segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
A agenda...
O presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau, Ibraima Sory Djaló, avisou hoje que é impossível governar o país sem programa de Governo e sem orçamento e recusou qualquer responsabilidade do Parlamento. Falando na Assembleia Nacional Popular, o responsável teceu críticas ao Governo mas também aos pequenos partidos, considerando que muitos deles nem existiam e que apareceram de novo após o golpe de Estado de 12 de abril do ano passado. "Há partidos que foram fundados e que nunca fizeram um congresso. Partidos que já não existiam. O golpe de Estado não pode ser lugar de ressurreição de partidos mortos", disse Ibraima Sory Djaló.
O presidente do parlamento referia-se implicitamente à criação de uma Comissão Multipartidária e Social de Transição, uma proposta de pequenos partidos e que serviria para regular o período de transição na Guiné-Bissau. A ser criada, essa Comissão poderá esvaziar os poderes da ANP. Além de crítico em relação a essa iniciativa, o presidente da ANP deixou ainda críticas ao executivo e ao facto de até agora não haver um programa de Governo e um orçamento, algo que a ANP pediu ao executivo de transição ainda no ano passado, disse. "Mandei dizer ao governo para trazer o programa e o orçamento. A ANP não quer saber, nem está interessada em saber, o que é que os partidos estão a fazer, é assunto deles. O que dissemos foi para trazerem o programa e o orçamento, para que de facto a ANP possa fiscalizar o Governo", disse Sory Djaló.
De acordo com o político, respondeu ao pedido da ANP o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Vaz, "a dizer que não podia mandar o programa e o orçamento porque ainda não havia consenso com os partidos políticos". "Eles (o Governo) não vão trazer nada se não forem obrigados, porque estão a governar com despesas não tituladas que já vão em 15 mil milhões de francos (23 milhões de euros)", alertou. Sory Djaló avisou que o Governo já não tem dinheiro para pagar salários em fevereiro e se o fizer é porque se endivida ainda mais, e disse aos deputados que a ANP tem o dever de fazer um debate exaustivo sobre a matéria e produzir um documento a entregar à Presidência da República, às chefias militares e ao Ministério Público a alertar para o facto de o país ser governado sem programa e sem orçamento.
O presidente disse que inclusivamente já perguntou ao primeiro-ministro de transição sobre como é possível governar sem programa e sem orçamento, com dinheiro a ser gasto sem que ele possa controlar e sem que a ANP possa também controlar. Sory Djaló disse que é preciso que a ANP vote uma moção e entregue aos outros órgãos do Estado porque não quer assumir qualquer responsabilidade no caso. Ibraima Sory Djaló afirmou que os que não querem a ANP é porque querem "ficar a comer o dinheiro"? e criticou "os que estão encostados no golpe (de Estado)". "Os militares fizeram o golpe para estragar esta terra? Foi para isso que o fizeram? Não vamos aceitar isso nunca", garantiu. LUSA
Mortus nega
O presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) da Guiné-Bissau, Ibraima Sory Djaló, avisou hoje que é impossível governar o país sem programa de Governo e sem orçamento e recusou qualquer responsabilidade do Parlamento.
Falando na Assembleia Nacional Popular, o responsável teceu críticas ao Governo mas também aos pequenos partidos, considerando que muitos deles nem existiam e que apareceram de novo após o golpe de Estado de 12 de abril do ano passado. «Há partidos que foram fundados e que nunca fizeram um congresso. Partidos que já não existiam. O golpe de Estado não pode ser lugar de ressurreição de partidos mortos», disse Ibraima Sory Djaló.
Excitações
Os partidos da oposição da Guiné dizem que não vão participar do processo eleitoral. A oposição se retirou-se do processo eleitoral para protestar contra a falta de diálogo com o governo e da falta de consulta com o Presidente da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI), Bakary Fofana, segundo a RFI. Entretanto, dizem que não vão boicotar as próximas eleições. AAS
Íntimo
Ditadura do Consenso - o blog, sempre foi a cara do António Aly Silva. Independentemente dos sentimentos, que assumiram várias formas. A meu ver, foram argumentos mais fortes do que o argumento, sempre discutível, de ter ou não ter um efeito que nortearam a criação deste blog.
Lamento algumas coisas. Sei que feri susceptibilidades, e que em alguns posts - poucos - causei dor e sofrimento em algumas pessoas. Mas também passei por momentos muito difíceis e tenho conseguido superá-los. De resto, tenho subido um escalão aly e descido outro acolá, mas, pasmem-se, tenho subido quase cinco no respeito e na consideração de muito boa gente.
Mas de que serve, hoje, o lamento? De que me posso lamentar, alguma coisa de que me arrependa? Não, nada. Cometi erros, mas nenhum estratégico, simplesmente tácticos. As pessoas lamentam-se de muitas coisas... Como pessoa, no pouco que de mim conheço, nos meus simples costumes, nas minhas práticas diárias, nas minhas poucas coisas, até sou uma pessoa bastante humana.
De algumas coisas que escrevi, sim - e lamentá-las-ei até à efectiva consumação dos séculos. Bastante mesmo. Como lamento não ter podido descobrir antes todas as coisas que agora conheço, com as quais, com metade do tempo, teria podido fazer mais, muito mais do que o que fiz em 46 anos de vida.
Durante séculos os homens cometeram erros e, tristemente, continuam a incorrer nos mesmos erros. Acredito ainda assim, que o Homem é também capaz de conceber e criar coisas belas, de ter os mais nobres ideais, de albergar os mais generosos sentimentos e remorsos e, superando até mesmo os instintos que a natureza lhe impôs; de dar a vida pelo que sente e, sobretudo, pelo que pensa.
Escrevi já muito no blog. Estou a chegar ao número mágico de seis milhões de visitas ao blog - quatro vezes a população da Guiné-Bissau. Sempre soube que havia inconvenientes naquilo que divulgo, mas que fique claro: quando critico os poderes faço-o de forma responsável - apesar das possíveis e, inadiáveis consequências, tudo é melhor do que a ausência de críticas.
Nos 46 anos que já levo por cá, tive o privilégio de ver realidades com as quais nem supunha quanto mais atrever a sonhá-los. Hoje, não penso em mais nada a não ser que tenho mais vida para além de mim, dois filhos maravilhosos, oportunidades que convém agarrar; para mim, o essencial, o principal, o fundamental, o vital, a questão de vida ou morte - ontem - era de facto a luta comigo mesmo. E pela Guiné-Bissau e o seu maravilhoso Povo.
António Aly Silva
domingo, 24 de fevereiro de 2013
BRONCA: "Ministério Público da Guiné-Bissau está mergulhado na corrupção", diz o Bastonário da Ordem dos Advogados
Denúncia de corrupção no Ministério Público é da Ordem dos advogados da Guiné-Bissau, que exige um inquérito. Os profissionais do sector traçam um quadro negro no que se refere à justiça e falam mesmo em frustração. A denúncia de corrupção generalizada no Ministério Público foi feita pelo próprio Bastonário da Ordem dos Advogados. Domingos Quadé diz que uma rede de mafiosos e de crime organizado se está a instalar no seio dos tribunais da Guiné-Bissau, pelo que é urgente abrir inquéritos dentro do poder judicial para se apurar as responsabilidades. Ele relatou como isso se processa: "O combate à corrupção que se instala cada vez mais junto dos tribunais, com organizações mafiosas no seu seio, com gente a enriquecer de forma ilícita com isso, muitas vezes com transformação do património público em privado, extravio de documentos incómodos e não execução de sentença contra certo grupo de pessoas."
Ainda sobre a actuação do Ministério Público, o Bastonário da Ordem dos Advogados acusou-o de não respeitar os prazos processuais, de corrupção, de desvios de processos, de lentidão e da presença de organizações mafiosas no seio da classe, tendo sublinhado que, quando assim é, os criminosos viram patrões da cidade. Por isso, "o objectivo é proibir que o mandatário ou devedor, ou mesmo o pretenso criminoso, se transformem em patrões daqueles a quem a lei imputa a responsabilidade da justiça em nome do povo. Existem caso clamorosos destes", diz Domingo Quadé. Fonte: Deutsche Welle
Estou nesta, Ramos-Horta
"Caro Aly
Agradeço muito o incansável e irrecompensável trabalho que tens feito para a defesa da Verdade e da Democracia na Guiné-Bissau. Digo "estou nesta" porque não é o RAMOS HORTA nem a comunidade internacional quem deve ajudar a Guiné-Bissah. Quem pode ajudar a Guiné-Bissau a sair desta são as milicias. Para mim, enquanto as milicias não se subordinarem às leis internacionais (democracia, liberdade) não haverá melhores condições nos quarteis e a Guiné-Bissau sempre vai figurar na lista negra. Ao senhor RAMOS HORTA, com todo o respeito, não deve confundir os militares de que as Nações Unidas ou a comunidade Internacional lhes vai ajudar sem contrapartidas.
Desde a Guerra de 7 de Junho 1998 quantos representantes do secretárii geral da ONU passaram pela Guiné-Bissau? Quantos milhoes de dólares as NU gastaram na Guiné-Bissau? Desde então quantos generais, oficiais e população indefeso foram mortos ou torturados? Como se tudo isso não bastasse agora é trafico de drogas e tráfico de pessoas... Nestas condições, quem pode ajudar uma nação a seguir o seu caminho rumo ao desenvolvimento?
DR. RAMOS HORTA, diga a essas milcias a verdade e a sua verdadeira missão na Guiné-Bisssau, porque certeza tenho não tardará vão criar outra perturbação enquanto você represente as NU na Guiné-Bissau. A paz, a segurança e o desenvolvimento da Guiné-Bissau esta nas mãos dessas milicias!
Ibraima"
Coração no quartel
"Aly,
Agradecia que o estimado António Aly Silva Informasse o Sr. Ramos Horta que nesses últimos anos (salvo o erro, desde 2000 a esta parte) - O sector da Defesa absorve a maior fatia do Orçamento Geral de Estado (OGE) da Guiné-Bissau, com uma dotação que ultrapassa a da saúde e educação em conjunto. Ao ministério da Defesa tem sido atribuído a “fatia de leão” nos sucessivos OGE's em detrimentos dos sectores chaves do desenvolvimento de qualquer País. Não chega? Querem mais? Vão mas é trabalhar para a agricultura, que faziam um bom serviço à Pátria. O Sr. Ramos Horta que não se deixe condicionar. Espera-se por essa aberrante táctica de mendicância e pieguice que alguma escumalha travestida de militare nos vem habituando de cada vez que recebem uma visita vinda do exterior.
Mariano T."
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Carta aberta ao Sr. Ramos-Horta, representante do SG ONU
Para José Ramos-Horta, representante do Secretário Geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau:
Resposta ao senhor José Ramos-Horta, que depois da visita ao EMGFA disse ter ficado com o 'coração partido' ao ver como viviam os militares. Pois bem.
Gostaria que estivesse atento à sondagem neste blog: "A Guiné-Bissau deve tornar-se num protectorado da ONU, a exemplo do que aconteceu com Timor-Leste? (o seu país?!)"
SIM - 431 (85%)
NÃO - 61 (12%)
TALVEZ - 14 (2%)
NÃO SEI/NÃO RESPONDO - 1 (0%)
E ainda faltam quatro dias para terminar a sondagem...
Vejamos, senhor Ramos-Horta:
Por acaso o senhor sabia que as reformas nas áreas da defesa e segurança começaram e estavam a bom ritmo, e que estavam em curso a reconstrução de casernas em todos os quartéis, a construção de raíz de novas instalações militares, incluindo o quartel-general da marinha? Saberá com certeza que a alimentação dos efectivos das forças armadas 'fazia parte'(!) dessas mesmas reformas e que já se tinham formado trezentos e tal homens e mulheres, e mais outros tantos acabaram há poucos meses a sua formação, totalizando mais de 700 novos agentes de segurança?
Ó, senhor Ramos-Horta! O senhor não está a ser bem aconselhado e ainda agora chegou!!! E o senhor sabia, tal como eu, tal como centenas de milhares de guineenses, tal como milhões de pessoas em todo o mundo, que o tráfico de droga, que era suposto ser sucessivamente erradicado com a conclusão dessa mesma reforma - proposta "há muito" - pela Guiné-Bissau, foi a responsável pelo golpe de Estado de 12 abril? E saberá, por mero acaso, que esse golpe, a que a CEDEAO infelizmente se aliou, teve como consequência o cancelamento abrupto da segunda volta de uma eleição presidencial, a suspensão de todas as obras que estavam em curso na Guiné-Bissau?
Parece que não sabe, senhor Ramos-Horta, que em consequência desse extraordinário acontecimento, a União Africana suspendeu a Guiné-Bissau da organização, a CPLP, a União Europeia, as Nações Unidas, o Movimento dos Não-Alinhados entre outras organizações nem querem ouvir falar em golpistas - recusando, quase um ano depois - em reconhecer a imposição, pela CEDEAO, numa aliança perfeita com alguns militares e políticos, de um 'governo' em detrimento da vontade da maioria do povo guineense?
Saberá, claro, que a Guiné-Bissau está bloqueada política e economicamente. E que isso poderá traduzir-se em mais instabilidade, causada pelo ódio, por remorsos e ressentimentos? E saberá certamente que as responsabilidades serão imputadas à CEDEAO e aos seus comparsas guineenses, ainda que seja em tribunais internacionais. Todos os representantes do Secretário Geral da ONU tiveram a sua dose no que aos golpes de Estado dizem respeito. O senhor terá o seu baptismo não tarda nada...
Sabe, por sinal, que em apenas seis meses dessa política desastrosa, destravada, depravada mesmo, doze cidadãos guineenses (transformados em "guerrilheiros de Casamança" pelo 'governo de fantasmas e de traficantes' da CEDEAO) foram assassinados? Saiba, ainda, que foram torturados antes dos tiros de misericórdia?... E, sabia que ninguém até hoje foi sequer ouvido? Qual é o seu papel na Guiné-Bissau, senhor Ramos-Horta? Os guineenses querem saber!
E sabe, ainda que lhe tenha sido dito por um passarinho, que dezenas de pessoas, cidadãos guineenses, irmãos nossos, estão ainda refugiados em várias representações diplomáticas em Bissau, temendo pela sua vida? E, já agora, deixe-me que lhe diga que os espancamentos, ameaças à integridade física e psicológica dos cidadãos continua e não se lhe avizinha um fim a curto prazo. E que o medo continua, acaso lho sussurraram?
- Fazia ideia de tudo isto que acabei de lhe contar, senhor Ramos-Horta? E estou a falar para um Prémio Nobel da Paz!
Senhor representante, já que estamos numa de tu-cá-tu-lá, por falar dos guineenses...onde está mesmo a 'segurança', pateticamente apregoada pela CEDEAO, para o envio dos seus marginais travestidos de militares para Bissau? E no resto do país? Saberá, com toda a certeza, senhor Ramos-Horta, porque continuam a aterrar aviões carregados de cocaína (a IIEE fala em 900kg/noite) para matar europeus e norte-americanos?
Eu digo-lhe: Porque, simplesmente, a CEDEAO pactuou com a canalha, parando a reforma nos sectores da defesa e segurança na Guiné-Bissau, que estava a ser custeada por Angola, um país nosso irmão, que teve sangue guineense derramado no seu chão, na luta contra o regime racista, e canalha, do Apartheid. Pense nisso, senhor Ramos-Horta e, sobretudo, NÃO se deixe enganar por gente matreira.
António Aly Silva
A propósito dos quartéis que 'partiram' o coração do Ramos-Horta
"Aly,
Que se deixe de enganar quem não está interessado em faltas de verdade. Se as tropas estivessem mal, saber-se-ia. Não se pode com a cara dos representante dos militares - todas cheias de gorduras - acreditar que todos os militares estão mal. Alias, se as acusações de envolvimento no tráfico de drogas for verdade, então têm todo o dinheiro do mundo para melhorarem os quartéis e muito mais. As condições nos quartéis são nada menos que sinais da necessidade de reformas. Os quartéis chegaram a esse ponto porque os militares que lá passam o tempo são responsáveis pelas mudanças de lugar das portas, telhados e demais materiais e ferramentas a sua disposição para algures sem basear nos critérios éticos e moralmente aceites pelo mundo civilizado.
Por outras palavras, o estado físico dos quartéis reflecte pura e simplesmente o habitat da maior parte dos militares - gentes sem a mínima ideia da organização, respeito, educação de base, convívio sã e futuro e responsabilidades partilhados. Vestir farda de tropa hoje é exibir falta de senso comum e reforça a tese de que "quem vive nos quartéis são na sua maioria pessoas com necessidades urgente de aprender a cuidar de lugares públicos." E, tira brilho a sua retórica de quartéis em péssimas condições. Isso não pega! Quartel não é residência pessoal. E, nem deve servir de lugar de ostentação para justificar irresponsabilidades para com o bem e a tranquilidade social. Que vão enganar Camões. Ele é que tem um olho!
A verdade liberta!
Guiné Lanta"
Prémio de Qualidade
O Presidente da Câmara do Comércio, Industria, Agricultura e Serviços da Guiné-Bissau, e candidato à liderança do PAIGC, BRAIMA CAMARÁ, à direita na foto, proprietário do Hotel Malaika, em Bissau, premiado com o Compromisso com a Qualidade - em Paris, França. À esquerda na fotografia, Mário Fernandes, director do Hotel Malaika.
ONU prolonga mandato da UNIOGBIS até final de maio
O Conselho de Segurança das Nações Unidas prolongou até 31 de maio o mandato do gabinete da ONU na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), e pediu ao secretário-geral Ban Ki-moon que sugira um "possível reajustamento" do mandato no país lusófono. Na resolução hoje aprovada pelo Conselho de Segurança, os países-membros solicitam a Ban Ki-moon que apresente até 30 de abril uma avaliação da situação na Guiné-Bissau e um conjunto de recomendações sobre o mandato da missão e "um possível reajustamento do apoio da ONU".
Estas recomendações, adianta a resolução, devem levar em conta os desafios que a situação no país apresenta e a avaliação da missão internacional conjunta (União Africana, Comunidade de Económicos dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), União Europeia (UE) e ONU) que esteve em Bissau em dezembro do ano passado.
Russos exploram areias pesadas em Varela
O projeto de extração de areias pesadas de Varela, norte da Guiné-Bissau, prevê a exploração de um milhão de metros cúbicos de areia ao longo de quatro anos, de acordo com a proposta da empresa. Segundo um documento a que a Lusa teve acesso, na exploração da areia apenas cerca de cinco a sete por cento é aproveitável, o que equivale a 119 mil toneladas de minerais como ilmenite, zircão ou rútilo (em bruto).
O governo de transição da Guiné-Bissau concedeu à empresa russa Poto SARL a exploração das areias pesadas de Varela, uma localidade a norte do país, junto da fronteira com o Senegal e onde fica maior praia continental da Guiné-Bissau. Feito que está o estudo de impacto ambiental, no passado fim de semana a Célula de Avaliação de Impacto Ambiental e a Direção Geral do Ambiente organizaram a primeira audição pública nas localidades que serão afetadas pelo projeto mas os moradores sentem alguma desconfiança em relação ao mesmo. A população, disse hoje à Lusa fonte ligada ao processo e que esteve presente, exigiu que a empresa as mantenha a par do que vai ser feito e também que os seus comentários sejam integrados no estudo de impacto ambiental a ser entregue ao governo.
Os habitantes querem nomeadamente saber custos e benefícios do projeto para a região, se há perigo de radioatividade, qual o impacto dos camiões nas estradas de acesso à mina e se o pó levantado pela exploração não poderá afetar a saúde e as sementeiras. Estiveram presentes responsáveis da empresa, o governador e o administrador da região e as entidades envolvidas na avaliação do impacto ambiental. Esta foi a primeira vez que na Guiné-Bissau se fez uma audição pública. De acordo com o documento a que a Lusa teve acesso, a extração de areia será feita a uma profundidade entre três e cinco metros através de uma plataforma flutuante que filtra a areia, retém os minerais e volta a deixar a areia no local. Os minerais serão depois transportados por camiões até ao porto de Bissau, de onde serão exportados.
O projeto dará emprego direto a mais de 50 pessoas e será uma fonte de rendimentos para o Estado, que tem direito a 10 por cento do capital social da sociedade de exportação, além de beneficiar de diversas taxas. Como impactos negativos o documento salienta a modificação da paisagem, a alteração do estado natural do solo e a modificação do perfil da praia e aumento da erosão da costa, já muito afetada devido às alterações climáticas. No documento admite-se que as águas subterrâneas poderão ser afetadas pela salinização e que poderá haver destruição ou fragmentação dos habitats naturais da fauna terrestre e marinha. Está previsto o relocalização de algumas famílias de uma aldeia que fica dentro da área de exploração, disse a fonte à Lusa. LUSA
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