sexta-feira, 30 de setembro de 2011

As duas mortes do Toni

"Quarta-feira, 21 de setembro de 2011, 19 horas, em Jackson, capital do estado da Geórgia, Estados Unidos, Troy Davis, um negro de 42 anos, recebeu a dose letal que o levaria à morte. Condenado por assassinato, Troy Davis deitou-se na maca para receber as injeções repetindo a mesma frase de 22 anos antes, quando foi preso e condenado: “Sou inocente”.

Quinta-feira, 22 de setembro de 2011, por volta das 23 horas, em Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso, Brasil, Tony Bernardo da Silva, um negro de 27 anos, africano de Guiné-Bissau, estudante de Economia da Universidade Federal, recebeu um pontapé na traquéia e morreu. O golpe culmina uma sessão de socos e pontapés desferidos por dois policiais e um empresário que duraria em torno de 15 minutos.

Photobucket

Impossível não traçar um paralelo entre as duas mortes.

A primeira foi uma condenação legal, nos moldes da justiça norte-americana, que todos conhecemos, empenhada a condenar negros, ainda que, como é o caso de Troy, haja evidências de inocência. Inclusive depoimento de outro preso assumindo a autoria do crime atribuído a ele. Em vão: Troy não recebeu perdão, não teve a clemência do governador da Geórgia e muito menos direito a recurso na Suprema Corte, dado às evidências de sua inocência.

Difícil não imaginar que se trata de mais um caso de racismo como os que pontuam a crueldade do sistema jurídico e a sociedade racista dos Estados Unidos, especialmente nos estados sulistas como a Geórgia.

Como é difícil não suspeitar que o caso do Toni foi uma expressão pura e cabal de racismo.

Uma condenação prévia: um negro que adentra a uma pizzaria freqüentada por rapagões e moçoilas de classe média alta de Cuiabá, num bairro idem, embora predominantemente de repúblicas estudantis (o Boa Esperança fica ao lado do campus da UFMT) é um bandido. E ainda mais se este negro acidentalmente esbarra na namorada de um desses fregueses.

Afinal, aquele não é um lugar para negros. Pior ainda. Que atrevimento! Um negro que deveria estar na senzala não pode adentrar a uma casa grande dos pequenos burgueses e tocar a mulher branca do sinhozinho.

Então, eis seu crime. E está decretada a pena de morte. Não se sabe se os policiais e o empresário (sinhozinho) estavam armados. Se estivessem teriam desferido vários tiros? Tenho dúvida. Não sei se não preferiram mesmo usar como instrumentos de execução os socos e pontapés. Afinal, esta na moda uma das marcas da intolerância: matar a porradas negros, homossexuais e todos que esses “bad boys” não toleram por serem diferentes deles, supostamente bem nascidos, bem nutridos e crentes da impunidade. E com um ingrediente macabro: eles se divertem. E não raras vezes filmam e jogam em suas redes sociais.

Seguindo o mesmo “modelito” que a imprensa em geral aplica a esses casos, todos ciosos a dar voz e vez aos assassinos da elite, tentam desqualificar o morto. Versões diversas surgem por todos lados dando conta que ele tinha passagens pela polícia, era drogado, perdeu a vaga no convênio da UFMT e outras informações nefastas. Como sempre trabalham com meias-verdades, com deturpações dos fatos e a omissão de outros.

Essas versões são disseminadas por advogados e familiares dos assassinos, que encontram voz em veículos de comunicação que, deliberadamente ou não, as propagam sem questionar o contexto da vida do Toni e os depoimentos de amigos, colegas e ex-namorada, todos, unanimemente, testemunhando sua conduta passível e respeitadora.

É compreensível que os advogados e familiares tomem tal atitude. Mas não justifica a postura dos representantes da Universidade Federal de Mato Grosso, que qualificaram o Toni como um indivíduo de má conduta.

O setor da UFMT responsável pelo convênio entre o governo brasileiro e os governos dos países africanos de língua portuguesa, que permitem jovens daqueles países estudarem no Brasil, sempre foi omisso e racista com esses estudantes. Poderia desfilar aqui uma série de descasos, dificuldades criadas e declarações preconceituosas. Não é o caso agora.

Por enquanto fica o registro de que o Toni sempre buscou desesperadamente lutar contra o vício do crack e encontrou pouco apoio na UFMT. Seus amigos se mobilizaram, igualmente seus colegas e professores. Mas a instituição se agarrou na burocracia. Por ele não conseguir mais freqüentar as aulas, o desligaram do convênio, pura e simplesmente. E ficou por isso. Contudo não pouparam declarações cruéis, insensíveis e até irresponsáveis na imprensa.

Esta é a mesma instituição que ignora que drogas como o crack estão se proliferando dentro e na periferia do campus da UFMT do Boa Esperança. Foi ali mesmo que o Toni se viciou. Nas imediações da república em que ele morava, assim como nos corredores da UFMT, a droga e traficantes transitam livremente. Que providência a instituição tem tomado acerca disso? Prefere tapar os olhos e ajudar a condenar seus jovens alunos.

Foi-se o tempo em que o romantismo e a rebeldia de fumar um baseado faziam parte do cotidiano universitário. Agora o ambiente universitário é um dos mercados de drogas pesadas, assim como seu entorno. E a tragédia do crack, a pior delas, bate à porta de todos nós. Meus amigos e colegas, muitos deles vivendo esse drama familiar, sabem do que estou dizendo. Acompanhei esses dramas quando morava ainda em Cuiabá.

Eu mesmo o vivo bem de perto. Tenho um irmão que vive a perambular pelas ruas de Goiânia se consumindo pelo crack. Gilmar, um dos sete filhos adotivos de minha mãe, era um rapaz trabalhador desde criança. Estudou, casou, formou família. Suas três filhas e esposa não agüentaram viver aquela tragédia e o abandonaram. Desde então passou a viver nas cracolândias do bairro Vila Nova, na capital de Goiás.

Minha mãe, já com seus 74 anos e morando agora em Goiânia, acompanha seu infortúnio e, dentro de suas limitações, nos mobiliza a todos para tentar salvá-lo.

O Toni tentou sobreviver. Poucos meses antes de voltar para Brasília, o recebi na minha casa, a qual ele freqüentava com os demais estudantes guineenses. Minha mulher era amiga dele, chegaram de Guiné-Bissau juntos. Ele para curso Economia e ela, Publicidade. Éramos capazes de deixar nossa casa aberta para ele, junto com meus filhos. O Toni não era um bandido. Repito: era uma pessoa amável e respeitadora.

Naquela tarde fria de julho e Cuiabá melancólica devido à carência de seu sol escaldante, o Toni chegou desesperado. Primeiro pediu dinheiro emprestado. Depois, muito envergonhado, chorou no nosso colo. Pediu ajuda, implorou para que afastássemos aquela sua vontade incontrolável de querer consumir a droga. Então começamos a mobilizar os amigos, colegas e seus professores. Ele necessitava de tratamento para poder concluir os estudos e voltar para o seu país.

Dois meses depois voltei para Brasília. Mas acompanhamos daqui a vida do Toni. Ficamos sabendo que ele havia ido para o tratamento. Depois fomos informados que havia vendido tudo que tinha e foi obrigado a entregar toda a sua bolsa de estudos para os traficantes. Quando perdeu a bolsa, foi para a rua mendigar. Foi num desses momentos que entrou na pizzaria naquela noite do dia 22 de setembro.

O Toni é filho de uma família de classe média alta em Guiné-Bissau. Seu pai é agrônomo e possui uma pequena fazenda. Idealista, sempre quis que os filhos tivessem boa formação para ajudarem no desenvolvimento do país. Tem irmãos que estudam ou estudaram na França, Inglaterra e Portugal. Parte da família fez carreira nas forças armadas, onde um tio seu é um dos comandantes.

Certa vez o Toni foi flagrado pela polícia em Cuiabá carregando um botijão de gás que ganhou de um dos colegas, pois o seu ele havia vendido para comprar crack. A polícia o abordou, o levou preso, apesar de afirmar que o objeto era dele. Passou o dia inteiro na delegacia, jogado numa sala e só saiu de lá depois que acionou a Polícia Federal, jurisdição da qual estão os estudantes africanos.

Aqui abro um parêntese. Não foram poucas as vezes que a UFMT acionou a Polícia Federal para perseguir os estudantes africanos que, por um motivo ou outro, não estavam freqüentando aulas ou haviam formado e ainda estavam no Brasil tentando pós-graduações ou empregos.

Setores da imprensa de Cuiabá, motivados por advogados e familiares dos assassinos, utilizam este caso do botijão, entre outros sem gravidade, para propagar que o Toni tinha passagens pela polícia. Como se a tal “passagem” fosse uma sentença de morte.

Antes de continuar, peço licença para contar duas histórias:

Em 1980, um rapaz que faria 20 anos dali a poucas semanas, cursava Agrimensura na antiga Escola Técnica Federal de Goiás e fazia estágio numa cidade a 20 quilômetros de Goiânia. Numa tarde, como fazia todos os dias, entrou às 17 horas no ônibus que o levaria de volta para casa, quando dois policiais o abordaram, algemaram, jogaram no camburão e levaram para a delegacia. Lavraram um boletim e mal ouviram a versão do rapaz. Em seguida, para fazê-lo confessar que havia feito um assalto, os policiais deram-lhe tapas nos ouvidos, murros, beliscões no nariz, nas orelhas, cascudos e ameaçaram quebrar seus dedos com um alicate e queimá-lo com cigarros.

As sevícias duram até que um dos policiais sugeriu ao delegado que o rapaz fosse levado para que a vítima identificasse o assaltante. Àquela altura a cidade inteira já sabia da prisão. Ao chegar à casa da senhora assaltada, de onde foram levados um televisor, aparelho de som e uma bicicleta do filho, o carro da polícia encontrou uma multidão que queria linchar o “bandido”. Os policiais com dificuldade abriram um corredor para a mulher chegar até o carro. Quando ela olhou pelo pára-brisa foi logo dizendo: “Não, não é este. O ladrão é branco!”.

Em 2004, um homem de 44 anos foi abordado pela polícia próximo à sua casa. Estranhou o fato de os policiais o obrigarem a ficar ao lado da viatura, longe do seu carro. Então um dos policiais faz uma rápida revista e aparece com um revolver e um pacote do que seriam drogas. Imediatamente o homem protesta, denuncia a “plantação” e só não vai preso porque estava com a identificação de secretário-adjunto de Comunicação Social do governo de Mato Grosso e ameaçou denunciar os policiais, que imediatamente fugiram do local.

O homem e o rapaz de 24 anos antes é a mesma pessoa: eu. Poderia aqui contar outras várias histórias de arbitrariedades e prisões às quais fui submetido. Por ser negro, tido como ladrão, drogado e traficante, tive passagens pela polícia. Infelizmente aquela piadinha infame que de vez em quando ouvimos por aí é de fato uma máxima entre policiais: “Preto parado é suspeito, correndo é ladrão”.

Quantas passagens pela polícia justificam uma morte?

Mereceria eu morrer por ter cometido o crime de ter nascido negro?

Mereceria eu morrer pelo crime de provocar aos policiais a sanha assassina de quem ainda nos vê como escravos, como sub-raça, como seres desprezíveis?

Mereceria eu morrer porque há cinco séculos retiraram meus antepassados da África, jogaram num navio negreiro, atravessaram o Atlântico, os leiloaram, os submeteram a ferro e fogo, os jogaram nos canaviais, minas e fazendas, os subjugaram nas senzalas, colocaram no pelourinho, humilharam, sugaram seus sangues e suores, para depois, com a abolição, os jogarem as ruas como se fossem animais, sem direito a dignidade?

Deveria eu morrer por ser filho de Clarice Laura e José Orozimbo, neto de José e Regina e de Josefa e Pedro Alves, por sua vez netos e filhos de escravos?

Este é meu crime?

Por favor, se é este o meu crime, então que me matem! Mas me matem apenas uma vez. Não façam como estão fazendo com o Toni.

Depois de ser trucidado pelos “bad boys da intolerância”, Toni corre o risco de ser massacrado, pisoteado, sangrando até a última gota da sua dignidade.

PS: O corpo do Toni ainda está no IML de Cuiabá aguardando resultados de exames pedidos pelo delegado que acompanha o caso e a chegada da família para liberá-lo.
Dona Cecília, mãe dele, me informou que um de suas irmãs, que é arquiteta na França, deve vir ao Brasil.
A Embaixada de Guiné-Bissau em Brasília também está acompanhando o caso e prestando apoio à família.
O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, já se manifestou, repudiando o crime e pedindo desculpas à família e aos guineenses.
Amigos e compatriotas do Toni estão se mobilizando em Cuiabá e aqui em Brasília, denunciando o assassinato e pedido para que seja tipificado como motivado por racismo.


João Negrão, Jornalista

O espião que voltou para o frio

Manuel Esperança, coronel, afecto ao SIEDM (Serviço de Informações Estratégicas de Defesa e Militares depois convertido em SIED) - foi a ‘antena’ que, entre 2005 e 2010, Portugal impingiu à Guiné-Bissau.

Manuel Esperança era tudo menos discreto. Morava numa casa arrendada ao primeiro-ministro, Carlos Gomes Jr., de quem aliás era vizinho – apenas separava-os um muro, e quando terminou a sua missão, mercê da crise portuguesa, vendeu o seu carro ao... primeiro-ministro. Estas ligações, pelo menos na Guiné-Bissau, são de resto 'aconselhadas', para mais num País onde tudo pode acontecer, a qualquer hora - mas para um espião...

Hoje, contudo, impõe-se esta pergunta: o que sabe o Manuel Esperança (e Portugal?) - quase tudo – é a resposta. No dia em que Hélder Proença foi assassinado (4 de junho de 2009), Manuel Esperança foi visto no Estado-Maior General das Forças Armadas, e era presença assídua no Ministério do Interior, de dia e de noite. Segundo uma fonte, depois da morte do General Tagme Na Waie, o espião português «tinha sempre encontros demorados com o Coronel Samba Djaló», ex-chefe da sinistra DINFOSEMIL, no gabinete deste no Ministério do Interior.

A ‘antena’ da secreta militar portuguesa foi dos primeiros a chegar à residência do Baciro Dabó no dia em que este foi assassinado (5 junho 2009), tendo tirado várias fotografias ao cadáver prostrado no chão com o sangue ainda fresco.

Manuel Esperança estava com o General e CEMGFA, Tagme Na Waie , no dia em que este ficou a saber (através de uma fuga de informação) de que corria risco de morte. E, numa reunião, onde esteve presente um alto oficial da secreta militar, Manuel Esperança disse que sabia de um plano para assassinar o General Tagme Na Waie, acrescentando que poderia ser um atentado à bomba. Acabou por ser. AAS

Roupa nova

Durante 24 horas (entre ontem e hoje) andei por toda a cidade de Bissau; centro da cidade, zonas com mais polícias, parei uns minutos junto da Direcção Geral de Viação e Transportes Terrestres, passei por carros do Corpo Diplomático, do Estado, cruzei-me com ministros, com carros das Nações Unidas (PNUD, UNFPA, UNIOGBIS, eu sei lá que mais); parei quase duas horas (entre ontem e hoje) no triângulo da Av. amilcar Cabral, mesmo em frente à Secretaria de Estado da Cooperação. Népia!

Photobucket

Quase choquei com alguns amigos, vi colegas. Enfim, fiz tudo aquilo que faço num dia normal - mas havia um pormenor: a matrícula do meu carro dizia DC 3350 - o D significa ditadura e o C consenso. Ninguém reparou, nem me mandaram parar.

Isto é só um exemplo de como tudo pode acontecer neste País - tu-do!. Cada um na dele e o resto que se amanhe. É o caos total! Voltarei... AAS

George Wright chegou a socializar com o embaixador americano na Guiné-Bissau

John Blacken, que era então o representante diplomático americano na Guiné-Bissau, disse à Associated Press que ficou muito espantado quando soube da detenção de Wright porque na altura convivia com ele e com a sua mulher, e que ambos terão até trabalhado em projectos de tradução para a embaixada americana na Guiné-Bissau.

Photobucket

“Tudo isto foi uma grande surpresa, meu Deus, o assassinato e tudo o resto”, disse Blacken numa entrevista telefónica a partir de Bissau. “Ninguém o tomava por assassino. Claro que não o conhecíamos assim tão bem, mas parecia uma pessoa normal, nada radical”.

O diplomata disse ainda que nunca foi avisado do historial de Wright e que nunca pensou, enquanto embaixador, que ele pudesse ter semelhante passado. “Se tivesse recebido semelhante informação, teria respondido”, acrescentou Blacken. “Ele era conhecido por 'Jack' na Guiné e é estranho que a justiça americana nunca o tenha localizado lá”.

As autoridades governamentais americanas não comentaram ainda o facto de Wright ter passado pela Guiné-Bissau e ter até convivido com membros da embaixada, escreve o “The Guardian”.

George Wright andava fugido à justiça americana há 41 anos e residia em Portugal há mais de 20 quando decidiu entrar em contacto com uns familiares nos EUA. Foi esse telefonema que o traiu. Na passada segunda-feira Wright foi preso pela Polícia Judiciária nos arredores de Sintra, onde era conhecido por José Luís Jorge dos Santos.

A carreira de “fugitivo internacional” de Wright começou quando se evadiu da Prisão Estadual de Bayside, em Leesburg, onde cumpria o oitavo ano de uma pena de 30 anos, pelo assassínio de um veterano da Segunda Guerra Mundial, em 1962, num assalto à mão armada. Depois disso, ajudou a desviar um avião da Delta Airlines e aterrou na Argélia. Depois disso desapareceu dos radares, mas sabe-se agora que andou pela Guiné-Bissau, França e Portugal. (P.)

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

N'bom, ali é riba más

- Depois de mais de duas semanas de acalmia, a oposição democrática da Guiné-Bissau voltou a pedir o Presidente da República para "exonerar" o primeiro-ministro Carlos Gomes Jr.

Dizem ser preciso "disciplinar" o PM no sentido de "respeitar os órgãos de soberania", uma clara alusão à oferta de exílio ao coronel Khadaffi, procurado por policias de todo o mundo.

Atacam ainda o Procurador-Geral, Edmundo Mendes, que, dizem, foi alvo de um processo por parte de um grupo de magistrados junto do Supremo Tribunal de Justiça. E perguntam "onde esta a Justiça" para isto.

O ministro do Interior, Fernando Gomes, também foi visado. "A remodelação governamental foi apenas para se adiar a marcha. Então, preparem-se para nova MARCHA e veremos quem a impedirá, desafiaram".;

- por seu lado, o empossado ministro do Interior, Fernando Gomes, está com a corda toda. O 'testa-de-ferro' de Carlos Gomes Jr, ameaça agora actuar contra as viaturas sem matricula: "Num prazo de 20 dias, nenhum carro circulará sem a chapa de matricula". Mas o próprio ministro sabe que há coisas contra as quais nada pode... AAS

Gossi i TORANJA

Um director-geral de uma empresa publica, carregou 20.000 fcfa. Pouco depois - e sem sequer fazer uma chamada - recebe uma mensagem da operadora Orange a informar que "o seu saldo e de 40 francos". Como e que pode?

Outro americano em Bissau

IMANE NAMOUJA, nasceu nos EUA e chegou a Bissau há muitos, muitos anos (diz-se mesmo que chegou a Bissau, vindo de Conacry, na mesma altura que GEORGE WRIGHT, outro norte-americano, detido em Portugal na passada terça-feira pela Policia Judiciária, com acusações de assassinato e desvio de um avião da Delta Airlines, enquanto membro dos Panteras Negras - e que andava 'fugido' há 41 anos).

Acontece que o agora cidadão guineense, militante e activista ferrenho do PAIGC, foi preso em Accra, no Ghana, há umas semanas, quando participava numa manifestação de apoio pró-Khadaffi. Namouja esteve nos calabouços durante uns dias, tendo depois sido libertado.

E quem mandou mesmo o Imane Namouja participar na manifestação em Accra? - o PAIGC de Carlos Gomes Jr., claro!!! E porquê? Isso agora são outros quinhentos...e que cabe ao PAIGC explicar. AAS

A título póstumo: Medalha Amílcar Cabral para Aristides Pereira

A Guiné-Bissau atribuiu ao primeiro Presidente cabo-verdiano, Aristides Pereira, a título póstumo, a Medalha de Ouro Amílcar Cabral, a mais alta condecoração do Estado guineense. AAS

Controverso, eu? Claro!

"Excepcional declaração de amor à Guiné-Bissau, por parte do jornalista António Aly Silva, natural do Quebo (a velha Aldeia Formosa). O AAS é talvez a figura mais controversa, mas porventura incontornável, da blogosfera guineense."
J.H.

M/N: De cada vez que te leio, sinto-me pequenininho. Abraço, amigo. AAS

Angola: Eu também quero!

O Governo de Angola 'ofereceu' um Toyota V8 ao ex-ministro da Defesa (hoje, na Função Pública).

Photobucket
FOTO: AAS

Agora, eu pergunto, não ao Governo de Angola - que está lá longe -, mas à Embaixada de Angola - que está à mão de semear, em Bissau: por que motivo se ofereceu um carrito de 70.000 euros a um ministro (à altura tutelar da pasta da Defesa, e em pleno processo de reforma na área da Defesa?) Agradecia uma resposta - se fizerem o favor, claro - 668 31 13. Me liga, vai!

À direcção-geral de Viação e ao meu bom primo e amigo Hélder Vieira: a série de matrícula CE vai apenas em três mil e qualquer coisa. Ora, porque tem o ministro a matrícula 66 68 CE? Pode ligar. AAS

EXCLUSIVO: Secretaria de Estado da Cooperação...NÃO tem a bandeira a meia-haste

Photobucket

Mas, alguém, no seu perfeito juízo chamaria BANDEIRA a esse cachecol? Haja respeito pela NOSSA bandeira!!! AAS

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Dia de luto

Os restos mortais do Representante do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) na Guiné-Bissau, Ansumane Mane, chegam amanhã a Bissau por volta das 10.30/11.00 horas, seguindo o féretro para a sua residência, e depois para o Ministério da Justiça a fim de serem prestadas Honras de Estado.

De seguida, o cortejo fúnebre ruma para a sede do PAIGC (Ansumane Mane foi o primeiro presidente da CONQUATSA) para a prestação da última homenagem, antes de seguir para a sua última morada - o cemitério de Antula. AAS

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Maravilhoso 1973*

Que isto fique bem claro: se, por exemplo, me for permitido escolher um sítio para nascer novamente (não sei é em que circunstâncias isto pode acontecer...) não hesitaria um nanosegundo: a Guiné-Bissau. E de preferência no Quebo. Não trocaria este País por nenhum outro.

Comemorámos mais um aniversário da nossa independência – o 38º. Eu, para ser sincero, não tenho motivos nenhuns para comemorar, tirando o facto de continuar vivo, a ver e a rir das tropelias e dos malabarismos que se fazem para, dizem, sairmos deste lamaçal curiosamente (ou não) por nós criado e onde nos atolámos desde há muito. Pior do que tudo isto é não sabermos como sair do lodo. Tendemos a criar mais lama sobre a... lama!

Mas, de que independência estamos a falar quando falamos em 38 anos? Da nossa, claro. Sim, mas a nossa independência significará tudo menos independência. Somos dependentes em quase tudo; continuamos, orgulhosamente sós, com os nossos fantasmas. Fantasmas que há 38 anos afrontam tudo e todos, despejando um ódio que ninguém sabe donde saiu - se das entranhas ou das profundezas do nosso ser.

Aqui, neste País, tudo o que se faz de realizações fica limitado ao nosso próprio perímetro: pequeno, bolorento, preto-e-branco e às vezes cinzento. Um perímetro partilhado, ainda assim, por muito poucos. Isso forjou-me a têmpora – e é nessa minha quase-solidão que se forjou aquilo que muitos apelidam de coragem, outros de loucura. Isto parece uma espécie de panóplia em que não se pensa mais nada, que se tem em cima sem sequer se dar conta disso. E eu? Eu vou em frente, faço o que tenho a fazer, o resto não interessa para nada.

Por cá, somos desfolhados lentamente, uma folha por dia, até ao fim. Até se ficar nú. Às vezes até parece que as coisas que (muito) poucos de nós combatemos não existem, que é apenas um delírio na nossa mente. É um estado de espírito que não podemos permitir-nos. É um risco, baixar-se a guarda. Há que estar atento, e eu faço por isso.

Preservo-me e sei como. Nesta inútil batalha em que tenho a certeza de reencontrar o papel de derrotado há algo que não devo descurar. E saber. Tenho a certeza absoluta – pelo que me chega - que estou a ser visto, ando a ser vigiado. Mas não conseguem monitorar-me. Aqui, tudo tornou-se loucura e obsessão. Aprendi, assim, a reconhecer até aquela raiz que penetra na terra nos olhares de quem decidiu olhar de frente certos poderes, ainda que saiba as consequências.

Há que encontrar algo que faça carburar o País. Qualquer coisa. O Ultra-nacionalismo, o anarquismo, a desobediência civil, eu sei lá que mais. Qualquer coisa, mas não - nem por sombras! - um cabide onde nos pendurarmos a comer o pó dos dias e à espera de dias piores...

(*) Maravilhoso, mas com sabor a fel.

António Aly Silva

Recomenda-se, não se recomenda

Foi um Presidente da República dançarino, aquele que se viu no Azalai Hotel, na festa 'oficial' do trigésimo oitavo aniversário da independência da Guiné-Bissau.

Malam Bacai Sanha dancou algumas músicas, e esteve muito bem disposto. Conversou animadamente com alguns convidados e até se lhe ouviu uma anedota - e que a minha fonte, infelizmente (para mim) não quis revelar.

Contudo, houve várias manchas no que toca à festa nacional. No spot televisivo da 'vossa' televisão (do PAIGC) alusivo ao 24 de Setembro - apareceram vários e belos momentos da vida vivida em plena guerra por homens e mulheres guineenses.

Porém, de Jõao Bernardo 'Nino' Vieira, que leu a proclamação do Estado da Guiné-Bissau, nem uma sombra que fará imagens. Do próprio Presidente da República, Malam Bacai Sanha, não se ouviu uma referência ao assassinado Presidente - isto enquanto combatente da liberdade da Pátria, e chefe de Estado. Dá pena. AAS

domingo, 25 de setembro de 2011

Vida fodida

A vida, neste caso, tem um nome: ironia. A declaração da União Africana apoiando o Conselho Nacional líbio de Transicao (CNT) está cheia, digamos que, de... ironia. Reparem bem nesta prosa "A UA apoia o CNT ... que venceu o totalitarismo de Muhammar Khadaffi."

E quem assina mesmo por baixo da declaração? O maior democrata deste e do outro mundo, Teodoro Obiang Nguema - cujo país, a Guiné-Equatorial, preside à União Africana!!! A vida é mesmo fodida - estarão de acordo? AAS

Embaixada da Guiné-Bissau lamenta morte de estudante em Cuiabá

O assassinato do acadêmico Toni Bernardo da Silva, 27 anos, na UFMT Cuiabá, com envolvimento de dois policias e um empresário, no bairro Boa Esperança, em Cuiabá, foi lamentada pela Embaixada da República da Guiné-Bissau no Brasil, que em nota, garantiu que vai acompanhar o caso, que deve ganhar repercussão internacional.

A embaixadora da República da Guiné-Bissau no Brasil, Eugénia Saldanha Araújo informa que "a nossa Missão Diplomática informa que está em curso diligências junto das autoridades brasileiras para o apuramento das causas da morte do referido estudante, e aproveita para endereçar a todos os estudantes guineenses no Brasil, em gesto de solidariedade, a sua profunda condolência".

A Universidade Federal de Mato Grosso também lamentou a morte do ex-aluno Toni Bernardo da Silva e informou que está acompanhando e prestando apoio necessário. Informou ainda que o estudante veio para o Brasil por meio do PEC-G, programa desenvolvido pelo MEC/MRE, para cursar Economia na UFMT. Ele iniciou em 2006 e deveria terminar o curso em 2011, mas foi excluído da instituição em fevereiro deste ano por problemas como abandono dos estudos e a reprovação.

Toni foi espancado até a morte, segundo o delegado Antonio José Esperandio, pelos policias militares Higor Marcel Mendes Montenegro, de 24 anos, e Wesley Fagundes Pereira, também de 24 anos, que estavam à paisana na pizzaria e também o empresário Sérgio Marcelo Silva da Costa, de 27 anos, que foram autuados pelo delegado e presos na passada sexta-feira. O motivo, conforme as investigações da Delegacia de Homicídios e Pronteção à Pessoa (DHPP), seria o facto de o estudante, que pedia dinheiro aos clientes no restaurante, ter esbarrado na esposa do empresário que é filho de um delegado aposentado de Mato Grosso.

Conforme os relatos de testemunhas no local, o empresário, Sérgio Marcelo Silva da Costa teria entrado em luta corporal com o rapaz. Em seguida os policias que estavam na pizzaria imobilizaram o estudante e depois os três passaram a desferir socos e pontapés até matar o estudante. Os três acusados disseram que "apenas imobilizaram à vítima". AAS

Ban Ki Moon visita Bissau brevemente

De acordo com o porta-voz do secretário-geral, Ban Ki-moon "expressou o apreço pelos esforços continuados para o processo de estabilização da Guiné-Bissau", podendo, em breve visitar Bissau para se inteirar dos problemas. O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, também se encontrou - à margem do debate anual da Assembleia-Geral da ONU -, com o Presidente guineense, Malam Bacai Sanhá. AAS

sábado, 24 de setembro de 2011

Independentes há 38 anos?

PROTESTO! António Aly Silva

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Guineense assassinado no Brasil

Um jovem guineense, estudante na Universidade Federal de Mato Grosso, no Brasil, foi espancado ate a morte, ontem, numa pizzaria de Cuiaba.

Segundo a policia, TONY BERNARDO da SILVA chegou a pizzaria e comecou a pedir dinheiro aos clientes, mas numa das mesas esbarrou com uma mulher mas o namorado desta, um empresario de 27 anos, e dois PM's (policia militar) que estavam a paisana retiraram'no a forca do estabelecimento e comecaram a agredi-lo com murros e pontapes.
Segundo a policia, o espancamento durou longos 15 minutos e tanto o empresario como os dois PM's foram presos e acusados de homicidio.

Uma testemunha que vive mesmo ao lado do local do crime, ouvida pela policia, disse ter tentado separar a briga mas que nao conseguira.

A vitima acabou por morrer no local e pericias policiais indicam que o estudante guineense morreu por ASFIXIA, devido a uma lesao na traqueia. AAS

PR Bacai Sanha no funeral de Aristides Pereira

Malal Bacai Sanha confirmou já a sua presença, na próxima 3a feira, nas cerimónias fúnebres do combatente pela libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde e primeiro presidente deste País, Aristides Pereira.

Os restos mortais de Aristides Pereira, que morreu em Coimbra, chegam hoje a Lisboa e seguirão no domingo para a cidade da Praia. Tanto o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca como o primeiro-ministro, José Maria Neves, encontram-se já em Cabo-Verde.

O luto nacional de cinco dias, em Cabo Verde, termina dia 27. A Guiné-Bissau deverá observar 3 dias de luto nacional, apurou o ditadura do consenso. O funeral de Aristides Pereira será na sua ilha natal - Boavista, em cerimónia privada. AAS

Jomav desrespeita Cadogo

Antes da sua deslocacao Nova Iorque, para a Assembleia Geral da ONU, o primeiro-ministro deu instrucoes ao seu ministro das Financas, Jose Mario Vaz, para, junto dos importadores, de arroz se encontrar uma solucao para as dezenas de milhares de toneladas de arroz ( leia-se isencao).

Contudo, e ate hoje, o ministro nao deu resposta nenhuma. A associacao de comerciantes tenta, ainda hoje, um encontro com Adiato Nandigna, a ministra da Presidencia do Conselho de Ministros para se encontrar uma solucao.

Recorde-se que, recentemente, o Governo importou milhares de toneladas de arroz para 'cobrir' a falta deste produto no mercado - o que nao era o caso: havia muito arroz ja desalfandegado, tendo alguns comerciantes pago o imposto por tres vezes... AAS

ORANGE - Publicidade enganosa

A empresa de telecomunicações Orange, anda a vender gato por lebre... Está a passar na TGB um novo spot televisivo desta empresa (um tentáculo da France Telecom), gabando-se de ter a melhor rede nacional, quer a nível de voz quer a nível de dados.

Pois, mas é mentira da Orange. A minha internet no telefone - da minha operadora, a MTN -, é mil vezes mais rápida do que a internet fornecida pela Orange. Não há dia em que a mesma funcione uma horita sem interrupção! E no Instituto das Comunicações, presumo, andam a coçá-los...! A Orange nunca me enganou... AAS

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

'Estilo próprio'

"Caro Aly,

Tenho acompanhado sempre o teu blog, com um estilo que te é próprio, tens fornecido informações que nos alimentam, aqui, na diáspora.
Obrigado, e... força!
Abraços,
K. A. Jaguité
"

M/N: Obrigado e felicidades. AAS

Djamburere

Os semáforos que estão a ser 'plantados ao longo da Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria, correm o sério risco de nunca virem a funcionar, ou, o que vai dar ao mesmo, funcionarem mal... A Arezki recomendou que, ao invés dos semáforos eléctricos se desse preferência aos solares, mas alegaram ser 'muito caro'.

Ditadura do consenso sabe que existem negociações neste momento com as estações de serviço da área (Lenox e Petromar) com vista ao fornecimento de electricidade para os semáforos da Av. Combatentes da Liberdade da Pátria.

O erro de português - a palavra 'Carracol' -, são alheias á empresa Arezki - apurou o ditadura do consenso junto de uma fonte da empresa; outro erro, na mesma sinalização, na Chapa de Bissau, indica o caminho para o 'Estádio (de) 24 Setembro'. Coisas nossas. Nem em Portugal, onde foram fabricadas e impressas, se deu pelo erro.

Outro problema com que a Arezki se depara, com preocupação, é o tempo que vão durar as passadeiras, começadas a pintar desde ontem: a Câmara Municipal de Bissau não tem uma viatura para varrer a areia das estradas. A viatura que hoje se dava a este trabalho...é da Arezki. AAS

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Big Brother

Sete estações de espiões portugueses foram fechados. Há precisamente um ano, Portugal começou a recolher os seus espiões, colocados além fronteiras. Madrid (Espanha) e Bruxelas (Bélgica) estão já livres de espiões. Seguiram-se os colocados em Díli (Timor Leste) e no Cairo (Egipto). As antenas de Bissau (Guiné-Bissau) e Maputo (Moçambique) também. Serão de resto os últimos.

Agora, só existem espiões em Pequim (China), Luanda (Angola), Moscovo (Russia), Brasília (Brasil) e Nova Deli (India). Problemas como a crise financeira terão precepitado a decisão. Velhas divergências entre o SIED (Serviço de Informações Estratégicas e de Defesa) e o SIRP (Serviço de Informações da República Portuguesa), bem como a crise financeira portuguesa - e internacional -, terão ditado o destino dos espiões portugueses. AAS

Boas novas

- "Pela primeira vez na sua história, a Guiné-Bissau caminhará com as suas próprias pernas" - a frase pertence ao ministro das Finanças, José Mário Vaz. Ou seja, em 2012, a receita dará para cobrir as despesas;

- 174 mil toneladas, sim, isso mesmo que leu: a Guiné-Bissau pulverizou todos os anteriores recordes na exportação da castanha do caju, com receitas no valor de 150 milhões de dólares. A famosa taxa dos 50 fcfa atingiu valores astronómicos: 8.7 mil milhões de francos cfa!;

- Os trabalhos na Avenida dos Combatentes correm a bom ritmo, a fim de ser 'inaugurada' no proximo dia 24, dia da independência. As passadeiras superiores estão a funcionar, há sinalizações, os candeeiros vão acendendo e cada dia que passa estão mais perto do aeroporto, os semáforos na zona da Guimetal estão nos seus lugares. Oxalá tudo corra pelo melhor. AAS

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Canal FMI

O Fundo Monetário Internacional, reavaliou em alta o crescimento do Produto Interno Bruto guineense - PIB, e prevê, agora, um crescimento para este ano na ordem dos 5,3 por cento, ao contrário do que disse há seis meses atras.

Um crescimento tipo...preservativo chinês! AAS

O festival que é um fiasco

"O festival inter-ilhas em Buba está a ser um fiasco, o primeiro-ministro fez a abertura do acto somente no domingo - de recordar que ele estava em Bubaque desde sexta-feira, e por cima não construíram palco para personalidades que iriam participar no festival o que levou o chefe do Governo a fazer o discurso solene de abertura...em cima de uma viatura.

Os artistas de música moderna guineense que foram levados para o festival já regressaram já a Bissau, sem que nenhum tivesse cantado uma música - mas ficaram satisfeitos porque viram pagos os subsídios acordados com a comissão organizadora. Talvez ate não fazia sentido levar artistas para este festival uma vez que é um festival que tem por objectivo resgatar os valores das diferentes ilhas que compõem o arquipélago dos bijagós.

O mais caricato de tudo é que dos 18.000.000 XOF milhões de FCFA disponibilizados pelo Governo, 6.000.000 XOF ficaram pelo caminho e entregaram somente 12.000.000 XOF. E sem falar de algumas delegações que saíram de Bissau com convite e chegaram a Bubaque, não tinham espaço para dormirem e foram ajudados a entregar uma parte do corpo dentro de tendas de campanha.

Passados quatro dias, nada feito. Não constituiria admiração se, no final, ouvirmos que tudo foi positivo. É tempo de reflexão porque logo no inicio do novo ano vamos ter mais uma festa de carnaval, são as mesmas pessoas que fazem partes das
comissões e há muito que o carnaval deixa muito a desejar.
Filipa G.
"

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Eu

"Eu, no fundo, não invento nada. Sou apenas alguém que se limita a levantar uma pedra e a pôr à vista o que está por baixo. Não é minha culpa se de vez em quando me saem monstros." - José Saramago

Secos & Molhados

Na Avenida Osvaldo Vieira, quase mesmo em frente da residência do Presidente da República, habita um militar afecto à marinha de guerra. Mora lá desde 1999, ou seja, depois da fatídica guerra civil que abalou Bissau e abanou as suas instituições.

Contudo, desde que Bacai Sanha tomou posse do cargo de Presidente da República, os seus seguranças sentiram-se no direito de ocupar as casas do outro lado da rua. O Presidente da República estaria à mão de semear - pensaram. E, pensando, um deles resolveu fazer a vida negra ao militar.

Dia sim, dia não era a cantilena do costume: "tem de abandonar a casa", dizia-lhe o segurança do presidente. O militar, incomodado, lá ia adiando a mudança - também não tinha para onde ir. E a coisa ameaçou, por uma e outra vez, tomar outros contornos: com a tropa não se brinca.

Ate que chegou o dia. Hoje. Dia de tomada de posse do novo-velho executivo. O militar acordou, e pôs-se a caminho do quartel. Em casa, deixou os filhos. E um telemóvel - para usar apenas e só em caso de emergência. Ajudou. Os seguranças do presidente, todos engravatados, de fato, impecáveis. Contudo, havia alguém, algures, pronto a estragar-lhes o dia de festa.

Foi o caso. Assim que deram pela saída do militar, os seguranças do PR logo atravessaram a estrada que os separa da casa e, num ai, estavam já dentro dela e foi uma questão de minutos até que os móveis e outros pertences conhecessem a luz do dia. O sol apareceia, ainda que timidamente. Nuvens negras...

Os seguranças suavam, sorriam com os maples às costas, a cama de casal, as banquinhas do quarto, enfim, tudo o que pudesse ser levantado por aqueles grandes braços foi parar à rua. A mudança estava quase, terão pensado. E o telefone para emergências soou no quartel da marinha, com um recado: há gente de fora dentro de casa a retirar tudo para fora.

O militar saiu disparado, e alguns colegas acompanharam-no. Dia de posse, dia de festa! Chegaram com estilo numa carrinha de cor azul ultramarino, de caixa aberta com a matrícula da marinha de guerra e a insígnia dos fuzileiros nas portas. Assim que chegaram, nada de perguntas. Foi batatada e mais porrada.

Seis militares contra quatro segurancas. Quem assisitu recuou e deixou campo aberto - ou seja, a estrada. O PR estava na Presidência, no seu gabinete de trabalho, a apenas dois passos. Os seguranças levaram tanto, mas tanto que alguns deixaram os casacos de fato para trás, os telemóveis, chaveiros. Mas ainda havia mais. A humilhação: depois, um a um, foram 'convidados' a devolver tudo para dentro de casa. Sofás que seis maõs ajudaram a tirar para fora...foram carregados por apenas um homem!

Ninguém se meteu. O pessoal da segurança já não sabia para onde havia de se meter - um saiu disparado em direcção aos bombeiros, outro tomou o caminho da Presidência... mas recuaria logo de seguida: ali há muita tropa; e outro, a falta de um plano 'B', limitou-se a levar porrada!

Depois de saber do sucedido, o CEMGFA António Indjai interviu e o militar recebeu ordens para abandonar a casa, o que fez. Mas os seguranças do presidente ficaram duplamente mal: ficaram maltratados, e mal vistos. Aguarda-se pelos próximos capítulos... AAS

Like this

"Do Aly Silva, com quem me cruzei algumas vezes em Bissau, tenho a opinião de alguém que aprendeu a nadar entre os tubarões sem ser comido vivo. Um misto de afronta, loucura, mas também algum facciosismo politico no que escreve, em particular a partir do incidente de 1 de Abril. Ou se gosta ou se odeia, não há meios termos para o definir.

Na minha opinião não é santo nem pecador. Na verdade num mar infestado de tubarões, a lei da sobrevivência quantas vezes nos faz comer o pão que o diabo amassou, que é como quem diz engolir autênticos sapos vivos. Pelo controverso que representa, pela coragem e alguma dose de loucura que demonstra é claramente uma figura incontornável da vida politica e social da Guiné-Bissau.
M. Marques
"

M/R: Obrigadinho, pá! AAS

domingo, 18 de setembro de 2011

Kontrada

Presidente da República chegou num voo da força aérea senegalesa, que aterrou no aeroporto Osvaldo Vieira às 11.46 horas. Malam Bacai Sanha foi recebido nas escadarias do avião pelo primeiro-ministro, Carlos Gomes Jr., de seguida cumprimentou o Governo, e depois recebeu o pessoal do seu gabinete e os conselheiros. O corpo diplomático, pelo menos desta vez, foi poupado ao sol abrasador. AAS

Cala-Boca ou Toca-Toca?

Carlos Gomes Jr, o primeiro-ministro guineense, deve estar com o síndroma Khadaffi. Hoje, Cadogo não apenas desafia tudo e todos, e parece gozar mesmo, ainda que com os assuntos de Estado. Vejamos.

Sobre Khadaffi, foi o disparate que foi. Agora, sobre o reconhecimento do Estado da Palestina, diz não ter ainda consultado o Presidente da Republica, pelo que nada havia a dizer.

Mas eu tenho. A Guiné-Bissau sempre votou ao lado das pretensões independentistas palestinianas, acolhe, desde há muito tempo uma representação palestiniana na Guiné-Bissau, e beneficiou de vários projectos apoiados financeiramente pelos palestinianos, que desde sempre lutam contra a humilhação a que são submetidos pelo Estado de Israel, ingloriamente apoiado pelos norte-americanas e mais duas ou três ilhitas do Pacifico. Esta é que é a verdade.

Ou seja, Carlos Gomes Jr fala quando (o que) não deve; não sabe estar calado quando deve estar. Como bem dizia o Sr. meu Pai "se não tem nada para dizer fique calado". AAS

Preservativos chineses...pequeninos para africanos

O Governo da África do Sul ponderou a hipótese de importar preservativos da China, mas a tal 'coisa' não será concretizada. A razão é simples: é que os preservativos fabricados na China são demasiado pequenos para os africanos. Cerca de 11 milhões de preservativos era a quantia a ser importada pela África do Sul.

O Ministério das Finanças já tinha tudo tratado para que a empresa asiática Phoenurse fornecesse os preservativos para o país. Mas, na altura da encomenda, uma empresa rival, a Sekunjalo, revelou o pequeno detalhe de que os preservativos seriam de um “tamanho desfavorecido”, porque a empresa reduziu no tamanho para poupar no material e oferecer preços inferiores aos da concorrência. AAS

sábado, 17 de setembro de 2011

Lua de fel em Paris*

Photobucket

Paga por este Estado idiota. AAS

Lua de mel em Nova Iorque*

Photobucket

* Pagas pelo mesmo Estado idiota. AAS

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Canal espreitadela

O Procurador Geral da República, Edmundo Mendes, disparou ontem sobre os magistrados na tomada de posse de José Luis Rodrigues como Procurador-Geral adjunto. Indirectas como «Há magistrados que se passeiam pelos gabinetes, a espreitar para os monitores dos colegas», ou «não há segredo de Justiça» (uma referência clara ao blog ditadura do consenso, que revelou os dois últimos despachos onde o próprio PGR se auto-nomeia Procurador-Geral adjunto).

Depois, afiançou que os processos que agitam o País serão processados e julgados - não dizendo contudo de que processos se tratavam. E assim vai a nossa martirizada Guiné-Bissau. AAS

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Canal areia

Presidente da Republica, Malam Bacai Sanha, esta bem e recomenda-se... Ala I na rola na reia na Saly Portudal... AAS

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Libia sim, Khaddafi não

A Presidência da República, soube o ditadura do consenso, não alinha nas infelizes declarações do chefe do Governo guineense, Carlos Gomes Jr no que toca a um hipotético asilo do coronel Khadaffi na Guiné-Bissau.

"Esta nao pode ser a posição do Estado da Guiné-Bissau", será a resposta da Presidência da República, que, adiantou a mesma fonte, "ficou pasmada" com a quse centena e meia de referÊncias feitas a esta declaração de Cadogo Jr que surpreendeu tudo e todos. AAS

Canal 4

O Governo inaugurou hoje, com o apoio do PNUD, dois centros de apoio a prestacao da Justica para aqueles que nao podem pagar os servicos de um advogado. Serao inaugurados mais dois centros - um em Mansoa e outro em Canchungo.

A inauguracao foi apadrinhada pelo primeiro-ministro Carlos Gomes Jr, na presenca da representante do PNUD no Pais. AAS

Canal camuflado

Os militares detiveram hoje, e por cerca de duas horas, o apresentador do programa matinal da radio 'Bombolom FM', 'No Guine', Aladje Conte.

Tudo indica que o que chateou a tropa foi a repeticao, quase diaria, da noticia sobre a matanca ocorrida em Bissora, norte do Pais, ha pouco mais de uma semana. Recorde-se que cinco pessoas foram mortas, num conflito que opos elementos das etnias balanta e mandinga.

O apresentador do programa tera dado a entender que militares do batalhao de Mansoa terao 'patrocinado' a matanca que se seguiu, o que irritou a tropa. Entretanto, Aladje Conte esta ja em liberdade. AAS

Canal sakalata

No domingo, o conselheiro-cantor do PM voltou a fazer das suas, isto depois de uns tintos lá da terra da D. Maria, no Campo Sueco. Cabeça kenta, e o homem cantou, cantou, e suou em bica. Músicas do José Carlos Scwhartz. O brilharete, diz quem viu, aconteceu com 'mindjeris di panu pretu' (hum). Dipus, é toma konta di sala di badju: el, si mindjer ku si fidju.

Depois, tipo djikindor, taku kunsa sai: só para os músicos, foram mais de 100 mil Fcfa - uma angolana que acompanhava a família conselheira deu 70 mil. Uma coisa é certa, kontrada na kampu sueku pa sumana, ka na maina. AAS

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Canal gargalhada

Photobucket

"Assim, no uso das atribuições que lhe conferem as disposições dos artigos 10º, 11º e 12º da LOMP (Lei nº7/95, de 25 de julho), o Procurador Geral da República determina o seguinte:

É o Dr. Edmundo Mendes, Delegado do Procurador da República promovido para a categoria de Procurador-Geral-Adjunto, com efeitos a partir da data do presente Despacho
"

O cargo de Procurador-Geral da República, é meramente político. É diferente de quem fez/está a fazer carreira no Ministério Público. Não entendo nadica de nada!!! AAS

domingo, 11 de setembro de 2011

Berberedades

Photobucket

Um perfeito disparate, as declarações feitas ontem pelo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Jr: "Khadaffi será bem-vindo à Guiné-Bissau". Centenas de páginas na internet, dezenas de jornais, blogs de todo o mundo difundiram as declarações - claras e infelizes - de um primeiro-ministro atrapalhado, apanhado quase em contra-pé. Mas Cadogo sabia do que falava, afinal, o seu Governo era sustentado pelo 'grande líder' e 'rei dos reis'.

É claro que a Líbia, ou melhor o Khadaffi, financiou operações complexas que acabaram em assassinatos de políticos no ano de 2009; Khadaffi pagava algumas contribuições em falta a organismos internacionais onde, nalguns casos, há décadas tinhamos sido silenciados; Khadaffi oferecia automóveis, alimentava quartéis, compra um hotel e transforma-o, instala de raíz fábricas para descasque e transformação do caju; Enfim, Khadaffi lançava os foguetes e ainda apanhava as canas.

Está claro como água que este primeiro-ministro deve a Khadaffi a sua própria - e até aqui - sobrevivência no cargo. E quem deve, paga. Neste caso, não em numerário, mas em obediência. Uma fidelidade quase canina, mas que nos envergonha a todos pelo seu descaramento e, até certo ponto, desonestidade. Confundir o Khadaffi com o Estado da Líbia, é que não. Tudo tem limites, até a estupidez!

Hoje, quando quase todos os países no mundo já descartaram Muhammar Khadaffi, incluindo a potência do continente - a África do Sul, aparece aquela mancha tristérrima e cinzenta chamada de Guiné-Bissau, cujo primeiro-ministro, qual revolucionário, oferece, assim, do pé para a mão, asilo ao coronel Khadaffi. Este chegava, e, presumo eu, montava uma senhora tenda lá no quintal do palácio do Governo, ou mesmo dentro da enorme piscina que está na sede do PAIGC...

Eu, no lugar do primeiro-ministro, tinha feito isto assim que a guerra começou: nacionalizava o Libya Hotel, as três fabricas, e o que mais houvesse de investimento do Estado Líbio na Guiné-Bissau. Isso sim, era de governante! Quando um dia tudo estivese esclarecido, paga-se aos líbios tudo o que investiram, muito agradecidos, passou bem muito obrigado. E fica tudo numa boa.

Este apoio por parte do primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., é, por outro lado, um desafio à própria comunidade internacional. Impõe-se então esta pergunta: quem dá porventura mais apoios à Guiné-Bissau - a Líbia (o Khadaffi) ou a comunidade internacional - o G8 incluido? Quem responde a esta questão? O Cancan, o Caía, o Botché? Ou ainda mamé di Junta?AAS

Racismo: o Universo que se cuide...

Um sítio de supostos ultranacionalistas, que tem inspiração neonazi e defende o orgulho branco exacerbado, desferiu nos últimos dias ofensas contra várias candidatas a Miss Universo, concurso que se realiza segunda-feira próxima em São Paulo reunindo representantes de 89 países. Várias Misses foram tratadas de forma insultuosa pelo sítio “Stormfront” (ou frente de tempestade, em tradução livre, criado nos EUA na década de 90 e com muitos adeptos no Brasil), por serem negras ou mulatas, serem muçulmanas ou até por, mesmo sendo claras, terem o corpo bronzeado.

"Essa é a menos feia de um país inteiro. Como é que alguém consegue achar uma preta bonita?", escreve um dos participantes do forum de discussão sobre o Miss Universo criado no sítio, referindo-se à Miss Aruba, Gillain Berry, de 24 anos, uma das candidatas negras. Sobre a Miss Botswana, Larona Kgabo, de 25 anos, outro participante escreve ter ficado horrorizado e adianta que a empregada doméstica dele é mais bonita.

Em inglês e em português, os membros da comunidade desferem ataques sobre várias outras candidatas, colocando em dúvida tanto a sua beleza real, quanto a honestidade do concurso. Para o grupo, quase de certeza a vencedora vai ser uma representante da raça negra, tanto porque o Brasil é um país de misturas raciais, quanto porque está na moda, escreve outro participante, enaltecer não brancos, por parecer políticamente mais vantajoso.

"Para mim, esse concurso Miss Universo não passa de mais uma maneira de divulgar o multiculturalismo sionista e a "beleza" da diversidade. Fico assustado com alguns países europeus brancos que têm representantes não brancas." - Escreve um dos que postaram comentários no sítio, onde foram reproduzidas as fotos de oito das candidatas mais atacadas. E outro acrescenta:"Vai ser engraçado se ganhar uma preta aleatória. Melhor, ratificando, vai dar preta, de certeza."

Mas não são apenas as candidatas negras o alvo da intolerância do grupo. Candidatas sobre as quais nenhuma pessoa normal teria coragem de aventar qualquer suspeita sobre a origem racial também não escapam, quer por terem religião diferente da dos membros do grupo racista ou até por simplesmente estarem bronzeadas.

A Miss Rússia, por exemplo, Natália Gantimuriva, de 20 anos, apesar da pele clara e dos seus olhos azuis, não é aceite pelo grupo como branca por se ter convertido ao Islão. Para o grupo, se ela decidiu tornar-se muçulmana é porque tem algum ancestral não branco, o que a torna não branca também.

O cúmulo do preconceito expresso no forum de discussão do sítio tem como alvo, imagine-se, a Miss Dinamarca, Sandra Amer, de 21 anos, uma ruiva de olhos claros, que, apesar disso, não é considerada branca legítima pelo grupo, por ter a pele bronzeada pelo sol, provavelmente por ter passado recentemente uma temporada na praia. Sobre ela, um dos participantes escreve:"Que vergonha, com tantas loiras clarinhas lá, eles mandaram essa coisa."

Em Julho passado, o mesmo sítio já tinha dado uma prova da sua intolerância, criticando ásperamente a eleição de uma brasileira, Sílvia Novais, de 24 anos, como a descendente de italianos mais bonita em todo o mundo. Sílvia, que é negra, foi chamada então no sítio de "preta nojenta" e sofreu outros tipos de insulto, mas resolveu não ligar nem accionar a justiça.

sábado, 10 de setembro de 2011

'Khadaffi será bem vindo'...

Carlos Gomes Jr disse hoje que "Khadaffi merece todo o respeito do Governo" guineense, e que o acossado líder líbio "seria bem vindo" à Guiné-Bissau, isto se vir a precisar de asilo.

Cadogo, que falava aos jornalistas no aeroporto, pouco depois da chegada a Bissau, vindo de Cabo Verde, fez ainda ver que o mandato internacional emitido contra Khadaffi...não toca ao nosso País. E porquê?

Ele responde: "Porque a Guine-Bissau não aderiu à convenção de Roma", disse o primeiro-ministro. Sexta-feira, recorde-se, foi emitido um mandato de detenção internacional pelo Tribunal Penal Internacional sobre Khadaffi. AAS

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Canal Duralex

Não há descanso para os líbios; nem em Tripoli, nem em Sirti e menos ainda em Bissau. Depois de acatada a ordem - ainda que com sabor agridoce - para a retirada da bandeira da 'nova Líbia', ditadura do consenso apurou que os líbios serão chamados novamente.

Agora, as autoridades guineenses exigirão que a representação diplomática Líbia volte a içar a bandeira da Líbia na sua embaixada da rua de Angola - essa, sim, uma bandeira reconhecida pelas Nações Unidas. Dura Lex Sed Lex. Ou coisa que se pareça. AAS

DISCURSO DE INVESTIDURA DE SUA EXCIA. O SENHOR PRESIDENTE ELEITO DA REPÚBLICA DE CABO VERDE, DR. JORGE CARLOS DE ALMEIDA FONSECA

ASSEMBLEIA NACIONAL, 9 DE SETEMBRO DE 2011


Caros concidadãos

No momento em que inicio funções como Presidente da República, quero saudar todos os meus concidadãos, no país e na diáspora, os que votaram em mim e os que não o fizeram.

A todos quero reafirmar o que disse ao longo da campanha eleitoral: serei o Presidente de todos os cabo-verdianos e a todos valorizarei como cidadãos dignos desta terra, que precisa do concurso de todos, de todos, sem excepção.

Cumprirei as minhas funções como Presidente no estrito respeito pelo que estatui a Constituição da República, que considero como o meu Caderno de Encargos, como é a vontade maioritariamente expressa nas urnas pelos cidadãos cabo-verdianos.

O Manifesto Eleitoral e o Pacto com a Nação que apresentei ao eleitorado, e que mereceram a confiança dos eleitores, são para cumprir. E por isso, quero reafirmar solenemente perante esta Assembleia e perante todos os que me escutam neste momento, o meu firme engajamento com cada um dos compromissos eleitorais que assumí com o povo cabo-verdiano.

Senhor Presidente da Assembleia Nacional

Agradeço as palavras que me dirigiu nesta que é a Casa da Democracia cabo-verdiana. Aqui é a residência permanente e mais visível do pluralismo político e da democracia no nosso país.

É nesta augusta e simbólica instituição que está representado o nosso povo soberano. Por isso, também aos Senhores deputados dirijo uma palavra especial nesta que é a primeira vez que uso da palavra enquanto Presidente da República: a todos e a cada um de vós a quem os cabo-verdianos confiaram um mandato de representação política, quero assegurar todo o meu respeito institucional e a garantia de total cooperação entre o órgão de soberania que integram e o Presidente da República.

Ao senhor Primeiro-ministro e ao Governo reafirmo o que expressei antes e durante a campanha eleitoral. Vossas Excelências podem contar com o meu firme envolvimento na resolução dos grandes problemas que o país enfrenta e com toda a colaboração institucional que a Constituição possibilita e o país precisa. O Governo terá em mim um interlocutor atento, aberto, disponível, que acompanhará de forma permanente o processo e os resultados da governação.

Serei o árbitro do sistema de poderes e farei tudo o que estiver ao meu alcance para moderar as tensões da vida política, actuando como factor de equilíbrio do nosso sistema de governação, como o exige a Constituição da República.

Só não farei os impossíveis ou o que for rejeitado pelos superiores interesses nacionais, sempre norteado e balizado pela Constituição, valendo aqui a singela ideia, que me tem sido muito cara, de que nos estados constitucionais não há democracia nem estado de direito fora da Constituição e muito menos contra ela.

Os partidos políticos, verdadeiros esteios do nosso sistema democrático, terão no Presidente da República um elemento de incentivo na sua decisiva missão de formadores da vontade política plural dos cidadãos e de mobilizadores das energias necessárias à realização dos objectivos nacionais. Igualmente serão estimulados a, sem abdicarem da sua identidade político-ideológica, construir, quando necessário, os consensos reclamados pelos processos de desenvolvimento e de aprofundamento e extensão da nossa democracia. A estrita equidistância em relação às diferentes forças políticas será um verdadeiro diapasão de toda a intervenção do Chefe de Estado.

As organizações sindicais, patronais ou profissionais, emanações naturais das diversas actividades da sociedade, merecerão a melhor atenção do Presidente que também manterá diálogo permanente com a sociedade civil organizada e com os cidadãos residentes nas ilhas e na diáspora, com destaque para esse segmento da população, prenhe de sonhos, desafios e entusiasmo que é a Juventude cabo-verdiana.

Pela sua especificidade, muito particularmente pela sua grande proximidade relativamente às pessoas e comunidades, e pelo seu potencial de aprofundamento e alargamento da democracia, o poder local democrático será interlocutor muito privilegiado do Presidente que, sempre que necessário e desejável, será o intermediário entre ele e o poder central, contribuindo para que o relacionamento seja saudável e baseado em critérios de justiça, legalidade, respeito mútuo, não-discriminação e para que tenhamos no nosso país um poder local cada vez mais autêntico, democrático e autónomo, ao serviço das populações.


Senhor Presidente da Assembleia Nacional
Senhoras e Senhores Deputados
Ilustres Convidados

Há momentos que atravessam a vida das Nações, diríamos a definem. Momentos em que todas as energias confluem para uma única causa, um objectivo, um grande desígnio.

Na história recente do nosso país, a Independência foi um desses momentos, quando a Nação cabo-verdiana se levantou em uníssono para resgatar a sua identidade, assumir a sua autonomia enquanto Comunidade e reclamar a soberania sobre estas ilhas.

Quinze anos depois, o segundo grande momento galvanizou a Nação cabo-verdiana, originando num movimento político e social imparável em prol da liberdade e da democracia, que se concretizou com as primeiras eleições pluralistas de 13 de Janeiro de 1991.

Foram dois momentos paradigmáticos, dois momentos de que todos os cabo-verdianos podem justamente orgulhar-se. Foram momentos de ruptura, conseguidos sem traumatismos excessivos, com a dignidade e a perseverança que nos caracterizam como povo.

Ao longo destes trinta e seis anos de Independência, os cabo-verdianos enfrentaram e venceram inúmeros e complexos desafios. E estou seguro de que continuará na mesma senda.

Excelências,

Não constituirá surpresa para ninguém afirmar que Cabo Verde tem pela frente momentos difíceis, que, aliás, já estão presentes no dia-a-dia dos cidadãos. Tempos difíceis que não nos devem desencorajar. Pelo contrário, é nos momentos de grande dificuldade que a alma e a garra da Nação devem sobrepor-se aos obstáculos.

Soubemos, enquanto Nação, levar de vencida enormes desafios que herdámos no momento da nossa Independência.

Soubemos fazê-lo no passado e saberemos dar a resposta adequada aos desafios presentes e futuros.

Os desafios actuais são de ordem diferente dos que tivemos que vencer quando acedemos à Independência. Por isso, as soluções têm que ser diferentes e adaptadas ao contexto interno e externo prevalecentes neste momento.

A primeira exigência para que saibamos encontrar soluções aos nossos problemas, situa-se ao nível do diagnóstico. Temos que enfrentar a realidade tal como ela é e não como desejaríamos que fosse. E devemos dar a conhecer essa realidade aos nossos concidadãos para que tenham a consciência exacta da dimensão dos desafios que temos pela frente.

Isso é tão mais necessário quanto só um esforço colectivo de todos nos permitirá ultrapassar e vencer as dificuldades actuais e, ainda mais importante, assegurar no longo prazo um nível de vida digno a todos os cabo-verdianos.

A verdade pode por vezes ser dura, mas é necessário que todos a conheçam. Acredito profundamente que só assim poderemos mobilizar a sabedoria, as competências, a vontade colectiva dos cabo-verdianos, o seu empenho no engrandecimento destas nossas queridas ilhas.

Caros Concidadãos,


A realidade cabo-verdiana actual mostra sinais mistos, com desenvolvimentos positivos e outros negativos. A continuidade do crescimento económico, o desenvolvimento de infra-estruturas físicas, a cobertura sanitária do país, o alargamento da educação, as tecnologias de comunicação e informação, contam-se entre os sinais positivos, sobre os quais é preciso construir.

Os sinais negativos abarcam realidades hoje bem presentes no quotidiano dos cabo-verdianos: o desemprego de uma grande franja da população jovem, a pobreza que ainda afecta um considerável número de cabo-verdianos, níveis de insegurança que ultrapassam o comunitariamente suportável, os problemas no abastecimento de água e energia na capital e noutros centros urbanos, o endividamento do Estado, das empresas e das famílias, que se aproxima de níveis de alerta, as dificuldades da gestão orçamental, com o défice orçamental a níveis já irrazoáveis, a crise de valores que ameaça corroer o próprio tecido social. O empresariado nacional enfrenta sérias dificuldades. Acrescente-se, ainda, dois problemas cruciais para o desenvolvimento futuro do nosso país: a qualidade insatisfatória global do nosso sistema de ensino e o crescimento insuficiente da produtividade.

Esta realidade nacional insere-se num contexto internacional que assume contornos preocupantes, susceptíveis de influenciar negativamente o desempenho económico do nosso país, altamente dependente dos fluxos financeiros externos e vulnerável às vicissitudes da economia internacional


Excelências, Ilustres Convidados


Nenhum desafio - para além daquele mais geral e verdadeiro prius que se traduz na preservação e reforço dos pilares fundamentais do estado de direito democrático e que se reflecte na afirmação crescente e generalizada de uma cultura democrática - se mostra tão importante e urgente quanto os do crescimento acelerado da riqueza nacional e da redução das desigualdades sociais.

Nos últimos trinta anos, o crescimento real da economia cabo-verdiana foi de 6% ao ano, e o crescimento da riqueza média por habitante foi de 4%, descontando os efeitos do crescimento demográfico. Este resultado pode parecer excelente, mas infelizmente não o suficiente para nos fazer sair efectivamente do subdesenvolvimento. É preciso ir muito além dele, duplicá-lo mesmo, para que as actuais gerações possam ainda beneficiar do desenvolvimento.

A nossa Nação tem a inteligência e a vontade necessárias para vencer o subdesenvolvimento. Afinal, é disso que se trata: vencer o subdesenvolvimento.

Ainda que a palavra subdesenvolvimento gere hoje algumas reticências em favor de outras politicamente mais correctas ou simpáticas, o importante é estarmos todos conscientes de que, quaisquer que tenham sido os nossos sucessos, e tivemos muitos, o que nos resta a fazer para atingir o tão almejado desenvolvimento é tão importante, quiçá mais difícil, mas seguramente ao nosso alcance.

As dificuldades não nos metem medo. Sabemos que a fasquia deve ser colocada bem alto.

Outros povos fizeram o mesmo, colocando-a bem alto, e foram capazes de percorrer, nos últimos quarenta anos do século vinte, o caminho estreito que conduz ao desenvolvimento.

Tiveram a sabedoria de conceber e executar as políticas certas nos momentos certos; souberam aproveitar da melhor forma as oportunidades que as vicissitudes da economia mundial, e a sorte, colocaram no seu trajecto.

Cabo Verde está bem colocado para ser um dos países com capacidade para vencer o subdesenvolvimento na primeira metade do século vinte e um. E esse seria, digo será o terceiro grande momento definidor da nossa história recente.

Quando, orgulhosamente, pudermos afirmar perante nós mesmos e o mundo, que o nosso país venceu a miséria e que nenhum cabo-verdiano vive desamparado na sua terra; quando formos capazes de oferecer oportunidades de emprego a todos os que queiram trabalhar; quando tivermos reduzido as desigualdades para níveis aceitáveis, então nessa altura teremos cumprido a nossa missão para com as gerações presentes e futuras.

Alguns dirão que são sonhos irrealizáveis.

Estamos habituados a esse discurso derrotista. Ouvimo-lo durante a luta pela Independência, considerada um objectivo irrealista e irrealizável. Provámos que os derrotistas estavam errados. Voltámos a escutar as mesmas vozes em relação ao objectivo democracia e liberdade. Respondemos instalando em Cabo Verde um regime democrático estável de que nos podemos orgulhar, apesar de sua incompletude cultural e institucional.

Teremos de responder, e responderemos seguramente da mesma maneira, aos dois grandes desafios do desenvolvimento: o crescimento acelerado da economia e da riqueza nacional, e a diminuição das desigualdades sociais irrazoáveis.

Estes são desígnios nacionais que nos interpelam a todos, governantes, famílias, mundo empresarial e sindical, organizações da sociedade civil, cidadãos.

Senhor Presidente da Assembleia Nacional
Minhas Senhoras e meus senhores

A afirmação e credibilidade na cena internacional de um pequeno país como Cabo Verde é tributária da definição e execução de uma política externa que tenha em consideração os grandes valores universais, que também são nossos. A nossa acção diplomática deve pois afirmar-se nos valores humanistas, de defesa e promoção da democracia, da liberdade, do respeito pelos direitos humanos, e na observância do direito internacional que pauta as relações entre Estados.

Enquanto Presidente da República e no quadro constitucional existente promoverei e apoiarei o Governo no fortalecimento e desenvolvimento das relações existentes entre Cabo Verde e os seus principais parceiros de desenvolvimento, bem como na busca de novos entendimentos e parcerias, designadamente com os chamados países emergentes.

Saúdo os Governos de países amigos e as organizações internacionais que desde a Independência têm dado um contributo notável ao desenvolvimento do País, o que nos permitiu atingir um patamar de desenvolvimento apreciável, tendo em conta os nossos condicionalismos.

Manifesto a minha disponibilidade para a continuação de uma política de boa vizinhança e de promoção das relações com os países africanos e com as instâncias regionais de que fazemos parte. Deveremos estar sempre de «corpo inteiro», assumindo os nossos valores e os nossos princípios. Deveremos trabalhar para que se afirme uma África do futuro onde triunfem, de forma generalizada, a liberdade, a democracia, o respeito pelos direitos humanos e o bem-estar para todos.

Contribuirei de forma activa para que as relações entre os países da CPLP se fortaleçam e desenvolvam e para que a nossa Comunidade possa ser cada vez mais uma instituição em que os nossos concidadãos se possam rever. Mais uma comunidade de povos do que uma comunidade de Estados.

Darei atenção às relações com os países do continente europeu, em particular os da União Europeia no quadro da parceria especial, procurando maximizar as potencialidades por ela oferecidas.
As relações com os Estados Unidos da América devem constituir um vector importante da nossa política externa, inclusivamente por albergarem a maior comunidade cabo-verdiana no exterior de Cabo Verde. Os valores constitutivos desse grande país, a liberdade individual, a democracia, o respeito pelos direitos dos cidadãos, são também os nossos, e dele comungamos.
A China é hoje um parceiro incontornável de Cabo Verde. Sempre reconhecemos a unidade da China e entendemos desenvolver ao máximo as relações de parceria com esse país, cujo peso internacional crescente reflecte a realidade do seu potencial económico. Entendo que o aprofundamento das relações com a China é de grande interesse para o nosso país, e trabalharei com o Governo para que essa parceria produza os seus frutos no interesse de ambos os países.


Promoverei, no quadro constitucional e no respeito estrito da legalidade, acções oportunas e pertinentes para um eficaz combate à criminalidade internacional organizada, nomeadamente, ao terrorismo e na luta contra o tráfico de drogas. Os parceiros internacionais poderão contar com a nossa disponibilidade e todo o nosso empenhamento para a criação de um clima de paz e estabilidade regional.


Senhor Presidente da Assembleia Nacional
Senhoras e Senhores Deputados


O crescimento acelerado da economia é a pedra de toque, o objectivo intermédio que determinará a nossa habilidade em vencer o subdesenvolvimento.

Na verdade, a característica comum de todos os países que no século passado venceram o subdesenvolvimento, e dos que neste século perseguem o mesmo objectivo, é o facto de terem sido bem-sucedidos em fazer a economia crescer de forma acelerada durante algumas décadas seguidas, num processo interactivo que lhes permitiu melhorar o nível de vida e o bem-estar das suas populações, afinal o grande objectivo do desenvolvimento.

Cabo Verde pode e deve seguir o exemplo desses países.

Simples de dizer, difícil de fazer, dirão alguns.

Comungo desta preocupação, retirando-lhe apenas a carga pessimista.

É verdade que os casos de sucesso ocorreram em contextos internacionais diferentes, em circunstâncias diferentes das actuais.

Também é verdade que a situação internacional não deixa margem para grandes optimismos. A economia mundial pode estar a aproximar-se de novo de um período de recessão, o que nada de positivo nos traz enquanto país aberto e vulnerável a choques externos.

Mas os tempos de crise podem ser momentos de grandes oportunidades. Os países que realizaram o seu “milagre económico”, não viveram apenas períodos dourados. Conheceram momentos de grandes dificuldades no seu caminho para o desenvolvimento. O que os distinguiu e distingue foi e é a sua capacidade, em momentos de crise, de adaptação ao contexto, de adaptação “prospectiva”, de antecipação dos desenvolvimentos do contexto internacional, definição de desígnios estratégicos, e execução de políticas coerentes.

Estes países apostaram na aceleração do crescimento da produtividade nacional, o factor determinante do crescimento económico a longo prazo. Incentivaram a poupança nacional e investiram em infra-estruturas físicas, investiram em tecnologia e inovação, e acima de tudo apostaram no capital humano, desenvolvendo sistema educativos altamente eficientes e de excelência, da base ao topo.

É esse o caminho que devemos trilhar, concedendo a merecida atenção também às questões ambientais e energéticas.

Minhas Senhoras e meus Senhores,
Ilustres Convidados


Cabo Verde continua a ser um país de grandes desigualdades sociais. Os últimos números oficiais relativos às desigualdades, datados do ano 2007, apontam para um coeficiente de Gini de 0,47, um dos indicadores utilizados para medir a desigualdade de rendimentos, o que nos coloca no grupo dos países com maior desigualdade de rendimento, de entre uma listagem de 162 países publicada pela ONU em 2009.


É certo que se registou uma evolução positiva na última década, mas o nível actual de desigualdade dos rendimentos ainda não é comunitariamente aceitável, ele é visto como socialmente irrazoável. O crescimento económico não significa, necessariamente, mais desigualdade. Pelo contrário, uma distribuição mais equitativa da riqueza pode ser um factor de aceleração do crescimento económico.

Por uma questão de eficácia, mas também por razões de ordem moral, temos que combater a miséria ao mesmo tempo que a economia acelera.
O que significa que podem mostrar-se necessárias políticas activas com o mesmo objectivo, direccionadas especificamente para a redução das desigualdades mediante a elevação do estatuto dos que estão, digamos de forma singela, no fundo da tabela. Não devemos ter medo das palavras. É preciso criar riqueza e ao mesmo tempo distribuir riqueza pela via de políticas de elevação das condições de vida dos mais fracos.
A nossa sociedade deve assegurar a todos um nível de rendimento e condições de vida decentes, susceptíveis de proporcionar o livre desenvolvimento da personalidade de cada um, dando, assim, corpo à elementar noção de dignidade da pessoa humana que confere, a final, fundamento ao estado de direito. A pobreza e as desigualdades extremas, pondo em risco a coesão social, podem corroer a nossa unidade como povo.
Ao fim e ao cabo, o que dizemos nada mais é do que efectivamente realizar o estado de direito e de democracia de cariz social, tal como vem desenhado e postulado pela Constituição fundante da II República em que vivemos.

Senhor Presidente da Assembleia Nacional
Senhoras e Senhores Deputados

Vivemos hoje, a nível mundial, uma das maiores crises económicas e financeiras dos tempos modernos.

Estamos, como todo o mundo, imersos neste grande turbilhão da primeira grande crise da globalização com os efeitos devastadores que está a provocar sobre o emprego, os rendimentos e as restrições orçamentais de muitos dos países, nossos principais parceiros.

Vivemos também, num mundo cada vez mais plano, sem limites e sem fronteiras. Para o bem e para o mal.

É exigido a todos os países uma nova dinâmica reformista, uma nova forma de olhar para o mercado, o Estado e as forças endógenas, um novo papel para a competitividade e a produtividade das empresas e um enfoque na qualificação dos recursos humanos, no seu bem-estar e no seu capital social.

O futuro está nas nossas mãos e depende do nosso esforço e do nosso empenhamento.

Cabo Verde tem que se adaptar aos novos tempos. E essa adaptação às exigências do nosso tempo passa por uma sociedade civil cada vez mais forte, dinâmica, autónoma, responsável e ciente da sua relevância. Capaz de se revelar como instância de fiscalização dos poderes, todos os poderes, mas igualmente como produtora de fluxos de ideias para o interior do Estado. Precisamos que a política e as instituições públicas ajudem a este desiderato global, ainda que não sejam totalmente decisivas.

É preciso desenvolver na sociedade cabo-verdiana uma atitude competitiva por oposição à mera procura de rendas económicas ou da protecção do Estado. O trabalho, a responsabilidade, o mérito, o esforço, a cultura da transparência e do rigor na gestão da coisa pública, a qualidade, a produtividade e a competitividade são valores que merecem ser promovidos quotidianamente.

As empresas nacionais têm que se envolver no desafio que consiste em aproveitar as oportunidades que um mundo global comporta.

Cabo Verde tem de ser uma plataforma atractiva de investimento dos cabo-verdianos, residentes e na diáspora, atractiva para o capital externo em busca de oportunidades de investimento.

O segredo reside no papel desempenhado pelo ambiente económico, pelas instituições e pelas políticas nacionais. São os atributos de uma nação que estimulam as suas vantagens competitivas.

Por isso, a necessidade da promoção de uma classe empresarial nacional forte, competitiva, exportadora e com capacidade para se internacionalizar.

Mas a economia hoje não é só empresas e mercados. É acima de tudo vivência, sociedade, mobilização, partilha e satisfação das pessoas. O mercado passou a ter uma dimensão institucional verdadeiramente nova. Precisamos de promover todas essas dimensões em Cabo Verde e sobretudo o capital social como condição essencial para o desenvolvimento.
Temos de nos diferenciar pela qualidade dos bens e serviços oferecidos, através de uma verdadeira política de certificação internacional.

Essa exigência obriga a uma maior preparação académica, científica e tecnológica dos nossos recursos humanos e das empresas e sobretudo uma grande competitividade do nosso sistema de ensino e formação profissional e de aprendizagem ao longo da vida.

Exige também uma nova cultura empresarial sustentada na inovação, na competência e no empreendedorismo e uma administração pública ágil, despartidarizada e com espírito de missão.

As universidades têm de ser capazes e devem ser incentivadas a abrir a suas portas às empresas e às organizações públicas e privadas para que o conhecimento possa ser a chave de mudança que Cabo Verde exige e que permite aumentar a competitividade e a geração de riqueza.

É nas universidades e nas escolas que se encontra a maior reserva de conhecimento. Delas depende o aproveitamento da nossa oportunidade demográfica.

Um dos maiores desafios de futuro para Cabo Verde é o da construção do sistema educativo e de um ensino superior de alta qualidade, exigente e em linha com elevados padrões.
Temos de saber fazer despertar toda a sociedade cabo-verdiana e os poderes públicos para a importância decisiva da aposta na excelência e no rigor do nosso sistema de educação.

Senhor Presidente da Assembleia Nacional
Senhoras e Senhores Deputados

Metade da população cabo-verdiana tem menos de 22 anos. Um em cada três habitantes tem menos de 15 anos e dois em cada três cidadãos tem menos de 30 anos. Bastam estes números para revelar a extrema juventude da população cabo-verdiana, e a enorme responsabilidade que pesa sobre os governantes do país. Os desafios que se colocam aos governantes na sua relação com a juventude não se situam apenas ao nível da satisfação de necessidades como a educação de alto nível, ocupação de tempos livres, saúde para todos, habitação condigna, emprego, segurança e igualdade de oportunidades na vida para os jovens. Não, a responsabilidade dos governantes vai mais longe, entra pela esfera de valores. O valor da vida humana, a liberdade, a tolerância, a aceitação da diferença, a paz social, o respeito pelos direitos dos outros, a honestidade, o trabalho sério, a realização pelo trabalho, a responsabilidade social, a igualdade de oportunidades, a autonomia da pessoa humana. Este combate pelos valores que devem reger a nossa sociedade é o mais delicado, o mais difícil no nosso mundo globalizado.

Crente e confiante no valor e no papel da juventude cabo-verdiana para o futuro de Cabo Verde, os jovens terão no seu Presidente da República alguém que lhes fala a verdade e que, não se escondendo atrás do cargo que ocupa, promoverá a cultura do mérito e da qualidade, incentivará a igualdade de oportunidades, respeitará a «diversidade das juventudes» e dinamizará iniciativas e programas conducentes ao despontar do conhecimento e da criatividade nas várias áreas do saber e da cultura.

Permitam-me que apele a que levem o vosso país a tocar os céus, se possível! Sereis vós a poder construir um Cabo Verde mais livre, mais justo e solidário porque mais desenvolvido e democrático.
Mais do que ser o país a desafiar-nos, a desafiar-vos, devereis ser vós a interessar-se pelo futuro e a conquistá-lo.

Excelências,

Nos tempos em que vivemos – também de evidente crise dos valores positivos tradicionais de Cabo Verde, da solidariedade, da tolerância, da responsabilidade, do respeito pelos mais idosos, do brio profissional, da honestidade – uma política activa de família como espaço privilegiado de realização da pessoa humana mostra-se inadiável. Ela é ou deve ser o elemento agregador fundamental na sociedade cabo-verdiana.

Minhas senhoras e Meus senhores,
No estrito âmbito dos poderes constitucionais que cabem ao Presidente da República, irei prestar significativa atenção ao sistema da Justiça e seu efectivo e eficaz funcionamento, contribuindo para que possa retomar níveis mais razoáveis de credibilidade aos olhos dos cidadãos.
Sem decisões reconhecidamente justas, sem uma justiça que gere confiança na comunidade, com a celeridade desejável e adequada à afirmação de outros valores que o sistema também deve proteger e afirmar, e acessível aos cidadãos, a coesão social e o sistema de crenças no ideário democrático ficam abalados. Sistema de justiça adequado e credível e eleições livres e transparentes são, decisivamente, elementos estruturantes do regime de democracia.

A Justiça tem que ser um exemplo de rigor, de credibilidade e de transparência. Os tribunais têm que ser, sem sombra de dúvida, factores de promoção de uma sociedade de Justiça. O acesso à justiça tem que ser melhorado e garantido a todos os cidadãos, que não podem ficar eternamente à espera das decisões dos tribunais.

A questão da morosidade da Justiça é central no nosso sistema judicial, estando ela ligada a uma complexa e diversificada teia de factores já devidamente recortada e estudada. Sem preocupação de minúcias descabidas neste momento, questões como uma maior capacitação técnica de todos os agentes da justiça, criação de verdadeiros e autónomos serviços de inspecção, enfim, mecanismos de responsabilização do sistema no seu todo que, naturalmente, não se confundam com preterição de princípios basilares do estado de direito como os da independência do poder judicial e dos juízes, da irresponsabilidade destes pelo teor de suas decisões e da autonomia do Ministério Público, deverão ser enfrentadas com coragem política, mesmo que tenham de ser vencidas eventuais e desajustadas resistências corporativas.

Mas a este nível, é também preciso encontrar as soluções e os compromissos políticos que permitam que se realize a Constituição, no que à instalação do Tribunal Constitucional e ao Provedor de Justiça diz respeito. Não é uma prática desejável nem exemplar que exigências constitucionais tão precisas estiolem com atitudes omissivas ou de indiferença de poderes e responsáveis políticos, a quem cabe, em primeira linha, a tarefa de respeitar e fazer respeitar a Constituição e de a realizar com efectividade. De mais a mais, trata-se de instituições fundamentais no nosso Estado de Direito Democrático, seja, num caso, para a afirmação incondicionada de um cultura constitucional no país, tão vital para a cultura democrática, seja, no outro caso, para a defesa de direitos fundamentais e a afirmação da cidadania democrática.

Comprometo-me a trabalhar, com empenho, para que rapidamente os agentes políticos envolvidos cheguem aos consensos necessários a uma efectiva instalação daquelas instituições.
Senhor Presidente da Assembleia Nacional,
O desenvolvimento sócio-económico é um imperativo nacional, mas ele apenas será atingido na sua plenitude de significados se for harmonioso e equilibrado de uma perspectiva de sua extensão a todas as parcelas do território nacional. Igualmente ele não será atingido se não for concebido e balizado no quadro da preservação, desenvolvimento e aprofundamento da nossa já rica e diversificada cultura, autêntico retrato da alma cabo-verdiana em permanente (re) construção.

A cultura cabo-verdiana é o verdadeiro esteio da nossa identidade nacional – rica e plural na sua génese e na constante redefinição de seus contornos externos e intrínsecos -, nossa âncora nos processos marcantes da nossa história colectiva e cimento que une ilhas e continentes, cinco de Julho e 13 de Janeiro, conferindo à nação uma dimensão que extravasa a esfera territorial.

Acarinharei e apoiarei, nos limites de minhas atribuições e capacidades, essa plêiade de mulheres e homens que, na transcendência de sua criatividade, recria incessantemente as emoções e o espírito crioulo nosso. Procurarei contribuir para que a nossa cultura e, em particular, os agentes e produtores de cultura, tenham o reconhecimento merecido no país e no estrangeiro e as condições para um cabal desenvolvimento de sua actividade musical, artística e literária.
Este é também o momento de lembrar com vigor, com agradecimento, o papel de extrema importância que a diáspora cabo-verdiana tem desempenhado no desenvolvimento de Cabo Verde e na consolidação da nossa democracia. A todos os cabo-verdianos residentes no exterior, a cada homem cabo-verdiano, a cada mulher cabo-verdiana espalhados pelo mundo envio as minhas saudações fraternais como Presidente da República de Cabo Verde e auspicio um breve regresso à terra mãe para matar saudades.
A parcela da nação cabo-verdiana residente fora do país estará sempre no centro das atenções do Presidente da República, traduzidas primeiramente no reforço do seu sentimento de pertença a esta Nação, através do estímulo a acções que tenham em vista o recorte da identidade cultural e a ampliação da participação política. A integração nos países de acolhimento será igualmente uma das prioridades no âmbito das competências do Presidente da República enquanto mais alto representante da Nação cabo-verdiana. Tudo farei nessa direcção, concedendo uma atenção particular a comunidades residentes em alguns países e que se encontram em situação especialmente precária.
Uma adequada inserção dos recursos culturais, científicos, tecnológicos, financeiros e empresariais dos cabo-verdianos residentes no estrangeiro no processo de desenvolvimento de Cabo Verde será uma das minhas preocupações permanentes.
Aos nossos excelentíssimos convidados, representantes de Estados Amigos que honraram esta cerimónia com a sua presença quero, em nome do povo cabo-verdiano, expressar o meu reconhecimento e gratidão. Como Chefe de Estado farei uso de todas as faculdades constitucionais que me são conferidas para promover, de forma intensa, activa e digna, a aproximação entre os nossos povos. Estarei disponível para, no quadro das nossas relações entre Estados, garantir que o diálogo, o entendimento e os valores comuns da democracia e do respeito mútuo prevaleçam sempre. Mais uma vez meus sinceros agradecimentos pela vossa respeitável presença

Excelências,

Gostaria de saudar, com respeito, o Presidente cessante Comandante Pedro Verona Rodrigues Pires e agradecer o contributo que, na Presidência da República, deu para a afirmação de Cabo Verde no mundo. Desejo-lhe e à Excelentíssima Esposa as maiores felicidades na vida pessoal e familiar.

Ao Dr. Mascarenhas Monteiro, primeiro Presidente eleito democraticamente em Cabo verde, as minhas mais vivas e respeitosas saudações, desejando-lhe, bem assim à Excelentíssima Esposa, as maiores felicidades.

Ao Presidente Aristides Pereira, os meus cumprimentos igualmente respeitosos, extensivos à Excelentíssima família, e os votos de rápidas melhoras.

Seja-me permitido, num acto solene como este, exprimir ainda mais alguns sentimentos pessoais. Abrir o coração e dizer alguma coisa do que me vai dentro.

É na energia que emana do corpo e da alma dos que no dia- a -dia constroem Cabo Verde e que, nas memoráveis jornadas democráticas de Agosto, assumiu expressão ímpar, que busco forças para colocar todo o meu ser ao serviço do país.

Quero continuar a fazer parte desse caudal quase indomável que é a proverbial tenacidade do Povo destas ilhas e contribuir para que cada vez mais ela se transforme de facto num instrumento de mudanças profundas nas condições de vida de todos os cabo-verdianos.

Queria, outrossim, agradecer aos muitos milhares de cabo-verdianos anónimos, nas ilhas e na diáspora, que quiseram que hoje prestasse este juramento perante a Nação. Em especial a todos quantos, de forma abnegada, colaboraram de perto comigo na grande aventura democrática que acaba por desembocar igualmente nesta cerimónia singela mas memorável. Destaco a minha família que nunca me regateou o apoio e o amparo necessários.

Muito obrigado a todos!
Enfim, permitam-me evocar a memória de meu pai, que seguramente, em silêncio mas de forma inteligente, contribuiu para que este evento tivesse tido lugar hoje.

Senhor Presidente da Assembleia Nacional, Minhas Senhoras e meus Senhores,

Estamos cientes de que a grandeza nunca é um dado adquirido. Deve ser conquistada. A nossa viagem como povo nunca foi feita de atalhos ou de aceitar o mínimo. Não tem sido o caminho dos que hesitam, pelo contrário, tem sido o dos que correm riscos, os que agem, os que fazem as coisas. Temos sido um povo que muda constantemente a sua condição e reescreve o seu destino por actos de sabedoria, coragem e perseverança. Estas ilhas viram a chegada dos primeiros colonos, a chegada dos primeiros escravos. Juntos vencemos a escravatura, derrubámos o colonialismo e promovemos com sucesso um regime baseado na liberdade e no respeito pelos direitos humanos.

Por todas estas razões acredito que nós como povo venceremos os desafios do futuro, juntos seremos capazes de ganhar novos horizontes, novas perspectivas e oferecer aos nossos descendentes um Cabo Verde mais livre, mais desenvolvido, mais humano e que nos possa orgulhar a todos.

Muito obrigado.

Bom tempo no canal

"Caro Aly,

Relativamente ao último parágrafo do tema acima:

Não tendo idade para ser teu Pai, tenho idade para ser o teu irmão mais velho, como eu te entendo… Se não for pedir muito, aceita, nessa qualidade, um forte abraço.

João Dias
".

M/N: Muito obrigado. AAS

Canal entupido

- Primeiro-ministro, Carlos Gomes Jr., esta na cidade da Praia para a tomada de posse do novo Presidente da Republica de Cabo Verde. A cerimonia no Parlamento esta muito atrasada;

- O Presidente da Republica, Malam Bacai Sanha, deve seguir para Cuba a fim de prosseguir o tratamento;

- Por ca, esta tudo parado. Sete membros do Governo estao a aguardar pelo regresso do Presidente da Republica, para tomarem posse;

- PAIGC com mao dura: Roberto Cacheu foi suspenso por 3 e oito anos respectivamente. As guerras com o presidente do partido, Carlos Gomes Jr., estao para durar...;

- Em Luanda, Angola, os jovens nao dao sossego ao Presidente Jose Eduardo dos Santos, e ao MPLA. Julgamento prossegue hoje.

E eu? Eu sinto muito a falta do meu Pai, que, se fosse vivo, completaria hoje 45 anos de casado. Saudade tenho de ti, Pai. AAS

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Vem aí um massacre...

A pré-selecção nacional de futebol que vai disputar o jogo diante da Guiné Bissau, a 08 de Outubro para a última jornada do Grupo J, no apuramento ao Campeonato Africano (CAN) 2012, será convocada a 30 deste mês...

M/N: Daí eu pensar num massacre, pois o jogo será em...outubro!!! AAS

Como eu, António Aly Silva, perdi o Pulitzer

Em 26.04.2010, recebi este e-mail:

Olá Aly.

Me chamo A. L., sou brasileiro e tambem jornalista. Eu estou trabalhando em um caso onde eu denunciei o trabalho desonesto de um fotografo italiano chamado Marco Vernaschi na Uganda. Marco esteve no inicio deste ano por la para fazer um trabalho para o Pulitzer Center sobre Sacrifício Humano. Durante meu período por lá eu descobri que ele havia pago para poder exumar ilegalmente 4 corpos de 4 crianças para serem fotografadas.

Esta noticia abalou o mundo da fotografia internacional, voce pode ver os resultados nos links abaixo:

http://vigilantejournalist.com/blog/archives/1615

http://www.adevelopingstory.org/2010/pulitzer-center-crisis-in-ethics

http://untoldstories.pulitzercenter.org/2010/04/uganda-response-to-critics.html

http://untoldstories.pulitzercenter.org/2010/04/uganda-babirye-the-girl-from-katugwe.html

Outras questões também foram levantadas por um fotografo Dinamarquês sobre suas fotos feitas em Guiné Bissau no ano passado. Com estas fotos ele venceu o primeiro prémio na categoria de reportagem do World Press Photo.

Muitas das fotos parecem boas demais para serem verdade, e depois que eu o denunciei muitas pessoas também passaram a especular se este projecto também nao é composto de fotos orquestradas.

O fotografo Dinamarquês Jørn Stjerneklar editor do blog maydaypress, em http://www.maydaypress.com/blog/page9_files/024fe1f5a1638b898aee32fcbb1aa95d-1.html escreveu hoje um artigo sobre uma das principais fotos de Marco Vernachi usando como base de comparação algumas de tuas fotos, publicadas no teu blog.

Trata-se das fotos feitas após o assassinato do presidente Nino Vieira. Eu nao sei se Jørn entrou em contato contigo antes de escrever este artigo, mas eu gostaria de poder tirar algumas duvidas.

No seu artigo Jørn compara os arquivos das tuas fotos e das fotos feitas por Marco. A diferença é de 9 minutos de vantagem para ti. Isso quer dizer que Marco fez suas fotos 9 minutos depois de ti. Eu gostaria de saber, se tu em algum momento encontrou ou ouviu falar de Marco Vernaschi em Bissau. Tu estavas presente durante o tempo em que ele fotografou o local onde o presidente foi assassinado?

A grande pergunta agora é se Marco modificou a cena do crime para poder construir melhores fotos. Em tuas fotos o local do crime aparece sem nenhuma cadeira, tambem em sua foto Marco apresenta a cena do crime com um dos facões usados para o assassinato, um magazine de uma metralhadora e um colete anti-balas. Por favor, veja a foto nesta pagina: http://www.worldpressphoto.org/index.php?option=com_photogallery&task=view&id=1724&Itemid=257&type=&selectedIndex=2&bandwidth=high

Esta sendo sugerido que Marco Vernaschi tenha construído esta foto. Eu gostaria de saber se tu poderia me ajudar a entender como estas 2 cadeiras o facao o porta projeteis e o colete anti balas foram parar onde o presidente foi assassinado.

Espero que tu possas me ajudar a entender melhor este fato.

Parabéns pelo blog. Um forte abraco!

A. L.
Photographer

___________
Respondi ao A.L.:

caro André
Obrigado pelo teu e-mail. Confesso-te que ainda estou pasmado com o
que se está a passar.
Li o teu e-mail do meu telemóvel. Hoje, já nem vou abrir o computador
mas amanhá, mais tardar na 4a, terás uma resposta.
Agradecia que me enviasses uma fotografia desse tal fotógrafo.
Um abraço e fiquemos em contacto.
Aly

____________
O A.L. volta a escrever:

Olá Aly, muito obrigado pela rápida resposta.

Eu amanha estou indo para Mogadíscio (Somália) onde devo estar por duas semanas. te enviarei meu numero de telefone na Somalia

Tambem gostaria que voce pudesse visitar a pagina de Marco e por gentileza fazer uma avaliacao de suas fotos de uma suposta execucao cometida por uma gang de traficates.

http://www.photoshelter.com/c/marco_vernaschi/gallery/WEST-AFRICAS-NEW-ACHILLES-HEEL/G0000xZuOJrujL5c/?_bqH=eJzL93ELKgrJ9DMPTa.IMg721C2O8kp2zHYpNQi1MjG3MjQwsLJyj_d0sXU3AIKKqFJ_r6LSLB_TZLUAkKiau2e8u6OPj2tQJDZFAEvEHG8-&_bqO=2

Tu conheces por ai uma pessoa chamada Pedro M.? Ele deixou um comentario na pagina do Pulitzer Center no ano passado muito intrigante.

O endereco é http://untoldstories.pulitzercenter.org/2009/06/guinea-bissau-a-gangsters-paradise.html

Estarei aguardando os teus comentarios ansiosamente. Tenha uma boa noite!

A.L.

_________
André, não tem que agradecer. Se eu puder te ajudar será um prazer.
Entretanto, a fotografia está em Tiff e não consegui abrir. Pode me
mandar em formato JPEG? Abraço e boa viagem.

Aly

__________
Caro Aly aqui vai a foto.

Fico feliz em poder contar contigo para iluminar este caso

A.L.

M/N: Tirem as vossas conclusões. Dos meus colegas jornalistas, em Portugal, pode ser que dê algum jeito... Estamos a falar de uma espécie de prémio Nobel do Jornalismo! António Aly Silva