quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Matemática do Boé...


Na sua ultima publicação, "la lettre du continent" informa os seus leitores que uma companhia petrolífera, a Oryx Petroleum, começou os trabalhos de exploração na Zona controlada pela Agência de Gestão e de Cooperação entre o Senegal e a Guiné-Bissau (AGC). Ainda segundo a revista, um poço pode mesmo ser explorado no horizonte 2014. Essas descobertas parecem promissoras, pois eles suscitam o interesse das autoridades dos dois países, que no entanto receiam qualquer anúncio mediático susceptível de activar os movimentos independentistas e reacções de certa facção das autoridades guineenses que não se revêm nesse acordo, considerado nocivo para a parte guineense.

O processo de atribuição das licenças offshore levou muito tempo, mas os rendimentos, em caso de descoberta, será repartida como se segue: 80 % para o Senegal e 20% para a Guiné-Bissau. Por outro lado, o predecessor de Macky Sall tinha tentado renegociar a gestão da AGC e tinha até previsto rever em baixa os interesses guineenses em 15%. Segundo "la lettre du continent", Me Abdoulaye Wade foi obrigado a estancar os seus intentos por causa do golpe de Estado de 2010.

Nota: Caros compatriotas, eis o que leva o Senegal a interessar-se e a imiscuir-se nos assuntos da Guiné-Bissau. Eis igualmente o que nós podemos esperar dos nossos vizinhos-inimigos, pois é com essa matemática de cavalo e cavaleiro que se sentem à vontade com a Guiné-Bissau. Mais triste ainda é saber-se que esse poço encontra-se inteiramente nas nossas águas territoriais, o que prova que as actuais autoridades guineense são subalternas e estão sob as ordens de Dakar e, por fim, quem supostamente devia defender os nossos interesses nessa Agência de Corrupção não passa de um yes man das autoridades senegalesas e... é amigo íntimo do actual presidente. Por isso, estamos fodidos e mal pagos... o que nos restará se não pegar em armas e lutar por aquilo que é nosso... AAS

Kafunbam da CEDEAO


Mais uma vez assistimos a um acto de ilusionismo da CEDEAO na Guiné-Bissau, pois ontem foi anunciado com pompa e circunstância a assinatura, entre o Presidente da Comissão da CEDEAO, Sr. Désiré Ouedragao e o "Ministro dos Negocios Atrapalhados" do Governo da CEDEAO para a Guiné-Bissau, Sr. Faustino Fudut Imbali, de um pretenso acordo de financiamento, para a reforma do sector e defesa e segurança da Guiné-Bissau no valor de 63 milhões de dolares américanos.

Tudo bonito, caso não fosse a enésima vez que a CEDEAO anuncia o aporte de tais ajudas para a reforma desse sector tão nevralgico para a paz e estabilidade na Guiné-Bissau, mas que nunca acaba por chegar, ficando em escalas entre Abuja e Ouaga. Não é de hoje que a CEDEAO vem apregoando e vendendo essa bandeira da mentira para justificar a sua presença ilegal e desrespeitosa no nosso territorio, onde sabe-se não têm condições minimas de fazer o que quer que seja, senão continuar a caucionar as barbaridades e assassinatos do actual regime e acorbadamente dar a impressão ao mundo de que tudo esta bem na Guiné-Bissau.

Para pintar o arroz com feijão, é certo de que, seguidamente a CEDEAO fara deslocar para Bissau meios logisticos militares de grande porte, incluindo os da engenharia militar e meios de campanha mecanizada... contudo, tudo materiais velhos e absoletos vindos da Nigéria e do Senegal. São estes dois paises que mais beneficiarão com a fachada da reforma particularmente, com o aparato de meios que vão mobilizar a fim de criar a ideia ilusoria de que estão de facto a cumprir a sua promessa.

Contudo, é bom reavivar a memoria dos guineenses, lembrando de que, não é de hoje que a CEDEAO promete e nada faz para a Guiné-Bissau nesse ambito e, não sera hoje que o fara porque não tem meios nem fundos para tal. A CEDEAO contara obter esses fundos através dos demais parceiros envolvidos e engajados com o processo de reforma das FA na Guiné-Bissau, porém, sabe-se que, todos os demais parceiros que assinaram o roteiro do processo de reforma estão fora e não se revêm nesse processo sinuoso e mentiroso e reforma que esta sendo pilotado pela CEDEAO, a qual tem o mero objectivo de se acaparar dos potenciais financiamentos que serão disponibilizados pelos parceiros internacionais engajados nessa reforma, particularmente a UE.

Por outro lado, é bom lembrar que, enquanto a CEDEAO tagarelava e vendia ilusões, Angola a exensas suas, meteu mãos à obra e veio em socorro dos seus irmãos de armas, investindo e participando intensamente no processo de reforma. As acções e as obras eram visiveis e deixam saudades, porém um acesso de ciumeira cega, complexada e retrogada deitou tudo por terra, perdendo as nossas FA, em especial nos os guineenses. Angola, pais amigo e pragmatico, sozinho deu o exemplo, disse que fazia, estava fazendo e so não fez mais porque mentes obtusas e retrogadas assim não quizeram.

Em suma, é bom que os guineenses não se deixem enganar por esses malabarismos de ma fé da CEDEAO, porquanto para além de não terem capacidade financeira para dar vazão a essa propalada reforma, essa organização sub-regional não tem experiência em matéria da reforma. A Nigéria pretensamente mais habilitada para o efeito, é um conto do passado em matéria de conduta e organização militar, pois nas suas fileiras predominam militares indisciplinados, drogados, mal preparados e com a moral a roçar o desespero fruto dos constantes revêses sofridos nos confrontos com o grupo radical islâmico Bok-Haram. Senegal outro potencial "reformador" não passa de um tigre de papel, pois nem os sapatinhos de lã da rebelião da cassamaça consequem descalçar, imaginem agora, descalçar as pesadas e teimosas botas do general Injai & Companhia!

Quanto a este pais, é bom atentar-se ao caso de que, o Senegal esta integrado no processo da reforma da Guiné-Bissau com segundas e outras maquiavélicas intenções que estão bem evidentes. Esse pais, na escamoteada missão de participar na missão de reforma, pretendem por um lado, subrepticiamente recensear todo o potencial militar da Guiné-Bissau, quer dos recursos humanos, quer dos materiais bélicos e dissuasão e por outro lado, preparar-se para deliberadamente «orientar», em colaboração com os seus parceiros da sub-região nessa reforma, no sentido de que as Forças Armadas da Guiné-Bissau se reduza a um simples acantonamento de para-militares sem material de guerra dussuasivo. Alias, não se esqueça que o presidente cessante desse pais, A. Wade dissera em tempos, que o exercito da Guiné-Bissau devia ser desarmada e que a segurança do pais devia ser garantida por forças da policia e,... nesse particular o senegal estaria disponivel à «ajudar» na formação desses policias (os verdadeiros militares, patriotas republicanos que abram bem os olhos com esta reforma à CEDEAO !!).

Enfim, é bom finalmente realçar de que esta saida médiatica de Kafumbam da CEDEAO esta estreitamente ligado as recentes posições assumidas pela União Africana (UA). Esta organização supranacional africana tem-se orientado cada vez mais, instruindo as partes interessadas, para um envolvimento mais alargado, dos demais orgãos concernentes, nomeadamente UE e CPLP, incluindo eles proprios. Sabe perfeitamente a CEDEAO de que, se a UA deixar cair o principio da subsidiariedade na resolução do conflito guineense, a qual lhe permitiu assenhora-se do processo, o seu papel de nulo passara a inutil e, consequentemente tera que sair pela porta dos incompetentes e deixar os seus comparsas golpistas e os interesses dos seus patrões, presidentes da Nigéria, Senegal, Burkina e Costa do marfim em maus lençois... dai a razão desse show-off de ontem intitulado : KAFUMBAM A MODA DE CEDEAO.

P.R.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Traficantes & Terroristas



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Mais um ano lectivo nulo?


As escolas públicas da Guiné-Bissau continuaram hoje (quarta–feira) encerradas apesar de já existir um acordo entre os sindicatos dos professores que estavam em greve e o Governo.  Numa ronda realizada hoje (quarta-feira) no final da manhã pela agência Lusa nas principais escolas de Bissau, os liceus Kwame N'Krumah, Samora Machel, Agostinho Neto , Salvador Allende, constatou-se que as salas de aulas continuavam encerradas.
Em algumas destas escolas de Bissau era visível a presença de alguns professores, mas que não sabiam se havia aulas ou não. Quase todos diziam aguardar pela decisão da direcção do sindicato dos professores para iniciar as aulas.

A Lusa não viu alunos em nenhuma das escolas. No momento da assinatura do acordo com o Governo de transição, que levou ao levantamento da greve, o presidente do Sindicato Nacional dos Professores (Sinaprof), Luís Nancassa, afirmou que sem o cumprimento do acordado (pagamento hoje de um mês de salário ou diuturnidades) as aulas não poderiam iniciar-se. O ano letivo nas escolas públicas guineenses foi declarado aberto em Setembro passado mas de facto até aqui não tem havido aulas devido à greve dos professores inicialmente marcada para durar 60 dias. Após várias rondas de negociações, os dois sindicatos acabaram por chegar a acordo com o Governo para desconvocar a greve, o que na prática ainda não tinha acontecido. LUSA

ESPANCAMENTOS: Mais um acto bárbaro



Ontem à noite, um cidadão guineense de nome Luís Ocante da Silva, funcionário da Guiné Telecom, viu a sua casa invadida por um grupo de militares. "Foi retirado violentamente da sua casa, e em cuecas, e conduzido, presume-se, para o Estado-Maior General das Forças Armadas", contou uma testemunha. Segundo informações confirmadas pedo DC, em Bissau, Ocante da Silva terá sido brutalmente espancado. Até a esta hora, os familiraes nao conseguem obter nenhuma informação acerca do seu paradeiro, nem do seu estado de saúde. Luís Ocante da Silva, apurou ainda o DC, é um amigo do círculo íntimo do ex-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, José Zamora Induta. AAS

Governo legítimo da Guiné-Bissau: Nota de imprensa


Nota de imprensa

Devido aos recentes acontecimentos ocorridos na Guiné-Bissau que mais uma vez expõe de forma evidente o carácter do regime político ditatorial e militarista que se pretende instalar e sobre a situação prevalecente na Guiné-Bissau decorrente do golpe de estado de 12 de Abril do corrente, vai ter lugar no próximo dia 8 de Novembro, pelas 11h00, no Hotel Altis, Rua Castilho, nrº 11, Lisboa, uma conferência de imprensa com a presença do Primeiro-ministro da República da Guiné-Bissau, Sua Excelência Sr. Carlos Gomes Júnior.

 O Governo Legítimo da República da Guiné-Bissau

O pior está mesmo à porta...




UM RECEITA PARA O CAOS...

Recentemente, em declarações à saida de uma audiência promovida pelo "Presidente de Transição da CEDEAO para a Guiné-Bissau", o representante do PRS assumiu uma posição intrigante e desafiadora dos esforços para uma solução inclusiva para o processo politico-militar que sacode a Guiné-Bissau. Em suma, ele primou pela manutenção do status quo imposto pelo golpe de estado, salientando que quaisquer cedências, aceitando a inclusão do PAIGC no processo ou a votação para a Mesa Da ANP (condição mesmo imposta pelos seus aliados da CEDEAO), seria a negação dos fundamentos da reversão da ordem constitucional de 12 de abril e, consequentemente, uma não solução para eles, porquanto vai contra as suas intenções, manifestando assim a tomada do poder pela força.

A corroborar essa tese do PRS, veio a posição posterior do porta-voz do Comité Militar (instância golpista aparentemente reabilitado pelo PT) que, mais do que isso, sugere e incentiva a dissolução da ANP, pugnado-se pela criação de um Conselho Nacional de Transição (CNT), para, diz ele, conduzir a transição por um periodo de dois anos. Portando, de um ano inicialmente previsto, passa-se a uma transição de dois, depois três anos e por aí além...

É claro que essas duas posições, que se complementam maquiavelicamente, foram maduramente concertadas entre a ala civil balanta do PRS e a ala militar balanta do mesmo partido - isto é, o Comando Militar. Essa perspectiva de cariz e motivações dessa estrita concepção étnico-tribal tem o fim último de levar o pais à desordem total e a uma situação de Não-Estado de Direito na Guiné-Bissau.

Mais que uma simples conjectura, trata-se de um plano bem nutrido, um alinhamento de pensamento clinicamente estruturado para impôr na Guiné-Bissau um regime assente na bárbarie, em que uma minoria em armas passaria a impôr a irracionalidade de uma lógica de poder assente em comportamentos e afinidades de índole tribal sobre a maioria, coartando os mais nobres designios de um povo.

Esse plano maquiavélico tem razões e terreno fértil para prosperar na maior impunidade, sem que alguém se atreva a travar essa galopada de loucos alucinados pelo poder da droga e do sangue de inocentes indefesos. É bom prestar atenção, o timing escolhido para a vigência deste estado preparatório não vem ao calha. Ele coincide paradoxalmente com os dois anos de mandato que Koumba Yala (o autor moral e arquitecto de toda a situação despoletada apos o 12 de abril). Sempre o reivindicou e ainda hoje reivindica-o. E, hoje mais do que nunca, o terreno é propício para consumar essa velha pretensão.

Consumando-se esse escabroso e maquiavélico plano de assalto ao poder levado a cabo por um grupo étnico sobre o conjunto da população da Guiné-Bissau, estão-se a criar as bases emergentes de um sentimento genocidiário na Guiné-Bissau. Hoje, embora em escala embrionária, o que se assiste, é que, são os balantas em armas que, por futéis e injustificaveis motivos, senão do abuso da força e do ódio, perseguem e matam os seus concidadãos guineenses de outras etnias, entre eles, os fulas, os mandingas e, principalmente os felupes... em nome de quê? Para extirpar e purificar as forças armadas numa linha de obediência ao «lan tim n'dam»?.

Neste momento, o povo observa, impotente, mas oprimidamente revoltado com o abandono da comunidade internacional (NU, UA em particular) e, vai criando os seus gêneses de ódio defensivo que ninguém sabe quando e como poderá explodir com a sanha de revolta e de raiva que lhe vai alma adentro. Explodirá um dia, para se defender e insurgir-se contra a tentativa da barbarização da sua vivência pacifica a que sempre se acostumou com os demais mosaicos da nossa sociedade. Pode tardar, mas não é impossivel, e o seu tempo chegará, e podera até não tardar. Poderá é vir a ser tarde para os que hoje estão a semear o ódio baseado numa aleatória supramacia da sua tribo sobre toda as outras que constituem o harmonioso mosaico étnico da Guiné-Bissau.

A CEDEAO nada lhe interessa com o que se passa no nosso pais, porque de facto, nunca nos sentimos pertença deles, e eles nunca nos sentiram assimilados. A CEDEAO esta la por estar e so ele sabe porque la esta, porque, bem sabem que o povo não quer que eles ai estejam. Bem cedo se percebeu que essa organização, esta la por tudo, mas menos para defender os interesses do Povo da Guiné-Bissau, da Democracia e do respeito dos Direitos Humanos, pois nas suas barbas e sob os seus olhares impavidos e serenos, inocentes foram violentamente espancados, Partidos Poiticos e Sociedade Civil foram proibidos de manifestar-se livremente, opositores foram perseguidos, torturados, espancados e abandonados na mata, alguns mortos, inocentes foram chacinados em montagens de «assalto militar» grotescamente mal encenadas... enfim, a CEDEAO esta na Guiné-Bissau a frete e a disposição dos golpista e, quiça à cata de alguns interesses obscuros e inconfessaveis dos presidentes da Nigéria, do Burkina, do Senegal e da Costa do Marfim, principais responsaveis desta situação de anarquia odio e medo que impera hoje na Guiné-Bissau.

A União Africana, aconchegada no principio da subsidiariedade na resolução de conflitos, segue a procissão dos desmandos, da matança, do trafico de drogas, dando paliativos de não querer asenhorar-se do processo e salvar o povo da Guiné-Bissau. Cada sinal dado no sentido de fazer retirar o processo à CEDEAO, este responde com relatorios forjados e deturpados sobre a realidade no terreno, orquestra operações de charme, encenando evoluções no terreno... «realidades» fictivas e mentirosas como as suas inconfessaveis intenções para com a Guiné-Bissau.

Um aviso: se a UA ou as NU não se apoderarem o mais rapidamente do processo da Guiné-Bissau, então o pior estra mesmo à porta... à mão de semear.

Análise de: Julião Mendes

Branqueamento



O presidente da comissão da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) prometeu hoje que a organização mobilizará "todos os apoios internos e externos" para o sucesso da reforma das forças de Defesa e Segurança da Guiné-Bissau. Kadré Désiré Ouedraogo falava hoje em Bissau, no âmbito de uma curta visita para assinar com a Guiné-Bissau um acordo, segundo o qual a organização regional disponibiliza 49,2 milhões de euros ao país para a reforma das forças de Defesa e Segurança, nomeadamente para pensões e melhorias de instalações militares.

A questão da reforma das forças de Defesa e Segurança há muito que é falada em Bissau, mas até agora ainda não avançou. O responsável da CEDEAO lembrou que a ideia foi proposta "há muito" pela Guiné-Bissau numa reunião em Genebra e "considerada pela comunidade internacional como de importância capital para a paz, estabilidade e desenvolvimento socioeconómico da Guiné-Bissau". LUSA

Nota do Editor


Caras/os leitores,

A CEDEAO ultrapassou todas as marcas no que toca ao descaramento. Agora, até desafia a União Africana (vide os comunicados). E o seu presidente da comissão, Ouedraogo, mente descaradamente. Esta organização de farsantes acabou por mostrar ao mundo civilizado a sua verdadeira face - de maneira desavergonhada, até. [A ideia foi proposta] "há muito" pela Guiné-Bissau numa reunião em Genebra e "considerada pela comunidade internacional como de importância capital para a paz, estabilidade e desenvolvimento socioeconómico da Guiné-Bissau", disse Ouedraogo, hoje, em Bissau.

Deixemo-nos de brincadeiras...

Vejamos, senhor presidente da comissão da CEDEAO

Por acaso o senhor presidente sabia que as reformas nas áreas da defesa e segurança começaram e estavam a bom ritmo, e que estavam em curso a reconstrução de casernas em todos os quartéis, a construção de raíz de novas instalações militares, incluindo o quartel-general da marinha? Saberá com certeza que a alimentação dos efectivos das forças armadas 'fazia parte'(!) dessas mesmas reformas e que já se tinham formado trezentos e tal homens e mulheres, e mais outros tantos acabaram há poucos meses a sua formação, totalizando mais de 700 novos agentes de segurança?

Ó, senhor presidente! E o senhor sabia, tal como eu, tal como centenas de milhares de guineenses, tal como milhões de pessoas em todo o mundo, que o tráfico de droga, que era suposto ser sucessivamente erradicado com a conclusão dessa mesma reforma - proposta "há muito" - pela Guiné-Bissau, foi a responsável pelo golpe de Estado de 12 abril? E saberá, por mero acaso, que esse golpe, a que a CEDEAO infelizmente se aliou, teve como consequência o cancelamento abrupto da segunda volta de uma eleição presidencial?

Parece que não se lembra, senhor presidente, que em consequência desse extraordinário acontecimento, a União Africana suspendeu a Guiné-Bissau da organização, a CPLP, a União Europeia, as Nações Unidas, o Movimento dos Não-Alinhados entre outras organizações nem querem ouvir falar em golpistas - recusando, quase oito meses depois - em reconhecer a imposição, pela CEDEAO, numa aliança perfeita com alguns militares e políticos, de um 'governo' em detrimento da vontade da maioria do povo guineense?

Saberá, claro, que a Guiné-Bissau está bloqueada política e economicamente. E que isso poderá traduzir-se em mais instabilidade, causada pelo ódio, por remorsos e ressentimentos? E saberá certamente que as responsabilidades serão imputadas à CEDEAO e aos seus comparsas guineenses, ainda que seja em tribunais internacionais.

Sabe, por sinal, que em seis meses de uma política desastrosa, destravada, depravada mesmo, dez cidadãos guineenses (transformados em "guerrilheiros de Casamança" pelo vosso 'governo de fantasmas e de traficantes') foram assassinados? Saiba, ainda, que foram torturados antes dos tiros de misericórdia?...

E sabe, ainda que lhe tenha sido dito por um passarinho, que dezenas de pessoas, cidadãos guineenses, irmãos nossos, estão refugiados em várias representações diplomáticas em Bissau, temendo pela sua vida? E, já agora, deixe-me que lhe diga que os espancamentos, ameaças à integridade física e psicológica dos cidadãos continua e não se lhe avizinha um fim a curto prazo. E que o medo continua, acaso lho sussurraram?

- Fazia ideia de tudo isto que acabei de lhe contar, senhor presidente da comissão da CEDEAO?

Senhor presidente, já que estamos numa de tu-cá-tu-lá, por falar dos guineenses...onde está mesmo a 'segurança', pateticamente apregoada pela CEDEAO, para o envio dos seus marginais travestidos de militares para Bissau? E no resto do país? Saberá, com toda a certeza, senhor presidente da comissão, porque continuam a aterrar aviões carregados de cocaína (a IIEE fala em 900kg/noite) para matar europeus e norte-americanos?

Eu digo-lhe: Porque, simplesmente, a CEDEAO pactuou com a canalha, parando a reforma nos sectores da defesa e segurança na Guiné-Bissau, que estava a ser custeada por Angola, um país nosso irmão, que teve sangue guineense derramado no seu chão, na luta contra o regime racista, e canalha, do Apartheid. Pense nisso, senhor Ouedraogo.

António Aly Silva

ÚLTIMA HORA: Morreu François Kankoila Mendy, líder histórico da FLING. Esta madrugada, em Dakar. AAS