outras a ouvir as conversas para depois ir transmitir. Não existe uma total liberdade de expressão." Mané acrescenta ainda: "Estamos realmente muito desacreditados com toda esta situação, de não termos lugar, onde não podemos ter sonhos, onde não podemos fazer os nossos planos". Os jovens, segundo o membro do Movimento Ação Cidadã; querem "uma mudança radical no país. Já são 40 anos, praticamente 40 anos, após a independência, onde não houve nenhuma melhoria, onde não conseguimos atingir um certo grau de conforto ou felicidade", lamenta.
Esperança num amanhã melhor
Apesar deste relato, Cadija Mané diz que há uma pequena luz ao fundo do túnel, que surge com as possíveis eleições de novembro e, nessa altura, Cadija espera que "as coisas tenham um novo rumo. Diz que os jovens estão "à espera disso" e querem "fazer parte dessa mudança". Cadija Mané garante que alguns casos de abusos são denunciados à Polícia Judiciária, mas, até agora, nenhum teve uma conclusão ou foi bem-sucedido. Apesar de haver pessoas que fazem "queixas e notificações", estas acabam por não avançar porque muitas vezes essas denúncias "não dão em nada", segundo o membro da organização.
Para além da "Carta Aberta", o Movimento Ação Cidadã garante estar empenhado em ter uma parceria com a Liga Guineense dos Direitos Humanos para a criação de uma linha telefónica de apoio às vítimas de agressão. E terá o Movimento sentido obstáculos no desenvolvimento deste trabalho? Cadija diz que as dificuldades são tantas que nem sabem "medir até onde". As suas ações até "têm tido impacto a nível do governo", sublinha. "Nós não estamos à espera que no meio de um programa de rádio apareçam lá agentes, polícias ou militares para nos prender ou agredir, mas esperamos que seja um resultado positivo acharem que aquilo que estamos a fazer é bom para a sociedade e que se deve tirar proveito", conta.
Para que a situação de alegada impunidade e de suposto abuso de poder deixe de ser uma realidade no futuro, Cadija Mané apela para que a população da Guiné-Bissau denuncie qualquer acto de intimidação ou violação dos seus direitos por qualquer elemento das forças de segurança ou defesa, pois segundo a ativista, "não é porque a pessoa tem uma determinada farda que tem que desprezar o outro sem motivo aparente". Na "Carta Aberta", o Movimento Ação Cidadã denuncia a agressão por parte de elementos das forças de defesa no espaço público. O Movimento denuncia a agressão à cidadã Eurizanda Balde Fragoso, no Hospital Militar, a 16 de abril deste ano e a Catarina Ribeiro Schwarz, no Aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, a 6 de maio de 2013.
Catarina Schwarz conta na primeira pessoa a agressão de que foi vítima, por parte dos elementos das forças de defesa no espaço público. "Estavamos todos numa fila. A pessoa que me agrediu não estava à espera de ser chamada à atenção. Terá sido apanhada de surpresa e por não querer mostrar-se inferior, então reagiu. Não gostou. Trata-se de um agente que trabalha no aeroporto de Bissalanca e acho que utilizou essa posição para abusar das suas capacidades", relembra Schwarz. Catarina adianta que, mais tarde, soube que a pessoa que alegadamente a agrediu foi colocada em serviço no aeroporto pelas forças armadas, a seguir ao golpe de Estado de abril do ano passado.
A impunidade como regra
Apesar de se tratar de um caso isolado, Catarina Schwarz garante que este tipo de situações acontece com frequência na Guiné-Bissau. Membro do Movimento Ação Cidadã, Catarina adianta que esses casos acontecem mais regularmente com os cidadãos guineenses. Falando ainda sobre o clima de impunidade que diz ser vivido na Guiné-Bissau, Catarina refere que as vítimas dos alegados abusos não fazem queixa, por temerem que a situação seja descredibilizada. Mesmo perante este contexto, a agredida considera que se deve estimular a população para fazer queixa e denunciar, mesmo que não sejam consideradas, a fim de dar a volta à situação.
Relembra que os jovens têm um papel essencial para originar mudança e que alguns já o fazem. "Aqui na Guiné-Bissau não há muitas formas de manifestação pública e de jovens mas se fizermos uma investigação rápida vamos perceber que através das músicas, há bairros que se juntam e fazem músicas de intervenção com uma carga simbólica muito grande, manifestam o seu desagrado em relação à situação política e militar". Mesmo com letras de denúncia, Catarina garante que as canções de intervenção passam na rádio e não há censura, e acrescenta que "não sei se é porque não conhecem esses grupos, não sei se é porque é uma música, não se leva tão a sério, mas já é uma forma de manifestação". Catarina Schwarz alerta para impunidade das forças de segurança
O papel da comunidade internacional.
E uma das vozes que mais assume o combate aos abusos vividos na Guiné-Bissau, é a Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), que reinvindica uma sociedade mais justa. Atenta aos casos de violação dos direitos humanos, o presidente da Liga Guineense, Luís Vaz Martins, ilustra a situação de medo que se vive no país, contando que "nos últimos meses vive-se justamente um clima de tensão, de muito medo onde efetivamente alguns metódos de intimidação, de tortura, de perseguição e restrição de liberdades, é o retrato do que se tem vivido ultimamente". Dando espaço à impunidade e não garantido a salvaguarda dos direitos humanos na Guiné-Bissau, Luís Martins afirma que é cada vez mais difícil ser-se jovem no país.
"É muito difícil efetivamente. Não há horizonte a curto prazo que garanta aos jovens uma saída feliz para a crise em que o país está envolvido". O presidente da Liga acredita que "cada vez mais escasseia esperança de um amanhã melhor e é por isso que a sua organização compreende a posição dos jovens". Neste sentido, a Liga Guineense dos Direitos Humanos "solidarializa-se com a situação dos jovens e de todas as vítimas de perseguição e de maus tratos no país", diz Luís Vaz Martins.
São dezenas as denúncia que chegam à Liga Guineense, relatando casos de abusos a jovens por parte das autoridades nacionais e o presidente da Liga, acredita que se a situação de abusos impunes não for controlada, que o futuro dos jovens guineenses irá se agravar, temendo que a resposta para a violência, seja mais violência com as pessoas a utilizarem "uma espécie de meio de resistência violenta, para responder aos actos violentos de que têm sido alvos. "Para o presidente da LGDH a "única esperança é efetivamente ver os órgãos restabelecidos através das eleições e a situação mudar no seio da comunidade internacional". Uma situação que Luís Martins relembra, que a comunidade internacional está cada vez mais atenta e disposta a apoiar. Deutsche Welle
Protesto!
A União Africana está reunida para discutir estratégias para África, para daqui a 50 anos. Percebo. Oh, se percebo! A UA comemora agora os seus cinquenta anos, e as independências mais antigas outros tantos. Mas foram sobretudo 50 anos de guerras e de matanças; 50 anos de fome, de subdesenvolvimento. Cinquenta anos de ingerência dos ex-colonizadores.
Ainda bem que pude assistir a esta 'celebração', pois muito dificilmente estarei cá para chorar sobre os 100 anos da mãe que se tornou madrasta - África. Não vou participar em nenhuma actividade que tenha que ver com esse dia - o 25 de maio. Esse é o meu protesto. Não tenho motivos nenhuns para comemorar. Para mim, África não passa de uma ilusão - pelo menos nestes últimos 50 anos. AAS
Henrique Rosa
"O teatro protagonizado pelo nosso Estado a volta das cerimónias fúnebres do Sr. Henrique Pereira Rosa demonstra a evidência da deterioração contínua das nossas instituições da República. As ilações que se podem tirar desse absurda obra teatral são várias:
a) Um défice muito grande de sentido de Estado e de sua autoridade;
b) A convergência de vários negativos (retomando a retórica do Dr. Carlos Lopes) que se expressa na existência de diferentes focos de influência de poder que se interpõem, mas que sobrevivem juntos na base de um arranjo institucional frágil, mas construído com muita criatividade e falsidade. Isto resulta em mandos e desmandos, em decisões e contra decisões, tudo numa velocidade supersónica. Ninguém consegue culpar ou julgar ninguém porque ninguém sabe quem é o verdadeiro culpado;
c) Esta obra de arte poderá não acabar com esta encenação, de certeza, novas vítimas serão atingidas. Isto acontecerá porque é este o Estado que temos e que nos vai servindo.
O Sr. Henrique Pereira Rosa foi convidado em 2003 a desempenhar as funções de Presidente da República, num momento crítico onde era necessário resgatar a credibilidade de Estado fortemente abalado na altura. Foi empossado como primeiro magistrado da Nação na própria Assembleia Nacional Popular (que hoje lhe nega as honras de Estado!), onde jurou perante os deputados e a bandeira nacional tudo fazer para servir os interesses supremos do Estado da Guiné-Bissau, das suas instituições e das populações. Durante a sua magistratura representou o país em inúmeras ocasiões no exterior, rubricando vários acordos de desenvolvimento e participando em várias iniciativas que visavam a reconciliação nacional. Depois das eleições em 2005, regressou a sua vida normal passando a beneficiar, a partir dessa altura das regalias inerentes a um chefe de Estado.
Porém e para surpresa de muita gente, o Estado da Guiné-Bissau, mesmo depois de ter publicamente anunciado que iria organizar o funeral do ex-presidente Henrique Rosa com Honras de Estado volta para trás e diz não, ele afinal não merece tamanha honra. A Assembleia Nacional Popular tornara-se de repente algo superior, um lugar sagrado, não para presidentes interinos. Em contrapartida, o Estado propõe à família do malogrado o Ministério da Justiça para acolher o corpo. Qual a razão desta volta-face? Esta parece ser bem simples. A mesa da Assembleia Nacional Popular achou que ele não tinha os requisitos necessários para ter um funeral com Honras de Estado.
Argumento 1: O Sr. Henrique Rosa não foi um presidente eleito. Esta é boa! Dá até gozo, mas também muita pena, porque só num Estado que não é Estado como o nosso, pode uma coisa dessas acontecer. Seria bom para o esclarecimento público que essa gente nos dissesse quem é o Presidente eleito da Guiné-Bissau? Em que parte de mundo se encontra esse achado? O que tem existido de facto na Guine são apenas “Presidentes de Transição”, porque todos os que foram eleitos pelo povo já morreram ou foram tirados de poder por meios violentos.
Argumento 2: O Sr. Henrique Rosa nunca foi deputado da Nação. Esta também é fascinante. Lembro-me muito bem de a ANP (o espaço para debate de assuntos do povo por gente escolhido pelo povo) ter sido usado por alguns deputados e protagonistas do golpe de Estado de 12 de Abril de 2012 para insultar um Estado (Portugal) soberano e os seus dirigentes numa clara falta de sentido responsabilidade, de cidadania e de civilização. Para este tipo de coisas, a nossa ANP serve na perfeição, mas para receber os restos mortais de um ex-presidente ela já não serve? Mas, felizmente na Guiné ainda existe a família, a única instituição com credibilidade no meio de tanta desordem conjuntural. Essa não se fez esperar. “Muito obrigado Sr. Estado, mas o corpo do nosso marido, pai, tio, avó e amigo permanecerá onde sempre esteve (mesmo quando foi Presidente da República) na sua própria casa”. Dali só saiu para a Igreja e depois para o cemitério com Honras da Família.
Que viva o Estado da Guiné-Bissau!
Tenho dito"
"É estranho...", diz Domingos Simões Pereira
O antigo Secretário Executivo da CPLP e um dos candidatos à liderança do PAIGC, Domingos Simões Pereira, foi notificado para comparecer amanhã, Quinta-Feira, pelas 10h00, nas instalações do Tribunal Militar Regional de Bissau. Os motivos da notificação não foram revelados, entretanto, segundo a RDP-África apurou, a notificação apenas salienta que a comparência visa a "prestação de declarações nos autos de um Processo - Crime que corre os trâmites normais naquele Tribunal".
Recorde-se que, aquando do seu julgamento, o Capitão Pansau Intchamá, militar que liderou a tentativa de assalto ao regimento de para-comandos em Outubro do ano passado - e que acabou condenado a cinco anos de prisão - havia acusado alguns políticos de suposto envolvimento no caso, tendo referido, entre outros, o nome de Domingos Simões Pereira. Em declarações ao Jornalista da RDP-África, Waldir Araújo, esta tarde, Domingos Simões Pereira confirmou ter recebido a notificação e diz estranhar que a mesma tenha vindo de um Tribunal Militar Simões Pereira garantiu nunca ter conhecido o Capitão Pansau Intchama, e disse ainda que vai comparecer amanhã de consciência tranquila no referido Tribunal. RDP-África
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Guiné-Bissau - ONU prorroga mandato
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou hoje a prorrogação do mandato para a Guiné-Bissau até maio de 2014 e pediu mais apoio da comunidade internacional para a luta contra o tráfico de droga no país. Em termos gerais, o Conselho de Segurança aprovou todas as sugestões enviadas pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, no início do mês, de acordo com a resolução aprovada e hoje divulgada, na qual se fazem muitas referências à questão do tráfico de droga.
No documento, a que a Lusa teve acesso, o Conselho de Segurança incentiva a comunidade internacional para que aumente a cooperação com a Guiné-Bissau para que o país possa controlar o tráfego aéreo e a vigilância marítima e lutar contra o tráfico de drogas, crime organizado e pesca ilegal. Na mesma linha, exorta as autoridades da Guiné-Bissau para que aprovem e apliquem leis e mecanismos de combate eficaz ao crime transnacional, especialmente o tráfico de drogas e o branqueamento de capitais, que apoiem os esforços regionais no mesmo sentido e que demonstrem "um maior compromisso de lutar contra o tráfico de drogas". LUSA
UNIOGBIS no seu melhor
O Representante da ONU em Bissau, José Ramos Horta, levou para a UNIOGBIS a sua "assistente pessoal", uma tal de Filipa, que ainda não sabemos bem o que a dita cuja faz por lá. Entretanto, já existia o "Chief Public Information Unit", que emite os comunicados de imprensa em inglês. Por sua vez, a Isabel Nunes Correia, que é "Public Information Officer" limita-se a... traduzir, isso mesmo, traduzir na íntegra e para português os tais comunicados que envia de novos aos mesmos destinatários. Imagine-se a trabalheira. Assim vai os esforços para a consolidação da paz na Guiné-Bissau. Tachos para todos, menos para o povo. Ma Pubis Ka Burru Gora Dé...
AW.
Impulso
A minha fortuita posição de cidadão, ainda por cima esclarecido, valeu-me ter presenciado toda a nossa tragédia enquanto País desde 1980. E que tragédia vivemos! O ambíguo contraponto entre alguma ficção que aqui tenho escrito e a realidade que assistimos no dia-a-dia constitui o cerne do blogue Ditadura do Consenso. Coincidência? Nenhuma. Parecenças? Também não. A precisão com que descrevo o presente envenenado que foi a nossa vida praticamente desde a independência, há quase 40 anos, a quase futurologia que teimo em não parar de fazer sobre o destino do nosso povo, e do nosso País; a frieza que o passado não pára de me trazer, surpreendendo-me sempre, faz de mim um típico sobrevivente. Muito mais até do que aqueles que lutaram com valentia e destreza nas matas da Guiné-Bissau. Aliás, se repararem bem, as técnicas de sobrevivência do guineense são de tal forma impressionantes que fizeram com que me mantivesse vivo durante todo esse tempo – umas vezes era eu o espancado, outras vezes um espectador impotente.
Durante o fugaz período de dez anos, os meus olhos assistiram a muita tragédia no meu País. Fotografei inúmeros cadáveres, alguns de amigos, suportando olhares de espanto e de desprezo. Ainda hoje, alguns, poucos, arriscam um ou outro comentário. Pusemos, que é como quem diz, uma pedra sobre o assunto. No entanto, algumas dessas pessoas esforçaram-se, e de que maneira, para garantir que a Guine‐Bissau, quase 40 anos depois de proclamar a sua independência, continuará a ser um dos países mais pobres do mundo. Desanco-os um dia destes...
E porque tudo o que aqui tenho escrito – e isto é muito importante – está impregnado de um espírito para além do trágico que me toca particularmente, por estar de certa forma muito próximo das coisas que os meus olhos viram, que são, para mim, o que os guineenses conseguem exprimir de mais parecido com o espírito das tragédias que temos presenciado com o credo na boca. Ah, e mesmo assim sem fazer nada. Isso é o que mais faltava! A única coisa que muda com a 'porcaria' que é Ditadura do Consenso é que os ofendidos ameaçam, às vezes, muito poucas até, responder com armas e não apenas com indignação e/ou tribunais. É que na minha cultura existe o direito a publicar porcarias - ainda que poucas. E ainda bem que assim é. E tudo isto reflecte o País que somos. O País presente e, se tivermos o azar de lá chegar, o futuro. O único consolo que me resta? O nao haver vida eterna... AAS
terça-feira, 21 de maio de 2013
VERGONHA: De fora
A República Centro Africana, a Guiné-Bissau e Madagáscar estarão ausentes da 21ª Cimeira da União Africana (UA) que se realiza de 25 a 27 de maio corrente em Addis Abeba, na Etiópia, para celebrar o 50º aniversário da organização pan-africana. Os três países foram suspensos da União Africana devido a mudanças anticonstitucionais de poder através de golpes de Estado. AAS
Desde quando? Balelas...
"Meu caro Aly Silva,
Não compreendo o nível de pouca compreensão de certas pessoas. Será que tudo o que você disse agora é ofensa ou crime? Informar que o Presidente da República de Transição, padece de cancro e está a submeter-se à quimioterapia é ofensa ou crime? A notícia correu mundo quando a Hugo Chávez Frías foi detectado o cancro, também desrespeitaram o Chávez ou o povo Venezuelano? Há centenas de exemplos de figuras nos seus países a quem a comunicação social revelou as doenças - isso é crime? Aliás, Chávez até pediu que o povo venezuelano fosse "devidamente informado" do seu estado de saúde.
Caro Aly Silva, não dês ouvidos às pessoas que mal compreendem o português. Você não fez mal nenhum, continua a fazer o teu trabalho. E aquele que disse, sobre alguém que perdeu a visão, "Nkuda i cegu dja??? Si pecadu ki na paga" - o que podemos dizer dessa pessoa?"
NOTA: Eu diria: pu-nhe-tas. AAS
Trafulhice à guineense
O PAIGC - partido que ganhou as eleições legislativas e tem 67 deputados na Assembleia e, como tal, deveria ser ele a formar Governo... deitou a toalha ao chão. Caiu na manipulação, deixou-se manipular. Assim, o partido dos 'libertadores' ficará com as pastas das Finanças, das Pescas, das Infraestruturas, da Comunicação Social, da Presidência do Conselho de Ministros e Assuntos Parlamentares (sinal de que o porta-disparate saltará...), do Ministério da Economia, da Justiça e do Ministério das Mulheres e da Solidariedade e Luta Contra a Pobreza (que será, presumo!, para fabricar ainda mais pobres.
Quanto ao PRS, a aliança moral e decisiva que teve para com actores materiais do golpe de Estado de abril de 2012, deu finalmente frutos. No frio, esfregam as mãos de contente. Pois ficarão com os ministérios dos Negócios Estrangeiros, dos Transportes, dos Recursos Naturais, Energia e Indústria; e ainda com o ministério da Agricultura, o da Educação e a pasta do Comércio.
No que diz respeito às secretarias de Estado, o PAIGC ficará com as pastas da Cooperação Internacional, Juventude Cultura e Desportos, e do Turismo e Artesanato. O PRS, com as secretarias de Estado para o Tesouro, a Energia e o Ambiente. Serão, assim, 32 os membros do Governo. O PRID ficará com um ministério, e o PND nomeará uma secretaria de Estado. A Aliança Democrática terá também o direito a nomear um secretário de Estado. AAS
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