quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
O cair da máscara
Decorridos pouco tempo sobre os acontecimentos do alegado assalto ao aquartelamento dos para-comandos, em Bra, muita coisa, por falta de inteligência ou por descaramento e comportamento dos seus actores, começam a estar mais claro na mente dos guineenses. Hoje, face à realidade que se constata em Bissau, pode-se dar como provado sobre esse facto tão badalado na imprensa nacional e estrangeira, de que:
– Tudo não passou de uma montagem com fins que agora, pouco a pouco, se despontam à luz do dia;
– O capitão Pansau Intchama regressou a Bissau com o aval e consentimento do CEMGFA Antonio Injai, e após chegarem a acordo sobre a troca de interesses entre ambos;
– Antonio INjai, negociou e "comprou" o testemunho do capitão a seu favor, para o utilizar no orquestrado relançamento do processo das mortes de 'Nino' Vieira, Tagmé Na Wayé, Helder Proença e Baciro Dabo, insistentemente solicitado por Serifo Nhamadjo ao novo PGR;
- O general pretende ter garantias de branquear o seu envolvimento nos referidos assassinatos com a utilização do capitão - a unica pessoa que o acusou e incriminou directamente nesses assassinatos (salvo o de Tagmé Na Wayé);
- Como troca, o general deu garantias de perdão e protecção ao capitão e á sua familia, em particular a sua mulher a qual estava a mercê de chantagens e ameças de represálias caso o marido não aceitasse a "permuta". A situação de quase refém e o assédio de que era alvo a mulher do capitão acabou por facilitar a montagem e ser peça fulcral na «capitulação» de Pansau Intchama;
– A promessa da reabilitação do capitão para um posto de confiança junto ao general foi também determinante assim como o foi a atracção pelos ganhos que iria ter com o negócio do tráfico de droga de momento em estado florescente após o golpe;
– As dificuldades financeiras de Pansau Ntchama em Portugal eram bem conhecidas e isso se notava na sua instabilidade de comportamento, recurso a bebida, nervosismo permanente, agravado pela não regularização da sua situação de estada em Portugal (sentimento de abandono pelas autoridades portuguesas);
– O capitão ja estava em Bissau ha quase dois meses antes do suposto ataque a base dos para-comandos que hoje se sabe, foi mera encenação de cenários para tirar ganhos politicos militares e fazerem alguns ajustes de contas a nivel dos quarteis, incluindo a inglória morte dos felupes;
– Os jovens mortos a sangue frio em Bolama, foram uma especie de apagamento de testemunhas sobre a montagem da operação de captura do capitão, pois estes conviviam com ele e sabiam de que ele não estava foragido;
– Pansau Intchama, é presença assídua no EMGFA e mantém relações muito proximas, até se pode dizer de muita intimidade com Antonio Injai e demais chefias militares;
– As esposas de PI e de AI se frequentam e tornaram-se amigas inseparaveis e diversas vezes foram vistas juntas em Bissau, quer nas actividades diárias de domesticidade (ir ao mercado fazer as compras dominicais) ou outras, tais como passagens nas casas de câmbio para trocarem dólares americanos (advinhe-se a proveniência dos USDolares!);
– O capitão goza de total liberdade de movimento, tanto nos quartéis como em todo o território nacional e até tem direito a guarda-costas;
– Ao capitão, o general pretende confiar o treinamento militar dos novos mancebos selectivamente escolhidos para reforçar a sua guarda pretoriana. Os treinos dessa milicia particular far-se-á nas matas situadas entre Bissorã e Binar;
– Salvo algum imprevisto ou desentendimento por qualquer outro motivo, Antonio Injai e Pansau Intchama estão em perfeita sintonia e em coordenação de objectivos, reforçado pelo sentimento do "chamamento balanta", afinidades caracteristico aos balantas oriundos do norte do pais.
Em tudo isso, a única conclusão que se pode chegar, é que é preciso pôr-se a pau, pois a dupla da morte está reconstituida e está a organizar-se... AAS
Até quando?
Até Quando ?
Quando, vôs os poderosos, ouvirão as nossas vozes ?
Quando sentirão as nossas lamentações ?
Quando tomarão consciência do nosso sofrimento ?
Quando darão conta de que estão a torturar-nos ?
Quando se aperceberão de que estão a oprimir-nos ?
Quando renderão conta de que estão a matar-nos ?
Quando, vôs os poderosos darão conta, de que estão a tribalizar o pais ?
Quando acordarão para constactar a violência sectaria que se alastra ?
Quando notarão que so uns é que matam os outros ?
Quando sentirão os ventos do genocio que se prepara ?
Quando despertarão para barar o mal maior ?
Quando, vôs os poderoso,s darão conta de que vossa indeferença
A vossa inércia,
A vossa omissão de auxilio,
… esta a ser a morte lenta do Povo Guineense.
Até Quando ?
O Poeta envergonhado
Transitar...sem parar!!!
TRANSITAR... SEM PARAR.
O porta-disparates do Governo da CEDEAO para a Guiné-Bissau não tem mesmo jeito para a politica pelo que tem mostrado com as suas infelizes abordagenss sobre a actual situação de crise que se vive na Guiné-Bissau. Denota-se do seu balão de ensaio ontem lançado numa entrevista na RDP-Africa que, entre a falta de jeito à chacota matreira vai um pequeno passo de diferença. Porém, como diz um velho ditado, «pela boca, morre o peixe»
Ontem, Nando-dôdôte (nome interessante e sugestivo), que assistia ao congresso do PRS sendo interpelado sobre o andamento da transição, mordeu o isco e disparou a falar em voz alta aquilo que os seus parceiros maquiavélicamente engendram em surdina.
Estou certo de que, o porta-disparates fala por encomenda de alguém para testar as reacções politicas, dai que, o «atrevimento» em si não deixa de ser inquietante, tendo em conta o que se sabe das verdadeiras intenções dos actuais detentores do poder em Bissau sobre a transição. Sabe-se que,... se pretende, sem freios e sem limites.
O Nandinho Trambiqueiro até foi «modesto» na abordagem do sujeito propondo «uma transição de pelo menos 3 a 4 anos», isto é, segundo ele «para permitir criarem-se condições ideais para se garantir uma transição segura...». E mais, ele propôs, que de futuro, «quaisquer que sejam os resultados eleitorais, devia-se sempre ter em conta o mapa politico do pais e integrar todas as forças politicas na governação. Não é nada de novo pois ela se verifica nos outros paises»...(entenda-se bem, que contem sempre com ele para algum tacho).
Imagino um dialogo entre o Nandinho e um seu primo e amigo de peito inseparavel..., trambiqueiro como ele, «nada mal para quem é versado em calotes e não em politica. Nada mau na verdade Nandinho. E uma boa ideia sim senhor. E, porque não, também uma optima «solução». Esta-se a ver..., pois como ja apanhastes o gosto e os habitos da vida ministerial que o golpe te proporcionou, mesmo confinado ao espaço CEDEAO, como falas aquele português refinado, podes até a ser ministroporta voz toda a vida. Calhava mesmo bem, pois de boleia, eu também ganhava com isso. Boa ideia, disse o L. Bentana, sem deixar de escapar um sorrisso castiço de bom malandro».
Na verdade o que o Nando Dôdôte esta mesmo interessado, tal como o PRS e os seus dirigentes, é que não haja nunca eleições na Guiné-Bissau pois o status quo actual lhes convém a todos na perfeição, porquanto, assim poderão continuar com as suas delinquências de mamanços e trambiquices sem responsabilidades.
Para confortar essa ideia, basta ver a lista dos duvidosos «empresarios» que o Dôdôte traz ou tem feito desembarcar para, segundo ele, «virem seriamente investir na Guiné-Bissau». Basta apenas ver a megalomania e a pouca seriedade dos projetos pomposamente apresentados para se perceber a razão e o interesse do Dôdôte para que a situação de assalto ao poder vigente se eternize na Guiné-Bissau, pois hoje, para além de placa giratoria do trafico de droga, o pais esta transformado também, numa enorme «lavandaria» de dinheiro sujo proveniente do trafico de droga, de ganhos com actos terroristas, desvios de bens publicos de outros paises e também charneira financeira para saida de capitais de paises cujos investimentos estão bloqueados pelas sanções internacionais, como são os casos do Irão e do Sudão.
O ambiente que se vive hoje na Guiné-Bissau constitui um habitat ideal para um parasita social como o Nando Dôdôte, que a coberto de autoridades irresponsaveis e criminosas como ele, pode ir gravitando e resolvendo os seus problemas de vicios cronico com o dinheiro. Assim vai-se governando tranquilamente, ora através dos negocios duvidosos com os seus parceiros colombianos que demandam frequentemente Bissau esses tempos, ora lançando projectos de fachada com empresarios de duvidosa idoneidade, os quais não visam outro objectivo, senão encobrir lavagens de dinheiro de provenência duvidosa e ou criminosa... mais ainda..., enquanto ministeriavel o Nandinho mantêm-se aparentemente a coberto dos seus varios credores que injenuamente cairam nas redes da sua imensa rede de calotices.
Porém, como disse no inicio desta minha contribuição, é bom que os guineenses, não tomem de animo leve essa gracinha do Dôdôte, pois a proposta foi feita por encomenda dos senhores de Bissau.
Bem haja a Guiné-Bissau
Antonio Busa Nhaté
Lisboa – Chão da Palheira
Carlos Gomes Jr., indisponível para depor em Bissau
Os advogados do primeiro-ministro da Guiné-Bissau deposto pelo golpe de Estado de 12 de abril, informaram esta semana o tribunal de Bissau que Carlos Gomes Júnior não vai a Bissau depor num processo em que é arguido, disse hoje à Lusa fonte judicial. Em outubro passado o Ministério Público da Guiné-Bissau enviou às autoridades portuguesas uma carta rogatória no sentido de Carlos Gomes Júnior, ser ouvido no âmbito do processo do político Helder Proença, assassinado em 2009. O antigo dirigente vive em Portugal desde o golpe de estado de 12 de abril que o afastou do poder.
A carta pedia às autoridades portuguesas para que notificassem Carlos Gomes Júnior para comparecer na Vara Crime do Tribunal Regional de Bissau no dia 10 de dezembro "na qualidade de suspeito sobre os factos de que vem sendo acusado". Na queixa afirma-se que o Governo, na pessoa do primeiro-ministro, denunciou na altura uma tentativa de golpe de Estado, envolvendo Helder Proença, o que configura "denúncia caluniosa".
Segundo a fonte, Carlos Gomes Júnior foi de facto notificado mas os seus advogados em Bissau informaram o tribunal de que o primeiro-ministro deposto não estaria presente porque o chefe das Forças Armadas "tem dito repetidas vezes que não lhe garante a segurança". "Para um crime tão insignificante (denúncia caluniosa), ele não vai a Bissau responder", disse a fonte, segundo a qual Carlos Gomes Júnior é apenas acusado de ter insistido na tese de um golpe de Estado em preparação, em 2009, e de ter perguntado o porquê do arquivamento do processo.
Os advogados, ainda segundo a fonte, sugeriram ao tribunal que oiça as fontes que Carlos Gomes Júnior citou na altura para falar da tese de golpe de Estado em preparação, que eram as chefias militares. Segundo a fonte, deveriam ser ouvidos no processo o ex-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, Zamora Induta, o atual chefe, António Indjai, e o atual ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de transição, Faustino Imbali. LUSA
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
As verdades de um relatório
Percorrendo os pontos 1 a 53 do ultimo Relatorio sobre a situação na Guiné-Bissau elaborada pelo Secretario Geral das Nações para o Conselho de Segurança e apresentado ontem nas NU, fica-se com a ideia clara de que, a crise guineense não tem segredos para essa organização mundial. E, se nada fôr feito de sério e exemplar, ficaremos com a sensação de que o Povo da Guiné-Bissau não entra nas preocupações desse orgéao mundial.
Um relatorio minucioso e preciso que expõe com particular fidelidade e realismo a situação politico-militar de anormalidade que se vive na Guiné-Bissau nestes ultimos tempos. A descrição sumaria dos factos e acontecimentos, retrata de forma assombradamente clara a situação de crise que se vive nesse pais, não deixando assim, quaisquer margens de duvidas aos espiritos mais distraidos e aversos à atenção que deve merecer a grave crise guineense.
Provado esta pela propria NU de que a situação na Guiné-Bissau é particularmente preocupante e representa o staus quo da situação vigente, um desafio flagrante à ordem juridica internacional, em particular dos ditâmes e decisões das NU, nomeadamente a sua Resolução 2048/2012.
Ficou provado na mais ampla plateia mundial de que, de 12 de Abril 2012 à data em que se apresentou o referido Relatorio de que, as NU dispõem suficientemente de matéria e factos para tomarem medidas decisivas e determinantes para a resolução firme dessa grave crise que assola a Guiné-Bissau.
O desrespeito das normas constitucionais, a violação dos direitos humanos, o atropelo dos direitos civicos e politicos dos cidadãos é moeda corrente nesse pais e esta mais do provado nesse relatorio. Foi suficientemente relatado a intromissão do poder militar na esfera politica, mostrando que a sobreposição desta ao poder civil é uma realidade quotidiana. A Participação de militares, no caso concrecto as altas chefias e de alguns elementos da hierarquia do estado em negocios do crime organizado ligado ao narcotrafico e lavagem de dinheiro esta bem focalizado no referido Relatorio.
A tendência de criação de condições para instaurar o dominio de um grupo étnico considerado sobre o conjunto da população maioritaria é suficientemente considerado e relatado sem reservas no Relatorio. O envolvimento e conluio para tomada do poder vigente entre uma franja politica (identificando-se o PRS e mais um grupo de micro partidos sem expressão democratica), com a cupula militar na gestão premeditada do status quo politico-militar foi amplamente evidenciada nesse documento recentemente apresentado. A lista de assassinatos, sequestros, espancamentos e manipulações de instabilidade estão exaustivamente retratadas e conectas como situações forjadas para justificar estados de excepção e de terror contra a população. A delapidação do erario publico pelos militares não foi poupado. E, por fim, os lideres do golpe de estado de 12 de abril, estão perfeitamente identificados, respectivamente no duo da parelha politico-militar-tribal, pessoa do lider militar golpista, Antonio Injai e no lider politico tribal, Kumba Yala.
Pergunta-se, se perante este cenario de extrema clareza que se reporta sobre a situação de crise na Guiné-Bissau, o que mais querera as NU para tomar medidas firmes e empreender acçéoes rigorosas e exemplares contra esses precaviradores das leis e normas que gerem o Direito Internacional, incluindo o desrespeito cagaçado que dão às Resoluções e Recomendações das NU.
Aqui, os guineenses não pedem as NU a realização de nenhum milagre, exigem somente que sejam coerentes e estejam à altura das suas responsabilidades, pois NAO SAO ROSAS,... não, Senhor Ban Ki-Moon, ... SAO PROVAS..., PROVAS VOSSAS dadas pelo vosso Representante no terreno.
Felisberto Pinto
Sociologo"
Denúncia: Façam barulho
Caro Aly,
Sou acompanhante do seu blogue e obviamente escrevo sobre anonimato. Isso deve-se ao facto estar aqui para fazer uma denúncia sobre a conferência que está para acontecer este sábado na Universidade Lusofona, em Lisboa.
Para dizer que este grupo é liderado, ainda que disfarçado, pelo Afonso Gomes, o frustado apoiante de Serifo Nhamadjo e que se auto-intitula' representante da Comunidade guineense em Portugal'. Ele acabou de chegar da Guiné-Bissau, onde lhe encomendaram esta acção, para vir depois dizer que esta é que é a posição da diáspora guineense na Europa.
Este homem tentou juntar muitos nomes conscientes da Guiné-Bissau para este evento e não conseguiu, tendo ficado frustado e respondendo mal a algumas pessoas. Mas lá conseguiu convencer alguns que estão cegos e hoje já circula no facebook um evento criado pela Associação de Estudantes Guineenses em Portugal que também não passa de pau mandado para convocar pessoas.
A estratégia passa pela discussão sobre o período de transição (que, como já se viu, prolongar-se-á por anos, tal como Porta-Disparates defendeu já em Bissau. É preciso anunciar que este evento contará com a presença de conselheiros do 'Presidente de CDEAO', Candjura Injai e Mendes Pereira. A Comunidade devia sim ir lá mostrar a esta gente o que quer, porque estamos prestes a ver o nosso nome no lixo.
Espero merecer a sua atenção porque assunto é sério.
Mantenhas
NOTA: A comunidade guineense que é contra os golpes de Estado devia ir em massa e FAZER-SE ouvir bem alto. Todos para a Universidade Lusófona!!! Esta devia ser a estratégia! AAS
Eleições - A Guiné-Bissau entregue à bicharada
O porta-voz do governo de transição da Guiné Bissau Fernando Vaz defendeu a prorrogação desse governo por vários meses ou mesmo anos. Fernando Vaz falava em nome do seu partido, a União Patriótica Guineense, no congresso de um outro partido que apoiou o golpe de estado de Abril, o Partido da Renovação Social. Para Vaz a Guiné-Bissau precisa de “estabilidade duradoura” pois a “destabilização do quadro político tem sido cíclica e endémica”.
“Pensamos por isso que é necessário consolidar-se a estruturas democráticas e para isso é preciso tempo, pois isso não se pode fazer em seis meses ou num ano,” disse Vaz. “Entendemos que é necessário uma reforma estrutural política e com isso ganhamos tempo para a reforma do sector de defesa e segurança,” acrescentou. Para Fernando Vaz “é fundamental haver um pacto de regime em que futuramente nos próximos oito ou dez anos seja quem ganhar eleições terá no seu governo a representação daquilo que é a malha política da sociedade guineense”.
“Não estamos a inventar nada pois isso sucede em vários países de África com sucesso,” acrescentou. Interrogado sobre qual o período de transição que defende Vaz disse que isso será alvo de discussões mas disse ser a posição do seu partido um período de “três a quatro anos” As declarações de Vaz foram feitas no dia em que o Conselho de Segurança se reunia para analisar um relatório do Secretário-geral da ONU, Ban Ki moon em que este descartou a hipótese apresentada anteriormente pelo governo de transição para a realização de eleições.
Ban Ki-Moon, recorde-se, propôs no seu relatório um “roteiro” para o regresso á “ordem constitucional” elaborado pela ONU, União Africana, União Europeia, CEDAO, CPLP e as partes políticas guineenses. VOA
Acusação disparatada
Esta é a acusação feita ao primeiro-ministro legítimo Carlos Gomes Jr., pelo Ministério Público guineense. Não tem por onde se lhe pegar... AAS
AAS
Gâmbia e Senegal discutem Casamansa
Uma delegação de alto nivel representando a Gambia encontrou-se na passada segunda-feira com o presidente senegalês Macky Sall para discutir das perturbações actuais na região da Casamansa no sul do Senegal, segundo fontes oficiais. No domingo passado, o governo gambiano obteve a libertação de oito soldados senegaleses, capturados por uma facção do Movimento das Forças Democraticas da Casamansa (MFDC), leal a Salifo Sadjo, declararam os responsaveis gambianos. Esta libertação aconteceu alguns dias apenas de terem completado um ano de cativeiro.
Os soldados capturados foram entregues domingo por uma delegação de responsaveis do governo enviados à Casamansa pelo presidente gambiano Yahya Jammeh. O ministro dos Assuntos Presidenciais Njogou Bag, dirigiu essa delegação comprendendo altos responsaveis governamentais, o embaixador americano na Gambia e os membros da Federação internacional da Cruz-Vermelha e do Crescente-Vermelho. Esta equipa deslocou-se à Dakar para entregar os soldados as autoridades senegalesas, indicou Sr. Bag. O MDFC reivindica a independência da Casamansa desde 1980. O conflito ja fez milhares de mortos e que afecta seriamente as relaçéoes entre os dois paises vizinhos.
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Reacções internas à normalização política; CEDEAO toma medidas
1 . Os militares implicados no golpe de Estado de 12 de abril e meios político-partidários com os mesmos conotados, em especial a ala do PRS obediente a Kumba Yalá, estão a reagir com atitudes interpretadas como sendo de desconfiança e/ou insegurança às tendências que se desenham no sentido da resolução da crise.
Factos ilustrativos:
- O FPP-Forum dos Partidos Políticos, entidade dominada pela referida ala do PRS (Artur Sanhá, actual presidente da Câmara Municipal de Bissau e principal activista), mas da qual fazem nominalmente parte cerca de vinte outros partidos sem qualquer expressão, contestou publicamente o compromisso, alargado ao PAIGC, com base no qual o funcionamento anormal da Assembleia Nacional Popular foi retomado.
- Os militares, em relação aos quais já se vinham notando sinais de incomodidade face ao cenário de normalização política, ordenaram medidas de prevenção e reforço das Forças Armadas – por exemplo, um plano urgente de recuperação técnica de tanques dados como inoperacionais.
A reacção de ambos os sectores (e suas ramificações na sociedade), decorre de percepções/previsões segundo as quais a evolução que se desenha conduzirá ao fim do actual “status quo”, pós-golpe de Estado; supõe-se que pretendiam prolongar no tempo, ainda que reajustado, o papel preponderante que, de facto, até agora têm exercido. A inclinação que ultimamente vinham deixando transparecer e que consistia na dissolução da Assembleia Nacional Popular (criação em seu lugar de um Conselho Nacional de Transição, vigente por dois anos e encabeçado por Kumba Yalá), também teve um efeito acelerador na mudança de linha da CEDEAO. A notória incomodidade que a ala do PRS identificada com Kumba Yalá revela face ao momento actual é especialmente devida à reabilitação política e institucional do PAIGC. A marginalização e ofuscamento a que este partido estava sujeito era vista como vantagem para implantar o PRS.
2 . A presente evolução da situação adquiriu dinâmica considerada irreversível numa reunião conjunta promovida pela União Africana, em Adis Abeba, em que pela primeira vez desde o golpe de Estado se registou um espírito de “ampla harmonia” entre todas as partes – ONU, União Europeia, CEDEAO e CPLP.
Na esteira da reunião foram postas em marcha ou estão agendadas medidas como as seguintes:
- Em marcha está já o reforço da missão militar da CEDEAO, ECOMIG, em efectivos e material (mais cerca de 500 homens, na sua maioria oriundos da Nigéria; artilharia e blindados ligeiros e pesados).
- Agendadas: missão conjunta, UA, ONU, União Europeia, CEDEAO e CPLP, de 16 a 21 de dezembro, conforme decisão tomada em Adis Abeba; tem a finalidade de acertar com as autoridades um plano de normalização político-constitucional, abrangendo aspectos como realização de eleições e lançamento imediato de um plano de reforma das FA.
O embaixador dos EUA em Dacar, Lewis Lukens, comunicou também a intenção de se deslocar a Bissau (onde também está acreditado), em data coincidente com a presença da missão conjunta. Os EUA denotam preocupações anormais com a realidade do narcotráfico na Guiné-Bissau e na região. O escritório de representação dos EUA em Bissau, à frente da qual se encontra Russel Hanks, supostamente um perito em matérias como narcotráfico e terrorismo (18 anos de missões no Médio Oriente; domínio da língua árabe), é considerado centro de uma rede alargada, destinada a acompanhar o narcotráfico e suas conexões. A preocupação dos EUA está relacionada com o braço da Al Qaeda, consabidamente implantado em regiões do Norte de África geograficamente próximas da Guiné-Bissau. O finaciamento de actividades terroristas da Al Qaeda provém em geral do crime organizado – narcotráfico, exploração ilícita de recursos naturais, etc.
3 . O reforço da ECOMIG aparenta ser ditado por razões como elevar a sua capacidade militar face a “imprevistos” que as actuais circunstâncias político-militares tornaram mais prováveis, mas também equiparar a sua grandeza à de um contingente da CPLP que a ela se juntará para constituir uma força militar mais alargada.
Brasil, Angola, Ghana e Moçambique são os países que, em princípio, integrarão a nova força internacional de estabilização na Guiné-Bissau – a que também se poderão juntar destacamentos de outros países africanos. A função chave da nova força será a de acompanhar/prestar assistência ao processo de reforma das Forças Armadas.
Para alojar os efectivos de reforço da ECOMIG a CEDEAO pediu a cedência do quartel de Mansoa, onde está alojado um Batalhão descrito como leal ao CEMGFA, General António Indjai. A localidade de Mansoa apresenta especial importância geográfica, como cruzamento viário e local de uma ponte indispensável para ligar o Norte ao Sul do territóriio. Informações não inteiramente verificadas, mas consideradas suficientemente credíveis, indicam, também, que a ECOMIG, no quadro de medidas excepcionais alvitradas pelas presentes circunstâncias, selou e montou guarda aos princiupais paióis militares, incluindo o de Brá, nos arredores de Bissau.
António Indjai dispõe actualmente de uma força privativa, vulgo “guarda pretoriana”, que se estima ser constituída por cerca de 300 homens, quase todos balantas; controla também uma rede de contra-inteligência (Ten/Cor Tchipa, chefe). O seu quotidiano é sujeito a medidas de segurança como nunca pernoitar no mesmo local em dias sucessivos. O Estado, na situação de penúria em que o Tesouro se encontra, não dispõe de meios financeiros para suportar as despesas militares (que A Indjai considera prioritárias). A evidência dá azo a conjecturas segundo as quais provem do narcotráfico o grosso dos meios usados para tal fim. Os militares são os principais agentes da actividade. AM
PAIGC: Bá Quecuto na pole position
Braima Camará, vulgo “Bá Quecuto” prepara-se para anunciar a sua candidatura à presidência do PAIGC, logo a seguir à prevista reconfirmação pelo Comité Central - na sua reunião nos dias 15 e 16 de dezembro - da data antes anunciada para o congresso do partido, 16 a 20 de janeiro de 2013. As previsões, cada vez mais fundadas, de que será eleito, despertaram interesse no conhecimento da sua pessoa por parte de serviços de informações e na diplomacia de países com ligações mais estreitas à Guiné-Bissau.
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