segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
Que futuro para o PAIGC?
No PAIGC, os Congressos servem essencialmente para radicalizar as os antagonismos, acentuar as contradições entre os grupos de interesses que vão surgindo por estas alturas, evidenciando manifesta incapacidade de dialogar e arrumar a casa. Numa altura em que está a ser montado um cenário fraudulento para relegar o PAIGC à oposição, seria lógico a tomada de consciência dos seus Dirigentes, quanto aos imperativos de se aglutinarem em torno de um único Projecto (reconciliador, inclusivo, realista e credível).
Entretanto, são nove (9) os candidatos que se perfilam à liderança do Partido, arrastando consigo os respectivos apoiantes, aflitos e desesperados, que encaram cada Congresso como uma oportunidade de vida ou morte para chegarem ao Comité Central, ou mesmo a Ministros.
A fatídica tradição de organizar os seus Congressos nas vésperas das eleições, sem se preocupar em posteriormente organizar, pelo menos uma Conferência, antes das eleições, para reconciliar os vencedores e os vencidos no Congresso e definir uma estratégia eleitoral inclusiva (partidária), faz com que o PAIGC se apresenta às eleições sempre fragmentado, com os excluídos e naturalmente descontentes, a constituírem uma forte oposição interna à direcção eleita no Congresso, acabando sempre por prejudicar os interesses do Partido, como aconteceu em 2005, com o regresso de Nino Vieira e mais recentemente com o Golpe de Estado perpetrado por Serifo Nhamadjo.
Apesar de existirem nove supostos candidatos à liderança do PAIGC, fala-se mais da candidatura de Braima Camará, que, em virtude de estar no terreno e da humildade com que se relaciona com os Militantes do Partido, leva uma vantagem confortável sobre as demais candidaturas. Quanto à Domingos Simões Pereira, parece ter dificuldades em compreender e dialogar com a complexa malha social que compõe o mundo do PAIGC. E o facto de ter afirmado que Braima Camará não tem condições para dirigir o PAIGC e posteriormente dirigir o País na qualidade de Primeiro-ministro, demonstra falta de humildade e constitui uma enorme desilusão para mim, enquanto seu admirador incondicional e que gostaria de ouvi-lo a falar das suas virtudes e não dos defeitos dos outros candidatos.
Acontece que Domingos Simões Pereira teve oportunidades que soube abraçar e se realizar na vida. E o seu percurso como secretário executivo da CPLP foi brilhante e constitui um orgulho para todos os guineenses de boa fé. Por sua vez, Braima Camará teve o mérito de chegar sozinho onde chegou, sem tios, nem padrinhos. E, tendo em conta a sua idade (muito novo), o seu património pessoal, o seu brilhante desempenho na Câmara do Comércio e no Grupo Malaika, o seu percurso político no PAIGC, do qual é membro do Bureau Político, seria injusto retirar-lhe o devido mérito, só por uma questão de concorrência, que neste caso, devia ser leal, por se tratar de uma eleição interna do Partido.
A desvantagem de Domingos Simões Pereira em relação à Braima Camará deve ser encarado com toda a naturalidade, porque tem uma explicação lógica: A DISTÂNCIA (que tanta angústia e tanto sofrimento já provocou, tanto sentimento destroçou, separando até mesmo o inseparável). Basta lembrarmos que, depois de dois mandatos á frente da Organização das Nações Unidas, Javier Perez de Cuellar não conseguiu ganhar eleições presidenciais no seu País; tanto El Baradei (director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica), como Amr Moussa (Ministro dos Negócios estrangeiros do Egipto, entre 1991 à 2001 e secretário-geral da Liga Árabe desde Junho de 2001 até Junho de 2011), foram derrotados nas últimas eleições presidenciais no Egipto, por um desconhecido chamado Mohamed Morsi. A tendência mostra que, prestar serviço longe de casa não compensa.
Ainda na sequência disto, gostaria de deixar bem evidente que seria insensato da nossa parte, estabelecer qualquer comparação entre estes dois candidatos, porque apesar de ambos terem tido um percurso de vida profissional simplesmente invejável, cada um deles tem as suas especificidades, suas experiências de vida e suas valências e, nenhum deles chegou a dirigir um Partido ou um Governo, portanto seria uma experiência completamente nova, tanto para um, como para o outro. E neste caso, a formação académica não deve ser um factor relevante, na medida em que, são funções que pressupõem trabalho de equipa e em que a capacidade e a experiência de gestão de Recursos humanos e financeiros acabam por ser determinantes. Basta recordarmos que os melhores governantes do Século XX (Luís Inácio Lula da silva, Pedro Pires, etc. não têm formação superior).
Reitero as minhas preocupações pelo futuro do PAIGC e do nosso País, a julgar pela manifesta indisponibilidade e incapacidade de fazer cedências em nome da estabilidade e da coesão nacional, revelando falta de humildade e ausência de patriotismo e de sentido de Estado, num contexto que deixa bem evidente que, qualquer candidato que for eleito no Congresso, terá que lidar com um Partido fragmentado, fazendo ressuscitar o fantasma de um passado recente que resultou na actual situação que se vive no País.
O mais alarmante em toda esta dança de cadeiras, é o facto de o PAIGC ter estado a subestimar as eleições presidenciais, como se de nada servissem, quando todos sabem que delas depende a estabilidade governativa. O mais lógico nesta altura do campeonato, era a Direcção do Partido envidar esforços para convencer Braima Camará, Simões Pereira e Aristides Ocante silva á fundirem as respectivas candidaturas, criando o posto de Vice-Primeiro Ministro e Ministro dos Negócios Estrangeiros para Domingos Simões Pereira e de Ministro da Economia e Desenvolvimento Regional para Aristides. E, se por ventura não forem criadas as necessárias condições para a participação de Carlos Gomes Júnior nas eleições presidenciais, o Partido comprometia-se a apoiar a candidatura de Domingos Simões Pereira para a Presidência da república e Aristides passava para a política externa. Seria maravilhosa ver um grupo de jovens realizados à reivindicar a gestão do País, num momento tão delicado como este.
Considerando as reais possibilidades desta fusão, antes ou depois do Congresso, com o vencedor a reconhecer a pertinência de incluir os vencidos no seu projecto, para garantir unidade e coesão no Partido e por reconhecer neles tributos imprescindíveis à uma boa implementação desse mesmo projecto, os candidatos devem pautar pela contenção, moderação, tolerância e respeito mútuo, como forma de erradicar o extremismo e manter aberta as portas do diálogo.
Nhu Preocupado.
Lisboa, 30 de Dezembro de 2012.
DISCURSO DESCONECTO DA REALIDADE DO PRESIDENTE ILEGÍTIMO
Queria centrar-me no discurso do Presidente ilegítimo da Guiné-Bissau, pela ocasião da passagem de ano. Não vou perder tempo em dissecar ponto por ponto, porque senão corro o risco do editor do Ditadura do Consenso não publicar o meu texto, por ser demasiado extenso.
Em termos da Cooperação Internacional, todos já sabemos a desgraça e a vergonha que é neste momento a Guiné-Bissau, mas para o Presidente ilegítimo da Guiné-Bissau, isso é apenas consequência de “uma intensa campanha negativa levada a cabo por forças obscuras” e não de uma conduta irresponsável de alguns políticos, entre os quais o próprio Serifo Nhamadjo, e militares, na preparação e execução de um golpe de estado, com base apenas na rejeição de uma escolha clara e inequívoca do povo guineense de um candidato Presidencial!
O Presidente ilegítimo em dez meses, esqueceu-se ou quer que o povo se esqueça que, o mesmo povo que quer agora convocar para um “diálogo aberto, franco, inclusivo de ponta a ponta do nosso País, do leste a oeste e do norte a sul, do Cabo Roxo a Ponta Cajé”, foi esse mesmo povo que ele Serifo Nhamadjo, Kumba Ialá, António Indjai e outros candidatos nas últimas eleições presidenciais interrompidas na Guiné-Bissau, desobedeceram e desrespeitaram, através de um levantamento militar, invalidando a vontade popular, manifestada de forma ordeira e cívica nas urnas!
O Presidente ilegítimo está demente ou já se esqueceu que foi esse mesmo povo que deu mais votos a Carlos Gomes Júnior e colocou-lhe a ele Serifo Nhamadjo, fora da corrida presidencial, logo na primeira volta!? Já se esqueceu que foi esse mesmo povo que lhe disse nas urnas que não o quer no posto que agora ocupa, pela via da força das armas? Esqueceu-se que foi esse mesmo povo que foi amordaçado e espancado pelos militares, para o impedir de manifestar a sua vontade de forma livre, perante o silêncio e conluio do Presidente ilegítimo!? Ou está completamente desconecto da realidade, ou o Presidente ilegítimo da Guiné-Bissau continua um transicionista em transe, conforme escrevi há tempos!
Caro Serifo Nhamadjo, o lobo, por mais que tente vestir a pele de cordeiro, continuará a ser lobo, porque está no seu gene predar e devorar os cordeiros e as ovelhas. E espero que o povo não se esqueça dessa importante lição da vida…
Percorrendo o discurso, andei a procura da referência do Presidente ilegítimo da GuinéBissau, aos actos de violência cometidos pelos supostos agentes de defesa do Estado contra civis e políticos, mas nem uma única linha encontrei! Será que no seu diálogo inclusivo pretende efectivamente incluir os espancadores e os espancados!?
Também já percebemos que o discurso foi algo centrado na Diáspora, como forma de tentar “furar” os bloqueios impostos à Guiné-Bissau, após o último golpe de estado, mas queria perguntar ao Presidente ilegítimo, se nessas acções com a diáspora, pretende também incluir aqueles políticos, jornalistas e cidadãos comuns que se encontram neste momento fora do país, com a vida pessoal e profissionais desestruturadas, vítimas do sistema que o próprio Serifo Nhamadjo e seus comparsas criaram?
Nas futuras eleições que pretende organizar, será efectivamente um acto livre, ao ponto de Raimundo Pereira, Carlos Gomes Júnior, Silvestre Alves, Iancuba Indjai e outros políticos do governo anterior possam participar de forma livre e sem pressão de qualquer “força oculta”?
Conforme disse anteriormente, não vou perder meu tempo a dissecar todo o discurso, mas não queria deixar de me centrar em dois pontos essenciais e básicos para qualquer país, a Educação e a Saúde.
No campo da Educação, o Presidente ilegítimo realçou 5 pontos, como sendo os objectivos da agenda da transição.
Desses 5 pontos, deu para ver que os transicionistas têm intenção de investir e muito no Ensino Superior, uma vez que 3 dos 5 pontos é dedicado tão só ao ensino Superior e os outros muito generalistas, que também podem incluir investimento universitário!
Será que Serifo Nhamadjo sabe que vive (já que não preside nada) num país cuja taxa de literacia é só de 54,2%? Ou seja, quase metade dos guineenses não sabem ler nem escrever! Será que Serifo Nhamadjo sabe que a maioria das escolas de mais variados níveis do ensino no país não cumprem as mínimas condições de dignidade para estarem em funcionamento? Serifo Nhamadjo tem noção da existência de uma grave carência de livros formativos para os ensinos básico e secundário na Guiné-Bissau!? Serifo Nhamadjo terá noção do nível de formação pedagógica da maioria dos professores do ensino básico e secundário na Guiné-Bissau!?
Face a essas factos, não posso deixar de perguntar se Serifo Nhamadjo sabe mesmo o que está a fazer no cargo que hoje ocupa e que país pretende presidir!?
Na área da Saúde Pública, a retórica é a mesma! Objectivos altos, esquecendo-se completamente do básico!!!
Será que Serifo Nhamadjo tem noção do que significa a palavra Saúde Pública!? Quer modernizar o Hospital, alargar o Serviço de Urgência, construir um Centro de Hemodiálise e mais uma vez investir no ensino superior na área da saúde, esquecendo-se que cerca de dois terços do país não tem saneamento básico, tendo esgotos a céu aberto, não tem sistemas de recolha e tratamento de lixo que cubra a necessidade da maioria do país, não tem um programa de vacinação que satisfaça a grande maioria da população!
Serifo Nhamadjo tem noção do custo de funcionamento e manutenção de um centro de diálise? Tem noção de quantos doentes insuficientes renais crónicos e agudos precisam ser tratados na Guiné-Bissau? Tem ideia de quais são os dados da OMS em relação a HIV, Malária e Cólera na Guiné-Bissau?
Pelos vistos, Serifo Nhamadjo quer contribuir para a construção de um país iniciado pelo telhado, com base nos financiamentos que pensa conseguir extorquir ao Banco Mundial, mesmo que não tenha qualquer sustentabilidade no futuro do país!
São esses governantes que têm contribuído para o que tem sido o aprofundar do luto da Guiné-Bissau e dos Guineenses!
Boas entradas a todos, uma vez que 2013 aparenta-me penoso para os guineenses.
Jorge Herbert
TRAGÉDIA NO MAR - CPLP solidariza-se com o Povo guineense
A Presidência da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) manifestou a sua solidariedade para com o povo da Guiné-Bissau, na sequência do trágico naufrágio ocorrido sexta-feira naquele país da costa ocidental de África. No episódio fatal, segundo dados da imprensa guineense, 23 pessoas morreram e 74 outras sobreviveram na embarcação que levava 120 passageiros a bordo, quando a mesma naufragou ao largo de Bissau.
Num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MNEC) de Moçambique, país que preside actualmente à organização lusófona, "a CPLP expressa a sua consternação pela perda de dezenas de vidas humanas, na sequência do naufrágio ocorrido na República da Guiné Bissau". Neste momento de pesar, segundo o comunicado, a CPLP associa-se à dor e sofrimento das famílias enlutadas e de todo povo guineense e reitera a sua solidariedade à Guiné Bissau.
domingo, 30 de dezembro de 2012
PAIGC: Braima Camará soma apoios
No passado dia 16 de Dezembro, reuniu-se em Lisboa um grupo de cidadãos, Jovens e Quadros Guineenses, preocupados com a situação do país. Na reunião, foi feita, uma análise exaustiva da vida e actividades do Cidadão e jovem empresário Braima Camará, vulgo "Bá Quecutó", tendo-se concluido pela adequação do seu perfil para a candidatura à liderança do PAIGC, no próximo congresso do partido.
No passado dia 22 do corrente mês, o empresário Braima Camará reuniu-se com a Direcção da célula do PAIGC em Portugal, no Hotel Tivoli, em Lisboa num encontro que teve como objectivo auscultar a opinião dos Militantes do Partido, dos Jovens Quadros e dos Guineenses em geral, na diáspora, sobre a sua pessoa, tendo em conta a sua decisão de se candidatar à liderança do PAIGC.
Na reunião, foi anunciado pelo próprio, um Projecto Inclusivo, realista (do ponto de vista da sua implementação), abrangente e transversal (do ponto de vista estratégico) e ambicioso e de esperança (tanto no que se refere às reformas no Partido, como no Estado).
Respondendo ao apelo de quase todos os intervenientes, Braima Camará, declarou-se aberto ao diálogo com todos os outros candidatos, para evitar futuras divisões no Partido. Não menos importante foi ouvir da parte dele a seguinte frase "Eu não quero ganhar só o congresso mas sim quero ganhar o partido".
Concientes da importância de instauração de um clima de diálogo permanente entre os diversos quadrantes da sociedade e todos que nela gravitam, na busca de soluções duradoiras para os problemas e conflitos ciclicos que preocupam o povo guineense. Sendo o PAIGC, um partido estruturante da nossa sociedade e de importância transcendental no passado, presente e no futuro da GB, há a necessidade haver um candidato como o Braima Camará, capaz de congregar todos sem exclusões, imprimir uma nova dinâmica, reformar e organizar internamente o partido para os próximos desafios e combates (eleições presidenciais e Legislativas). Um partido moderno e adaptado às novas realidades do presente século e aos desafios e sofrimentos do povo da GB.
Na sequência dessas reuniões e imbuidos de um grande espirito patriótico e dever cívico, reuniu-se no dia 29 de Dezembro de 2012, em Lisboa, o grupo de cidadãos, quadros e jovens Guineenses bem como alguns dirigentes da Célula do PAIGC em Portugal com o objectivo de fazer o balanço de todas as actividades desenvolvidas até ao presente. Nesse sentido, foi decidido por unanimidade e de livre e espontânea vontade criar o NÚCLEO DE APOIO À CANDIDATURA DE BRAIMA CAMARÁ (NACBC) à liderança do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) na diaspora – Europa.
É nossa convicção que, com as suas qualidades pessoais, a sua capacidade empreendedora, experiência, liderança e de resolução de problemas complexos como empresário (exemplo disso, é o trabalho que tem sido feito desde 1999 na direcção da Câmara do Comércio e Industria da GB, em que herdou uma situação de quase ruptura e de fragmentação do sector privado, fazendo com que hoje seja um dos grandes motores e impulsionadores da economia do país), bem como a sua experiência politica como Deputado da Nação e Conselheiro Presidencial, vai conseguir levar a bom porto esta nobre tarefa.
Mais se informa que o Núcleo está aberto à todos os cidadãos guineenses, (homens e mulheres), quadros e jovens interessados em contribuir para o projecto, para podermos inaugurar um novo paradigma de debate politico e social na Guiné Bissau e na diaspora.
Todos os programas e actividades do Núcleo vão ser anunciados oportunamente.
Os contactos do Núcleo são:
Telemóvel: 967174037 e 964278747
E-mail: nacbc.diasporaeuropa@gmail.com
Nota: Aproveitamos para lamentar a tragédia que se abateu sobre o nosso país no dia 28/12/2012 e manifestar a nossa solidariedade para com todos familiares das vítimas do naufrágio.
Lisboa, 29 de Dezembro de 2012
NÚCLEO DE APOIO À CANDIDATURA DE BRAIMA CAMARÁ (NACBC) à liderança do PAIGC na Diáspora - Europa
Guiné-Bissau está ou aprofundou o luto?
Com todo o respeito às vítimas e os familiares do último naufrágio ao largo da costa marítima de Bissau, a quem dirijo desde já as minhas sentidas condolências, não posso deixar de realçar a hipocrisia e o empolgamento que se deu à mais uma perda de vidas dezenas de vidas, fruto do luto efectivo em que a Guiné-Bissau mergulhou e teima em aprofundar, há cerca de 40 anos!
Esta última tragédia é apenas uma gota de água na miséria que assola o país, fruto da incompetência, do desleixo e da estupidez dos falsos líderes políticos e militares, que o povo teima em deixar continuar a dirigir os destinos do país, com base em negociatas com vista ao rápido enriquecimento ilícito, enquanto durarem no poder.
Olhar para os últimos índices do país publicados, não sei como é que o governo ilegítimo da Guiné-Bissau não decide desde já decretar luto nacional por tempo indeterminado, para que o povo continue a chorar as várias vítimas das mais variadas carências que têm afectado esse sofrido e paradoxalmente alegre povo! Se esses dados assustam a quem olhar para eles com olhos de ver e os comparar com os outros países, imagino o que serão os dados estatísticos do último semestre deste ano, quando existem indicações claras de que o nível socioeconómico e de bem-estar populacional da Guiné-Bissau decaíram e muito com o último golpe de estado… Prometo nem falar da dúzia de assassinados recentemente, na suposta tentativa de invasão de um quartel e no embuste que foi a captura do Capitão Pansau Intchama…
Vamos aos índices:
Sabemos que ocupamos um vergonhoso 6º lugar dos países com maior Taxa de mortalidade. A nossa Taxa de mortalidade bruta é de 15,01 mortes por cada 1000 habitantes por ano (dados de Julho de 2011). Se sabemos que a nossa população nessa altura era de 1.628.603 habitantes, podemos concluir que morrem cerca de 24.429 pessoas por ano na Guiné-Bissau, por mais variadas razões. Só para termos uma ideia, no que concerne à taxa da mortalidade, estamos piores colocados que todos os PALOP’s. Mas, para compararmos e termos ideias das posições dos nossos amigos e inimigos, não será demais dizer que a Nigéria, aquela que está interessada em devolver a paz a Guiné-Bissau, ocupa o 18º lugar, contra o 28º de Angola, o 41º de Portugal, o 151º do Brasil e o 155º de Cabo-Verde!
Quanto à Taxa de mortalidade infantil, a Guiné-Bissau também ocupa vergonhosamente o 6º lugar do Ranking, com 94,4 mortes por cada 1000 nascimentos.
Na Taxa de mortalidade materna também ocupamos o 6º lugar com 790 mães que morrem, por cada 100.000 nascimentos vivos.
A esperança de vida ao nascimento ocupa também a vergonhosa 219ª posição (penúltimo lugar) com 49,11 anos. Isso quer dizer que, cada criança que nasce, é esperado que se consiga manter-se vivo até os 40 anos de idade!
Quando falamos de Densidade de médicos, ou seja o número de médicos por população, estamos na posição 175º, num total de 188 países, com uma taxa de 0.05 médicos por cada 1000 habitantes!!! Se formos espreitar o número de camas por habitantes, o país tem 0,96 camas por 1000 habitantes!!!
Só para ficarmos com uma ideia do país que temos, quando se fala em Orçamento Militar (isso são só os gastos oficiais, que constam nos Orçamentos de Estado), ocupamos um orgulhoso 39º lugar, contra um 57º lugar do Ranking com os gastos na Saúde!
Há muitos mais dados que nos envergonham como país, mas seria fastidioso continuar a reproduzi-los aqui... E vêm alguns guineenses dizer que devemos falar e escrever sempre o bem sobre a Guiné-Bissau! Com base em que dados!? Se não fosse muito triste e deprimente para um povo orgulhoso e digno, dava era para rir!
Se formos pela lei da proporcionalidade, morreram 23 pessoas num acidente numa canoa e decretou-se luto nacional de dois dias, então os 365 dias do ano não chegariam para o luto de todos aqueles que morrem por vários motivos, consequência da completa ausência do Estado, dos abusos do poder e de uma saúde altamente deficitária no país…
É caso para dizer: Senhores governantes, em vez de decretarem lutos nacionais, pegam nas vossas pertenças, metam-se num barco e vão naufragar-se nas águas internacionais mas, para bem longe do país, para não vos sentir sequer o cheiro à corrupção que o vosso corpo deve exalar depois de mortos!
Por favor, deixem de fazer demagogias e propagandas baratas, à custa das vidas dos guineenses…
Jorge Herbert
sábado, 29 de dezembro de 2012
APGB e a TRAGÉDIA
Uma pergunta pertinente:
"Como é possível a Secretaria de Estado dos Transportes permitir à APGB pagar milhões em mordomias aos membros do Conselho de Administração, director-geral e inclusive ao próprio Secretário de Estado... e não poder pagar 30.000.000 FCFA (50 mil euros) à mesma instituição para a reparação dos dois barcos que fazem ligação para as ilhas? É o CÚMULO! Só o dinheiro dos mobiliários de um deles dava para reparar cada barco e essa tragédia não teria acontecido....estou revoltado!
Armando Vaz"
TRAGÉDIA NO MAR: Comunicado da LGDH
COMUNICADO À IMPRENSA
Num dos momentos mais difíceis da sua história recente, marcado por enormes dificuldades devido aos sobressaltos político-militares, o povo guineense conheceu mais uma tragédia de naufrágio da piroga Quinará II que ocorreu no dia 28 de Dezembro de 2012, no largo de Bissau, vinda de Bolama com mais de 110 pessoas a bordo, tendo resultado ate agora em 26 mortos segundo os dados provisórios.
Este triste acontecimento é o terceiro em menos de 4 anos, apos os naufrágios de Geta e Pexice que provocaram a morte de 72 pessoas, resultado de uma cultura de falta de rigor, seriedade e responsabilidade na administração pública, em particular nos serviços de inspecção, fiscalização e controlo das actividades de navegação marítima. A embarcação que naufragou além de não dispor de condições adequadas para efectuar uma ligação marítima em conformidade com as normas internacionais, estava superlotada e sem mecanismos de repostas rápidas.
Por outro lado, as informações indicam que os serviços de Instituto Marítimo Portuário entidade competente para a gestão portuária foram comunicados antes do acidente ocorrer, mas não reagiram a tempo de impedir ou evitar os danos maiores. Em face do exposto, a Direcção Nacional da Liga Guineense dos Direitos Humanos delibera os seguintes:
1- Lamentar a tragédia da embarcação Quinará II, num contexto extremamente, difícil para o povo guineense;
2- Responsabilizar as autoridades marítimas e portuárias pela inoperância e passividade na fiscalização e observância das condições mínimas de segurança para a navegação marítima;
3- Exigir a abertura de inquérito e consequente responsabilização dos agentes dos Serviços Marítimos e Portuários, da Delegacia Marítima de Bolama, bem como dos responsáveis da Embarcação Quinará II;
4- Exortar as autoridades para um maior rigor e controle nas ligações inter-ilhas em particular nas épocas da chuva e períodos de festas.
5- Apresentar as mais sentidas condolências às famílias enlutadas
Feito Bissau aos 29 dias do Mês de Dezembro 2012
A Direcção Nacional
TRAGÉDIA NO MAR - O balanço
Depois de tanto trabalho no hospital Simão Mendes, o balanço foi trágico: 74 pessoas foram atendidas pelos médicos cubanos e técnicos de saúde guineenses. Deram entrada no banco de socorros vinte e quatro mortos: 21 adultos e 3 crianças. Das 74 pessoas só uma continua internada no HNSM, dos 12 que desapareceram um jovem conseguiu nadar até ao porto e voltou sozinho para casa. Um senhor perdeu a mulher e dois filhos.
"Foram horas de muito trabalho e os funcionários nãpada poderiam fazer sem ajuda dos médicos cubanos e guineenses, dos jovens da Cruz Vermelha, dos policias do Ministério do Interior, do Corpo de Bombeiros, dos membros da ONG Afectos com Letras, do responsavel da ONG Viver sem Fronteiras, e dos funcionarios da ONG AIDA." - disse ao ditadura do consenso um elemento do hospital Simão Mendes. Foi decretado dois dias dd luto nacional. AAS
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Domingos Simões Pereira corre para o PAIGC em situação de “sufoco"
Domingos Simões Pereira mantém a intenção de se candidatar à liderança do PAIGC e manifesta, mesmo, confiança num resultado favorável – para o que poderá adicionalmente contribuir uma provável evolução da situação política na Guiné-Bissau, no quadro da qual a sua pessoa incuta mais confiança, em termos de credibilidade e estabilidade, como líder do partido. Com o fim de preparar a sua candidatura, cujo anúncio formal está previsto para depois do anúncio definitivo da data do congresso.
Domingos Simões Pereira, até há pouco Secretário Executivo da CPLP, regressou há cerca de dez dias a Bissau, procedente de Cabo Verde e Portugal. No seu entender, Braima Camará “Bá Quecuto”, geralmente apontado como concorrente favorito, não reúne aptidões suficientes para liderar o PAIGC e, por via disso, vir eventualmente a tornar-se chefe do governo. Vê igualmente na sua candidatura o impulso dos militares, movidos por um desígnio escuso de manterem uma posição de ascendência sobre o PAIGC. Em meios próximos dos militares há a ideia de que estes denotam, de facto, uma atitude de má vontade face a Domingos Simões Pereira, a que pejorativamente se referem como tendo ligações a Carlos Gomes Jr e a Portugal ou por viver no estrangeiro e por isso estar “desactualizado”.
Considera rumores de que teria desistido de se candidatar e/ou previsões que conferem diminutas possibilidades de vir a ser eleito, como reflexo de um clima de sufoco intencional da sua candidatura e de outras – f enómeno pelo qual responsabiliza Braima Camará e meios que lhe são afectos. Exige, por exemplo, que o congresso seja organizado de acordo com procedimentos estatutários que alega não estarem a ser observados como forma de limitar o debate interno e “filtrar” a eleição dos congressistas. Entre os apoiantes da sua candidatura Simões Pereira aponta especialmente jovens quadros e militantes, na sua maioria descendentes de veteranos do PAIGC. AM
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