sexta-feira, 12 de junho de 2009

Agora baralho eu...

Se Hélder Proença entrou em territorio guineense ja de noite, entao... alto e para o baile: teria de, primeiro, passar pela policia ou gendarme do Senegal, nao é? É, parece obvio. Entao, um ou outro teria de ajudar, nao é assim mesmo? É, é mesmo assim (pareço que estou a ouvir, leitores). Alo, alguêm desse lado... pa ruspundi povo? E o Senegal? Tem algo a esconder? (a vodca depois de dois whiskyes, ja mo tinham dito, da nisto). AAS

Gravaçoes do Serviço de Informaçoes do Estado: deixem-me rir...

A 'conversa'-entrevista com Helder Proença, gravada pelos Serviços de Informaçoes do Estado, e divulgada via radio é tao ma, mas tao ma, que o(s) seu(s)s autor(es) deviam mas é ser enforcado(s)!

Se a ideia era elucidar-nos, deixaram-nos foi boquiabertos com tanta ma-fé e amadorismo do piorio demonstrados. Francamente!

Mas se por acaso a ideia fosse para mostrar brio, entao alto ai: borraram a pintura toda! Nha mae, se este é o serviço de informaçoes da Republica, duas palavrinhas: estamos fo-di-dos (escrevo assim, por silabas, porque, de quando em quando, la vem o 'blogger' avisar-me para a 'violaçao do codigo conduta'. Entao, assim, nao violo nada e fica tudo bem: fo-di-dos, e ta-se bem).

Das duas, três: ou o SIE esta a ser usado por terceiros; ou esta a fazer figura de parvo porque é...parvo; ou, o que é ainda mais grave: nenhum de nos esta a salvo de ser 'entrevistado' por telefone e...morto de seguida! As 'provas' chegam depois, cheias de ruido, quase imperceptiveis.
E, o analfabeto, que é o grosso do povo fica, uma vez mais, entre uma espada de dois gumes! (porra!, o que dois whiskyes nao fazem). AAS

quinta-feira, 11 de junho de 2009

A agência LUSA mentiu

Hoje, a agência estatal portuguesa de informaçao - Lusa, faltou à verdade com esta (falsa) noticia:

"Koumba Yalá troca almoço com UE por campanha eleitoral

Guiné-Bissau, 11 Jun (Lusa) - O ex-Presidente da Guiné-Bissau e candidato às presidenciais deste mês, Koumba Yalá, ignorou hoje o convite para almoçar com diplomatas europeus na embaixada espanhola, optando por acções de campanha eleitoral, disse à Lusa fonte diplomática.
Uma fonte do PRS, o partido de Koumba, confirmou à Lusa que o almoço não se realizou mas não adiantou explicações.
O almoço, em que participariam Espanha, como "presidente" da UE (de facto, o país da UE representado em Bissau mais perto de assumir uma presidência), Portugal e França, tinha sido divulgado por ambas as partes e finalizava uma reunião de coordenação daquelas embaixadas sobre a situação política na Guiné
Bissau
".


A noticia é falsa como judas, porque a propria embaixada (que formalizou o convite), reconheceu a falha na passagem da informaçao.

O convite existiu de facto, mas a informaçao foi mal passada ao PRS.E ja esta, de resto, agendado, o almoço que era para ter lugar hoje entre Koumba Yala e os embaixadores de Portugal, da Espanha, da França e da Uniao Europeia.A agência nao se deu sequer ao trabalho de falar com o porta-voz do candidato, embora tenha dito que "telefonaram". Outra mentira da Lusa, e de quem a serve.So assim se compreende que, volta e meia, haja 'conflitos' entre a Lusa e instituiçoes guineenses.Koumba Yala (e o PRS) tem o maior respeito e consideraçao pela Uniao Europeia - um dos maiores doadores da Guiné-Bissau, e pelos paises que dela fazem parte.O PRS espera da agência Lusa um maior profissionalismo, e mais responsabilidade neste momento delicado da vida da Guiné-Bissau. AAS

Porquê?

Photobucket

Os militares estenderam uma cilada a Hélder Proença e mataram-no. Convenceram-lhe da existência de uma grave e irreconciliável contradição entre António N’djai e Zamora Induta. António Injai, como verdadeiro detentor de poder militar, herdado da organização concebida pelo próprio Hélder Proença, na altura contra ‘Nino’ Vieira, de quem era Ministro da Defesa, ia então separar-se de Zamora Induta, conotado como muito próximo de Carlos Gomes, inimigo mortal de Hélder Proença e Nino Vieira.

Os serviços secretos já haviam instrumentalizado Tagmé na Wai até à data da sua morte com falsas informações - quer sobre a(s) bomba(s), quer sobre a responsabilidade de ‘Nino’ Vieira na tentativa de assassinato do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (CEMGFA). Conheciam a firme determinação do Hélder Proença em derrubar o Governo de Carlos Gomes e de afastar Zamora da chefia militar. Então, prepararam uma longa e paciente cilada, destilando falsas informações sobre tensões nos quartéis, ora nos Pára-Comandos, ora no próprio seio do Estado Maior. Simularam que um falso golpe de Estado estva em preparação e convenceram-no de que ele fazia parte da solução.

Hélder acreditou e sucumbiu porque António N’djai falava com ele regularmente e deu-lhe garantias, isto após receber da parte do antigo ministro informações que apontavam Zamora Induta e Carlos Gomes como sendo os verdadeiros mandantes do duplo assassinato de 1 e 2 de Março em que foram assassinados Tagmé Na Waie e ‘Nino’ Vieira, CEMGFA e Presidente da República respectivamente.

O começo da trama

Quando atravessou a fronteira, na noite da quinta-feira, Hélder Proença foi recebido por um grupo de militares ditos “descontentes” que deviam conduzi-lo a um encontro com António N’djai. Trouxeram-no até à sua casa e depois levaram-no para as instalações da base aérea, em Bissalanca, onde, para a sua surpresa foi apresentado a Zamora Induta. Eram 23H30. Nesse instante Hélder Proença apercebeu-se da cilada que fora montada, mas já era tarde de mais. Foi humilhado, espancado e depois assassinado uma hora mais tarde, em Braia, ponta de Augusto Dama, entre João Landim e Bula.

Hélder chegou de Ziguinchor sozinho e desarmado, conduzido por Lamine, um motorista senegalês. A travessia da fronteira num momento em que esta estava fechada foi facilitada pelos serviços secretos guineenses, através dos chamados ‘soldados revoltados’, fiéis a António N’djai. As duas pessoas que com ele foram abatidas eram o seu condutor pessoal, que o foi buscar a N’pak, na companhia de um amigo com quem se encontrava a confraternizar num dos bairros da capital.

Assassinato selectivo ou limpeza política

O comunicado do Ministério do Interior, a seguir aos acontecimentos, denuncia uma alegada tentativa de golpe de Estado, justificando as mortes registadas com alegadas resistências no momento da prisão dos implicados. Ora, segundo informações e fontes contraditórias, nem se podia falar de uma tentativa iminente de golpe de Estado, nem da resistência das pessoas abatidas.

Nenhum militar foi preso, nem mencionado como fazendo parte da conspiração, o que causa sérias dúvidas quanto à versão governamental dos acontecimentos. As fontes conhecedoras da vida e da história política nacional garantem que Baciro Dabó e Hélder Proença jamais se juntariam em qualquer projecto, nem político, nem económico, por divergências antigas e bem alicerçadas. Aliás, em 2006, Baciro Dabó, então Secretário de Estado no Ministério do Interior havia acusado Hélder Proença e Tagmé Na Waie de estarem a preparar uma conspiração para derrubar o presidente Nino.

Da mesma maneira, estranha é outra associação: a de Hélder Proença com Faustino Imbali. Conclui-se então que esta operação dos militares visava tão apenas assassinar algumas personalidades que inquietavam, tanto mais que pouparam a vida a Faustino Imbali, gesto por muitos comentado com a expressão 'pacto de Nhinte'.

O assassinato de Hélder Proença tinha sido inicialmente concebido como sendo uma operação de gangsters: começa com um rapto, seguido de homicídio, com balas alvejando certeiramente o coração dos três homens no flanco esquerdo, o que desacredita a tese de resistência, e a subsequente troca de tiros. Depois, o corpo das vítimas são abandonados na estrada (testemunha de amadorismo, crueldade e de falta de respeito à dignidade humana, mas sobretudo, expressão de que ninguém teria de prestar contas pelo ocorrido. Alguns minutos depois, o corpo é recuperado pelos malfeitores que o foram deitar num contentor de lixo, no Hospital Central de Bissau).

Como se pode conceber uma actuação destas por parte de uma instituição do Estado, de uma organização responsável? Como é que o Governo pode endossar a responsabilidade não só do assassinato mas também do vexame a que foram submetidos os restos mortais destes cidadãos? Como se disse em alguns círculos diplomáticos, as forças armadas guineenses tornaram-se num perigoso bando de malfeitores.

Os militares e o Governo enfrentam dificuldades para justificar os acontecimentos da semana passada. Falam de uma gravação, mas não se apressam a difundi-la através dos órgãos de comunicação estatais. Quiseram o apoio dos serviços do Ministério do Interior, alegando que foram estes que solicitaram a intervenção dos militares, mas o Director Geral da segurança, Antero João Correia, recusou esta tese e não assinou o comunicado preparado pelos militares, razão pela qual se encontra detido.

Mesmo admitindo a tese de golpe de Estado, muitas dúvidas ficam por esclarecer: qual era o grau de preparação? O perigo era assim tanto? Que forças estavam envolvidas (militares, bem entendido)? E porque é que nenhum militar foi preso? Porque é que as pessoas foram abatidas se já estavam detidas? Todas estas questões conduzem à conclusão de que não houve tentativa de golpe e nem foi essa a razão dos assassinatos. Houve, isso sim, um ajuste de contas e uma operação de limpeza política.

O assassinato dos dois ex-ministros e eminentes personalidades políticas suscitou tristeza e muita indignação, senão mesmo revolta na sociedade guineense. Mortes injustificadas, dizem alguns e limpeza política, dizem outros. Uma multidão inesperada acorreu à pequena morgue da capital para prestar homenagem às vítimas daquilo a que eles agora chamam de “esquadrão da morte”.

Quer Hélder Proença quer Baciro Dabó eram personalidades de proa e muito populares, não só como políticos mas também como destacadas figuras do mundo cultural. Hélder era poeta. Baciro era músico.

Quando muitos guineenses julgavam que as matanças haviam terminado com o desaparecimento de 'Nino' Vieira, os factos infelizmente confirmam que a violência política faz parte da idiossincrasia guineense, lembrando o assassinato de Amílcar Cabral, Honório Sanchez Vaz, Cesário Carvalho de Alvarenga, Paulo Dias, Momo Turé, José Francisco, Osvaldo Vieira, Paulo Correia, Viriato Pã, Ansumane Mané, Veríssimo Seabra e tantos outros actores importantes da vida política nacional.

Há, porém, uma constante: o papel dos homens da farda, que se transformaram em verdadeiros assassinos em série. Impotentes perante esta situação, cresce a legião de guineenses que reclamam a vinda de uma força internacional tal como aconteceu em Timor Leste, evitando o completo afundamento do Estado guineense.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Aperta lá o bacalhau, pá!

E pronto: a Embaixada de Portugal não me deu, este ano, motivos (menos bons) para partilhar com os meus leitores. E agora? Digo-lhes o quê mesmo? Mau, Maria!
Bom, digo aos leitores que, para além das dezenas de patos (e patas) sacrificados e dos pobres bacalhaus, nada mais ha a acrescentar. Nada de expulsões e faltas de educação a compatriotas...
O embaixador quer, e bem, limpar a triste imagem deixada pelo bigodes. E ditadura do consenso bate palmas. AAS

Hoje é 10 de Junho

Dia de aniversário do meu irmão do meio, de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas (com o outro embaixador - o tal do bigode farfalhudo meio ruivo, meio branco - teria de acrescentar 'expulsão').
Bom, mas a Embaixada de Portugal (uma vez mais) não me convidou para o cocktail. Isto mostra o sinal de grande respeito que tem por mim... AAS

terça-feira, 9 de junho de 2009

PR mantém data para eleições. CEMGFA, Zamora Induta, falou mas nada disse de verdade

... O todo-poderoso Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas interino, Zamora Induta, (que fala como chefe do Governo e Presidente da República), elucidou-me de vez. NÃO acredito em nada daquilo que Zamora diz:

"Os militares estão a fazer o seu trabalho" - Imaginam o trabalho, não?

"Haverá segurança na campanha para todos os candidatos" - Mas é mentira!

- Presidente da República, Raimundo Pereira, mantém a data de 28 de Junho para a eleição presidencial, e pede celeridade no inquérito para saber quem mandou matar Hélder Proença e Baciro Dabó. AAS

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O que é nacional nao é bom

Sao quase duas da manha. E eu acordado. E nu - literalmente. No radio, uma merda qualquer passa. Tudo é imperceptivel. Olho pelas duas enormes janelas do meu quarto - sem gradeamentos. A lua cheia emite uma luz estranha, meio envergonhada. Parece estar em guerra com as nuvens que teimam em aparecer. Aposto aqui: as nuvens ganharao. E vai chover. Nao sei quando (alias, aqui, a chuva nao tem hora marcada...)

EU SOU DO TIPO '8 OU 800'

- Ontem, jantei com duas pessoas (quem eram? Onde jantaram?). Com quem jantei, nao digo; quanto ao local...e que tal no Mc Donalds?) - tudo isto para vos dizer "nao queiram saber". O jantar nao foi la grande coisa; a conversa, sim. Sempre foi, alias. E falamos de mim (também nessa noite, mas noutro restaurante, falamos de mim) - ou seja, tornei-me numa estrela rock! Ami propi? Uai ohh

Assim sendo, comecei pelo fim e fiz uma unica exigência, digna de uma estrela:

- Também quero uma estatua! (so nao me deixem deitado, dentro de um caixote, com as botas de fora, durante 23 longos anos, com ratos a correr desalmadamente que aquilo mais parecia uma corrida de F1...). Era so. AAS

Estou cansado. De ver morrer gente. Amigos. E de ir a funerais. Poupem-me. Nao aguento mais emoçoes destas. AAS

ULTIMAS: Iaia Dabo, irmao do assassinado Baciro Dabo, esta preso. Funeral de Hélder Proença é hoje, às 16h. AAS

domingo, 7 de junho de 2009

7 de junho, 11 anos depois: o resultado esta à vista - matanças e mais matanças. Mas, a verdade é que tudo começou com o 14 de Novembro de 1980... AAS

Estao detidos: Faustino Imbali e Antero Joao Correia*

Antero Joao Correia - Director-geral do Serviço de Informaçoes do Estado (SIE), foi detido por se ter recusado a assinar o comunicado que, curiosamente, foi emitido pelo SIE e assinado pelo seu...adjunto, Samba Djalo.

Faustino Imbali - Antigo primeiro-ministro, é presidente do partido Manifesto do Povo. AAS

sábado, 6 de junho de 2009

Quando o Senegal fala, interessa à Guiné-Bissau...

O embaixador do Senegal na Guiné-Bissau e general na reserva, Mr. Dieng, questionou, à saida do encontro do Governo com o corpo dilomatico acreditado em Bissau: "Sera que em democracia os militares podem invadir a casa de alguém e mata-lo?". E perguntou: "Sera que tinham um mandado de captura?".
Tem a palavra o Governo. E a tropa, claro.

* O funeral de Baciro Dabo é no domingo (amanha); o do Hélder Proença, na segunda-feira.

DESAFIO À ASSEMBLEIA NACIONAL POPULAR

Façam um REFERENDO a perguntar ao POVO se precisam das Forças Armadas

AAS

Roberto Ferreira Cacheu e Francisco Conduto de Pina estao sob protecçao da Diocese de Bissau. AAS

Comfortably Numb*

Lembro-me de, em criança, gritar como se não tivesse alma ao ser literalmente arrastado pelos corredores das urgências do hospital Simão Mendes em direcção à vacina. Ainda hoje, não sou amigo das agulhas. Contudo, guardo as sábias palavras de um médico: “A pica vai doer. Mas dói muito mais a doença que com ela evitaremos”.O berço trouxe-nos promessas de amor mas também de dificuldades. Ambas se cumpriram. Nascemos do lado onde não abunda a sorte. Foi assim com todos nós. Ainda é assim com demasiados. Mas, um dia, pode ser que todos nos unamos para contrariar as coisas.Os guineenses parecem ter sido anestesiados com ansioliticos e com anti-depressivos. Pois só assim se explica o terrreno ‘fértil’ criado pelos nossos políticos, arrastando os militares para a chacina. Um terreno que nos afasta de nós próprios, do confronto com aquilo que somos e queremos ser, da análise daquilo que queremos perante o que devemos ser.Com o nosso extremismo, conseguimos diluir a nossa identidade. Concordamos sempre com quem está à frente. Pensamos o que todos - e cada um de nós - pensa. Queremos o que todos querem. Somos o que todos são. Estamos confortáveis mas estagnados.Quantas vezes – e sempre sem o saber – procuramos viver no limbo, na zona cinzenta, sem compromissos, sem tomadas de posição, sem Verdade e Justiça, apenas com umas verdades mutáveis e justiças relativas? Quantas? Assinamos sempre por baixo um pacto de silêncio, de resignação em relação ao que a própria vida de nós exige?Guineenses, caros compatriotas:Ou fazemos a revolução democrática, ou a revolução atropela-nos! AAS(*) Confortavelmente dormente (expressão muito usada pelos anglo-saxónicos). AAS