quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Maleabilidade político-negocial da CEDEAO influencia Governo
1 . As atitudes de aproximação ao PAIGC, recentemente postas em marcha pelas actuais autoridades guineenses (abrangidos sectores da sociedade civil descritos como não afectos às mesmas), são decorrência de pressões da CEDEAO, por sua vez justificadas pela conveniência de se encontrar uma solução rápida para a crise na Guiné-Bissau.
A linha que a CEDEAO está agora a seguir na abordagem do problema da Guiné-Bissau, marcada por uma maior flexibilidade de posições, também ficou patente numa reunião dedicada ao assunto que nos dias 01/02.Dez juntou em Adis Abeba representantes seus, da CPLP, União Africana, União Europeia e ONU.
A CEDEAO em geral, mas em particular os seus principaís membros, Nigéria e Costa do Marfim, denotam cansaço em relação ao problema da Guiné-Bissau. Recentemente, a Rep da Guiné, não atendeu um pedido urgente de ajuda financeira da parte da Guiné-Bissau; comporometeu-se a corresponder apenas num “quadro político diferente”.
2 . O severo isolamento internacional a que o regime pós-golpe de Estado se sujeitou (suspensos todos os progranmas de ajuda), forçou a CEDEAO a providenciar apoios financeiros, e outros, destinados a assegurar o funcionamento do Estado. As ajudas têm, porém, vindo a diminuir; em Nov houve problemas com o pagamento dos salários.
A Nigéria e Costa do Marfim denotar sentir necessidade, por estritas razões financeiraas, de pôr termo e/ou abrandar o esforço que a crise na Guiné-Bissau acarreta para ambos.. Mas aparentemente também querem encerrar o assunto por imperativos de ordem política relacionados com os seguintes factores – em especial:
- Enfrentam problemas internos de tipo sedicioso; o seu envolvimento num problema que apresenta nos seus primórdios uma rebelião contra um Governo legalmente em funções, tende a criar-lhes embaraços políticos e morais; o “script” dos seus adversários internos apresenta parecenças com os autores do golpe de Estado na Guiné-Bissau.
- Um arrastamento da crise política na Guiné-Bissau demonstra incapacidade da CEDEAO e tende a “encorajar” situações anormais noutros países da região; os autores do golpe de Estado não foram responsabilizados, o status quo vingou e não foi ainda alcançada uma solução política para o problema.
3 . Na lógica da presente flexibilidade da CEDEAO é tido em conta um conceito segundo o qual uma solução efectiva da crise na Guiné-Bissau não pode marginalizar o PAIGC e sectores da sociedade com ele identificados ou próximos. É o partido mais organizado e mais representativo.
O forcing da CEDEAO no sentido de se alcançar o mais breve possível uma solução para o problema da Guiné-Bissau, transmitindo à mesma suficiente solidez, esteve na origem da oposição que moveu a planos considerados “enganosos” dos militares, aliados ao PRS, de dissolver a Assembleia Nacional Popular e impôr um regime de transição de 2 anos. A CEDEAO, que enquanto tal e/ou através de membros influentes, teve um papel instigador no golpe de 12.Abr, pretende igualmente que a sua intervenção na crise tenha um “fim honroso”. Na sua perspectiva tal desígnio será alcançado com a realização de eleições em Abr.2013 e com o início do processo de reforma das FA.
A sua única reserva, de momento, é em relação a um regresso ao país de Carlos Gomes Jr, que antevêm como podendo vir a constituir um foco de instabilidade – ou pior. Não se opôs a que uma delegação do Governo deposto, encabeçada por Djaló Pires, ex-MNE, se deslocasse a Adis Abeba para a referida reunião. A delegação do Governo, chefiada pelo actual MNE, Faustino Embali, é que não compareceu em Adis Abeba. Ao ser informado em Dacar de que uma delegação das anteriores autoridades também estaria presente, Faustino Embali, depois de uma consulta às autoridades em Bissau, decidiu regressar ao país.
Afronta à ONU
Assim que o representante do Secretário-Geral da ONU na Guiné-Bissau, Joseph Mutaboba, deixou o país no passado dia 1 com destino a Nova Yorque a fim de apresentar o seu relatório a Ban Ki-Moon, a tropa decidiu tomar de ponta a sua segurança. Assim, um dos guarda-costas de Mutaboba, um cidadão ruandês, foi surpreendido perto das instalações do Estado-Maior General das Forças Armadas e quase foi agredido pelos militares. Joseph Mutaboba, recorde-se, tem quatro cidadãos ruandeses (seu país) como guarda-costas. AAS
Desde quando?
Esta NOTÍCIA fez-me rir a bandeiras despregadas! Desde quando é que na Guiné-Bissau houve crianças a fazer guerra? Na Guiné-Bissau são os adultos que matam - e estão perfeitamente identificados!!! Ma n'falau, kussa tem bô?! AAS
Um filho é um filho é um filho
O Secretário de Estado americano, Cordell Hull, terá dito esta frase, referindo-se ao ditador dominicano Rafael Leónidas Trujillo: "Ele pode ser um filho da puta, mas é nosso filho da puta". Bem visto. AAS
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
Golpe de Estado pôs economia K.O.
Crescimento econômico da Guiné-Bissau é mais baixo na África Subsaariana. A situação política na Guiné-Bissau fez recuar a economia neste ano, levando-o em último lugar entre os países da África Subsariana africanos em termos de crescimento econômico, um alto funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse. O diretor de África do FMI departamento, Antoinette Sayeh, disse que depois de mostrar crescimento em 2011, com o produto interno bruto crescer 5,3 por cento, a economia da Guiné Bissau sofreu um revés devido a uma queda nas vendas de castanha de caju e a política do país situação desde o golpe de Estado em 12 de abril.
De acordo com Sayeh, a situação política tem afetado o desempenho fiscal do país, apesar de um regresso ao crescimento económico sendo possível quando as exportações de caju voltem ao normal. Em relação ao resto da África subsaariana, Sayeh, disse que, apesar de uma recessão econômica mundial, o desempenho "é vigoroso" e alguns países têm perspectivas de crescimento boas, de 5 por cento ou mais, em alguns casos, para 2012 e 2013.
Finanças: 5 dias de greve
O Sindicato dos trabalhadores das finanças publicas da Guiné-Bissau desencadearam a partir de segunda-feira, 4 do corrente, uma greve de cinco dias, para reclamar cinco meses de atrazados dos subsidios, anunciou o presidente Antonio Araujo Miranda.
A greve tem uma adesão de 100% em todo o pais, afirma esse sincalista, sublinhando que os subsidios "constituem um complemento de salario indispensavel para funcionarios de rendimentos modicos que andam à volta de 35 000 FCFA". José Lopes, secretario geral do Ministério das Finanças, da sua parte, lançou um vibrante apelo aos grevistas instando-os à suspensão do movimento que, segundo ele, "paralizou completamente a recolha das receitas aduaneiras, tal como a do comércio interno" e que pora em causa o pagamento dos salarios do fim do mês de dezembro.
União Africana convoca consultas sobre a situação na Guiné-Bissau
Por iniciativa da Comissão da União Africano (UA), uma reunião consultiva sobre a situação na Guiné-Bissau teve lugar dia 01 de dezembro de 2012 , na sede da UA, em Addis Abeba. Além da UA, o encontro reuniu a Comunidade Econômica dos Estados Oeste Africano (CEDEAO), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a União Europeia (UE) e as Nações Unidas (ONU). Presidido pelo Comissário da UA para a Paz e Segurança, o embaixador Ramtane Lamamra, o encontro permitiu que os cinco organizações para trocar opiniões sobre a evolução da situação na Guiné-Bissau e que a melhor maneira de ajudar o país a curto, médio e longo prazo desafios.
A este respeito, as organizações participantes discutiram os termos de referência da missão conjunta planejando para Guiné-Bissau. A missão está prevista para avaliar a situação no terreno, através da interação ampla com todos os interessados, e para formular um conjunto de recomendações sobre a melhor forma as organizações em causa podem trabalhar em conjunto no sentido de resolver a crise multidimensional na Guiné-Bissau. Os participantes tiveram uma troca interativa com uma delegação que representa o Governo que estava em funções no momento do golpe de Estado de 12 de abril de 2012, no contexto das discussões que as cinco organizações parceiras teem planejado empreender com todas as partes interessadas, na Guiné-Bissau e no exterior.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
RFI e France 24: o jogo obscuro do audiovisual exterior da França
Geralmente esquecidos como o primeiro actor não negligenciavel da formatação das opiniões publicas africanas sobre o papel e a hegemonia da France na conduta dos «assuntos ditos africanos da França » os midias da audiovisual exterior da França particularmente a RFI e France 24 teimam em nos fazer crer de que eles são actores importantes e potentes na rede ideologica da politica africana da França.
Qual pode ser a sua verdadeira linha editorial senão a de ser sempre e eternamente a voz da França em Africa, quer o poder seja da direita ou da esquerda em França nada muda nesse aspecto. Essas potentes médias que são escutadas e vistas cada semana por mais de 44 milhões de Africanos francofonos estão dotados de corpos de redacção experimentadas para incutir nos africanos o tipo de informações que lhes convêm e que vai ao encontro dos seus interesses. Assim arrogam-se o papel de defensor do que se deve fazer, de justiceiros da viuva e do orfão, de perseguidores dos tiranos e dos potentados, de grandes mestres da cultura democratica e da arte de gerir e dividir equitativamente os rendimentos e a riqueza nacional.
Como não ser sensivel quando se é Africano a essa mão estendida da RFI e France 24, as suas lições civilizadoras que dão seguimento aos velhos pais brancos de missões recentes. Nada em aparência demonstra o aspecto de uma tal impostura porquanto trata-se de informar e sobretudo de informar dentro das regras da arte e da cultura ocidental onde esta escrita no quadro das regras mestras da deontologia jornalistica, que nenhuma verdade deve ser escondida ao publico, aos ouvintes.
Quando se é proprietario de uma caixa de ressonância com essa força e capacidade continental, podemos ser conduzidos sem se dar conta a fazer o que bem nos apetecer e a manipular consciências. Assim, os fracos, os revoltados, os cultos, os artistas, os desportistas todas as inteligências do bem fazer como do mal fazer do continente marcam encontro aos microfones e aos ecrâns para difundir as suas opiniões. O resultado desta democracia audiovisual e virtual se resume na maior parte das vezes na agravação da tensão ja palpavel e cristalizadas nos corpos economicos e sociais elaboradas por todas as forças ideologicas e economicas que tomam geralmente como testemunhos os povos não preparados a entrar na violência das trocas desiguias do nosso planeta.
De tanto brincar como fogo se queima. Ja não se conta o numero de jornalistas de France 24 ou de Rfi que se encontram cada vez mais em situações de dificuldade em agir nos territorios onde estão destacados ou nos teatros das operações, dado que, a sua presença é indesejavel ou vista como uma afronta tanto é a imparcialidade jornalistica que continuam a recursar não praticar.
A audiência é assim toda um convergência cahortica de interesses financeiros e de procura de posicionamento monopolistico. Ha sempre algo a fazer ou interessar-se em Africa dado que, todos os paises não são fechados à transferência massiva da informação das potentes midias da audiovisual exterior da França e, por vezes, é mesmo do interesse dos dirigentes no poder de se propuserem a actos de submissão aceitando reportagens mediatizadas e encomendando de entrevistas em exclusivo como sendo a poção magica para melhorar a sua imagem de marca ou economica dos respectivos paises temendo que, elas possam ser alvos de ataques por parte desses potentes medias, capazes de fazer fugir os potenciais investidores.
Nada sera como antes apesar da audiovisual exterior da França não se rivalizar na mesma categoria que a imprensa africana. Sera cada vez mais duro para a Africa, tal como o foi o tandem France-Afrique de fazer acreditar nas opiniões africanas de que, o tratamento da informação que é feita pela RFI e France 24 têm como unica finalidade a difusão de uma informação despida de quaisquer vontade de influência hegmonica.
Correspondance: SPC, 237online.com
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Em busca da identidade perdida
"UNIÃO PARA MUDANÇA – UM PARTIDO À PROCURA DA IDENTIDADE PERDIDA
A União para Mudança é um partido político que deixou fugir a sua oportunidade. Hoje, é um partido moribundo, que apenas produz comunicados, onde praticamente não diz absolutamente nada, ou melhor diz, mas apenas isto: “Encoraja”, “apela”, “congratula” ou “reitera”, etc. E o pior de tudo é que quando faz a análise da situação actual do país, diz que “…a evolução é positiva…”, utilizando como critério de apreciação, apenas o facto de, a Assembleia Nacional Popular ter encontrado um arranjo institucional com a eleição da mesa que preside os seus trabalhos seis (6) meses depois do golpe de Estado, grande obra…
Esta avaliação é tão tendenciosa e desprovida de objectividade como tem sido a incoerência dos dirigentes deste Partido ao longo dos últimos seis meses. Triste figura para um partido que para muitos, poderia interferir com a bipolarização política do país, trazendo aos guineenses novas esperanças, novas ambições, nova forma de ver e praticar a governação e sobretudo dar mais valor aos argumentos da justiça social.
A melhor coisa que a UM poderá fazer nos próximos tempos é calar-se, deixar de emitir comunicados ridículos, reflectir sobre como promover a democracia interna no seio do partido, e sobretudo reforçar a sua capacidade de entendimento sobre os valores e os princípios de cultura democrática, que tanta falta faz a maioria dos dirigentes guineenses.
Quem te avisa amigo é?
Edu"
O que dizem os senhores golpistas?
"Após um forte crescimento económico em 2011 (quer dizer antes do assalto ao poder pelos senhores Kowmba Ialá, António Injai e Serifo Nhamadjo)a ecónomia da Guiné-Bissau sofreu uma forte quebra desde o golpe de 12 de Abril.
Esta afirmação não é minha, mais sim da Diretora do Departamento África do Fundo Monetário Internacional (FMI), Antoiniette Sayeh. Ainda segundo a Directora,esta queda brutal do crescimento ecónomico é consequência do golpe de Estado que originou uma queda na venda do principal produto de exportação que é a castanha de cajú.
De recordar que que em 2011 houve uma subida do PIB (Produto Interno Bruto)no valor de 5,3%, motivado pelo bom desempenho da governação na altura e que permitiu uma exportação em bom nível da castanha de cajú.
Perguntta-se o que é que dizem os senhores golpistas? É assim que querem ver o país? O certo é que, ao contrário da económia nacional que sofreu uma queda em termos de crescimento, o património dos golpistas aumenta cada vez mais, sobretudo o do senhor Injai.
Si cucu di cadjú ka cumpradu, bô ta iasal bô cumê na quartel ou bô fasi caldu de cucu ku kakri.
Bolingo Cá"
Por que esperam?
"Caro amigo (deixe e perdoe que o trate assim) Aly Silva:
Para não ser maçador e cumprir com a norma, bem aplicada, do limite do tamanho das opiniões, queria dizer-lhe que - como apelaram os Guineenses da diáspora e o senhor concordou - também eu gostava de ver a "comunidade internacional" preocupar-se com a sua terra. Mas, infelizmente, não tenho muita esperança, já que a Guiné conta pouco.
E de quem será a culpa? Do pobre povo, não é, com certeza. De alguns Guineenses, de certeza absoluta. E precisamente daqueles que, por mais esclarecidos, mais obrigação tinham de denunciar as barbaridades cometidas por quase todos os que já (des)governaram aquela terra onde sofri, mas que aprendi a amar.
Senão vejamos: Se as pessoas não se respeitam a elas mesmas, porque hão-de os vizinhos respeitá-las? Se os deputados (ou assalariados?) do PAIGC dão de bandeja a presidência da Assembleia aos Kumbistas, mesmo tendo a maioria, quem será que lhes vai ter respeito?
Olhe, como já em tempos lhe sugeri, aproveite o seu prestigio, conseguido com o seu magnífico trabalho e sacrifício, no Blogue e encabece um movimento dos verdadeiros Patriotas que, sem preconceitos, deviam pedir aos também verdadeiros amigos - e neste caso só vejo a CPLP - que intervenham e acabem de vez com a pandilha de analfabetos, traficantes, assassinos e corruptos, que vos têm enganado.
E olhe que não haverá por onde escolher. Não venham cá com o prestigio do partido da liberdade da pátria, porque, como se vê, é igual aos outros, senão pior. Porque, afinal, é quem tem estado mais tempo no poder. E o resultado está à vista. A propósito: porque diabo é que ainda se chama Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde - PAIGC - se Cabo Verde há tanto tempo que é - esse sim - um País e independente? Pense nisto e lance a campanha. Haverá muitos que quererão honrar a memória de Amílcar Cabral e, mesmo em crise, haverá quem contribua, desde que seja garantida uma administração honesta do que for conseguido. Fico ao dispor.
Obrigado!
Ramiro"
Carlos Gomes Jr.: "Lamentamos que a CEDEAO insista em não acatar os padrões da Comunidade Internacional, ignorando inclusive a resolução 2048 do Conselho de Segurança"
Entrevista do primeiro-ministro legítimo da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Jr., à revista Monocle, a briefing on global affairs, business, culture & design
jornalista: Syma Tariq
Como você vê o futuro da Guiné-Bissau, dado a renovada legitimidade da CEDEAO ao governo golpista e a recém-frustrada tentativa de contragolpe?
Vejo o futuro da Guiné-Bissau com muita preocupação considerando a posição da CEDEAO que contraria toda a posição assumida pela Comunidade Internacional, nomeadamente as Nações Unidas, União Africana, União Europeia e a CPLP. Quanto à essa alegada tentativa de contra golpe carece de mais cuidados uma vez que essa acusação é duvidosa e carece de fundamento. O que assistimos recentemente resume-se ao facto de estar em curso mais uma vã tentativa de distrair as atenções de todos, enquanto se concretiza o projecto que visa entre outros: a instalação de um regime político ditatorial e militarista que mantenha e perpetue no poder, indivíduos distantes da preferência popular e sem qualquer legitimação democrática, a transformação do país num espaço propício ao negócio ilícito incluindo o narcotráfico e o terrorismo e, por último, a intenção de aniquilar o PAIGC, partido vencedor das últimas eleições, e assegurar a ascensão perene ao poder, por vias não democráticas, de outras forças políticas.
Acrescento e reafirmo o repúdio das autoridades legítimas da Guiné-Bissau à violência e assim, condenar os actos que voltaram a sobressaltar a população Guineense com mortes, perseguições, espancamentos e o silenciamento compulsivo de todas as vozes discordantes do regime imposto. Nos dias subsequentes assistimos a uma tentativa desenfreada de produzir uma explicação para os acontecimentos de 21 de Outubro passado e, ao branquear a realidade dos factos, criar um caso politico que permita responsabilizar terceiros, nomeadamente Portugal, a CPLP e o Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.
Registamos com particular frustração que a resolução da crise que se instalou na Guiné-Bissau tenha criado fortes divergências entre as diferentes organizações internacionais. Reconhecemos à CEDEAO, com base no princípio da subsidiariedade delegada pela União Africana, a liderança do processo de mediação da crise na Guiné-Bissau. Temos contudo particular dificuldade em compreender que este se apresente em contradição com a salvaguarda dos valores da Democracia e do Estado de Direito, assim como a preservação do respeito e a dignidade da nossa organização sub-regional.
Lamentamos que a CEDEAO insista em não acatar aos padrões da Comunidade Internacional, ignorando inclusive a resolução 2048 do Conselho de Segurança e levando o país ao isolamento total, com graves consequências social e humanitária para o nosso povo e contraria flagrantemente o princípio da tolerância zero ao acesso ao poder por vias anticonstitucionais, tal como proclamado no seu próprio protocolo sobre a democracia e boa governação.
Neste contexto, saudamos as claras posições assumidas pela CPLP, União Europeia, União Africana, Organização Internacional da Francofonia e as Nações Unidas, que souberam genuinamente interpretar os referidos princípios e renovamos a esperança de ver a CEDEAO reconsiderar as suas posições e se alinhar com estes importantes parceiros.
Achamos todavia urgente que as Nações Unidas assumam o seu papel de coordenação deste processo tal como recomendado pela Resolução 2048 do Conselho de Segurança, e a Declaração do Presidente do Conselho de Segurança, do dia 30 de Julho de 2012, para que todas as organizações parceiras sejam incluídas na busca de uma solução equilibrada, justa e que responda as aspirações dos guineenses.
Nesta óptica, reiteramos o nosso apelo ao Secretário-geral das Nações Unidas, para a convocação de uma reunião de alto nível para a análise da situação na Guiné-Bissau, com vista a elaboração de uma estratégia global e integrada e a adopção de um roteiro, contendo medidas concretas para o restabelecimento completo da ordem constitucional na República da Guiné-Bissau.
Na sua opinião, como pode o grande problema do tráfico de drogas ser resolvido?
A questão do narcotráfico é um problema que não pode ser resolvido só pela Guiné-Bissau. É indispensável e necessária a congregação de esforços para a cooperação internacional para fazer face a esse problema. O combate ao narcotráfico exige avultados meios financeiros e materiais que a Guiné-Bissau não dispõe neste momento. Aliás, ao longo de todo o meu governo tenho insistido com apelos à comunidade internacional para fazer face ao combate contra o narcotráfico.
O que pensa que vai acontecer nas previstas eleições de Abril de 2013?
Estou certo que desde o momento que seja garantida a segurança de integridade física ao Presidente do Partido PAIGC e demais dirigentes políticos do meu partido, ganharemos as eleições legislativas e o seu candidato ganhará as presidenciais.
Realisticamente o que pensa que a comunidade internacional pode fazer para ajudar a restabelecer a ordem constitucional na Guiné-Bissau?
Desde o golpe de estado de 12 de Abril passado, o Governo Legitimo, imbuído de alto sentido de Estado e de responsabilidade perante o povo da Guiné-Bissau, elegeu a diplomacia activa como instrumento das suas acções, alertando a comunidade internacional sobre a real situação interna do país, denunciando e informando nas instâncias internacionais competentes os verdadeiros propósitos dos militares golpistas e seus comparsas.
Todas as diligências foram promovidas junto de instâncias internacionais autorizadas e competentes como as Nações Unidas, União Africana a União Europeia, a CPLP e a CEDEAO, o que proporcionou ganhos políticos e diplomáticos incomensuráveis, levando a que a comunidade internacional reforçasse o isolamento por via do não reconhecimento dos golpistas e das autoridades ilegitimamente impostas.
Por tudo isto, reitero de forma comprometida ao povo guineense e à comunidade internacional a minha firme determinação na luta pelo restabelecimento da legalidade constitucional na Pátria de Amílcar Cabral e condenar veementemente os sequestros, perseguições e espancamentos de dirigentes e responsáveis políticos que se opõem firmemente ao golpe de estado; solicitar às Nações Unidas a criação de uma Comissão Internacional de Inquérito sobre os acontecimentos do passado dia 21 de Outubro e a consequente responsabilização dos seus autores materiais e morais; reiterar o pedido formulado ao Conselho de Segurança das Nações, que, face aos crimes já perpetrados, justifica-se plenamente a urgente necessidade de constituição de um Tribunal Penal Internacional ad hoc para a Guiné-Bissau como único mecanismo para estancar esta hemorragia social, clarificar todos os casos já ocorridos e punir legalmente os responsáveis materiais e morais. Doutra forma corre-se o risco de contribuir e facilitar a operação de branqueamento em curso e já anteriormente denunciada e, reafirmar a imperiosa necessidade da instalação de forças internacionais sob a égide da UA e das NU com amplo mandato de, entre outras, estancar os desmandos e evitar mais atrocidades e mais derramamento de sangue e a onda de terror instalada, restabelecer a segurança das pessoas e das instituições e ajudar a restituir ao povo guineense o direito à livre expressão e pleno exercício da cidadania.
Quais serão os seus próximos passos? Actualmente, na qualidade de Primeiro-Ministro no exílio, o que está a fazer?
Preparar para regressar ao meu país, participar no congresso do partido e participar nas próximas eleições. Adianto assegurar ao povo Guineense e a todos os parceiros internacionais, a firme determinação do Governo legítimo da Guiné-Bissau e do PAIGC, em continuar a utilizar todos os mecanismos legais disponíveis, e junto das instâncias internacionais competentes e vocacionados, para a reposição da ordem constitucional na Guiné-Bissau e restituição do poder aos escolhidos pelo povo guineense.
domingo, 2 de dezembro de 2012
O que esperam os golpistas?
"Aly,
Estou intrigado com facto de ainda nao ter havido uma única reacção (favorável) por parte das "autoridades de transição", referente à possibilidade de se requerer os serviços de um tribunal penal internacional para investigar e punir os autores dos crimes que se tem verificado na Guiné-Bissau, como de resto já foi sugerido pelo elenco do governo deposto. O que esperam as "autoridades de transição" para aderir a esta nobre iniciativa para se desvendar a verdade e punir finalmente os criminosos?
Mas, afinal, quem nos anda a esconder a verdade? Quem anda com rabo de palha, que não se aproxima ao fogo!
N'tori Palan"
Guineenses na diáspora pedem envio de uma força internacional para a Guiné-Bissau
A comunidade guineense na diáspora pediu hoje em Lisboa às "autoridades internacionais" uma "intervenção urgente" na Guiné-Bissau, nomeadamente o envio de uma força internacional "que assegure a paz" no país. Dirigindo-se às "autoridades democráticas internacionais", Aduardo Jalo, falando em nome da "comunidade guineense no estrangeiro", solicitou "um olhar atento" para os "raptos, torturas, roubos, espancamentos, assassinatos, prisões arbitrárias de cidadãos e políticos diariamente perpetrados" na Guiné-Bissau.
Jalo, que falava em conferência de imprensa, disse que a comunidade guineense vê com "perplexidade" a "indiferença com que o seu país é tratado pela comunidade internacional". Para alterar a situação, a comunidade apelou ainda à realização de eleições democráticas na Guiné-Bissau e de um inquérito internacional aos acontecimentos de 21 de outubro, bem como à "criação de um tribunal internacional para julgar todos os responsáveis e demais implicados nos crimes de sangue cometidos no país a partir do ano 2000".
"Quantas mortes terão de acontecer para que a comunidade internacional encontre uma solução para a Guiné-Bissau", questionou Aduardo Jalo. Além da "passividade internacional", foi criticada a "cumplicidade da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental)" perante o que descreveram como violações de direitos humanos. A Guiné-Bissau sofreu um golpe de Estado a 12 de abril, na véspera da segunda volta das eleições presidenciais no país, disputada por Carlos Gomes Júnior e Kumba Ialá, ex-Presidente guineense.
Foram destituídos o Presidente interino do país, Raimundo Pereira, e o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e uma junta militar, com o apoio da CEDEAO, nomeou um governo de transição, que permanecerá no poder até novas eleições, que devem ocorrer no prazo de um ano após o golpe de Estado. Existem divergências entre os parceiros internacionais sobre a situação política na Guiné-Bissau, nomeadamente a CEDEAO e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que não reconhece o Governo de transição. No dia 21 de outubro, registou-se um ataque a um quartel do exército na Guiné-Bissau, que o governo de transição do país considerou uma tentativa de golpe de Estado apoiada por Portugal, a CPLP e Carlos Gomes Júnior. LUSA
NOTA: O editor do ditadura do consenso apoia o pedido do envio dessa força. AAS
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