sábado, 16 de fevereiro de 2013

PAIGC


PARTIDO AFRICANO PARA A INDEPENDÊNCIA DA GUINÉ E CABO VERDE

Comunicado de Imprensa
 
Na sequência de uma reunião realizada hoje dia 15 de Fevereiro de 2013, sob a presidência do camarada Comandante Manuel Saturnino da Costa, 1º Vice-Presidente e Presidente em Exercício do PAIGC, a Comissão permanente do Bureau Politico leva ao conhecimento de todos os dirigentes, militantes e ao povo guineense, bem como a comunidade internacional o seguinte:
 
O PAIGC vem uma vez mais reiterar a sua posição em relação ao período de transição, ao fazer a sua avaliação a meio-percurso e ao traçar as perspectivas para o futuro deste período, nomeadamente em relação a sua agenda.
 
O PAIGC relembra que até agora a transição política na Guiné-Bissau não atingiu os seus principais objectivos, apesar do trabalho desenvolvido pela Assembleia Nacional Popular, na medida em que não houve nenhum progresso nos preparativos para a realização das eleições gerais, nenhuma reforma foi iniciada, nenhuma fiscalização política aos actos do Governo de Transição foram levados a cabo e a juntar a isto tudo, nem o Programa do Governo, nem os Orçamento Geral Rectificativo de 2012 e o Orçamento Geral do Estado para o corrente ano foram submetidos à apreciação e aprovação da ANP, conforme estipula o próprio Pacto de Transição.
 
Estes factores são de fundamental responsáveis do incumprimento das metas de transição fixadas pela comunidade internacional e muito particularmente pela CEDEAO, União Africana e Nações Unidas (Resolução 2048), fazendo com que haja necessidade de prorrogação do período da transição.
 
Lamentavelmente o PAIGC é obrigado a constatar que em vez de se assistir ao retorno à ordem democrática verifica-se uma clara, abusiva e sistemática tentativa de regresso à inconstitucionalidade, através de actos, como a Adenda ao Pacto de Transição e Acordo Político de 12 de Dezembro de 2012 e mais recentemente a tentativa de criação de um órgão paralelo e usurpador das competências dos órgãos de soberania, nomeadamente, da Assembleia Nacional Popular, que é a tal Comissão Multipartidária e Social de Transição, uma espécie de CNT, Conselho Nacional de Transição, órgão que, recorde-se, já tinha sido categoricamente recusado pela CEDEAO e por toda a comunidade internacional e para adensar ainda mais este processo, fala-se agora de privilegiar as eleições autárquicas, algo que não só complicará como virá retardar ainda mais o processo de transição.
 
Quanto à prorrogação do actual período de transição, o PAIGC sempre defendeu que este não deveria ultrapassar o ano de 2013, com a realização de eleições gerais e início de um conjunto de reformas só possíveis com um Governo legitimado pelo voto popular.
 
O PAIGC opõe-se a quaisquer tentativas que visem confiscar o poder popular, continuando a governar sem legitimidade popular, num ambiente de contínua degradação das condições de vida das populações, do desmantelamento da administração pública, uma má gestão do erário público e da total frustração das aspirações das populações guineenses em geral e dos Combatentes da Liberdade da Pátria, em particular.
 
Finalmente, o PAIGC que até agora consentiu cedências, facilitou sempre este processo de transição, em nome dos superiores interesses dos guineenses, entende que neste momento a questão da prorrogação do período da transição deve ser somente conseguida no âmbito da Assembleia Nacional Popular.
 
Para o PAIGC é fundamental restituir ao povo guineense a sua liberdade e independência, conquistadas como lágrimas, suor e sangue e aproveita para chamar a atenção da comunidade internacional das manobras que estão sendo levadas a cabo não só para prolongar ilegalmente o período de transição, como igualmente ferir uma vez mais o princípio da legalidade constitucional e democrática na Guiné-Bissau.
 
A Comissão permanente do Bureau Político exorta os seus militantes, simpatizantes e o povo guineense, em geral a cerrarem fileiras em torno do PAIGC e da legalidade e de defenderem o retorno imediato à legalidade constitucional e democrática.
 
Feito, aos 15 dias do mês de Fevereiro de 2013.
 
A Comissão permanente do Bureau Político do PAIGC

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

PAIGC: RFI entrevista Braima Camará


Na perspectiva do congresso do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) previsto para Maio, Braima Camará, Presidente da Câmara de Comércio da Guiné-Bissau e deputado do PAIGC, apresentou na semana passada a sua candidatura formal à liderança deste que é o maior partido da Guiné-Bissau. Para além das candidaturas já oficializadas do ex-ministro da Função Pública, Aristides Ocante da Silva e da também recente candidatura do jovem militante Vladimir Deuna, o actual presidente do partido Carlos Gomes Júnior e o antigo secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa Domingos Simões Pereira também manifestaram a intenção de se candidatarem à presidência do PAIGC, Braima Camará sendo o quinto a lançar-se na corrida para a chefia dessa formação. Empresário, antigo conselheiro económico dos antigos Presidentes Nino Vieira e Malam Bacai Sanhá, Braima Camará explica - OIÇA A ENTREVISTA - o que motivou a sua candidatura".

Todos querem ajudar


O representante da ONU na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, considerou hoje que será fácil haver um consenso na comunidade internacional para apoiar o país, cabendo aos guineenses criar "um roteiro consensual" de transição. O secretário-geral da ONU, o presidente da Comissão Europeia, os dirigentes da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), o Presidente da Nigéria, "todos estão comprometidos, preocupados, e querem ajudar", disse Ramos-Horta, em Bissau. AAS

Mais um golpe


"Caros concidadãos,

Mais uma vez assistimos uma tentativa de golpe palaciano perpetrada pelos partidos golpistas e encomendada, mais outra vez, pelo "camaleão" Serifo Nhamadjo - Presidente da República de Transição.

Depois da tentativa frustrada de dissolver a Assembleia Nacional Popular e de criação de um Conselho Nacional de Transição, tudo indicava que, como a adesão do PAIGC ao pacto de transição tudo encaminharia para uma transição pacifica e transparente. Afinal, a cobra tinha duas ou mais cabeças, pois, só para deixar o PAIGC a margem do processo de transição facilitando assim uma fraude eleitoral que colocria o PAIGC na oposição, se encomendou a criação desta dita Comissão Multipartidária e Social de Transição. O que significa uma comissão multipartidária e social? Embora no artigo 1.º do dito "Princípios gerais da constituição da CMST" o legislador golpista, que julgamos mais uma vez que é o constitucionalista que nem Mestrado em Direito tem, diz-nos que "é uma instituição de concertação, partilha de visão estratégia do período de transição e das grandes reformas estruturais e estruturantes do país".

Uma outra aberação é que teremos mais ou menos um universo de 100 membros que comporão esta dita comissão - vide artigo 1.º, significa que acrescido ao número de deputados, o Estado verá o seu encargo aumentado em termos remuneratórios. Sem falar dos direitos e regalias que os mesmos remetem para uma lei a criar - artigo 4.º. O enetendimento que se possa retirar do artigo 5.º do dito principios gerais de constituição da CMST é de que teremos uma duplicação dos trabalhos, pois a CMST passa a ter iniciativa legislativa, mas só que esta depois de aprovada pela CMST será remetida a ANP que não será privado do direito de discutir e eventualmente alterar o anteprojecto.

O n.º 2 do artigo 6.º dá competência a CMST para criar comissões especializadas que elaborará os anteprojectos e antepropostas. Mais uma duplicação de funções, pois, a ANP têm comissões especializadas que fazem os mesmos trabalhos. O quê da Comissão criada a nível da ANP para a revisão do pacto de transição e que já está a ouvir  todas as franjas da sociedade (partidos politicos, sociedade civil, forças de defesa e segurança, conficções religiosas, regulos e chefes tradicionais)? Será que a criação da CMST extingirá tal comissão ou veremos mais uma vez duplicado os trabalhos?

Cada vez que o povo guineense espera a normalização da situação, aparece mais uma trapalhada com a intenção unica de prolongar o periodo de transição e deixar no poder aqueles que o povo votou para oposição. O pior é que desta vez a sociedade civil engoliu o isco embarcando numa aventura que não serve e nem servirá os interesses do povo guineense.

Juro-vos que com estes constantes adiamentos da normalização constitucional do país, o problema terá necessariamente que ser resolvido pelo uso da força. Porque não há vontade politica nem do Presidente da República, nem do Governo, nem de alguns militares (chefias), muito menos dos partidos golpistas para a normalização constitucional que passa pela realização das eleições. Esta minha convicção de que talvez só com o uso da força o problema se resolverá, ganha força cada dia que passa, pois, é visível cada dia uma divisão nas forças armadas motivadas não somente por algumas actuações pretensiosos do actual CEMGFA, bem como pelas condições humanas em que os soldados e oficiais subalternos vivem tanto dentro como fora dos quartéis.

A ver vamos.

Bolingo Cá"

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

PAIGC quer participar no Governo, e eleições até final do ano


O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), maior partido da Guiné-Bissau, quer fazer parte de um Governo de transição no país e defende que as eleições devem ser ainda este ano. "Deve de haver um esforço no sentido de não se ultrapassar 2013 para as eleições", disse hoje em conferência de imprensa o porta-voz do partido, Óscar Barbosa, que apelou à celeridade do processo. O partido quer também, na sequência da assinatura do Pacto de Transição (instrumento de regulação do período de transição que se seguiu ao golpe de Estado de 12 de abril de 2012), participar mais ativamente nos destinos do país. "Consideramos que a adesão do PAIGC (ao Pacto) tem de ter repercussões num Governo de base alargada e de consenso", frisou. No entanto, o PAIGC não concorda com a criação de uma Comissão Partidária Social de Transição, como foi proposto na quarta-feira por diversos partidos e organizações da sociedade civil, por considerar que tal entidade iria assumir poderes que outros órgãos de soberania já têm, nomeadamente a Assembleia Nacional Popular (ANP).

O PAIGC quer antes "a promoção de um diálogo inclusivo, capaz de levantar consensos, reforçando o papel das instituições da República", participar ativamente "nos debates de uma agenda política nacional" sobre a transição, que haja harmonização de posições da comunidade internacional quanto à Guiné-Bissau e diálogo entre as autoridades guineenses e a comunidade internacional, disse Óscar Barbosa. "Neste âmbito, o PAIGC está disposto a partilhar os esforços nacionais no sentido de fazermos o país sair desta situação paralisante", acrescentou. Enumerando exaustivamente todas as ações do maior partido desde o golpe de Estado, no sentido de "facilitar iniciativas de diálogo" e "contribuir para a normalidade constitucional", Óscar Barbosa salientou que "o PAIGC recuou sempre", não por medo ou por outros interesses que não fosse o "da defesa dos superiores interesses do povo guineense".

O PAIGC, afirmou, abdicou da presidência da ANP, a "única instituição" que fez progredir o período de transição e que não foi ouvida quanto a grandes decisões do Governo de transição. "Nenhum programa de Governo nem o orçamento geral do Estado retificativo foram submetidos para aprovação do parlamento", salientou, acrescentando que o Governo de transição também não conseguiu cumprir os principais objetivos traçados pela CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental), a agenda eleitoral e a reforma do sistema político em geral, e do setor de segurança e defesa, em particular. Apesar do apoio financeiro da CEDEAO, disse o porta-voz, nem o recenseamento eleitoral sequer começou e também a Comissão Nacional de Eleições continua sem presidente. Por outro lado, acentuou-se a pobreza e a degradação das condições de vida das populações, afirmou. "O atual Governo não funciona" e "não presta contas a ninguém", disse o responsável do PAIGC, que responsabiliza as autoridades de transição pelo não cumprimento da sua principal meta, as eleições no mês de abril. LUSA

Ela lidera


A Africa do Sul continua lider economico do continente africano, apesar dos acontecimentos negativos da industria mineira e do sector agricola, a Africa do Sul continua a ser a principal economia emergente do continente africano, afirmou quarta-feira passada a empresa Internacional Grant Thornton.

Grant Thornton coloca a Africa do Sul à frente da Nigeria em termos de destino potencial de investimento. Num relatorio intitulado "Indices de oportunidade de mercados emergentes: as economias de alto crescimento", essa empresa declarou, que a Africa do Sul é o unico pais africano a se qualificar entre as 15 economias emergentes no mundo numa lista que compreende as 27 maiores economias emergentes em termos de potencial para investimentos comerciais. "Bem que os acontecimentos recentes no sector mineiro tenham manchado a reputação do pais em termos de escolha como destino para os investimentos directos estrangeiros (IDE), existem beneficios importantes que continuam a atrair os investidores", declarou Deepak Nagar, presidente de Grant Thornton da Africa do Sul.

"A Africa do Sul ganhou um lugar por ter atingido o 14° lugar em termos de classificação mundial sobre estudos das Economias emergentes", segundo o relatório. "A Nigeria embora tenha melhorado a sua classificação em 9 lugares em comparação com o estudo precedente, para se estabelecer no 17° lugar, ficou ainda assim, atras da Africa do Sul". Contudo "apesar dos progressos registados e da classificação meritoriamente conseguida, a Africa do Sul deve melhorar as suas vantagens comparativas a fim de manter esse lugar de privilégio, nos anos a seguir", acrescenta o Nagar.

Os dois outro paises africanos classificados no Indice de Oportunidades de Mercados Emergentes são o Egipto (22°) e a Argélia (26°). Nagara indicou igualmente que uma atração maior para os investidores internacionais, foi a situação geografica do pais. Porém, segundo Nagar, os investidores internacionais devem entretanto continuar a se confrontar com as "barreiras administrativas assim como com processos que carecem de consistência, de eficacia e de transparência – os quais interferem geralmente com as operações dos mercados".

A batalha de Tabatô


O realizador João Viana exibiu a versão curta e longa-metragem do seu filme «A Batalha de Tabatô» na mostra Fórum do Festival Internacional de Cinema de Berlim, na Alemanha, fazendo assim da Guiné-Bissau o único país lusófono do continente africano a ser representado no evento. O filme conta a história de uma batalha de paz, reunindo todos os músicos da cidade musical de Tabatô, na Guiné-Bissau.

João Viana é um realizador de cinema português, nascido em Angola. Esta 63.ª edição da Berlinale teve a maior presença portuguesa de sempre. Além de João Viana, também Salomé Lamas, com o documentário Terra de ninguém, Filipa César, com a curta Cuba e Pedro Pinho, com Um fim do mundo, levam o nome de Portugal a Berlim. A Berlinale passou, ainda, a produção internacional Comboio noturno para Lisboa, de Billie August, rodada em Portugal. O festival decorre entre 7 e 17 de fevereiro. A Guiné Bissau é o único país lusófono da África, que participa do Festival Internacional de Cinema, com uma curta e uma longa metragem, na mostra Forum, de jovens realizadores.

Uma aberração


"Aly,

A Comissão multipartidária e Social de Transição é simplesmente uma aberração institucional e jurídica - uma brincadeira de Carnaval. Esta iniciativa demonstra mais uma vez que este país está a ser conduzido por um grupo de pessoas medíocres que apenas pretendem resolver os seus interesses pessoais e os do grupo a que pertencem. O que eles querem é adiar sine dia a retoma do país, evitar que as condições para ultrapassar a transição sejam criadas e reforçadas.

Trata-se de uma estratégia macabra que pretende apenas legitimar os contornos da transição, fazê-la demorar o maior tempo possível para tirarem proveitos e enriquecerem ilicitamente. Desde o golpe de estado de 12 de Abril que alguns partidos políticos viram nascer a grande oportunidade da sua vida para se instalarem no poder com o apoio e conivência de alguns militares. Os seus objectivos são simples: ganhar um estatuto social que dificilmente conseguiriam por mérito próprio, enriquecer-se a custa do estado patrimonial e barrar o caminho a todos aqueles que não partilham os meus princípios de vida e valores. Que história é essa de se criar uma estrutura supra parlamento, repleto de pessoas que gozam de imunidades e tantos outros privilégios? Para fazer o quê e em nome de quem? Que legitimidade terá uma Comissão Multipartidária e Social de gentes que lideraram um golpe de estado, que participaram no massacre de tantos jovens para virem falar em nome das famílias desta terra, dos cidadãos idóneos, de gente que labuta diariamente para ganhar a custo do seu próprio suor o seu pão de cada dia?

Num momento em que a Carta de Transição política foi assinada pela maioria dos partidos políticos legalmente constituídos, que existe um Parlamento a funcionar em pleno, um governo a funcionar, um Presidente da República a funcionar e um Supremo Tribunal de Justiça a funcionar, para quê e com que finalidades a Comissão Multipartidária de Transição? Deixemos de brincadeiras e assumamos as nossas responsabilidades. O que se exige do Presidente da República, do Governo, da ANP e de todos os actores sociais é que trabalhem numa agenda de transição coerente e exequível com metas concretas para que esta situação atípica de transição acabe o mais depressa possível, para que se organizem eleições livres e democráticas, para que o país retome a normalidade e para que deixemos de ser considerados um país de transição eterna, de cocaína, de transição política, de transição de negócios ilícitos, de transição de ECOMIB, de UNOGBIS e de todo o resto. O que precisamos é edificar um estado de direito constitucional, estável, respeitado e gerido por pessoas com legitimidade popular.

M.H"

Memória e Amnésia


paz 1

Caro Aly Silva,

Serifo Nhamadjo não tem tido mãos a medir no que toca a comprar guerrinhas. Está em rota de colisão com o CEMGFA, e odeia o primeiro-ministro Rui Barros. As opiniões, em Bissau, é que, mais cedo ou mais tarde perderá ambas as guerras. Outro sinal de amnésia por parte do presidente de Transição da CEDEAO, do mesmo presidente que em períodos de vacas magras e na qualidade de Vice-Presidente de ANP, teceu sentidos e comovidos elogios a uma empresa estrangeira com capital guineense e ao seu administrador, sediados em Dakar, Senegal, aquando da realização de uma das rondas da conferência sobre a reconciliação nacional na diáspora.

E a realização dessa CONFERÊNCIA, tendo à cabeça o próprio Serifo Nhamadjo enquanto homem de paz... só foi possível, em Dakar, graças ao apoio financeiro do mesmo empresário guineense. O mesmo que, agora, o presidente da CEDEAO acusa de serem recém criados pelo actual ministro das Minas. O presidente parece esquecer o quanto esta empresa tem sido útil para os guineenses que estudam ou apenas passam pelo Senegal. E não é de hoje. Desde a sua instalação na capital senegalesa, em Outubro de 2009, contaram sempre com a generosidade e o exemplo de verdadeiro patriotismo do seu Presidente Director Geral.

Conforme pode o Ditadura do Consenso apurar, esta empresa de Direito Inglesa, apenas tem um guineense como sócio, foi fundada em 2007 em Londres, e tem a sua filial para África registada no Senegal desde outubro de 2009 quando o accionista principal decidiu instalar a sua base neste país vizinho.

Agora, se na qualidade de guineense, as autoridades de transição, como tem sido pratica, decidirem tirar lhe o direito de prestar serviços ao seus país, por ser fiel aos seus princípios e amizades e nao querer se envolver e muito menos apoiar políticos que não merecem a sua confiança, fica feio, muito feio mesmo virem transformá-lo num alvo a abater, ou mesmo servirem-se dele para resolver as eternas querelas internas.

Hoje, contudo, enquanto uns estão em grandes mamanços já não precisam de serviços caritativos desta empresa que outrora os serviram e bem, mas que sejam egoístas a ponto de esquecer que esta empresa garante estudos de mais de uma dezena de estudantes guineenses naquele país. E o homem que está à frente desta empresa, alem de ser um pai de família exemplar, é um exemplo de sucesso para a nova geração de quadros que aspiram uma liberdade e autonomia em relação à cíclica instabilidade política da Guiné-Bissau.

Atentamente,
Pedro. S. V.

PRS dá as boas-vindas ao Ramos-Horta...


prs 1

prs 2

SER TRANSICIONISTA


Ser transicionista é pretender ser algo, que nunca se conseguiu ser.

É como ser algo do qual ficou-se a meio e nunca chegou-se a ser.

Ser transaccionista é ambicionar ser um líder democrata, sem nunca tê-lo conseguido na plenitude, porque o povo assim não quis.

Ser transicionista é ser um ditador travestido, que nunca teve a capacidade para ser um ditador a sério, porque os pseudomilitares também não o admitiriam…

O transicionista precisa obrigatoriamente dos militares para atingir o estatuto e o poder que sempre sonhou ter e que o povo nunca lhe cedeu na democracia.

Apesar de continuar a precisar dos militares para se manter no poder, o transicionista tenta manter a postura e o discurso de um democrata.

Ele sabe que o povo não o deseja no cargo que ocupa. Mas, como o povo tem a arma dos pseudomilitares “apontada à cabeça”, mantém-se ordeiro e a presenciar pacificamente as posturas e discursos de paz, união e consenso de um quase ditador, a fazer-se passar de democrata. Não importa que o povo esteja oprimido e intimidado! Tarde ou cedo a mensagem vai chegar ao âmago do povo e este vai acabar por aceitar que o transicionista afinal não é um quase ditador, mas sim um verdadeiro democrata!

É preciso ter arte para se ser transicionista! É preciso saber fazer equilibrar a balança entre a ditadura e a democracia, entre o interesse dos opressores travestidos de militares e os interesses do povo…

Não admira que dentro de pouco tempo, a maioria dos políticos guineenses queiram ser transicionistas! É a forma mais fácil de se chegar ao poder!

Face as lacunas e o enfraquecimento do modelo democrático ocidental, que vive hoje uma forte austeridade criada pelo sistema democrático, não tarda a Guiné-Bissau a ser o exemplo mundial de mais um modelo político equilibrista de sucesso – a TRANSIÇÃO! Não interessa de quê para quê, passará a ser importante transitar-se a qualquer preço, para se conseguir a falsa paz e a segurança na sociedade, típicas de uma ditadura feroz, mas com discursos e posturas políticos típicos de uma verdadeira democracia e de um estado de direito… Utopias e paradoxos!

Se repararmos bem, todos os líderes transicionistas do nosso país desejaram voltar ao poder depois do período de transição, através de um processo democrático. Todos eles reclamaram e alguns continuam a reclamar serem verdadeiros democratas e homens de paz e do bem! Só Bacai Sanhá conseguiu regressar ao poder pela via democrática, depois de algumas tentativas. O Fadul, o máximo que conseguiu foi um acordo de cavalheiros com um verdadeiro ditador (Nino Vieira), sem que o povo tenha tido conhecimento, até os dias de hoje, das cláusulas compensatórias do referido acordo que poderão ter ido para além do vencimento e regalias equivalentes a Ministro…

Quer dizer que, habitualmente, o transicionista é apegado ao poder ou depois de lá ter estado, apanha o gosto, apega-se e não consegue deixar de tentar lá voltar! Parece terem lido todos o mesmo manual (edição limitada), de como chegar e manter o poder pela via transicionista!  

Esperemos para ver o Serifo Nhamadjo, Rui Barros e o resto dos seus pupilos transicionistas a degladiarem-se para o poder democrático, num futuro muito próximo…

Os que parecem não ter mesmo jeito para a arte de equilibrismo, são alguns comentadores do mundo virtual guineense, que têm dificuldades em perceber que hoje posso criticar publicamente as atitudes, as posturas ou as decisões de um cidadão ou um político e amanhã defendê-lo também publicamente, se os seus direitos mais básicos estiverem a ser violados!

Algum guineense tem dúvidas que, face os seus actos como suposto Procurador-Geral da República, Abdú Mané não passa mesmo de um instrumento a ser usado para a perseguição dos dirigentes políticos do governo legítimo da Guiné-Bissau? Que tipo de justiça se faz sob esses pressupostos!? Não vou alongar-me a mencionar os casos que Abdú Mané podia investigar e faz questão de fechar os olhos! Até para aplicar a justiça aos alegados criminosos, é preciso ser-se isento e não permitir o imiscuir da política na justiça.  

Enquanto não aprendermos apenas e tão só a defender os valores democráticos e do estado de direito, sem olhar para as figuras envolvidas e os interesses inerentes, jamais conseguiremos suster a caminhada da Guiné-Bissau para o original Mundo das Trevas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Mundo_das_Trevas…

Termino a desejar muito boa sorte ao Dr. José Ramos Horta, nessa nobre missão que agora começou.

Jorge Herbert

Mais uma dor de cabeça


A recente auscultação do Partido da Renovação Social com os partidos políticos, redundou na criação de uma Comissão Multipartidária e Social de Transição, com poderes idênticos à actual Assembleia Nacional Popular, quer em termos de imunidades, direitos e regalias, como em matéria de legislação e de competências.

A velha história da CNT surge, apesar dos parceiros internacionais o rejeitarem de forma categórica. Mais uma dor de cabeça surge no horizonte. O PAIGC dará amanhã a partir das 11 horas uma conferência de imprensa na sua sede nacional para dar resposta a estas manobras. Começa assim um novo braço de ferro, que ninguém sabe onde vai dar. AAS

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

This is CNN


Umaro Djau, estares a dar azo a provocações não ajuda em nada e deita até por terra estas tuas afirmações... Podem estar do lado dos golpistas - eu sei! Posso estar em Lisboa mas sei mais do que vocês todos juntos o que lá se passa... Mas a minha consciência, em defesa do triste Povo da Guiné-Bissau, ninguém humilha. Sou digno, pobre até, mas não me vergam. Nem me atingem. Não é por criticar o JOMAV em tempos que vou agora querer vê-lo crucificado ainda para mais de maneira tão flagrantemente desavergonhada, apenas com o inuito de humilhar. AAS

Guiné-Bissau precisa de mais apoio da comunidade internacional, diz Ramos-Horta em Bissau


José Ramos-Horta chegou na madrugada de hoje a Bissau e encontrou-se esta manhã com o primeiro-ministro de transição, Rui de Barros, o primeiro de um ciclo de contactos com responsáveis guineenses, nomeadamente para apresentação de cumprimentos. Após a reunião de cerca de 45 minutos, o novo representante das Nações Unidas afirmou-se otimista e pronto para "abrir outro capítulo" na Guiné-Bissau, embora as decisões nesse sentido tenham de partir dos guineenses. "Sou uma pessoa otimista, um otimismo fundado no que conheço do povo guineense, prático, determinado e com elevado número de quadros", disse Ramos-Horta, considerando que há "um bom ambiente" na Guiné-Bissau, quando comparado com outros países do mundo.

Afirmando que há "um processo de diálogo em curso" iniciado pelo Presidente da República de transição, Ramos-Horta disse acreditar que se está "no bom caminho" e acrescentou que está confiante no sucesso da sua missão. Na Guiné-Bissau há "uma situação de um Estado frágil, que precisa de ser apoiado. A Guiné-Bissau nunca teve muito apoio da comunidade internacional", disse o representante da ONU, uma ideia que lhe fica, acrescentou, do que tem observado ao longo dos anos e das vezes que esteve no país. É preciso, disse, que a comunidade internacional "direcione ajuda para beneficiar o povo guineense, sobretudo os jovens".

José Ramos-Horta, ex-Presidente de Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz, foi em janeiro nomeado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, seu representante para a Guiné-Bissau. Ramos-Horta substituiu o ruandês Joseph Mutaboba, cujo mandato terminou a 31 de dezembro passado, na liderança do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau - UNIOGBIS. A Guiné-Bissau tem vivido momentos de instabilidade cíclicos. Em abril do ano passado, um golpe de Estado derrubou os dirigentes eleitos e desde então o país está a ser gerido por autoridades de transição, não reconhecidas pela maior parte da comunidade internacional. LUSA

JOVENS E TRAJETÓRIA DE VIOLÊNCIA. OS CASOS DE BISSAU E DA PRAIA


APRESENTAÇÃO DO LIVRO “JOVENS E TRAJETÓRIA DE VIOLÊNCIA. OS CASOS DE BISSAU E DA PRAIA”, Pureza, J.M; Roque, S.; Cardoso, K. (Orgs), Coimbra, Almedina/CES, 2012

Cabe-me apresentar a segunda parte deste livro que é dedicada ao estudo dos jovens e trajectórias de violência em Bissau. Gostaria de ressaltar, em primeiro lugar, o olhar original sobre as questões de segurança na Guiné-Bissau que nos traz este livro.

Quando pensamos em segurança na Guiné-Bissau, a imagem que dai resulta é a da violência política e militar, dos sucessivos golpes de estado, dos assassinatos políticos e da impunidade, e do narcotráfico. Recentemente, podemos ainda acrescentar o terrorismo e o tráfico de seres humanos. Ora, por causa destas preocupações, a atenção, as políticas e os fluxos financeiros têm sido desviados para as questões da segurança e as suas dimensões internacionais. Um dos exemplos claros deste desvio é a atenção dada à Reforma do Sector da Segurança: Reformar os militares é tido como essencial para um cenário de paz e desenvolvimento na Guiné-Bissau. Isto baseado no princípio que não há paz sem desenvolvimento nem desenvolvimento sem paz. Este posicionamento tem remetido para segundo plano outras dimensões das dinâmicas sociais na Guiné-Bissau que se vão tornando invisíveis; como também tem remetido para segundo plano muitas das reais preocupações dos guineenses em matéria de segurança.

Penso que esta é uma das razões porque este trabalho é diferente: porque tenta compreender a sociedade guineense a partir das suas próprias preocupações: Quais são de facto as questões que preocupam os guineenses ao nível da segurança?

Também em relação aos jovens, neste trabalho contestam-se (1) os processos de securitização dos jovens e (2) a imagem dominante dos jovens como “ameaças”.  Assim este texto dá visibilidade a estes jovens ajudando-nos a tentar compreender: Quem são estes jovens de Bissau? Quais são as suas histórias de vida? Como é que eles se vêem, e se imaginam, como é que sonham o futuro? E em relação às jovens raparigas, tenta compreender a que tipos de violência estão sujeitas.

O primeiro capítulo sobre a Guiné-Bissau é da autoria da Sílvia Roque. Investigadora do Centro de Estudos Sociais de Coimbra e doutoranda, está fazer um doutoramento sobre violência em contextos de pós-guerra (nos casos de El Salvador e Guiné-Bissau) e trabalha há vários anos em questões ligadas à Guiné-Bissau e o que ressalta do seu trabalho é precisamente, esta postura de questionar os estereótipos, e é esta atitude que empresta a este trabalho. A autora propõe-se inverter a pergunta mais comum nos estudos sobre jovens e violência e pergunta: “por que razoes não se “mobilizam” os jovens em Bissau?” . Quando enfrentam desemprego, pobreza, falta de acesso a educação de qualidade, ausência de perspectivas de um futuro melhor, por que é então que estes jovens não se envolvem em gangs ou grupos armados?

A autora traça, em primeiro lugar, um retrato plural destes jovens que não são uma massa homogénea e, para tal, entrevista jovens detidos, consumidores de droga, jovens envolvidos em todo o tipo de projectos associados à cultura, a políticas, universitários, estudantes, bancadas, grupos de jovens em bairros, etc.

As razões da não-violência são múltiplas: desde a eficácia do controle social até a capacidade de superação dos problemas de forma pacífica. Mas também pode ser a desesperança que faz com que as soluções mais óbvias para o futuro sejam: fugir ou esperar. Também pode ser essa mesma desesperança que evita a organização violenta dos jovens que pode actuar no sentido de os desprover do exercício de uma cidadania activa, de protesto e de resistência.

Finalmente pergunta-se até quando que os jovens vão esperar pacificamente? Aliás coloca-se a mesma questão em relação ao povo guineense: até que ponto é que as transformações sociais poderiam por em causa a tremenda resiliência que a população guineense tem demonstrado face às adversidades?

No segundo capítulo, “Falhanço em cascata: como Sociedades Agrárias Africanas em colapso perdem o controlo sobre os seus cadetes”, Ulrich Schiefer, sociólogo e antropólogo, Professor do ISCTE-IUL e da universidade de Münster, dá-nos algumas das explicações também face à questão de por que é que os jovens não se mobilizam. Fá-lo através da análise dos mecanismos, extremamente elaborados, de contenção de violência que existem nas sociedades agrárias da Guiné-Bissau. Não se trata aqui de analisar sociedades imutáveis, como clarifica o prefácio, mas de tentar compreender em que medida é que estes sistemas podem ser resilientes ou enfraquecer perante as mudanças sociais. O ensaio salienta nomeadamente os potenciais impactos negativos na gestão da violência derivados da desestruturação das sociedades agrárias simultânea à migração para contextos urbanos nos quais as promessas da modernidade não podem ser cumpridas. É sobretudo nestes contextos urbanos, em que os bairros periféricos abrigam cada vez mais migrantes que fracassaram no seu projecto de (e)migrar, em cidades onde não encontram ocupação, que a gestão do potencial de violência se torna mais difícil.

Finalmente, o último capítulo da autoria de Sílvia Roque e Joana Vasconcelos centra-se nas jovens raparigas guineenses e analisa diferentes expressões de violência que as afectam. O título deste capítulo diz “raparigas de agora é só provocação” e surge da constatação de que as jovens raparigas são alvos de crítica generalizada sendo consideradas “interesseiras”, “que provocam os homens” e que se relacionam com estes apenas com o objetivo de obter ganhos materiais. A este propósito, é ilustrativa a citação de um grupo de mulheres que garante que: “as raparigas, se os homens não lhes dão dinheiro, elas vão buscar outro. E preciso encher-lhes o bolso”. As autoras defendem que estas acusações mostram de algum modo, por um lado, a perda de controlo sobre a sexualidade destas jovens e, por outro lado, as transformações económicas e sociais nas quais as raparigas assumem cada vez mais um papel de relevo enquanto actores com agência. No texto exploram ainda dois tipos principais de violência directa: o casamento forcado e a violência entre namorados que consideram um produto da recusa das práticas ditas “tradicionais” como da adesão a novos ideais como por exemplo, os ideais de amor romântico. Acima de tudo este trabalho pretende contribuir para superar a invisibilidade de grupos até agora quase invisíveis como os jovens e especificamente as jovens raparigas. É um olhar de fora mas que, através de um grande rigor, tenta ser de dentro. Daí ser muito diferente das abordagens habituais no campo da segurança. Foi, aliás, na perseguição deste objectivo que a Joana Vasconcelos, no âmbito da sua tese de doutoramento, iniciou o seu trabalho de campo para tentar para tentar compreender como é que as jovens raparigas conseguem superar as dificuldades da juventude. 

José Manuel Pureza disse acreditar que “em cada um destes casos há um James Dean”. Se acreditarmos também que estes jovens dão expressão a uma violência que advém de choques entre visões do mundo e que podem conter em si a força de mudança, este livro é uma leitura essencial.

por Ana Larcher