terça-feira, 29 de maio de 2012
E Portugal faz muito bem...
O ministro dos Negócios Estrangeiros português recusou hoje comentar as declarações do porta-voz do Comando Militar que tomou o poder na Guiné- Bissau , que na semana passada acusou Paulo Portas de fazer "declarações levianas" sobre o país. "Portugal não entra em controvérsia com autoridades que não reconhece. A resposta é esta", disse Paulo Portas, que falava aos jornalistas à margem da inauguração das novas instalações da Embaixada de São Tomé e Príncipe em Lisboa.
Daba Na Walna, porta-voz do Comando Militar que tomou o poder no dia 12 de abril na Guiné-Bissau, disse "que fique bem claro, ele [Paulo Portas] está a servir o café da manhã e o jantar à noite a quem é o maior responsável pelo tráfico de droga", disse Daba Na Walna, em conferência de imprensa, respondendo a Paulo Portas, que tinha apontado a questão do narcotráfico como um dos pontos-chave do golpe de Estado de 12 de abril.
Na sequência do golpe, foi nomeado com o apoio da Comunidade Económica de Estados das África Ocidental (CEDEAO), um Governo de transição que deverá promover a realização de eleições no prazo de um ano, mas que não é reconhecido pela restante comunidade internacional, nomeadamente pelos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. LUSA
O que hoje é verdade, amanhã é...
O processo do assassínio do ex-chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau Tagmé Na Waie está concluído e pronto para julgamento e o do antigo Presidente Nino Vieira em fase de conclusão, disse hoje o procurador-geral da República.
Edmundo Mendes disse numa conferência de imprensa em Bissau que a investigação do processo sobre a morte de Nino Vieira (assassinado horas depois do atentado à bomba contra Tagmé Na Waie, em março de 2009) "está numa fase irreversível de quase 90 por cento". O procurador-geral da República, que não prestou mais informações sobre os dois processos, reagia ao mais recente relatório da Amnistia Internacional, que sobre a Guiné-Bissau diz ter havido falta de progresso nas investigações dos assassínios de personalidades políticas e militares em 2009. LUSA
Artur Sanha 1 - Kumba Yala 0
Chegar ao poder pela força (das armas, ou outra) na Guiné-Bissau dá sempre resultados. Depois das ameaças veladas feitas por Artur Sanhá ao seu dono, Kumba Yala...este será o novo 'presidente' da Câmara Municipal de Bissau, e Marciano Indi, do PRID, será o 'vice-presidente'. Os dois tomarão 'posse' amanhã...
Assim, a nova República da (CEDEAO, PRS, Comando Militar) lá se vai consolidando. Talvez peçam a independência da verdadeira República da Guiné-Bissau... AAS
segunda-feira, 28 de maio de 2012
INTERVENÇÃO MILITAR NA GUINÉ-BISSAU? SIM, MAS POR QUEM?
Afinal, quase dois meses depois do golpe militar na Guiné-Bissau, onde estamos? Os golpistas continuam no poder, os líderes eleitos estão refugiados em embaixadas na capital do país ou no estrangeiro, as organizações internacionais não se entendem, todos ameaçam, mas ninguém quer intervir decisivamente.
Por: Miguel Machado
Neste tempo, Portugal e algumas organizações internacionais, das Nações Unidas (ONU) à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), passando pela União Europeia (UE) e pela Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), condenaram o golpe e, em patamares de violência verbal variáveis, ameaçaram o novo poder local. Resultado? Mais uma vez se prova que a retórica politica quando não é suportada por força militar credível…cai no ridículo.
Do inicial tom ameaçador do Ministro dos Negócios Estrangeiros português, à tomada de posse do Coronel-Maior Gnimanga Baro do Burkina Faso como comandante da força multinacional da CEDEAO para intervenção na Guiné - com 1 batalhão de 600 militares para quê? Ocupar um bairro de Bissau? - vimos de tudo. Em Portugal, após a precipitação inicial parece que a realidade foi percebida e o tom baixou. Centramo-nos, e bem, na eventual retirada dos nossos compatriotas, embora com uma politica de comunicação algo confusa, senão perigosa.
As Nações Unidas pedem dinheiro para uma eventual força, a União Europeia fica-se por sansões de duvidosa eficácia e a CEDEAO parece afinal pactuar com a revolta (sempre sai mais barato e é menos arriscado!).
Mas quem poderia afinal intervir na Guiné-Bissau? Admitindo que se conseguia algum consenso político regional - o que até agora não aconteceu - e que se queria realmente estabilizar a Guiné-Bissau, quem tem essa capacidade?
Se o objectivo fosse lançar rapidamente uma operação com probabilidade elevada de sucesso, ou seja, “entrar em força para ganhar” (tipo NATO na Bósnia em 1996/60.000 militares ou a INTERFET em Timor-Leste em 1999/11.500 militares), só os países da NATO e/ou da União Europeia têm essa capacidade. As Nações Unidas, como é sabido (ou devia ser) só em condições muito especiais aceleram os seus intrincados mecanismos de decisão.
Talvez poucos hoje se lembrem, mas em 2006 a Aliança Atlântica realizou o exercício “Stead Fast Jaguar” (SFJ) em Cabo Verde. Bem perto da Guiné-Bissau portanto, para fazer a “validação final” da sua Força de Reacção Imediata, a célebre NRF que nunca actuou mas está em permanente alerta deste então. Forças portuguesas estão ciclicamente incluídas nestas NRF’s o que aliás custa bom dinheiro.
Nesse SFJ em 2006 mais de 7.000 militares, navios e aeronaves de todo o tipo, realizaram várias acções em diferentes ilhas, tendo desembarcado cerca de 2.500 militares e 600 veículos. Tudo isto com a cobertura mediática de dezenas de jornalistas levados para Cabo Verde em voos especiais da NATO.
Só falta, portanto, convencer a NATO a intervir, mas haverá capacidade para provar aos nossos aliados essa necessidade? Talvez se devesse ter começado por aí.
Este artigo foi originalmente publicado no “Diário de Notícias” em 28 de Maio de 2012.
Os fazedores de reis...
A crise político-militar da Guiné-Bissau despoletada pelo golpe de estado de 12 de abril último, veio mostrar aos guineenses de forma clara e inequívoca, qual a "consideração" e o sentimento de "respeito" que a CEDEAO, tem para com a Guiné-Bissau, ou seja: NENHUMA.
De um sentimento escamoteado de nos considerar à surdina, de um país membro de segunda categoria, a CEDEAO deixou cair a máscara ao assumir uma posição impensável e arbitrária considerarando o nosso país, não como País membro de pleno direito, mas sim, como um País-Tutorado pela CEDEAO. Essa concepção obtusa e desrespeitosa à nossa dignidade e orgulho de país soberano, advêm da «decisão» inqualificável e estúpida do desbocado Ministro dos Negócios da Nigéria, coadjuvado pelo seu homólogo pateta da Costa do Marfim, com o subterfúgio de «respeito» à Constituição guineense, de «nomear» nas nossas barbas, o Sr Manuel Serifo Nhamadjo, candidato de Blaise Campaoré ao cargo de «Presidente de Transição» da CEDEAO para a Guiné-Bissau.
Nos anais da história, ficará a aberração de um candidato, 3° classificado numa corrida eleitoral com 15% dos votos, ser guindado a «Presidente de uma República». Isto, nem numa república das bananas... A história registará este facto insólito, aberante, e os seus autores prestarão contas um dia ao Povo da Guiné-Bissau, contra quem foram cúmplices nessa humilhação sem precendente na nossa curta história democrática. Nada mais aberrante e HUMILHANTE para os guineenses, se aceitarmos de ânimo leve e de mãos cruzadas, sem resistência, pacífica ou violenta, essa afronta à nossa dignidade e soberania, conquistadas à custa de incomensuráveis sacrifícios de vidas e sonhos de guineenses de todos os estractos sociais.
Por mero oportunismo, uma corja de políticos mal preparados e oportunistas, aplaudem, apoiam e servem-se hoje desse jogo de vil maquinância, vergonhosamente perpretada por um grupo de Estados Golpistas da CEDEAO. A esses políticos que se dão ao jogo colonial da CEDEAO, estejam cientes de que, um dia, por mais que possa tardar, responderão pelos seus actos no banco dos réus perante o povo da Guiné-Bissau por traição à pátria e alienação da soberania nacional a favor dos seus mesquinhos interesses.
A história dessa «investidura golpista» começou depois de, inicialmente, o Comité Técnico da CEDEAO ter sugerido que,p a solução para a eleição do Presidente de Transição passaria pela ANP (então dissolvida, porém, nunca restituída pela mesma forma (parelelismo de forma) pelo Comando Militar de Antonio Injai), com a eleição dos novos membros da Mesa, da qual sairia o novo «Presidente de Transição». Porém, repentinamente o dito CT mudou de estratégia, passando pela surpreendente nomeação abusiva e discricionária tout court do representante dos seus interesses no pleito eleitoral na Guiné-Bissau.
A razão dessa mudança repentina de estratégia, estava na resistência e coesão surpreendente dos «libertadores» que, querendo ou não, detêm a maioria na ANP e caso se optasse pela eleição da Mesa, seria certo de que o escolhido não seria Manuel Serifo Nhamadjo, considerado "traidor" da causa dos "Libertadores". Assim, contadas as espingardas, os emissários da CEDEAO deram rapidamente conta da sua desvantagem e na impossibilidade de "eleger" Nhamadjo por essa via. Assim, recebendo ordens de Abidjan, via Burkina-Faso, passam a velocidade de cruzeiro e, sem competência e muito menos mandato para tal (pois, nem a Conferência de Chefes de Estados o tem para o efeito) nomeiam contra a corrente do curso negocial, o seu Presidente para dirigir a transição fantoche à moda da CEDEAO na Guiné-Bissau.
E bom que se saiba que as manobras da CEDEAO, vinham de longe e tem um braço longo que começa no Burkina Faso, passa pela Csta do Marfim, Nigéria e desagoa no Senegal, nosso eterno e fraterno vizinho inimigo. Blaise Campaoré, quer-se omnipresente em todos os conflitos da África do Oeste e não só, pois apesar de ser Coordenador em chefe do conflito no Mali, nunca deixou de ter um olho vigilante e uma mão manipuladora sobre o conflito guineense, onde o mediador era o Professor Alpha Condé, Presidente da República da Guiné-Conakry, sendo a Nigéria o país Coordenador em Chefe.
A razão? Entre outras, para além da primeira e já citada, três outras concorrem para esse facto: primeiro, o medo da influência positivamente crescente de Angola no contexto Guineense, nomeadamente com a exploração e desenvolvimento das ricas potencialidades naturais e minerais que pressupõe um quadro de desenvolvimento promissor para a Guiné-Bissau, com particularmente destaque para a construção do Porto de águas profundas, em Buba (largamente mais competetivo em termos de localização e custos relativamente ao Porto de Dakar e Abidjan) e a exploração da Bauxite e do Fosfato. Também o posiconamento paulatino deste país lusófono na geopolítica da África Ocidental (caso das boas e frutuosas relações com a Guiné-Conakry e, mais recentemente, com a Gâmbia), sem esquecer claro, a «espinha atravessada» do apoio que Angola dispensou a Gbagbo contra ADO contribuiram para "sabotar" o processo eleitoral e impedir Carlos Gomes em aceder à Presidência da República da Guiné-Bissau.
Ssegundo, uma aversão e complexada e inexplicável que Blaise Campaoré tem contra Carlos Gomes Junior (diz-se por influência de um seu conselheiro guineense muito influente que, até recentemente, constava ser indicado como MNE do governo de transição..., mas por recusa de Kumba Yala, acabou por ver o posto...por um canudo) e, terceiro e por ultimo, proteger e fazer ganhar por quaisquer meios, o seu candidato, Manuel Serifo Nhamadjo, quem financiou principescamente com dinheiro de proveniência duvidosa e com o qual delinearam importantes acordos referentes à alienação dos nossos recursos naturais, minerais e petrolíferos passando, neste último caso, pelo gigante Nigéria. De permeio, estão também o interesse estratégico nas ilhas Bijagós para os negócios de que o outro é muito versado.
Pergunta-se: Qual a razão de tanta omnipresença do Presidente Blaise Campaoré neste processo guineense, se, à frente dele tem três paises (Nigéria, Costa do Marfim e Senegal) que aparentemente, são mais poderosos que o seu país? A Nigéria, compreende-se, não lhe interessa sobremaneira expôr-se de forma directa no conflito guineense, sabendo que por detrás desse pequeno país estão interesses e simpatias de gigantes africanos que lhe podem fazer frente de forma custosa e inapelável - casos de Angola e, em última instância, de outro colosso, a África do Sul, que tem para com Carlos Gomes Junior, o PAIGC e a Guiné-Bissau uma relação de simpatia apreciável e recíproca. Assim se explica que, apesar do interesse da Nigéria no processo da Guiné-Bissau por causa da repartição da plataforma géologica do petróleo do Golfo da Guiné, este país prefere fazer low profile neste processo e deixar o Burkina assumir por conta própria a despesas dessa imiscuência.
A Costa do Marfim, apesar de deter a Presidência em exercicio da CEDEAO e, aparentemente não ter qualquer interesse directo no conflito Guineense, ela é devedora de enormes favores ao Presidente Blaise Campaoré, a começar pelo seu apoio militar, material e humano à revolução do norte do país que conduziu a queda de Laurent Gbagbo e, por outro lado, não se deve esquecer que este país tem as suas «contas» a ajustar com Angola devido ao apoio que este país dispensou ao deposto Presidente Gbagbo. Portanto, nada mais fácil que «pagar» esse favor ao Burkina, cedendo aos caprichos de Blaise Campaoré, convencido do seu incontornável papel de «fazedor de reis» da África Ocidental.
A posição do Senegal dispensa comentários quando o assunto toca com as nossas ciclícas situações de convulsões político-sociais, porquanto a nossa infelicidade derivado das perturbações socio-políticas, fazem a felicidade e o regozijo pelas bandas do país dito de teranga. Foi assim com Abdou Diouf, também com Abdoulaye Wade (pior) e assim continuará com Macky Sall. É a chamada a política da continuidade de dividir... para melhor explorar. Para nós, os Guineenses, o Senegal é mais, um país de «tanga» pois de teranga nada têm para connosco.
Com a nossa instabilidade permanente, Senegal benefecia e continuará a beneficiar 'à la largesse sénégalaise' (di kumê ku dús môn como bem sabem fazer) dos nossos recursos pesqueiros (sem terem acesso ao nosso rico mar, só lhes resta comer yay boy); da nossa produção agricola (compram as nossa produções a vil preço para abastecerem o seu mercado depaupurado), inclui-se neste aspecto também, a produção e a exportação da castanha de caju (hoje o Senegal até figura como país exportador da castanha de caju, competindo connosco, quando em Casamaça toda a plantação não chega para encher um barco de exportação). Os nossos recursos petrolíferos cuja previsão de exploração/extracção esta previsto e confirmado entre 2014/2015 é o maior alvo de cobiça desse país, que tanta cobiça e ganância tem sobre o nosso querido país.
A dita Agência de Cooperação de Exploração da Zona Conjunta dos Recursos Maritimos e Petrolíferos entre o Senegal e a Guiné-Bissau, funciona às expensas e sob tutela e ordens do Governo Senegalês. O nosso alegado «representante» mais parece um funcionário do governo Senegalês que, verdadeiro representante e defensor dos legítimos interesses da Guiné-Bissau, porquanto estes sempre têm andado a reboque das orientações dos interesses e maquinâncias senegalesas em detrimento dos nossos superiores interesses. Enfim, custos de dormir com o inimigo e,... pior ainda quando, somos nós mesmos os guineenses, a «prostituir-mo-nos» sem dignidade que não vis interesses materiais em prejuízo do nosso país.
Entretanto, é bom que saibamos separar o trigo do joio, porquanto a historia do Grupo de Contacto e de Mediação para a Guiné-Bissau, demostra que a Guiné-Bissau tem ao seu lado países dignos e amigos. Citamos sem reservas, os paises irmãos Cabo-Verde e a Guiné-Conakry, mas também a Gâmbia e o Togo, este, principalmente no quadro da UA. De Cabo-Verde dispensam-se comentários, senão os nossos agradecimentos na irmandade. A Gâmbia assumiu-se firmente e de forma desafiadora e coerente contra as posições maquiavélicas dos supracitados países membros ao longo de todo este processo. A Guiné-Conakry, sabendo de antemão do hold up preparado pelos quatro países que transformaram subrepticiamente a reunião de grupo de contacto da CEDEAO para a Guiné-Bissau realizada em Dakar numa Cimeira deliberativa sobre a Guiné-Bissau, preferiu protestar contra esse maquiavelismo, sabotando a reunião de Dakar, tendo renunciado, primeiro, em receber os golpistas no seu chão, e, depois, a participar na mascarada montada pelo quarteto instigador do Golpe de Bissau, isto é, o Burkina-Faso/Nigéria/Senegal/Costa do Marfim.
No entanto, a realidade teima em animar-nos e mostrar-nos de que, não nos devemos desesperar e desistir da nossa luta e afirmar a nossa dignidade. O povo da Guiné-Bissau, hoje mais do que nunca, sabe o que se passa e não dará um minuto de descanso aos fantoches! Vai lutar, com tudo o que tem à mão!!! E vencerá.
A CEDEAO, vezeiro na sua estratégia nesse contexto de antecipação, quer jogar contra o tempo e contra o golpe de Bissau (entenda-se "decisão de nomear Nhamadjo Presidente", prestou-se logo a disponibilizar imediatamente tropas para proceder à interposição e proteger o «seu Presidente e o seu Governo» de fantoches...
Face ao "justificativo" da CEDEAO, interessa perguntar: protegé-los de quem? Do Comando Militar decerto que não, pois este é o braço armado dos beneficiários do golpe de estado de 12 de abril! Melhor Guarda Pretoriana o Presidente Fantoche não poderia ter. Porém, o respeito do Povo jamais o terá...
Contudo, como se viu até agora, essas ditas forças da CEDEAO têm chegado a conta gotas, em números irrisórios e com soldados de duvidosa operacionalidade. Os aviões (enormes até) chegam mais carregados de munições (diz-se que a pedido do Comando Militar, pois estes têm escassez de munições ligeiras) do que militares que, supostamente, seriam os mais indicados a serem transportados para o teatro das operações. O Senegal promete duas centenas de homens, sobretudo em engenharia militar, mas basta dar uma olhada à imprensa senegalesa para se saber dos verdadeiros intentos desse país em participar nessa missão de interposição.... Inadvertidamente, confessam os propósitos que lhes anima a aventurarem-se nessa missão na Guiné-Bissau. Enfim, os resquícios da «Operação Gabou» ainda está presente na mente das autoridades senegalesas e o desejo de vingança é latente, mesmo que inadvertidamente exposta.
Porém, quando o Porta-Voz do Comando Militar, na suas saídas paranóicas cataloga a antiga Junta de Ansumane Mané de rebeldes - porque lutaram contra os senegaleses invasores - dizendo que foram apoiados pelos «colonialistas portugueses»... i ta da ku pensa. Daí a pergunta que creio ser pertinente: Será que o Comando Militar está às ordens do Senegal, pais que se perfila como nosso pretenso colonizador?
Seria bom termos presente de que essa estratégia desenfreada de se acaparar do processo Guineense pela CEDEAO (entenda-se os quatro mencionados países), visa três objectivos principais, sendo dois imediatos e um por consequência da realização dos dois primeiros:
1°: Conseguir a retirada das tropas da MISSANG da Guiné-Bissau em condições de fragilidade, dando satisfação às pretensões dos seus comparsas do Comando Militar e tentar humilhar directamente o envolvimento de Angola e inderectamente a CPLP, no processo da saída de crise da Guiné-Bissau (facto que humilharia também seguramente mais de 80% dos Guineenses);
2°: Apoderar-se de eventuais fundos que seriam doados pela comunidade para alimentar a sua clientela de tráfico de influências. Ao que parece esta estratégia está condenada ao fracasso porquanto os dadores só estarão disponiveis a comparticipar. A estrutura militar disponibilizada pela CEDEAO não tem nem cariz nem preparação para proceder a qualquer reforma que seja. Só pode reformar quem já reformou e nenhum desses países tem meios e competência para tal. Quiça o Senegal, mas tendo sido copiosamente derrotado pela Junta Militar no conflito de Junho 1998, "não tem condições nem morais, nem psicologicas" para pretensamente o querer fazer... Daba na Walma dixit!;
3°: Com os dois factores conjugados, a CEDEAO (B-F/NG/SEN/CI) em conluio com o Comando Militar e o seu «cipaio» travestido de Presidente, consolidariam o poder que passaria de um periodo de transição a intransitavel... até o regresso de novo de Kumba Yala ao poder com a organização de eleições fraudulentas (Cadogo seria barrado) à moda e à maneira da CEDEAO
Essa análise, se bem que tenha abarcado outros assuntos já focados anteriormente por outros compatriotas no blogue, afigura-se de certo interesse e complementaridade para se compreender o actual processo politico-militar na Guiné-Bissau e atirar à atenção dos nossos concidadãos para alguns aspectos que quiça lhes tenha escapado, por desconhecimento... ou por omissão de análise.
Viva a Guiné-Bissau! AAS
Lubu ka ta kumé lubu, ma anós nó ta kumé santchu!...
É a desordem na Guiné-Bissau, ou, se preferirem, o caldo entornou-se. António Artur Sanha, outrora menino bonito do Koumba Yala - entretanto caído em desgraça com uma carga de porrada pelo meio - está pela hora da morte. Agora, e à falta de um fisga, tem andado armado com granadas e duas pistolas desde quinta-feira passada. Nesse dia, depois de uma calorosa discussão com o seu 'padrinho', este decidiu tirar-lhe... o carro. Artur, por sua vez, ameaçou já desmascarar tudo e todos: queria um cargo neste governo golpista. Não teve nenhum... Está-se mesmo a ver: a luta entre os golpistas já comecou e ninguém sabe como vai acabar. Tanto melhor. Comam uns aos outros...
Adja Satu Camará, por seu lado, falou e disse: no funeral do vice-presidente da Conselho Nacional Islâmico, acompanhado de um funcionário da primatura, disse alto e bom som que "a transicão vai durar mais de 2 anos". Mas alguém no seu perfeito juízo pensaria o contrário? Só Deus sabe o que vai na cabeça dos novos 'governantes' da Guiné-Bissau. AAS
Aos canalhas
FALEM MAL, MAS FALEM DE MIM.
Fale mal de mim,
Mas fale!
Diga que estou no fim,
Mande que eu me cale.
Pisa meu ego
Chama-me de ignorante,
Que eu sou cego
Um louco delirante.
Mas falem de mim!
Não me importa se bem ou mal
Eu só sei viver assim,
Na primeira página do jornal.
Gosto de ser manchete,
Assunto do dia
Que no outro se repete.
Para meus ouvidos é melodia!
Gosto de chamar a atenção
De ser centro de debates.
Quando falam de mim, que emoção!
Sinto-me figura de destaque,
O modo de como me vêem
Isto não tem nenhuma importância
Nem me importa o que lêem,
Esteja eu perto ou à distância.
Falem mal, mas falem de mim,
Enquanto eu ouvir é porque estou vivo...
P.S. - Viver no ostracismo é o suplício de tântalo, doi viver ignorado é sentir-se enterrado vivo, e isso é tão comum no nosso meio. A nossa sociedade evoluiu por um lado, por outro ela regridiu, no passado havia mais contato principalmente nas classes mais humildes onde a distância entre eles eram menores. Agora com a modernidade nós nos afastamos cada vez mais levados por uma educação que não nos une, e sim nos separa.
Guiné-Bissau: Instabilidade política compromete crescimento económico
O flagelo da contínua instabilidade política compromete o crescimento da economia na Guiné-Bissau, quase totalmente dependente do preço do caju no mercado mundial, adverte uma projeção económica sobre o país, hoje divulgada. Além dos efeitos da instabilidade política, de que o mais recente retrato é o golpe militar de abril passado, a economia do país deverá ressentir-se da provável baixa de preços do caju no mercado mundial, em consequência da crise que atravessa a União Europeia.
"A taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) irá abrandar em 2012 e em 2013 e o défice da conta corrente irá agravar-se", prevê o relatório Perspetivas Económicas em África 2012, coproduzido pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), pela OCDE, pela Comissão Económica da ONU para a África (UNECA) e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), hoje divulgado em Arusha, Tanzânia. EXPRESSO
BAD suspendeu todas as operações na Guiné-Bissau
O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) suspendeu todas as operações que desenvolvia na Guiné-Bissau, na sequência do golpe de Estado de abril que derrubou o Governo do país, disse hoje à Lusa fonte da instituição.
"A situação política está um pouco instável e nós, de momento, parámos os projetos operacionais", disse Cristina Hoyos, especialista do BAD em políticas para os Estados frágeis africanos, falando à margem da assembleia anual da instituição, que arrancou hoje em Arusha, Tanzânia. "Estamos à espera que a situação seja normalizada para continuarmos a colaboração", acrescentou Hoyos. Na Guiné- Bissau, o BAD desenvolve vários projetos como a construção de um porto de pesca na capital e o apoio a um hospital pediátrico e, em 2011 lançou a estratégia de redução da pobreza no país, em colaboração com o Governo deposto pelo golpe militar de abril deste ano.
Em janeiro, o BAD aprovou a concessão de ajuda ao alívio da dívida da Guiné- Bissau, no âmbito da iniciativa Países Pobres Fortemente Endividados, no valor 60,4 milhões de dólares (48,5 milhões de euros). No relatório Perspetivas Económicas em África 2012, lançado hoje em Arusha, considera-se que o flagelo da contínua instabilidade política compromete o crescimento da economia na Guiné- Bissau. Assim, as mesmas projeções apontam para que a taxa de crescimento do PIB passe de uns estimados 5,1 % em 2011 para 4,6% em 2012, e a inflação caia de 4,6 % para 3,4 % no mesmo período. Lusa
A Guine e Africana, pertence a CEDEAO e assim vai continuar para sempre
Voces que hoje falam de democracia e constituicao devem e ser hipocritas ou querem poro e simplesmente ignorar a verdade......
num pais democratico e de direito, o Cadogo nunca devia ser primeiro ministro em primeiro lugar, pelo que todos nos sabemos do passado dele com o ditador sanguinario NINO VIEIRA, empobreceu os cofres do estado, levou muitas empresas a falenca, tudo isto emcoberto pelo ditador; a quando das eleicoes, ele era o primeiro ministro, e sabemos que a constituicao disse que ele nao estava apto para canditar a nenhum outro cargo; ele usou a "forca e dinehiro roubado ao povo para impor)
num estado de direito e democratico, a morte por assissanato de uma so pessoa sem que tenha resultado em acusacoes, pode fazer cair um presidente, primeiro ministro e o seu governo, ora na Guine foram mortas 19 pessoas ( falamos de numeros por defeito), incluindo um presidente, um chefe de estado maior, um canditato a presidencia, e um deputado ,
so isso per si poderia servir de argumento suficiente para afastar cadogo do seu lugar, mas o coitado do povo esta feito de refen por CADOGO, por que ele e que tem o dinheiro do povo na mao dele e ele da de comer a quem bem entender, por isso usou a sistema maos ao ar no voto do seu partido, porque sabe que paga todos do seu bolso e ninguem ousaria disafia lo........
Para exemplos temos que ser exemplar, quando ele faz tribalismo nomeando so "gente de praca" do seu circulo, ignorndo 98% dos outro Guineense, ele nao e tribalista, mas quando o Kumba nomea 5 balantas e e tribalista, sera que voces teem o sonho de pensar que vamos deixar a Guine em vossas maos para convidarem os vossos padrinhos "coitados/Tugas" que ja falharam redondamente na sua aspiracao de EUROPA, para apropriarem da guine como vosso Quintal enquanto continuamos a servir de espetadores tal como foi durante a colonizacao e pos Independencia?
O Cadogo deve ser responsabilizado por isso, e a CPLP que se cuide com a sua organizacao sem cabeca...
A Guine e Africana, pertence a CEDEAO e assim vai continuar para sempre
VIVA O POVO DA GUINE
VIVA UNIDADE NACIONAL
VIVA A JUSTICA
Abaixo os complexados de Raca
abaixo os sanguinarios
Oremos pela paz e justica
Donkuor Mbalo
Tokyo
Japan
O MEDO
Medo, esse sentimento que nos priva da liberdade, como todos sabemos.
É este sentimento que neste momento está a tolhir a liberdade aos guineenses, permitindo-se ser humilhado, amordaçado e impedido de gozar a plenitude dos seus direitos como um povo livre que deseja a democracia.
Medo, esse sentimento que não pode tornar-se num direito que convive diariamente com o povo guineense. Mas, sabemos que a intimidação e o abuso das forças das armas, estão a ser transformados em direitos adquiridos pelos militares guineenses e é esse abuso e a impunidade que importa hoje, todos os guineenses combaterem.
"As massas humanas mais perigosas são aquelas em cujas veias foi injetado o veneno do medo. Do medo da mudança." (Octávio Paz)
Sei que o meu povo, o povo guineense não tem e jamais terá medo da mudança! Acredito no povo no seio do qual nasci e cresci até os meus 18 anos. Também acredito na mudança, porque ao longo da minha curta vida empreendi várias mudanças que me permitiu ser o adulto livre que hoje sou. O povo guineense também só precisa vencer o medo das armas, irresponsavelmente autorizadas nas mãos dos criminosos e, empreender mudanças com vista a conquistar a plena liberdade na vida e na sociedade Bissau-guineense.
"No fundo, sabemos que o outro lado de todo o medo é a liberdade."
(Marilyn Ferguson)
A liberdade, o tão desejado direito e estado da alma dos cidadãos, de uma sociedade e de todo um povo. A liberdade de expressar as ideias, a liberdade de aglomerar e manifestar-se, sem que nenhuma agressão de loucos armados nos interrompa. A liberdade de andar nas ruas do próprio país, a qualquer hora do dia, sem que ninguém nos incomode, independentemente do Partido politico a que pertencemos, ou ideias que tivermos manifestarmos.
A liberdade, o tão ambicionado estado da alma, é irmã gêmea dos direitos. Direitos, esse irmão da liberdade, de tão difícil conquista da sua amizade, não anda sem a sua irmã liberdade. Mas, para encontrar esta, é necessário primeiro conquistar o seu irmão Direitos. Infelizmente, esses dois irmãos gêmeos abandonaram a Guiné-Bissau no dia 12 de Abril do corrente ano, mas não tenho dúvidas que é com bilhetes de regresso. Só não sabemos a data que eles vão regressar. Mas, temos consciência que pode demorar, porquanto o medo e a intimidação constituirem um direito e o povo guineense continuar a não querer conhecer o outro lado do medo, onde resplandece a liberdade… Mais difícil se torna o regresso dos “irmãos liberdade e direitos”, quando ainda existem conterrâneos que insistem em confundir os seus irmãos sobre o conceito da liberdade e direitos, usando ódios e quezilhas pessoais, para tentarem legitimar toda a acção armada que tolhe a população dos seus direitos, garantias e liberdades e dessa forma assassinar a democracia na Guiné-Bissau. Será que, para combater as supostas ilegalidades de um Primeiro-Ministro, vale tudo, inclusive oprimir o próprio povo?
Não gosto dos donos da verdade, quaisquer que sejam eles. Assustam-me e me entediam. Sou fanaticamente antifanático.
(Luís Buñuel).
Mas, a mediocridade tem dessas coisas! É pela mediocridade e não só, que os militares embarcaram na manipulação dos cinco candidatos derrotados na primeira volta das eleições presidenciais.
E é pela mediocridade que vimos partidos politicos sem representação parlamentar assaltarem a Assembleia Nacional Popular, local onde o povo nunca os permitiu sentarem para discutirem o destino do país…
Também, acredito sériamente que é pela mediocridade que alguns cidadãos hipotecam alguns valores morais e preferem defender uma ditadura declarada pelos militares, do que uma democracia deficitária com os lideres que o povo escolheu.
Como o guineense comum era feliz, se visse os governos a serem derrubados através de Moções de Censura e a serem criados Governos de Salvação Nacional, com base no diálogo dos partidos com representação parlamentar, em vez do Primeiro-Ministro e candidato a Presidência da República e ainda o Presidente da República interino serem subitamente levados através da força das AK-47 e tiros de bazuca! Se nos dessem a votar, garanto-vos que aceitavamos de muito bom grado, mandar o Paulo portas para a Guiné-Bissau e transferir o António Indjai para a Madeira e o povo guineense saíria a ganhar…
Termino apelando ao sofrido povo guineense, para lutarem de forma abnegada contra o medo e a mediocridade, permitindo dessa forma o rápido regresso à nossa pátria dos irmãos direitos e liberdade…
"Tenho mais medo da mediocridade que da morte." (Bob Fosse)
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