segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ah, Dakar...perdão, Bissau

Manhã cedo, o telefone toca: 'Há tiros na zona do Alto Bandim'... E eu com isso?
Acordei cedo, pouco antes das 8 da manhã. E não posso dizer que tive uma boa noite de sono. Porque não tive. Depois de escrever o post que hoje leram, deu-me um ataque repentino de frio. Desliguei o ar condicionado e enfiei-me na cama com as calças e a t-shirt vestidos. Quando acordo...tinha a cama completamente encharcada. Parece que foi cansaço: saí de Bissau às 6 e qualquer coisa da madrugada e só cheguei a Dakar às 22h... Contudo, nada me pára. O Toyota está na oficina. AAS

Para começar: pode ser um mau sinal

A minha aventura num Toyota Camry CE, para chegar a Lisboa, não podia ter começado da pior maneira.

Saí bem cedo de Bissau. Em S. Domingos, visitei o meu bom amigo Otávio onde bebi 2 nescafés. Às 9:30 da manhã, arranquei rumo à fronteira de N´Pack. Desta vez e ao contrário da última visita que fiz a Dakar, empurrado por alguns amigos, lá fui por Binjona. E tudo começou a correr mal.

Cheguei a Banjul e rumei para a zona portuária. A minha primeira impressão dos ferry boat? Óptima (que se lixe o acordo ortográfico!). E então, do nada, surge uma figura de tez escura (azul metalizado?), olhos vermelhos como os de um djambatuto que, sem sequer me cumprimentar, ofereceu-se para me meter no próximo ferry. 'Go, go!', gritava-me num inglês pior do que o meu... Não desconfiei dele. Mas devia.

Assim que engato a mudança no D e arranco, ouço pancadas no porta bagagens. Era alguém, obviamente; Mas, o que quereria ele com aquela atitude? Assustar-me? Eu mesmo? Nããããã.

Saí disparado do carro e grito o meu já conhecido «fuck!» (o meu inglês não vai muito por aí além, mas ocorrem-me outras palavras como «bullshit», «fuck you», «Motherfucker». Ou esta, especialmente reservada aos francófonos: o «casse-toi pauvre con!».

Ele encara-me pela primeira vez. Encaramo-nos. E surge mais um. Eram polícias da imigração. Num ai, pede-me os documentos do carro e depois que saia do carro. «Não confio em ti», disse-me. De facto, ninguém confiaria em mim com este ar de vagabundo pedrado! Expliquei-lhe por que razão estava naquele momento na Gâmbia e contei-lhe o meu percurso. Nada.

DROGA. «O não confio em ti» afinal queria dizer «tens droga escondida algures, no carro». O tanas é que tenho. «Vai buscá-la», ripostei. E o que eu fui dizer. Três horas depois (3!), o meu carro ainda era minuciosamente revistado, até esvaziaram o pneu sobressalente!!! Depois, quando viram que não havia droga nenhuma (ou, como não viram droga nenhuma, o que vai dar ao mesmo...), lá me contaram a verdadeira farsa, que eu tardava em descobrir: sacaram-me 1.160 Dalasi, o equivalente a 20.000 fcfa. Menos maus, pensei. Quero sair daqui, e já! - pensei.

A REVELAÇÃO: Na semana passada um cidadão guineense foi preso no mesmo porto, quando descobriram numa revista de rotina ao seu automóvel, cocaína. Pagamos todos, ok, ok.

Entretanto, havia já perdido 3 ferry's. E o pior estava para vir. E havia de perder mais um ferry. Afinal, hoje (2ª feira) o presidente-feiticeiro Yayah Jameh irá fazer um périplo por mar a todos os recantos (os que contam) do País. E por isso, o porto estava cheio de militares, de carros militares, de carros do Governo, ambulâncias, e até postos de iluminação móveis alimentados e 'pregados' a enormes geradores brancos.

«Go!, go!...fast, fast my brother» - udju di djambatuto de novo. Sentia-se agora rico com os 580 dalasi no bolso. Os meus dalasi!!! E até já havia comprado um tubo de pasta de dentes com o sugestivo nome...Angola (quem lava mais branco?).

O meu carro foi o segundo a entrar no ferry, logo atrás de um carro do Governo da Gâmbia (na foto). Estaciono uns 20 cm atrás - ordens do arrumador. E sinto um baque e dou um salto dentro do carro: olho e não queria acreditar no que os meus lindos olhos viam: tinha a traseira do enorme Land Cruiser 'sentado' no capot do meu carro!!!

O condutor saiu calmamente - eu já estava aos gritos e aos berros, estava até capaz de o atirar borda fora, olhou para o disparate que acabara de fazer, e voltou a entrar no Land Cruiser e encaixou a primeira e saiu calmamente. De cima do capot do meu carro, bem entendido.

Eu, apenas queria a polícia. Mas qual polícia? Na Gâmbia, disse-me um guineense que também ia atravessar, há um enorme respeito pelo Estado. Ou seja: um carro do Estado gambiano faz o que faz ao meu carro, e fica assim: não aparece a polícia e quem arde é o bacalhau!

Vou fazer uma exposição à nossa embaixadora na Gâmbia, com conhecimento da Embaixada da Gâmbia em Bissau e do Ministério guineense dos Negócios Estrangeiros. Ainda bem que há carros do Governo da Gâmbia em Bissau...

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E o capot? Bom, até agora, não abre. Resultado: Tive que fazer um desvio para entrar em Dakar (a rota seria Kaolack, Thies, St. Louis e, depois, entrar na Mauritânia e atravessá-la logo, logo). Amanhã, oficina (o que é bom).

MAS NEM TUDO É MAU

Em Dakar, hoje e amanhã, por causa do bate-chapa e de uma ou outra afinação, ficarei sumptuosamente instalado no quarto 421 do Le Meridien President, e a dormir numa cama do tamanho do meu quarto de Bissau!!! Ah, pois - querer é poder!!!Embrulhem, e muito boa noite para mim!

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Uma coisa é certa: vou amar cada kilómetro que percorrer.

P.S. - O próximo alvo: Mauritânia, e, a seguir o monstro: Marrocos - cerca de 3000 kilómetros. Há, contudo, uma coisa que não posso perder aqui: a paciência. Caso contrário, estarei fo-di-do (perdoar-me-ão...mas já viram a que horas escrevi este post?!).AAS

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Cônsul da Guiné-Bissau em Piacenza indiciado pela polícia italiana

Agentes da DIGOS (polícia especial de investigação do Estado) entraram ontem no escritório de Luciano Zilocchi, onde funciona o consulado da Guiné-Bissau, em Piacenza, Itália, e confiscaram várias pastas com documentos. Esta busca e apreensão de documentos foi confirmado por Michelle Morenhi, advogado de Luciano Zilocchi:”Existem investigações em curso”, disse, preferindo, contudo, manter em segredo as razões da mesma.

Segundos relatos, duas razões podem ter estado na origem desta investigação policial: a primeira tem que ver com o cargo de Cônsul que Zilocchi ocupa vai para mais de 20 anos (o advogado põe essa possibilidade de lado, uma vez que o seu cliente foi nomeado por Decreto Presidencial e a pedido do Estado da Guiné-Bissau); a segunda, tem que ver com os investigadores: querem investigar a fundo o trabalho do Cônsul, que, durante mais de 20 anos processou vários documentos, incluindo a emissão de passaportes da Guiné-Bissau). Para já, Luciano Zilocchi fecha-se em copas. Mas falará quando a Justiça o intimar.

Ontem mesmo, ditadura do consenso alertava para as situações dos consulados da Guiné-Bissau em Piacenza e Roma... AAS

Quantos somos? 1.520.830 habitantes. Só em Bissau habitam 387.909 almas, cada uma com a sua dor... AAS

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Dolce fare niente

As autoridades italianas recusaram, diplomaticamente, a abertura de uma embaixada da Guiné-Bissau em Roma. "Não é a altura adequada", responderam à solicitação manifestada por Bissau.
As más condutas dos cônsules Luciano Zilocchi (Piacenza) e Roberto Tomsini (Roma) estarão na base desta recusa pela parte italiana. Recorde-se que o Presidente 'Nino' Vieira, durante uma estadia em Itália, havia solicitado o encerramento dos dois consulados. Até hoje... A 'resposta' italiana aí está para lhe dar razão. AAS

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sr. Presidente da Câmara Municipal de Bissau: Acredite se quiser...

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E foi mesmo isto que os meus olhos viram. Hoje, no terreno onde está a nascer o 'Kilimanjaro do Lixo', em plena cidade de Bissau, na Av. D. Settimio Ferrazetta, populares surpreenderam e caçaram um... crocodilo! Havia mais um mas deu à sola. Apanham-no um dia desses. AAS

Djintis sta ku elis

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Ronka força di manpassada

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...Querer é... poder!

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Dutur...bu tené suma és mé?! AAS

Anda tudo doido. Só pode!

Ontem, foi a tropa - reincidente por duas vezes - num confronto violento com a polícia. Balanço: 3 feridos, um dos quais ainda em observação.
Hoje, enquanto o parlamento se preparava para ouvir os ministros da Defesa e da Administração Interna, outra bomba: Conduto de Pina, deputado da Nação, informava a plenária isto: "Fui agredido VERBALMENTE por dois altos funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros, entre eles o próprio director do gabinete do Ministro". Tudo por causa de uma lei sobre... Protocolo de Estado (violado pelo mesmo Governo na tomada de posse do Presidente da República, Malam Bacai Sanha). Tem a palavra o Ministro Adelino Mano Queta. AAS

terça-feira, 6 de julho de 2010

Milagre em Safim

O enorme poilão na saída de Safim - isto para quem vai no sentido de Nhacra - implodiu esta noite, há cerca de 20 minutos. Felizmente não houve vítimas humanas a lamentar, embora algumas habitações tenham sido atingidas.

Para já, ninguém passa para Nhacra. Pelo menos esta noite. AAS

domingo, 4 de julho de 2010

É isto que se esperava do Presidente de todos os Guineenses

"Uma coisa é querer, outra coisa é poder", disse o Presidente da República da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanha, referindo-se às críticas de anormais sobre nomeação do novo chefe militar guineense, Tenente-General António Indjai. "O que eu posso dizer foi aquilo que eu disse à plenária, que efetivamente uma coisa é querer, outra coisa é poder fazer", afirmou

Nunca ouviram...«Os cães ladram e a caravana passa?» Bem haja, Presidente. AAS