terça-feira, 18 de agosto de 2015

GOLPE DE ESTADO CONSTITUCIONAL


A tropa, que diz amiúde "ir respeitar a Constituição" é, afinal, a mesma que alinha com a violação da mesma. De ordem em ordem, lá vai violando os nossos direitos de cidadãos da República da Guiné-Bissau: revistam todas as viaturas que atravessam a ponte de João Landim, ocupam com pezinhos de lã os ministérios mais 'sensíveis', mandam os navios comerciais para o largo e depois trazem-nos de volta para atracarem; camuflam o ENVIO DA NOSSA MADEIRA, ILEGALMENTE... Mudam a guarda de protecção do ex-CEMGFA Zamora Induta. Tiram a polícia e metem a tropa. Prendem-no em casa e vigiam-lhe os movimentos. Está-sé mesmo a ver onde é que isto vai dar..

Ditadura do Consenso denunciou que ocupavam o ministério das Finanças e as Alfândegas. Desapareceram. Apareceram depois, noutro poiso. Para camuflar o acto ilegal, a presidência (que desavergonhadamente patrocina a ilegalidade) emite depois comunicados jocosos, recordando aos funcionários públicos: 'lá por o Governo ter caído não quer dizer que tenham que abandonar os vossos postos de trabalho'. Pouca vergonha tem limites. É no mínimo cínico o pensar que vai nas cabecinhas desmioladas, na Presidência da República.

Mas a verdade é que o JOMAV jogou sozinho e ninguém deu por nada.

Ora leiam. O actual CEMGFA, Biague Na Ntam, é um velho conhecido do actual PR. De comandante da Guarda Fiscal, NOMEADO por - acertou! -, José Mário Vaz, enquanto ministro das Finanças de Carlos Gomes Jr., Biague Na Ntam depressa subiu na consideração do hoje Chefe de Estado.

Antes das eleições, ainda tínhamos um olho, os dois aproximaram-se ainda mais. JOMAV sondou pela primeira vez o Na Ntam - um homem discreto, esquivo e que nunca entrou em nenhum golpe de Estado (bom, o Biague até esteve no golpe de 12 de abril. Sempre discreto, quando o Indjai sabia que ia sair, foi rapidamente promovido a inspector geral para ser um dos possíveis substitutos e ser CEMGFA.) Na Mouche.

Ou seja, há muita relação de promiscuidade entre alguns altos oficiais das nossas forças armadas. Então, JOMAV convidou-o, oficiosamente, para ser ainda mais próximo. E assim foi. Depois das eleições presidenciais, José Mário Vaz convidou-o então para seu chefe da Casa Militar, na Presidência da República.

Meses depois, e já com toda a gente cega, José Mário Vaz, aproveitando o isolamento internacional a que o CEMGFA estava vetado; empurrado o Indjai por constantes acusações dos EUA e do mundo ocidental, JOMAV ganha forças para, finalmente, exonerar o mais que acossado António Indjai e...voilá!, nomeia CEMGFA Biague Na Ntam. É de mestre! É nós como contramestres. Triste e sem piada nenhuma. AAS