sábado, 30 de junho de 2012
Sori, o despachado
O presidente em exercicio da ANP, Ibraima Sori Djaló, ocupou o gabinete do presidente eleito Raimundo Pereira, ainda antes de retirarem os pertences deste. Sori Djaló apropriou-se ainda de três viaturas - duas que eram do Raimundo Pereira (um Toyota V8 e um automóvel de cor azul escuro...que agora está à disposiçao da Mulher do Sori, e um outro automóvel que era do 1°vice presidente da ANP, Manuel Serifo Nhamadjo).
Na passada quarta-feira, houve uma conferencia de líderes e ainda uma reunião da comissão permanente da ANP. Não houve consensos porque os Deputados do PAIGC insistiram que seja agendado no projecto da ordem do dia a eleição de um novo 1°vice presidente da mesa... ou seja, caso for eleito um novo 1° vice o Sori Djalo vai ter que devolver os carros, desocupar o gabinete e voltar para o lugar dele, o de 2°vice presidente.... Uma coisa parece certa: na segunda-feira, a ANP promete aquecer, isto porque a sessão do dia 29 foi suspensa... AAS
ABRAM OS OLHOS CAMARADAS
Aly,
Permita-me um kandando forte e muita força e coragem na defesa da causa da nossa amarfanhada Guiné-Bissau.
Tive a oportunidade de ler recentemente no teu insubstituivel bloc-DC um documento intitulado Memorando III elaborado pela Comissão Permanente do Bureau Politico do PAIGC. Diga-se de passagem, um documento descritivamente estructurado e de muito interesse, pois ele permite situar e compreender as incidências e manobras que resultam da actualidade politica na Guiné-Bissau. Para nos que vivemos no estrangeiro e, por consequência seguindo de longe esses acontecimentos de penosa e retrogada vulgaridade que ocorrem neste momento no nosso pais, esse documento permite ter uma visão mais clarificada e sustentada desse golpe hibrido de obscuros interesses étnicos e de pretensões anexatorias sub-regionais.
Lendo esse documento com profundidade, senti-me impelido a escrever algo. Um desabafo no fundo, afim de suscitar um agitar de consciência dos nossos camaradas, instando-os a reagir, defendendo a Patria com aquilo que temos e que, felizmente ninguém nos podem tirar, nem com a força das suas armas, nem com a brutalidade e a impunidade das suas matanças : o amor à Patria e o apego ao legado de Amilcar Cabral.
Gabei a descrição estructurada feita pelo referido documento relatando e demostrando a gestão catastrôfica da crise politica na Guiné-Bissau feita pela CEDEAO. Porém, o que me espanta em tudo isso, é, como é que o PAIGC, partido experimentado e rodeado de reputados quadros em quase todas as areas, se proste a uma posição de inércia quase total na condução desse processo dando até sinais de alarmante tendência para o conformismo perante uma acção de desrespeito e manifesta agressão contra as nossas instituições e a nossa soberânia. Para mim, essa posição é-me incompreensivel e espanta-me sobremaneira, o facto de não se ter explorado até a presente data a vertente juridica dessa aberrante e vergonhosa mediação da CEDEAO na Guiné-Bissau, que se sabe, pautada por um reportorio de incongruências, irregularidades e ilegalidades devidamente enunciadas e listadas no referido Memorando III.
Essa situação de imiscuência, abusiva e grosseira desse organismo sub-regional (particularmente desnaturada, interesseira e contraditoria quando se trata de problemas ligados a Guiné-Bissau) num assunto interno e soberano no nosso pais é de extrema gravidade e deve justificar a nossa maior indignação e reacção através de quaisquer meios ao nosso alcance.
Aceita-lo no conformismo de «djitu ka tem» é declinar a nossa soberania, sobretudo a essência de um Estado forjado na luta titânica contra todo e qualquer tipo de dominação étnica, tribal ou estrangeira. Por isso, a agressão da CEDEAO coadjuvados pelos seus cumplices militares e politicos fraccionarios, deve ser corajosamente atacada no foro judicial, tanto no plano interno junto aos nossos Tribunais para os actos dos partidos usurpadores, quer no quadro das instâncias judiciais comunitarias no que toca aos actos e decisões ilegamente impostas pela CEDEAO contra a vontade popular e à revelia das nossa Constituição e leis da Republica.
São varias e, são extremamente graves as irregularidades cometidas pela CEDEAO na gestão do processo do golpe de estado de 12 de abril na Guiné-Bissau. A intervenção dessa organização sub-regional a que o nosso pais (infelizmente) pertence, foi no minimo vergonhosa, arbitraria e demostrativo do inequivoco desprezo que essa organização de parias tem pelo nosso Povo, a nossa dignidade e a soberania nacional.
A esse acto de caucionamento do golpe de estado de 12 de abril pela CEDEAO, sucederam-se concomitantemente varias outras arbitrariedades e manipulações politicas-militares e de foro parlamentar de inquestionavel gravidade e ilegalidade à toda a linha. Essas manobras politico-militares teve o beneplacito e abenção da CEDEAO e foram maquiavélicamente urdidas e levadas a cabo pelo grupo dos cinco candidatos derrotados nas eleições presidenciais, liderado por Kumba Yala, contou com a cumplicidade e envolvimento activo do PRS, do Comando Militar e de um conjunto de microcosmos de partidos sem representação popular e tão pouco parlamentar, senão a sagacidade e oportunismo doentio dos seus esfomeados e abutricos «dirigentes». Como resultado dessa desavergonhada "mediação", o terceiro candidato presidencial, candidato apoiado pelo presidente do Burkina-Faso, Blaise Campaoré (joker de todos os complôts na sub-região), é hoje escandalosamente entronizado « presidente interino-de-transição » pela entende CEDEAO/Comando Militar/PRS... porém, com controlo remoto multiplo Kumba Yala/Antonio Injai.
Sem precisar de individualizar as atrocidades juridicas cometidas, porquanto suficiente e claramente enunciadas no referido documento, quero apenas chamar à atenção dos meus Camaradas e compatriotas de que, devemos ser praticos e incesivos nesta luta presente, sem descurar nem negligenciar quaisquer meios que sejam para preservarmos a nossa DIGNIDADE E ORGULHO DE POVO. Temos que ser realistas, de que, faltando-nos o argumento da força, que infelizmente esta do lado dos nossos adversarios e da CEDEAO, temos que utilizar a arma que o direito e a legalidade nos confere.
Posto isto, mesmo que possam existir reservas quanto ao grau de independência e isenção do nosso Poder Judicial na presente conjuntura politica, o PAIGC não se deve coibir, mas sim, assumir o confronto no campo juridico, devendo atacar essas ilegalidades e atropelos grosseiros que foram cometidos no processo da mediação da crise guineense. Devemos atacar todos os actos considerados ilegais perante a Constituição e as Leis da Republica, que foram e estão sendo cometidos diariamente no nosso pais, quer pela hemofrodita ANP, quer pelo presidente e governo ilegitimamente imposto pela CEDEAO na Guiné-Bissau.
Essa acção de luta legal impõe-se para o futuro, pois, é um pressuposto de legitimidade cujas consequências e resultados so a historia podera julgar e avaliar um dia, conforme o seu desfecho e as suas consequências..., porém que, hoje independemente desse julgamento e dos resultados, deve começar a ser accionado, e ja... porque o tempo urge e o tempo corre a favor dos usurpadores.
Essas acções de luta judicial, devem passar prioritariamente pela contestação em instância nacional competente o denominado «Pacto de Transição» e também o seu apêndice fetal, denominado «Acordo Politico». Quanto aos actos de ilegalidade e de ingerência que foram cometidas pela CEDEAO contra a nossa soberania, as instituições da Republica e o governo legitimamente eleito e na altura, em funções legais na Guiné-Bissau, estas, DEVEM ser contestadas e atacadas perante o Tribunal da CEDEAO. Para esse efeito, estou certo de que, o PAIGC, tem argumentos e fundamentos de peso e de sobra para fazer valer os seus direito como unico poder legitimado pelas urnas na Guiné-Bissau. O recurso a esse Tribunal, parecendo que não, pode ser o recurso mais seguro e equilibrado susceptivel de restituir aos guineenses os valores mais sagrados e arreigados do Povo Guineense, que são, a independência, a soberania e o respeito pelas nossas instituições democraticamente eleitas.
Para alguns, pode parecer uma luta à D. Quixote de la Mancha, porém, o Tribunal da CEDEAO pode ser a nossa ultima e legitima esperânça conducente a uma saida digna e de justiça que todos nos reclamamos nesse processo. E bom ver e compreender que, a CEDEAO, não se limita aos seus pares-Presidentes. A CEDEAO é mais do que esse grupo de caciques obtusos e retrogados constituido por golpistas como os Blaises e Ouattaras ou os pretensos anexionistas das nossas riquezas, tal como os Salls e os Jonathans's.
A CEDEAO possui orgãos proprios, autonomos e independentes, e neste caso encontra-se o referido Tribunal, que segundo os seus estatutos devem defender os interesses dos Estados membros na base da lei e da igualdade, alheando-se aos jogos de interesses geoestratégicos e manipulações mafiosas dos seus pares-presidentes.
O recurso ao Tribunal da CEDEAO, so nos dignificaria e, estou certo que, seria um barulho surdo que muito incomodaria e decerto, daria a conhecer ao mundo juridico e a sociedade africana em geral, o nosso drama dos Novos Colonizados da Africa Ocidental.
«Mais vale morrer lutando, que morrer no conformismo de uma derrota antecipada»
Mao Tsé Tung
Alberto João Silva
O FINANCIAMENTO DO ESTADO, O PAGAMENTO DOS SALÁRIOS E A BOA GOVERNAÇÃO
Li as declarações que terão sido proferidas pelo Presidente do Governo ilegítimo da Guiné-Bissau (Serifo Nhamadjo), antes da sua partida para o encontro dos Chefes de estado da África Ocidental, que a seguir transcrevo, e surgiram-me algumas inquietações e dúvidas que gostaria de partilhar…
“Vou dizer aos meus pares da CEDEAO que a situação do país neste momento é estável. Felizmente, o Governo está a funcionar, já conseguiu pagar três meses de salários aos funcionários públicos, as escolas públicas funcionam normalmente, estamos a fazer um esforço para retomar o diálogo nacional para que o país se reencontre”.
1. Para Serifo Nhamadjo, a situação no país neste momento está estável, com base na opressão Do seu próprio povo? Mesmo sabendo do impedimento da manifestação das mulheres e jovens na Guiné-Bissau, o Presidente do Governo ilegítimo considera que a situação do país neste momento é estável!? Para mim, é apenas a confirmação de que o conceito de estabilidade para este governo e para os narcotraficantes com farda de militares que os sustenta, é directamente proporcional ao grau de opressão que se aplicar ao povo! Isso é muito preocupante e torna urgente a desinstalação dessa escumalhada do aparelho do estado, o mais rapidamente possível…
2. Gostava de saber o que o Serifo Nhamadjo considera “esforço para retomar o diálogo nacional e para que o país se reencontre”? Até agora não se viu nada nesse sentido, antes pelo contrário! A opressão de manifestações populares é uma forma de demonstração desse suposto esforço para que o diálogo nacional seja retomado?
3. Durante a vigência do governo de Cadogo, ouvi repetidamente e bem, dos seus opositores na Guiné-Bissau e no exterior, que esse governo não podia considerar o pagamento atempado dos salários como um sinal ou índice de boa governação. Hoje, não oiço os mesmos críticos a manifestarem-se, perante a afirmação de Serifo Nhamadjo, em que claramente usa o pagamento de três meses de salários para demonstrar e realçar a funcionalidade do governo!
4. Mas, não queria ficar apenas pela relação entre pagamento de salários e funcionamento das escolas como sinais de boa governabilidade. Não vou, nem devo, usar termos técnicos, não só porque não sou da área de economia e posso cometer erros e baralhar conceitos, mas também para tornar mais fácil a leitura e raciocínio do cidadão comum…
5. A primeira questão que o governo ilegítimo da Guiné-Bissau tem de explicar aos guineenses, é da proveniência do dinheiro usado para o pagamento dos três meses de salário… Não podemos esquecer o facto deste governo ilegítimo ter apenas um mês de vida, ter saído de um golpe militar fortemente contestado pela população guineense, com marcada instabilidade sociopolítica e sob sanções de alguns parceiros económicos mais importantes. Portanto, nenhum cidadão lúcido acreditaria que este governo conseguiu tomar medidas, fazer reformas, que fizeram com que aumentasse a receita do estado, para permitir pagar salários.
Todos sabemos que a receita do estado assenta essencialmente na cobrança de impostos, exportação dos produtos produzidos no país, no turismo e no endividamento externo... Gostava de saber, em qual dessas áreas o governo mexeu, para conseguir melhorar a receita do estado e, dessa forma, pagar não um mês, mas sim três meses de salário? Com o país estagnado e com alguma resistência social, não acredito que o governo conseguiu aumentar a receita do estado, com a cobrança de impostos!
Também nesse período de tempo, não acredito que o país aumentou a exportação dos seus produtos, como a castanha de cajú! A única exportação que poderá ter aumentado neste último mês, deve ter sido das bebidas produzidas pela empresa espanhola que Fernando Vaz fez questão de visitar há dias, como forma de incrementar o investimento na Guiné-Bissau… Enfim! Com a instabilidade político-militar, nenhum guineense sensato também vai acreditar que aumentou a afluência dos turistas no nosso país! Só se forem os Senegaleses a invadirem as nossas praias, junto a fronteira com esse país, julgando termos tornado definitivamente uma província senegalesa!!!
O aumento da dívida externa, um fantasma que amedronta todos os governos, deve ter sido o caminho escolhido por este governo ilegítimo, por ser o caminho mais fácil, ter repercussões sociais imediatas e, tratando-se de um governo de transição, jamais correrá o risco de apresentar contas das suas irresponsabilidades, por isso, estão pouco se importando pelo facto de mais uma vez atolarem o país na dívida externa, recentemente perdoada em largos milhões de dólares, graça ao trabalho do governo legítimo derrubado pela força das armas e conluio deste governo fantoche… Se este governo ilegítimo não se financiou dessas formas lícitas que acima descrevo, então só podemos concluir que estão a delapidar o cofre público, ou estão a financiar-se por meios ilegais, como o narcotráfico…
6. Mas, para que os guineenses em geral não sejam adormecidos nos contos do vigário ou dos vigaristas, aconselho a leitura dos dois links que disponibilizo abaixo.
http://www.imf.org/external/lang/Portuguese/pubs/ft/scr/2011/cr11119p.pdf
http://www.portugues.rfi.fr/africa/20101217-fmi-e-banco-mundial-aliviam-divida-externa-da-guine-bissau
7. PA KA NÓ N'GANA N'UTRU... ANÓSS TUDU NÓ SIBI LEI TAMBÉ...
Jorge Herbert
IV Fórum dos Produtores: Kangaluta ku Produtos di Terra na Tempu di Crisi
Declaração de Djalicunda
Nós, camponesas e camponeses parceiros das Organizações de apoio integrantes do Grupo de Trabalho de Promoção de Produtos da Terra (GTPPT), vindos de todas as regiões do país, e reunidos no quadro do IVº Fórum dos Produtores sob o Lema: Kangaluta ku Produtos di Terra na Tempu di Crisi, organizado pela Tiniguena, em parceria com o GTPPT, no quadro do projecto Kil ki di nos ten balur, financiado pela União Europeia e o IPAD, reunidos entre os dias 27 e 28 de Junho de 2012 em Djalicunda, no Centro Campones da Kafo, gostariamos antecipadamente de lançar à sociedade guineense o seguinte apelo:
. Considerando a sucessão das crises no país, e em particular aos últimos acontecimentos de 12 de Abril, que afectou consideravelmente os produtores de todas as regiões da Guiné-Bissau, que tiveram que vender a sua produção agrícola a um baixo custo;
. Considerando ainda, esta mesma crise, que resultou na perca das sementes para a nova campanha agrícola, e a dificuldade que os agricultores enfrentam na comercialização dos seus produtos;
. Considerando os riscos que a crise vem provocando nos valores tradicionais-ancestrais de relação socioprodutiva existente entre produtores;
. Considerando que a crise provoca sobrecarga aos produtores com a deslocação dos familiares (e não só) para o campo;
. Considerando as tentativas da camada política e militar de semear a divisão étnica por meio do incentivo a agressão verbal, moral e física, que vem resultando na divisão da sociedade guineense;
. Considerando o não reconhecimento por parte da comunidade internacional do governo de transição vigente o que originou na suspensão do financiamento às organizações de apoio;
. Considerando que a comunidade local responsável pela conservação e gestão dos recursos florestais tem acesso limitado a exploração dos mesmos;
. Considerando que a falta de continuidade dos governos, tendo em conta o seu período legal de duração, afecta o processo de conservação dos recursos florestais comunitários;
. Considerando que os meios de comunicação social têm um papel fundamental na promoção da cultura de paz e estabilidade;
. Analisando e respondendo as preocupações dos produtores face as crescentes ameaças a que estão expostos e que podem, caso não forem tomadas medidas adequadas, colocar em risco a coesão e solidariedade social;
Nós, camponesas e camponeses presentes no IVo Fórum dos Produtores em Djalicunda denunciamos:
1. O estrangulamento à comercialização dos produtos locais ocasionado pelo golpe de estado de 12 de Abril;
2. A paralização das nossas actividades realizadas em colaboração com as organizações de apoio;
3. A escassez de sementes para o ano agrícola em curso, visto que esta teve que ser consumida devido ao aumento do número do agregado familiar que viu-se obrigado a refugiar-se no interior do país, fugindo do clima de incerteza e instabilidade;
4. A tentativa por parte da camada política e militar de instaurar no seio da sociedade guineense a divisão através do incentivo a estigmatização étnica;
Por isso, nós camponesas e camponeses presentes no IVo Fórum dos Produtores em Djalicunda, nos engajamos à:
1. Aumentar a nossa união para juntos podermos fazer face às constantes crises as quais somos arbitrariamente submetidos;
2. Sensibilizar a nossa população para a valorização e consumo dos produtos locais;
3. Trabalhar com os nossos parceiros, com o objectivo de obtenção de uma Certificação Participativa para os nossos produtos, de acordo com as leis internacionais vigentes, permitindo escoamento destes para mercados que pratiquem o Comércio Justo ;
4. Recusar todo e qualquer tipo de práticas e discursos políticos que induzam a divisão entre nós, guineenses, usando como argumento as nossas diferenças étnicas;
5. Criar um fundo de solidariedade nacional;
6. Promover com a ajuda das organizações de apoio a permuta de produtos (sementes, viveiros e experiências comunitárias) entre nós.
Feito em Djalicunda a 28 de Junho de 2012
Organizações membros do Grupo de Trabalho:
sexta-feira, 29 de junho de 2012
PORQUE ESCREVO!?
Escrevo, essencialmente porque gosto de escrever.
Não sei, nem quero saber se outros também gostam de escrever, se começaram a escrever antes ou depois de mim.
Escrevo, porque não consigo calar-me perante as injustiças.
Não sei, nem quero saber se outros se calam perante as injustiças.
Escrevo, porque não admito que me tentem silenciar.
Não sei, nem quero saber se conseguiram silenciar os outros.
Escrevo, porque sinto-me livre para escrever e só concebo escrever sem quaisquer condicionalismos.
Não sei, nem quero saber se os outros se sentem ou não livres ou condicionados para escrever.
Escrevo, essencialmente sobre a minha pátria, porque respeito-a e tenho orgulho nas minhas raízes, na minha infância e na minha juventude.
Não sei, nem quero saber se amo e respeito a minha pátria mais que outros guineenses.
Escrevo, porque revolta-me ver a minha pátria e o meu povo refém de criminosos.
Não sei, nem quero saber se são ou não mais criminosos que outros.
Escrevo, porque vejo criminosos a cometerem barbaridades na minha pátria.
Não sei, nem quero saber se essas barbaridades são mais graves que aquelas cometidas noutros países.
Escrevo, porque sinto a dor e a revolta do meu povo.
Não sei, nem quero saber da dor e da revolta dos outros povos.
Escrevo, porque vejo oportunistas e incompetentes a assaltarem o poder na minha pátria.
Não sei, nem quero saber dos oportunistas e incompetentes da pátria dos outros, mas quero ajudar a combater os da minha terra.
Escrevo, porque vejo guineenses a confundirem aproveitamento de lacunas legais, com inconstitucionalidades.
Não sei, nem quero saber das lacunas legais e inconstitucionalidade dos outros países.
Escrevo, porque vejo os guineenses a confundirem os interesses da pátria, com os interesses de Cadogo Jr., de António Indjai, de Kumba Yalá, do PAIGC e do PRS.
Não sei, nem quero saber da pessoalização e personificação dos interesses dos outros países.
Escrevo, porque vejo guineenses a confundirem violentos golpes de estado militar, com a defesa da soberania nacional.
Não sei, nem quero saber dos golpes de estado e da soberania de outros estados.
Escrevo, porque vejo um Chefe de Estado-maior General das Forças Armadas, a convocar e dirigir uma reunião de antigos combatentes, no edifício que é o maior símbolo da democracia de qualquer país democrático.
Não sei, nem quero saber dos símbolos da democracia dos outros países.
Escrevo, porque vejo um Chefe de Estado-maior das Forças Armadas, principal suspeito de alguns crimes de sangue e de narcotráfico, a participar num Conselho de Ministros, no meu país que se queria democrático.
Não sei, nem quero saber dos ditadores, assassinos e narcotraficantes que presidem Conselhos de Ministros noutros países.
Escrevo, porque sinto que é hora de todos os guineenses de bem se manifestarem, de uma forma ou outra e, a minha forma de manifestar é escrevendo.
Não sei, nem quero saber se os outros se manifestam escrevendo, gritando ou em silêncio. Mas, é importante que se manifestem.
Importo-me sim, quando assisto a pacificidade e conformismo do povo guineense que permite que o chamem a votar e depois alterem o sentido do seu voto, desrespeitando a sua vontade e comprometendo simultaneamente o seu bem-estar e a sua liberdade…
Importo-me sim, quando vejo guineenses capazes de travar uma luta maior e ainda melhor que esta minha pequena contribuição, acomodarem-se ou deixarem-se intimidar por analfabetos com armas nas mãos ou outros condicionalismos…
Importo-me sim, se aqueles guineenses livres de condicionalismos não manifestarem como forma de resistência aos criminosos, aos oportunistas, a impunidade, a ignorância e a esquizofrenia na Guiné-Bissau.
Portanto, escrevo porque preciso e porque a minha pátria precisa de quem se manifesta, de uma forma ou de outra, livre de quaisquer condicionalismos.
Eu faço a minha parte (gostava de poder fazer mais) e cada guineense devia fazer a sua, se realmente queremos ver a Guiné-Bissau verdadeiramente livre, independente e a desenvolver-se.
A mudança tem de começar em nós guineenses, dentro e fora do país, para que os outros (a chamada comunidade internacional) possam levar-nos efetivamente a sério. Se não demonstrarmos o que realmente queremos, dificilmente os outros nos ajudarão a conquistá-lo…
Por isso, não nos calemos e manifestemos até a exaustão, pela Guiné-Bissau livre de golpes de estado e de governos de transição.
Jorge Herbert
quinta-feira, 28 de junho de 2012
Como é que é? Ora, damos à sola...
Dezassete prisioneiros estão a monte, desde o oassado dia 26 de Junho, depois de terem fugido das instalações prisionais da 2ª Esquadra da Polícia de Ordem Pública, em Bissau. Os referidos presidiários pertenciam ao grupo de jovens denominado «Os como é que é». Nos últimos tempos este bando tem provocado ondas de assaltos e agressões com armas de fogo e armas brancas, nos diferentes bairros de Bissau.
As informações foram avançadas à PNN por uma fonte do Comissariado Nacional da Polícia de Ordem Pública. De acordo com a mesma fonte, foram 35 os jovens detidos nas últimas duas semanas pelas autoridades policiais, de entre os quais 17 se encontram em fuga desde início desta semana.
Segundo ainda a nossa fonte, o acto de mudança de cela destes reclusos não foi do conhecimento dos responsáveis directos do centro de detenção nem do Comissário Nacional da Polícia de Ordem Pública. Em consequência desta situação, dois agentes da Polícia já foram detidos, enquanto o director deste serviço foi exonerado. Os restantes 18 prisioneiros foram transferidos para a cela de outra esquadra, no Bairro Militar, nos arredores da capital. (c) PNN Portuguese News Network
SONDAGEM DC: A diferença entre ser suicida, estúpido ou ignorante
PERGUNTA DC: Como qualifica as declarações do 'diplomata' dos EUA?
RESPOSTAS:
Suicidas > 94 (12%)
Estúpidas > 516 (66%)
Ignorantes > 168 (21%)
AAS
Yamoussoukro acolhe nova reunião dos Chefes de Estado sobre o Mali e a Guiné-Bissau
As crises no Mali e na Guiné-Bissau estarão no centro das atenções da 41a sessão ordinaria da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO), amanhã, sexta feira em Yamoussoukro, capital administrativa da Costa do Marfim indicou uma fonte dessa organização regional.
Segundo o comunicado, os Chefes de Esatdo "passarão em revista o memorando do presidente da comissão da CEDEAO, Kadré Désiré Ouadraogo sobre o Mali, assim como o relatorio sobre a Guiné-Bissau". Por outro lado, o mediador da crise maliana, o Presidente do Burkina-Faso, Blaise Campaoré, submetera aos seus pares uma informação sobre a situação no Mali.
Quanto ao Presidente do Grupo de Contacto Regional da CEDEAO para a Guiné-Bissau, ele apresentará uma nota de informação sobre a situação prevalecente actualmente nesse pais. O comunicado anuncia a participação do Presidente em exercicio por interimo da Comissão da União Africana Jean Ping, e do Representante Especial do Secretario Geral das Nações Unidas na Africa Ocidental, Sr Saïd Djinnit, nesse encontro oeste-africano de alto nivel. Xinhuanet/Africatime.com
Primeiro comício do PAIGC depois do golpe de Estado na Guiné-Bissau
Cerca de cem militantes do partido que estava no poder até ao golpe de Estado de 12 de Abril participaram ontem, em Bissau, no primeiro comício organizado pelo PAIGC desde a queda do governo de Carlos Gomes Júnior. Até agora, todas as manifestações de condenação ao golpe de Estado decorriam dentro da sede do partido, todavia, esta quarta-feira, cerca de uma centena de militantes do PAIGC decidiram sair à rua. Inicialmente, os militantes pretendiam realizar uma marcha pacífica até à sede da CEDEAO em Bissau, para perguntar aos representantes dessa organização o motivo do não-cumprimento das orientações das Nações Unidas para a resolução da crise na Guiné-Bissau. Contudo, a manifestação não foi autorizada pela Câmara Municipal de Bissau, pelo que os militantes não passaram da porta da sede do PAIGC.
Durante o comício, vários militantes teceram duras críticas à atitude da CEDEAO que a seu ver pretende fazer voltar atrás a democracia na Guiné-Bissau. Pelo contrário, para os manifestantes, a CPLP, a União Africana, a União Europeia bem como as Nações Unidas são entidades "amigas da Guiné-Bissau". Durante esta concentração na qual não foi visível a presença de agentes da polícia ou militares, não foram registados quaisquer incidentes. O PAIGC promete, entretanto, realizar daqui por diante outras acções de luta política contra as autoridades de transição que continuam a não reconhecer. RFI
A ofensiva está a tomar forma
Se era segredo, deixou de o ser. O presidente Senegales, Macky Sall, visitou ontem a linha foronteiriça de N'PACK (que divide a Guiné-Bissau do Senegal) onde teve uma pequena reunião com comandantes de batalhões do Senegal e da Guiné-Bissau que controlam aquela fronteira. O objectivo desta visita, apurou o DC, é o de criar uma frente comum de combate contra os independentistas de Cassamança a partir do nosso território.
Ontem, falei pelo telefone com o sargento A., que atê ao mês passado estava na frente de Kolda, e agora foi transferido para a zona de N'PACK. O sargento onfirmou esta informacão, e disse ser essa a razão da sua transferencia. O próprio sargento questionou sobre esta operacão conjunta a partir de São Domingos. Perguntei-lhe sobre os ganhos para Guiné-Bissau com esta operacão isto porque ninguem sabe onde estão e nem quem é rebelde. Não soube responder. Aguardemos pela posição das autoridades da Guiné-Bissau. AAS
Golpe militar preocupa gabinete anti-narcotráfico da ONU
O gabinete anti-narcotráfico da ONU (UNODC), está "preocupado" com o golpe de Estado de 12 de Abril na Guiné-Bissau e a tentar determinar o impacto no tráfico de droga no país, disse terça-feira o director do organismo, citado pela Lusa. "A UNODC pode apenas lamentar que isto tenha acontecido porque a Guiné-Bissau é um dos mais problemáticos países da África Ocidental, em termos de abertura das suas fronteiras ao abastecimento de droga ilícito da América do Sul, para a África Ocidental e também a União Europeia", afirmou o director do organismo, Yuri Fedotov.
"Politicamente falando, (o golpe de Estado) é um evento preocupante, um motivo de preocupação que só pode prejudicar a situação", adiantou. Fedotov, afirma ser "cedo" para perceber com precisão se o tráfico aumentou após o golpe militar, cujos protagonistas incluem oficiais acusados pelo governo de ligação ao narcotráfico internacional. Promete respostas "num futuro próximo", quando estiver concluído um relatório de "avaliação de ameaças" na África Ocidental, em que a Guiné-Bissau será incluída.
Na apresentação do relatório anual da UNODC, em Nova Iorque, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou para o facto de o tráfico de droga estar a aumentar na África Ocidental e Central e a "minar severamente" Estados da região. "A governação na África Ocidental e Central está a ser severamente minada pelo crescente tráfico de drogas nestas regiões", adiantou Ban Ki-moon. "Não podemos ceder terreno aqueles que se alimentam da falta de lei e que usam países como caminho para a entrega de drogas ilícitas", prosseguiu.
O relatório anual refere que as "afinidades linguísticas com o Brasil e alguns países africanos", fizeram com que Portugal tenha sido importante no transbordo de cocaína, sobretudo entre 2004 e 2007, perdendo de aí em diante a importância, como "porta de entrada" para o tráfico de droga sul-americana, através de países da África Ocidental. LUSA
"A CPLP tem actuado além do que os estatutos lhe permite"
“Acreditamos que este tenha sido o último golpe de Estado na Guiné-Bissau ” – Fernando Vaz28 de Junho de 2012. Um mês após assumir o governo na Guiné-Bissau, após o golpe de Estado levado a cabo a 12 de Abril, o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Vaz, em entrevista exclusiva à Deutsche Welle África (DW África), reiterou que as questões do país estão a ser bem encaminhadas e geridas.
Questionado que balanço faz do desempenho do governo de transição, desde a sua posse, Fernando Vaz afiança que questões elementares têm sido resolvidas, como é o caso do pagamento de salários em atraso.
“Aquilo que marcava Carlos Gomes Júnior [o primeiro-ministro deposto da Guiné-Bissau] era pagar os salários mensalmente, a tempo e hora. Este governo de transição fez num mês aquilo que o Carlos Gomes fez em três. Ou seja, num mês, nós pagamos três meses de salário. E ainda pagamos a metade da dívida que o Estado tem com os professores, com cinco meses de salário atrasado. Conseguimos com que os militares fossem para os quartéis e arredassem completamente da vida política e civil do país”, garantiu o Fernando Vaz, que alerta, também, que não é meta desse governo resolver, em um ano, todas as necessidades do país.
“É um país que depende completamente do exterior. Mas isso são questões estruturais e espero que não tenham a pretensão de que em um ano nós resolveremos esta questão. Nem é esta a nossa proposta. Queremos criar condições para que haja eleições livres, justas e transparentes e para que a justiça comece finalmente a imperar neste país”.
No dia 20 de Julho próximo a capital moçambicana, Maputo, vai ser palco da 9ª cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da CPLP, uma altura em que, dada a sua situação política, a presença da Guiné-Bissau tem sido uma incógnita.
Perguntado quem vai representar o país, uma vez que Carlos Gomes Júnior disse ser o representante do governo legítimo do país, Fernando Vaz responde, categoricamente: “Hoje temos dois países. O “real” e aquele que Carlos Gomes Júnior governa. O governo de transição governa o país “real”.
Quanto à posição que a comunidade lusófona vem tomando, relativamente ao processo em curso, consequente do golpe es Estado de 12 de Abril, o ministro da Presidência de Conselho de Ministros do governo de transição afirma que a CPLP tem actuado além do que os estatutos lhe permite.
“Para nós, a CPLP é uma comunidade linguística e não política. A CPLP faz mais do que deveria fazer. Vejam bem o estatuto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e com certeza vão me dar razão. Porque o que não querem entender é que a comunidade internacional e as Nações Unidas mandatam a CEDEAO, a Comunidade Económica dos Países da África Ocidental, no caso do problema guineense, para encontrar soluções. Uma parte da comunidade internacional entende que a Guiné-Bissau são apenas duas ou três pessoas”.
“Acreditamos que este tenha sido o último golpe de Estado na Guiné-Bissau e que eles tenham a consciência de que não é com golpe de Estado que se resolve o problema da Guiné-Bissau. É preciso sentarmo-nos todos, inclusive Carlos Gomes Júnior e outros parceiros, para encontrarmos uma solução viável para este país”, finaliza Fernando Vaz.
Fonte: Deutsche Welle África (DW África)
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Holder fala qualificação por...um milésimo de segundo!
O atleta Holder da Silva falhou o acesso às Meias Finais por 1 centésimo de segundo! É impressionante mas é a realidade. Holder ficou em 25º e só 24 podiam passar para as Meias Finais, num total de 58 participantes na prova dos 100 m.
Aos guineenses, resta continuar a acreditar, e ao atleta caberá representar cada vez melhor o nosso País, representando o nosso Povo.
Mas Holder não esteve só. Um cidadão Guineense estudante em Cotonou, viu ontem pela TV Nacional a apresentação das Seleções e, fez questão de se deslocar cerca de 40 Km para vir ver o o atelta do seu País. Um grande apoio sem qualquer tipo de dúvidas.
Um obrigado ao holder e a todos aqeles que continuam a acreditar no Atletismo Guineense. AAS
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