Como não consigo dormir, alguém tem de pagar. AAS
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Foi por causa do burro ou da doente?
O Ministro da Administração Territorial chorou no Leste do País. Verdade! Durante uma visita a uma povoação, Baciro Dabó foi surpreendido pela chegada de um burro (um de 4 patas) transportando uma doente. O burro, ao que conseguimos apurar, nem deu pela presença do ministro, «pois acabara de percorrer uma distância» - soube depois o membro do Executivo - «de 15 estafantes Kms».
O choro do ministro deixou meio mundo perplexo e a indagar se Baciro não estaria a chorar mais pelo sofrimento do burro do que da doente propriamente dita... Bocas nossas!
Para se acabar com a especulação, rogamos à PGR que mande abrir um inquérito para se apurar a verdade. AAS
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Exclusivo: Mudança de símbolos nacionais
Reunido o Conselho Embaló(u), decidiu-se:
Que
1 - A República da Guiné-Bissau passe doravante a designar-se:
1.a) - República da Guiné-Embaló(u);
2 - A Bandeira, rectangular e em forma de mesa (para que todos possam comer) mantém as três cores e a inscrição:
República da Guiné-Embaló(u).
3 - Cores:
3.a) - Vermelha
3.b) - Verde
3.c) - Amarela
Este Decreto entra imediatamente em vigor. Cumpra-se. Ou não.
AAS
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Nao, obrigado
CNN - É verdade que o senhor Carlos Gomes Júnior, Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau quer convidar-te para Director-Geral da Televisão Pública? Tem alguma coisa a dizer?
António Aly Silva: Tenho. Primeiro, agradeço à CNN a oportunidade para também dizer Yes, we can. Respondendo propriamente à sua pergunta: Sr. Primeiro-Ministro, o convite, a existir, deixa-me preocupado. Mas então, e o resto dos seus familiares? Inaugurou uma morgue há dias, que com toda a certeza precisará de um gestor ou administrador...
Sonhando(*)
Num sonho doce e manso, contigo sonhei. Sós, numa piroga, navegando, bamboleando ao ritmo da ondulação. Sós. Juntinhos, qual obra do acaso. Tão quedos e embrenhados na sã pureza dos nossos pensamentos, que os remos apenas serviam para dar direcção ao nosso pequeno veleiro frágil, frágil como nós... sós, juntinhos qual casal de pombos no seu lazer quotidiano. Enfim, sós... eu juntinho a ti, tu juntinho a mim. Só o chilrear das aves quebravam, de quando em vez, a monotonia.
A uma ilha deserta nos empurrou, descuidadamente, a correnteza e lá, mais sós ainda, sem a piroga, que uma leve brisa para longe de nós afastou. Estávamos resignados com a solidão. Tombou de repente sobre nós a noite, como que para dificultar a visibilidade dos curiosos peixinhos que emergiam da água e das multicolores aves que pairavam sobre nós, ou passavam em vôo rasteiro, lento e cadenciado.
Enfim sós. Tu junto a mim eu junto a ti e agora mais juntos ainda para melhor resistirmos à veloz brisa do leste e senti o teu bafo quente. Rocei, incrédulo, a tua macia pele e senti o teu calor, o palpitar atabalhoado do teu coração, o orfar sem cadência do teu peito...e ouvi, sem perceber, balbuciares algumas palavras, quando os teus braços, em torno do meu corpo cada vez mais me apertavam.
Acordei sobressaltado. Mera fantasia dos sonhos de criança. Não te vi. Não vi a ilha nem a piroga. Nem os peixinhos, nem as aves... Mera fantasia dos sonhos de criança.
António Aly Silva
(*) Texto escrito em 1996
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
O passageiro adiado(*)
Dafá Malamba é guineense, pintor da construção civil e não consegue levar para casa no fim do mês mais de oitenta contitos. Temos aqui um problema, pensou ele. Talvez emigrar, pensou ele outra vez. E, pensando, pediu o visto de abalada turística para Londres, onde vive um tio e uma caterva de primos.
Mas o tempo passava, a embaixada de sua Majestade não havia meio de se desengomar com o carimbo e Dafá desesperava. A ideia foi de «um grande amigo» cujo nome pede licença para não revelar. Afinal, se ele não ia roubar, mas procurar trabalho, se não ia viver na rua, mas em casa de familiares, que mal tinha se levasse o bilhete de identidade de um artista português? Mal nenhum, ora.
Da avaliação do risco à decisão de embarque foi um ai. E numa segunda-feira, pela frescura da manhã, aí está o nosso Dafá no Aeroporto da Portela. Na mão, o bilhete e o B.I. que o "transformava" de Dafá Malamba em José Petróleo da Silva... Parecia canja.
O agente do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) foi retirá-lo à fila dos viajantes-cidadãos da UE e perguntou-lhe se era português. Olha a pergunta, doutor. Portuguesíssimo e com muita honra.
O problema foi a falta de memória. José Petróleo de ocasião disse ter nascido em junho e não em julho como rezava o documento identificativo. Nem se recordava bem em que localidade nascera. "Foi a minha mãe que me tratou da papelada", garantiu. E sabe-se como há mães madrastas...
Aquela malta do SEF não brinca em serviço. Então o senhor tem aqui uma foto de bigode? Cortei-o, sr. doutor. E estava muito mais gordo quando tirou o B.I.... Tem razão, doutor, agora tenho comido menos, dificuldades da vida... Dificuldades que logo aumentariam com a detenção de Dafá, José durante tão breves e palpitantes minutos. No exterior do aeroporto, a família acenava ao avião no preciso momento em que o seu chefe seguia para os calabouços da PSP.
Dafé comparece em tribunal acusado de uso indevido de identificação alheia ou coisa que o valha. Em juízo, o guineense confessa o acto de que é acusado e o seu comportamento convence o meritíssimo de que não tem a exacta noção da gravidade do delito. O inspector do SEF confirma que Dafá, depois de apanhado, foi correcto e colaborou. O Ministério Público cumpre o seu papel com moderação e o oficioso advogado de defesa mete a voz para dentro ao pedir justiça.
O juíz não estava num dia de raiva. Lá fora, o sol ajudava e Dafá foi condenado em 20dias de multa a 600 escudos por dia, uma contrariedade de 12 contecos a juntar à interrogação do que fazer ao inútil bilhete de avião. "Agora veja lá, lute pela obtenção do visto e não se meta em mais trabalhos..." - aconselhou o juíz, em tom cordial. Por amor de Deus, excelência. Palavra de José, perdão... Palavra de Dafá.
António Aly Silva
(*) - Texto escrito em 1997, em homenagem aos nossos imigrantes.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Nunca serei uma vítima
O artigo «Um não lugar», deu lugar a uma catadupa de mensagens de e-mail, e eu tive a oportunidade de ler várias opiniões. E não respondo a nenhuma em especial.
Eis o que penso.
Nota-se que há cada vez mais gente a suspirar de saudade do tempo em que havia autoridade neste País. Eram tempos duros, diga-se. E sinistros. Mas havia autoridade, via-se. O mal, por assim dizer, estava circunscrito e claro.
Eu, hoje, continuo a preferir o lixo avulso que qualquer democracia representa ao silêncio imposto pelas ditaduras. As minhas qualidades - ter o hábito de dizer o que penso e de fazer o que digo, talvez não sejam as mais requeridas.
Lembro-me perfeitamente de, em certas ocasiões de crise política (perdi-lhes a conta) em que eu teimava em dar a cara e em bater-me pelos meus ideias e pelas minhas convicções, algumas pessoas diziam-me num tom quase paternal «vai, faz-te de vítima, queixa-te, pode ser que consigas 'vender' qualquer coisa».
Lá está. Não entendiam as minhas razões. As minhas razões sempre estiveram na linha da frente das minhas lutas. O tempo da verdade chega sempre, pelo que a honra tem que ser paciente. Nunca serei uma vítima. E é isso que, afinal de contas, o País não me perdoa. AAS
Eis o que penso.
Nota-se que há cada vez mais gente a suspirar de saudade do tempo em que havia autoridade neste País. Eram tempos duros, diga-se. E sinistros. Mas havia autoridade, via-se. O mal, por assim dizer, estava circunscrito e claro.
Eu, hoje, continuo a preferir o lixo avulso que qualquer democracia representa ao silêncio imposto pelas ditaduras. As minhas qualidades - ter o hábito de dizer o que penso e de fazer o que digo, talvez não sejam as mais requeridas.
Lembro-me perfeitamente de, em certas ocasiões de crise política (perdi-lhes a conta) em que eu teimava em dar a cara e em bater-me pelos meus ideias e pelas minhas convicções, algumas pessoas diziam-me num tom quase paternal «vai, faz-te de vítima, queixa-te, pode ser que consigas 'vender' qualquer coisa».
Lá está. Não entendiam as minhas razões. As minhas razões sempre estiveram na linha da frente das minhas lutas. O tempo da verdade chega sempre, pelo que a honra tem que ser paciente. Nunca serei uma vítima. E é isso que, afinal de contas, o País não me perdoa. AAS
Divulgamos a agenda do Primeiro-Ministro
Descobrimos a agenda do 1º Ministro. O homem tem mesmo muito que fazer. As nossas desculpas, e o nosso reconhecimento.
AAS
AAS
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
É mesmo!...
Desculpas. Depois deste sonoro PQP, passo a explicar motivo que me levou a ir aos arames. Entao não é que o Banco Mundial e o Governo decidiram desencantar cerca de 700 milhoes de francos para criar milionarios...senegaleses?
Eu explico: a EAGB e a SENELEC, empresas guineense e senegalesa, estatais, no ramo da electricidade, lá se juntaram e trouxeram por arrasto o BM e o Governo. Criam-se 'jobs', mas só para senegalês, que em troca prestariam "assistência técnica e comercial" à EAGB.
Desse bolo, 500 milhões servirão para pagar sumptuosamente os nossos vizinhos, que só nos fazem a vida negra nas fronteiras que partilhamos: 9 milhões será o salário mensal do 'boss', outros três levarão para casa (onde quer que isso seja) qualquer coisa como 7.5 milhões de fcfa, e os outros ainda cerca de 3 milhões... Digam lá se nao dá vontade de repetir: Puta que pariu! AAS
Um não-lugar
A Guiné-Bissau é uma ilusão, e a prova cabal de como de uma democracia musculada nasceu a força bruta de uma ditadura camuflada. A política é intenção. Um acto político, qualquer que seja, so o é se tem intenções políticas – se não, tem só consequências políticas.
Por cá, ainda continua a haver a necessidade de o político mostrar que é sério, sisudo, para as pessoas os levarem a sério e considerarem que são pessoas sérias e honestas. Que não são.
Por cá, um foi Judas e o outro Pilatos – com a agravante de nem um, nem o outro se terem arrependido. Não há na política homens perfeitos, nunca houve nem nunca haverá, mas há uma grande diferença entre os políticos: há os que se entregam à Nação, e há os que entregaram a Nação.
Hoje inventam-se ministérios com nomes duvidosos e esquisitos, siglas tristes e cinzentas, marcas de um País que desbotou, e que não interessa a ninguém, nem a ninguém consegue entusiasmar.
Tenho assistido ao triste espectáculo que é a tentativa de dominar as consciências humanas, ora pela imposição do silêncio, ora pelo ostracismo a que são vetados e condenados todos aqueles que – como eu – pensam fora do que convém às maiorias.
Por cá continuo, convencido de que há neste País gente séria e capaz, que quer trabalhar e provar que «yes, we can!»; o que não vejo é um programa nacional coerente, descomprometido, e comparando o que são as promessas (eleitorais e outras) e a personalidade com que um candidato que se disfarça, e o que ele é depois de eleito, converto-me sabiamente à solução anárquica...
Alterar este estado de coisas – está claro - é um desafio geracional de proporções bíblicas e implica uma revolução de mentalidades. Porém, também sei que para estes desafios não precisamos de um Estado gordo, nem de qualquer outra autoridade que não funcione.
Precisamos, simplesmente, de nós próprios: dos melhores filhos desta terra. Os mais bem intencionados.
António Aly Silva
Arte, arte
Agora é oficial: O logótipo da CERÂMICA DE BAFATÁ (CB), criado pela empresa AAS (eu!) - Comunicação, Publicidade & Design, vai ser a 'jóia da coroa' da CB, que já tem no porto de Bissau toda a maquinaria indispensável ao seu arranque. E os primeiros tijolos servirão - ah, patriotas! - para reconstruir a casa onde nasceu Amílcar Cabral, fundador das nacionalidades guineense e caboverdiana e que doravante será transformada em museu.
E cá está ele:
FOTO: Todos os direitos reservados.
E cá está ele:
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