sábado, 6 de dezembro de 2014

Assinatura de acordo GB/BM: 7 milhões de dólares em dia de aniversário




No passado dia 4 de Dezembro de 2014, nos escritórios do Banco Mundial em Dakar. Cerimónia de assinatura da convenção de financiamento de 7 milhões de dólares para a agricultura e a segurança alimentar entre o Banco Mundial, o Programa Alimentar Mundial e o Governo da Guiné-Bissau. A surpresa foi o bolo do aniversário: é que o ministro das Finanças, Geraldo Martins, fazia anos nesse dia.

António Nhaga: Nunca serás lembrado


"Aly Silva - o D. Quixote guineense

Jornalista e pintor, António Aly Silva, também bloguista, é um autêntico D. Quixote da Guiné-Bissau, uma figura ímpar de que me apetece aqui falar.

O António, de 48 anos, natural do Quebo, antiga Aldeia Formosa, na região de Tombali, no interior da Guiné-Bissau, é um caso fabuloso de desdobramento de personalidades, entre o pintor que começou a ser ainda muito novo, na adolescência, e o jornalista irreverente em que depois se tornou (semanário O Independente e revista Visão), com uma posição assinalável no blogue Ditadura do Consenso. Rapaz de duas pátrias, a guineense e a portuguesa, pois que em ambas já viveu, ele tem um desassombro excepcional quando fala dos muitos problemas da terra onde também nasceu Amílcar Cabral; e onde tantos morreram, em circunstâncias várias.

Falar do António Aly Silva e da sua maneira de estar na vida é homenagear todos aqueles que transgridem, que fazem tantas vezes aquilo que nós pensamos mas não temos a coragem de fazer ou de dizer. Depois de tanto se ter escrito nos últimos anos sobre uma pátria ainda a dar como que os primeiros passos, pois que 40 anos pouco são na vida de uma nação, é bom ter uma matéria nova para falar, que não seja o peso dos militares ou as influências do narcotráfico.

Aly é um artista e um poeta, que nos sabe bem ler, pois dele transcende o mais puro espírito libertário. E aqui o gostaria de colocar ao lado de muitas das outras figuras africanas que já tenho abordado ao longo da vida, pessoas com maneiras diferentes de estar na vida, mas que de algum modo não podemos ignorar: o José Vicente Lopes, o Tony Tcheka, o José Eduardo Agualusa, o Ondkaji, o João Paulo Borges Coelho, o Mia Couto, o Nelson Saúte e tantos outros.

Esta minha carta é para eles, os cidadãos lusófonos que aprecio, pessoas que têm ajudado a fazer notadas as jovens nações onde vivem. Pessoas todas elas com menos de 65 anos; nascidas portanto depois da II Guerra Mundial e de tudo o que ela significou para marcar um antes e um depois.

O António Aly Silva andava na instrução primária em Portugal quando aqui foi o 25 de Abril de 1974 e algum tempo depois seguiu para Bissau, a matricular-se no Liceu Kwame Nkrumah, onde a sua pintura começou a ser notada, em tons vivos, como é próprio da África e dos africanos. Galerias de Dacar, Lisboa, Sintra, Paço d'Arcos e Cascais viram os seus quadros, bem como algumas salas de Bissau. Toda uma corrente de afectos se foi gerando à sua volta, como de ódios também; ou não fosse a Guiné-Bissau um país de perfídias, onde por vezes parece tão fácil morrer, vítima do feitiço de alguém que nos quer mal.

Aos meus olhos, ao colocar claramente os pontos nos iis, denunciando as conjuras, os golpes baixos, em pleno terreno armadilhado, o Aly é um herói, um autêntico D. Quixote deste tempo novo, deste século XXI em que nos é dado viver, até que os deuses o permitam. "Venham mais cinco!", como ele, como o Zeca Afonso, como o José Dias Coelho. E um dia talvez o mundo seja melhor, onde mereça a pena viver. Graças ao esforço dos que tantas vezes chegam a duvidar de que valha a pena. Dos que tropeçam nos escolhos mas acabam por arranjar forças para se levantar.

Jorge Heitor
Jornalista
"

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

António Nhaga: Não tens tomates




O energúmeno que responde pelo nome de António Nhaga e é o "director geral" do pasquim pomposamente embelezado como o nome de 'Democrata', não passa de um frustrado e cobarde. Maldosamente, sem qualquer motivo (recebeu um email com imprecisões sobre a minha pessoa) atacou-me e ainda permitiu que a sua opinião fosse postado, não no seu sítio, mas por terceiros! Que filho da puta me saiu este gajo... Pois bem, mas alguém entende uma cena canalha dessas?! Eu não, mas sei por que razão o fez.



Quando eu dirigia o quinzenário Lusófono, em Lisboa, organizámos uma conferência na Universidade Lusófona. Na mesa, comigo a moderar, estavam três oradores: o Ricardo G. G., o O. Lopes, e mais uma pessoa que agora não posso precisar. Cada orador proferiu a sua comunicação e depois abrimos um debate.

A meio da sala, afundado na cadeira, António Nhaga distinguia-se dos demais. Pequenino, 1 metro e 50 de gente por 80cm de largo, dava nas vistas. Estava gordo e reluzente (comida da Finlândia, presumo!, para onde foi arrastado por uma loira que estava por Bissau em turismo sexual, nunca se saberá...) O certo é que, um dia, a voluptuosa loira cansou-se da besta e meteu os patins ao pobre do Nhaga, que, vendo-se subitamente sem chão preferiu o regresso à pacata origem.

Em Bissau, ninguém o via. Parecia um fantasma. E onde mais o Nhaga poderia trabalhar a não ser numa das mais ricas agências da ONU?

Voltemos à conferência. Da mesa, vimos de repente aquilo que nos pareceu um vulto. Era o bracinho do Nhaga - estava mortinho por finalmente fazer parte da conferência e dar um ar da sua graça. Queria os seus quinze minutos de fama. Dei-lhe finalmente a palavra. E o que é que o infeliz e obtuso do Nhaga nos diz a todos? "Acho que nós (jornalistas) na Guiné-Bissau precisamos de livros de estilo."(!?)

Quando ouvi aquilo, não me contive e respondi-lhe energicamente, como de resto merecia. Lá do alto, onde estava e continuo a estar, proferi: "Nhaga, vocês (eles, alguns jornalistas e jornaleiros guineenses) precisam é de dicionários de português!". Fez-se silêncio. Podia ouvir-se uma mosca a atravessar a sala. Os meus companheiros de mesa trocaram olhares cúmplices. Um deles piscou-me o olho como que a dizer "foi bem dado". O certo é que teve efeito - não o pretendido mas talvez o desejado: António Nhaga dobrou-se sobre a sua pequena e desproporcionada figura...e fugiu da sala como um gato, sem fazer barulho nem deixar marcas.

No final da conferência, estivémos um tempinho no pátio na conversa, mas como eu tinha um compromisso tive que me despedir do pessoal. No dia seguinte, liga-me um amigo: "Ouve lá, ontem depois de ires embora o Nhaga começou a mandar bocas e eu tive que o calar. Disse-lhe "porque não falaste enquanto o Aly cá estava?".

É a prova, meus caros, de que o António Nhaga, para além de pequenino e cobarde é também mesquinho e um bocadinho aldrabão. Numa palavra: não tem tomates... É que se o António Nhaga fosse minimamente uma pessoa inteligente, não tinha entrado por aí...Ou seja, se não tiver nada para dizer...esteja calado! Livro de estilo...

E cá está a razão - a única e triste razão - pela qual fui gratuitamente atacado e insultado pelo director geral António Nhaga. Podia ter dito ao miúdo "não publicamos." Mas não, decidiu enveredar-se pelo caminho mais fácil, da intriga, da calúnia.

António Nhaga:

Eu tenho mais, muito mais nível do que tu. Tu és um idiota - outro, mais um naquela poeirenta Bissau - com um modem à frente. Mais: o teu jornal é ilegal - traduzido por peanuts, não tem documentação legal e nem paga impostos. Desafio-te aqui a provares o contrário sob pena de passares por aldrabão e mentiroso.

António Nhaga:

És uma alma penada (kassissa). Tu não me conheces, eu e tu nunca trocámos olhares sequer. Sempre pensei que havia alguma coisa em ti que não batia certo. Conta aos teus 100 parcos leitores (sim, porque não vendes porra nenhuma) quanto é que te deu, em numerário, aquele governo de bando de ladrões e mafiosos nestes mais de dois anos de absurdos? Vejam as diferenças entre o "Democrata" no período da gatunagem, e aquele que hoje se insurge...

António Nhaga, prova-me, quantas reportagens de investigação foram feitas pelo teu pasquim? É que não dei conta...lendo as tuas postas de pescada à Lusa quando o pasquim foi lançado, ainda não li merda nenhuma.

António Nhaga: se não responderes voltarei ao assunto... AAS

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

NOTÍCIA DC-MAIS BANCO MUNDIAL: À margem da cerimónia de assinatura do documento com o Banco Mundial, no valor de 7 milhões de dólares, o ministro guineense das Finanças, Geraldo Martins e o seu secretário de Estado do Plano e Integração Regional, mantiveram uma reunião com a directora de Operações do Banco Mundial, Vera Songwe e ainda com o staff daquele organismo, para discutir o apoio que o Banco Mundial dará na preparação da mesa redonda pevista para o primento trimeste de 2015. AAS

7 milhões de dólares do Banco Mundial


Ouvir as DECLARAÇÕES do ministro das Finanças, Geraldo Martins.

ÉBOLA: Fronteira reabre na próxima 3ª feira


A fronteira terrestre com a Guiné-Conacri, anunciou hoje o ministro da presidência do Conselho de Ministros guineense, Baciro Djá. O também porta-voz do Governo guineense fez este anúncio numa declaração aos jornalistas no final de uma reunião do Conselho de Ministros com alguns parceiros internacionais do país, onde se falou essencialmente da questão da reabertura da fronteira.

A Guiné-Bissau fechou a fronteira com a Guiné-Conacri desde agosto para evitar o alastramento do vírus Ébola que tem causado várias vítimas mortais naquele país francófono.

Os chefes de Estado da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) recomendaram, na sua última cimeira realizada no Gana, a reabertura das fronteiras com os países mais afetados pela doença - Guiné-Conacri, Serra-Leoa e Libéria - como forma de se evitar a estigmatização das suas populações.

"O Governo decidiu, numa iniciativa politicamente ponderada, reabrir as fronteiras com a república vizinha e irmã da Guiné-Bissau no dia 09 deste mês", de forma faseada, "nalguns pontos", declarou Baciro Djá.

De acordo com o porta-voz do Governo, serão reforçadas medidas de vigilância e também será solicitado um "maior envolvimento" das populações das zonas fronteiriças como forma de manter o estado de alerta.

A reunião de hoje do Conselho de Ministros serviu igualmente para o primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, agradecer a solidariedade da comunidade internacional na implementação da estratégia do país para prevenção do vírus, do qual não há registo na Guiné-Bissau.

"Felizmente, até hoje, a doença não chegou ao nosso país e oxalá que assim continue", observou ainda o porta-voz do Governo de Bissau.

A coordenadora residente do sistema das Nações Unidas, a portuguesa Maria do Valle Ribeiro, apoiou a decisão do Governo e reiterou o apoio às iniciativas do executivo no âmbito dos esforços de preparação de uma resposta face à eventualidade de a doença chegar ao país.

Aquela responsável enalteceu a importância do reforço da capacidade do país ao nível da supervisão e de controlo nos pontos de entrada a partir da Guiné-Conacri. Lusa

DIPLOMACIA: Não há mal que não acabe


Até que enfim...:

O General de Divisão Bakary SECK acaba de ser nomeado pelo presidente senegalês, Macky SALL, Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República do Senegal na Guiné-Bissau em substituição de outro General, Abdoulaye DIENG, que era o decano do corpo diplomático em Bissau.

NR: o General Dieng serviu quase 20 anos na Guiné-Bissau, quiçá facto inédito na historia da diplomacia, que contudo se poderá compreender pelos interesses estratégicos militares que o Senegal tem em se inteirar dos assuntos de defesa e segurança no nosso país. Este diplomata dado e achado em todos os acontecimentos nefastos da história recente e conturbada da Guiné-Bissau, decerto fechará com chave de ouro a sua missão de espionagem do nosso sistema estratégico e logístico de defesa guineense, com o complemento que lhe será revelado pela missão da ECOMIB ainda em missão na Guiné-Bissau. Espero que se enganem, tal como se enganaram aquando da decisão da missão invasora "Gabú 98".

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

ERUPÇÃO DO VULCÃO DA ILHA DO FOGO: Ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., ajuda população afectada


O ex-primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, doou esta quarta-feira um cheque para apoiar as vítimas da erupção vulcânica na ilha cabo-verdiana do Fogo, escreve a imprensa cabo-verdiana.

O montante do cheque, que não foi revelado, surge no âmbito da campanha 'Djar Fogo na Corasson' lançada pela Rádio Televisão de Cabo Verde (RTC), para apoiar os deslocados de Chã das Caldeiras, localidade mais afetada pela fúria do vulcão do Fogo.

PIPA DE MASSA: 187 bilhões de Francos CFA (cerca de 300 milhões de dólares) é o montante do Orçamento do Estado da Guiné-Bissau, e foi entregue hoje no parlamento. A sua discussão começa na próxima terça-feira. AAS

NOTÍCIA DC-MAI: Corrida de fundo


O secretário de Estado da Ordem Pública, Domenico Sanca, apurou o DC, tem nos últimos dias feito "corredores, e ao mais alto nivel", para vir a ocupar o lugar deixado vago pelo acossado Botche Candé.

O "único problema", de acordo com a mesma fonte, "é que ele não se dá lá muito bem com o Presidente da República, José Mário Vaz por causa das conhecidas brigas entre os dois [quando Domenico estava na alfândegas e JOMAV era ministro das Finanças.]"


Domenico Sanca a um passo de ocupar a pasta da Administração Interna

Entretanto, o nosso interlocutor acha que o Domenico Sanca "tem fortes probabilidades de vir a ser o próximo ministro da Administração Interna." De seguida, aponta alguns méritos, entre os quais o "sentido da coisa pública e a autoridade demonstrada enquanto secretário de Estado - e até no partido (o PAIGC). A ordem pública precisa dele." JOMAV tem a última palavra. AAS

NOTÍCIA DC-FRANÇA/BISSAU: Birras, ou...


A Embaixada da França, em Bissau, deixou de atender o público que a ela recorre porque, apurou o DC, o encerramento da mesma está prevista para o final do ano em curso. Assim, quem quiser um visto de curta duração poderá solicitá-lo na Embaixada de Espanha, em Bissau, mas para um de longa duração...terá que se deslocar a Dakar.


Hoje, os cidadãos bateram literalmente com o nariz na porta da embaixada da França em Bissau

Segundo uma fonte, o encerramento da embaixada esteve sempre previsto, mas o que motivou o facto é que o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mário Lopes da Rosa, recusou por duas vezes receber as cartas credenciais das mãos do novo embaixador da França designado para Bissau, facto que terá agravado ainda mais a situação. AAS

Quanto à ONU...


...continua FAMOSA

ÉBOLA: Guiné-Bissau reabre fronteira com Conacri dentro de cinco dias


A Guiné-Bissau vai reabrir a fronteira com a Guiné-Conacri dentro de cinco dias, anunciou o primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira. O PM falava à saída de uma audiência com o Presidente da República, José Mário Vaz, para, entre outros assuntos, fazer um ponto de situação sobre as atividades do executivo.

Na cimeira da Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO) realizada no dia 06 de novembro, em Accra, capital no Gana, os chefes de Estado decidiram reabrir as fronteiras com os países afetados - Guiné-Conacri, Libéria e Serra-Leoa - para evitar a estigmatização da população.

Domingos Simões Pereira indicou a José Mário Vaz que existe um relatório técnico segundo o qual a Guiné-Bissau precisa de mais "quatro a cinco dias" para "reforçar as estruturas de vigilância sanitária" antes de reabrir a fronteira, encerrada pelo Governo guineense desde 12 de agosto. Nenhum caso de Ébola foi declarado na Guiné-Bissau e as autoridades têm no terreno uma série de medidas de prevenção.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Banco Mundial apoia projectos na Guiné-Bissau

 
Cérémonie de signature de deux accords de subvention de la Banque mondiale en appui aux populations vulnerables de la Guinée-Bissau :

-          un accord de subvention de 4 millions 850 mille dollars avec le Gouvernement de Guinée-Bissau

-          un accord de subvention de 2 millions 150 mille dollars avec le Programme Alimentaire mondiale (PAM).

Le cérémonie aura lieu le 4 décembre 2014 à 15h30 au bureau de la Banque mondiale à Dakar, Corniche Ouest X Rue Gontran Damas.

Les accords seront signés par

-          M. Geraldo Martins, Ministre de l’Economie et des Finances de la Guinée-Bissau

-          Mme Denise Brown, Directrice du Bureau Régional du PAM à Dakar,

-          Mme Vera Songwe, Directeur des Operations de la banque mondiale pour la Guinée-Bissau, le Sénégal, la Mauritanie, Cabo Verde et la Gambie

DIPLOMACIA: O novo embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, António Leão Rocha, entrega amanhã as respectivas cartas credenciais ao Presidente da República guineense, José Mário Vaz, formalizando as funções que na prática já exerce, disse à Lusa fonte diplomática.

Morreu hoje em Ziguinchor, no Senegal, Ali Khadra, vítima de um cancro. O malogrado era deputado do PAIGC. AAS



O editor do Ditadura do Consenso envia as mais sentidas condolências à família, e ao grupo parlamentar do PAIGC, neste momento de enorme pesar. AAS

URGENTE: Mais de 3.000 novos casos de SIDA na Guiné-Bissau


Na Guiné-Bissau, dados apontam para o registo de novas infecções em 2014. As cifras apontam para 3.197 novos casos, entre 42 mil e 261 do total de pessoas que vivem com VIH. esse número, as crianças representam 16,9%. Um quadro que não deixa de ser preocupante, perante as preocupações e dificuldades com que os seropositivos deparam.

Os seropositivos guineenses consideram-se marginalizados e abandonados pelos seus próximos, ou, por outras palavras, a estigmatização representa ainda um dos factores de risco para os doentes de sida, na Guiné-Bissau.

“Muitas pessoas morreram, porque são severamente rejeitadas pelas suas comunidades”, afirma Pedro Mandica, presidente da Rede Nacional das Associações de Pessoas que vivem com o VIH, uma estrutura que congrega cerca de duas dezenas de organizações autónomas.

Quem também aceitou que o estigma figura no topo da lista dos factores de morte da maioria dos doentes de VIH na Guiné-Bissau é o Secretário Executivo do Secretariado Nacional de Luta contra a SIDA, Anaximandro Zylene Casimiro Menut.

Fontes indicam que em 2012, com o arrefecer de relações com os parceiros internacionais, em consequência do golpe militar de 12 de Abril, os seropositivos enfrentaram dificuldades de sobrevivência, em consequência da constante penúria de medicamentos, o que levou a morte de muitos.Neste momento, mais de oito mil pessoas estão em tratamento.

Comparativamente aos outros países da sub-região oeste africana, em termos da prevalência de números de seropositivos, a Guiné-Bissau apresenta um quadro muito preocupante.VOA

PORQUE HOJE É 3ª FEIRA, TEM XICA DA SILVA no CCBGB


ÉBOLA: Encerramento de fronteira na Guiné-Bissau pode "acentuar riscos" de falta de alimentos


O encerramento dos postos de fronteira com a Guiné-Conacri para prevenir a entrada do Ébola na Guiné-Bissau pode "acentuar riscos de insegurança alimentar", alerta a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, sigla inglesa).

"Se esta situação continuar, pode acentuar riscos de insegurança alimentar, sobretudo das famílias pobres das regiões fronteiriças", refere-se no documento de avaliação da campanha agrícola na Guiné-Bissau a que a Lusa teve hoje acesso. De acordo com o levantamento, o fecho de fronteiras causa diversos problemas.

CAJU/FAO: "campanha foi boa", mas continua a faltar dinheiro para comer


O caju, principal fonte de rendimento das famílias da Guiné-Bissau, foi este ano vendido a bom preço, mas a população continua a ter dificuldades para comprar alimentos, alerta a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO, sigla inglesa).

"A campanha de comercialização da castanha de caju, este ano, é considerada boa relativamente aos preços praticados", destacou o documento de avaliação da campanha agrícola na Guiné-Bissau a que a Lusa teve hoje acesso.

No entanto, "os efeitos combinados do fraco rendimento de uma boa parte da população e os níveis dos preços dos produtos alimentares de base não deverão melhorar o acesso das populações aos produtos alimentares", acrescentou. Lusa

VIH/SIDA: Prevalência na Guiné-Bissau é das mais altas da África Ocidental


A taxa de prevalência do VIH/SIDA na Guiné-Bissau é das mais altas da África Ocidental, declarou hoje, Anaximandro Menut, diretor do secretariado nacional de luta contra a doença. O organismo foi convidado pelo parlamento para apresentar um ponto da situação sobre a doença, a propósito do Dia Mundial da Luta Contra a SIDA, que hoje se assinala.

De acordo com Anaximandro Menut, a taxa de prevalência no país ronda 5,3% na faixa etária dos 15 aos 49 anos. Dados da ONU/SIDA, agência das Nações Unidas que monitoriza a doença, apontam que, até final do ano, mais de 42 mil guineenses serão considerados seropositivos, acrescentou aquele responsável. Na Guiné-Bissau, as mulheres são as mais afetadas pelo VIH e as zonas no Leste - regiões de Bafatá e Gabú - que fazem fronteira com a Guiné-Conacri e o Senegal, são as mais atingidas pela doença, notou ainda Anaximandro Menut.

As regiões de Oio e Biombo (centro/norte) e Bolama/Bijagós (ilhas) são as zonas da Guiné-Bissau com menor prevalência. Mais de 30 mil guineenses necessitam de tratamento com antirretrovirais, embora apenas cerca de oito mil recebam os medicamentos que são comprados através de verbas do Fundo Global e de países como Portugal e Brasil.

O Dia Mundial de Luta Contra a Sida é comemorado no primeiro dia de dezembro para alertar as populações quanto à necessidade de prevenção e de precaução contra o vírus, que ataca o sistema imunológico do doente, e para lembrar todas as vítimas que faleceram ou estão infetadas com a doença. A SIDA é a primeira causa de mortalidade em África e a quarta em todo o mundo.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

DEFESA: Portugal avalia retoma da cooperação


Aguiar Branco mencionou que a cooperação ficou suspensa durante “um período lato” e, agora, é preciso iniciar “uma nova cooperação” do princípio, disse, sublinhando que “há essa vontade política” para tal. “Na relação bilateral entre Portugal e Guiné-Bissau, estava suspensa a cooperação por força dos acontecimentos num passado recente. Está neste momento a ser feita a avaliação para a retoma da cooperação na Defesa."

"Já troquei impressões com a ministra da Defesa da Guiné-Bissau [, Cadi Seidi]”, anunciou hoje o ministro da Defesa Nacional, numa conferência de imprensa após a assinatura de um contrato-programa com o homólogo angolano, João Lourenço.'Segundo Aguiar Branco, o director-geral de Política de Defesa Nacional, Nuno Pinheiro Torres, “vai deslocar-se à Guiné-Bissau para avaliar os termos em que se pode retomar agora uma cooperação que estava suspensa”.

O objectivo, disse o governante português, é o de vir a criar “de forma estruturada” a capacidade de a Guiné-Bissau “consolidar esse pilar fundamental para um Estado de Direito”, a nível das Forças Armadas e da Defesa Nacional.

Aguiar Branco mencionou que a cooperação ficou suspensa durante “um período lato” e, agora, é preciso iniciar “uma nova cooperação” do princípio, disse, sublinhando que “há essa vontade política” para tal.

Após o golpe de Estado militar de 2012, a Guiné-Bissau viveu durante cerca de dois anos com um governo de transição, situação que foi ultrapassada no início do verão deste ano, com a realização de eleições legislativas e presidenciais, que permitiram indicar Domingos Simões Pereiras como chefe do actual governo guineense e José Mário Vaz como chefe de Estado. Lusa/i online

DESPEDIMENTOS NA APGB: O presidente do sindicato de base dos portos foi detido e posteriormente libertado. Os trabalhadores licenciados prometem, agora, recorrer aos tribunais. AAS

OPINIÃO: MFDC continua a provocar dores de cabeça


"O MDFC continua a provocar dores de cabeça ao nosso país e vai seguramente continuar a causar danos. Enganam-se aqueles que porventura pensam que conflitos desta natureza, classificados de baixa intensidade (low intensity conficts), não têm futuro. É precisamente o inverso. Têm tendência a durar eternamente ou pelo menos enquanto os seus líderes tiverem forças e alguma capacidade de recrutamento. Essa capacidade de recrutamento pode, eventualmente, ocorrer e ganhar algum fôlego à medida que a repressão das forças governamentais aumenta e as populações forem ganhando consciência de que as suas reivindicações (políticas, económicas e sociais) jamais serão atendidas.

Ora, pela idade que os comandantes da frente sul de um dos ramos do MDFC (Duarte Djedju e Alfucene Djedju), que se reuniu em Farim com o Ministro da Administração Interna (MAI) aparentam ter, este conflito de baixa intensidade pode vir a durar mais 20 ou 30 anos, o que adicionado aos 32 anos que já se passaram perfará 62 anos. E isto sem contar com as reivindicações políticas que tiveram início, efetivamente, em 1947, ano da fundação do movimento.

O facto de os reencontros militares serem raros e pouco desgastantes faz com que a resistência seja muito mais duradoira do que os conflitos de alta intensidade. Mas há um outro fator que se deve adicionar a tudo o que acaba de ser dito. É a circunstância de os elementos rebeldes desposarem mulheres guineenses, o que em conflitos de género não pode de modo algum ser descurado.

Com base na experiência tida de outros conflitos, um dos elementos que muitas vezes concorre para as deserções, além da componente psicológica associada à intensidade da guerra, da demora da guerra e das dificuldades experimentadas pelo grupo armado a nível do aprovisionamento de víveres e de armamento, é precisamente o facto de os rebeldes terem a ansiedade de refazerem as suas vidas o mais rapidamente possível (por exemplo constituírem família) com o fim da guerra e se verem confrontados com o seu indefinido prolongamento.

Neste caso concreto os rebeldes de Casamansa não precisam de se preocupar tanto com o assunto de constituírem família pois podem fazê-lo cruzando a fronteira e terem uma prole que eventualmente venha a substituir os pais na sua atividade. Neste aspeto particular, seria muito interessante estudar o perfil e a história familiar dos elementos que compõe as várias fações do MDFC.

Mas regressemos imediatamente ao incidente de fronteira que levou à demissão do MAI. Estava precisamente a meio deste artigo quando fui surpreendido (positivamente) pela demissão do Ministro. Sim, porque depois de ter visto as imagens não tive dúvidas de que o Ministro em causa, que tinha começado muito bem o seu périplo com repreensões sobre o comportamento indigno de alguns dos seus subordinados e que estava (diga-se em abono da verdade) a desempenhar muito bem as suas funções, tinha levado longe demais o seu esforço e criado condições para que o Estado guineense sofresse um vexame por parte de um grupo armado que não reconhece. Por várias razões que passarei a enumerar:

1)A reunião (e toda a discussão que se gerou a propósito de se saber se o grupo armado estaria ou não do nosso lado da fronteira) ainda que informal, era absolutamente desnecessária e só veio pôr a nu a velha questão da volatilidade da nossa fronteira. E mais!

2) Veio demonstrar (se é que algumas dúvidas existem) o total desconhecimento da nossa fronteira por parte das autoridades que inclusivamente tinham a responsabilidade de zelar pela sua vigilância, segurança e controlo. Depois de várias décadas de independência o Estado guineense (como desconfiávamos) ainda não tomou verdadeiramente posse (de jure e de facto) das nossas fronteiras. Dai também o descalabro que se verificou nos acordos rubricados com o Senegal nos anos 90. O incidente de fronteira e a reunião que se lhe seguiu exige agora mais esclarecimentos. O guineense comum quer agora saber se o grupo armado do MDFC estava ou não a operar impunemente do nosso lado da fronteira. E como é que isso se faz? Criando e enviando uma missão de verificação dos dois países para a zona;

3) Naquelas condições ao constatar e ao lhe ser barrada a passagem na dúvida (como de facto relevou ter dúvidas se estava do lado guineense ou do lado senegalês, facto que me pareceu incrível) a primeira atitude a tomar seria informar imediatamente o Primeiro-ministro e a Ministra da Defesa para que, junto das autoridades senegalesas, através do Ministério de Negócios Estrangeiros, se criasse uma missão conjunta de verificação dos marcos fronteiriços numerados que existem (ou deveriam existir) e não são propriamente montes de pedras e de areia. Além do mais, a própria Presidência da República deveria ser imediatamente informada do incidente.

Depois da verificação conjunta e se se constatasse que o grupo armado estava de facto a violar a nossa fronteira a Guiné-Bissau deveria imediatamente lavrar uma nota de protesto junto do Governo senegalês a queixar-se da violação reiterada do seu território por grupos armados e como medida preventiva e dissuasora colocar um contingente militar na linha de fronteira. O MAI não deveria estar em amena cavaqueira com os rebeldes de Casamansa;

4) Como se não bastasse ainda convocou uma reunião com a direção militar dos rebeldes em Farim, o que acabou por ser um reconhecimento tácito, por parte de um membro de Governo guineense, do movimento rebelde e da força que dispunha no terreno quando afirmou, na sua alocução, que esses poderiam ter aniquilado a comitiva ou quando deixou a entender (ainda que de forma implícita) que controlavam uma área. Foi um erro grave. Muito grave, mesmo.

A reunião de Farim ainda veio agravar a situação, ofuscando completamente aquilo que estava a ser o desempenho positivo e a atitude discursiva do MAI que antecedeu o incidente. Depois disto e de tudo o que pude subtrair do noticiário da televisão da Guiné-Bissau, não tive dúvidas nenhumas de que o MAI tinha caído numa verdadeira armadilha e que alguém tiraria as devidas consequências, na minha opinião, de um ato irrefletido e talvez até inconsciente, mas que acabou por ridicularizar os governantes que se deslocaram à região. Tão irrefletido e inconsciente que, caso os rebeldes quisessem ganhar notoriedade a nível interno (do Senegal) e internacional, poderiam ter raptado o MAI e o seu staff, o que colocaria a Guiné-Bissau em maus lençóis. Ainda assim, a atitude deixou mossa que deve colocar o Estado guineense e o próximo titular do cargo de sobreaviso.

Algo de positivo ficou, porém, deste indesejável incidente na fronteira e da também indesejável e subsequente reunião de Farim: a vontade expressa pelos rebeldes em negociarem sobre a mediação do nosso país que não deve ser descurada. Todavia, os rebeldes se tiverem mesmo vontade em negociar devem comunicar as suas intenções ao Governo legítimo do Senegal. Subsidiariamente é preciso saber (até porque a existir paz em Casamansa é necessário que essa paz seja de facto definitiva) com quem negociar. Por outras palavras, negociar com qual das fações de um grupo decomposto em três ou quatro alas?

Criadas essas condições internas (no Senegal) para o advento dessas negociações é claro que a Guiné-Bissau deve predispor-se (e não seria a primeira vez) a oferecer o seu território e a participar na mediação por ser uma das partes interessadas na resolução de um conflito que ameaça eternizar-se. Deve fazê-lo de uma forma séria e responsável. Mas não transformar a mediação numa aventura em solitário do nosso país. Deve engajar também a Gâmbia (outra interessada!), aCEDEAO (pois o conflito impede a livre circulação de pessoas e bens), com todos os prejuízos que isso acarreta à integração regional, e a própria CPLP de que a Guiné-Bissau é Estado membro.

A resolução do conflito em Casamansa interessa, portanto, aos países vizinhos limítrofes (Guiné-Bissau e Gâmbia), às organizações regionais e sub-regionais e à CPLP. Por isso, todos eles (individualmente ou em conjunto) deveriam redobrar os seus esforços no sentido de criarem condições para a pacificação definitiva da região.

Enquanto isso não acontece, a Guiné-Bissau deve:

vigiar as suas fronteiras e tomar posse efetiva delas;

Reativar urgentemente as Brigadas Geodésicas e geo-hidrográficas que existiam no tempo colonial;

criar uma missão de verificação conjunta das fronteiras com o Senegal e com a Guiné-Conakry;

estudar as convenções que Portugal fez com a França e que estabeleceram as fronteiras atuais;

conhecer as retificações efetuadas, bem como os diferentes relatórios das missões geo-hidrográficas.

Julião Soares Sousa"

DESPEDIMENTOS NA APGB: Hoje de manhã, os trabalhadores 'prenderam' o encarregado do cais, com a finalidade de bloquear o Porto, mas não tiveram sucesso. A administração tinha já advertido o MAI, que estava preparado à espera, com polícias à paisana. No total, 215 pessoas foram dispensadas. AAS

ÚLTIMA HORA/DESPEDIMENTOS NA APGB: Mais de 150 pessoas (contratadas a pressão pelos golpistas de transição) foram despedidas pelo novo director-geral Mário Musante da Silva. Há poucos minutos atrás, os trabalhadores tentaram bloquear o porto de Bissau mas foram dispersados pela polícia. AAS

domingo, 30 de novembro de 2014

Nuno Nabian lançou partido político




O ex-candidato à presidência da Guiné-Bissau Nuno Nabian lançou hoje um novo partido, a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que diz destinar-se a "provocar mudanças de que o povo precisa" no país.

Nabian apresentou publicamente o seu partido em Gabu, a 200 quilómetros a leste de Bissau, mas avisou os militantes e simpatizantes para se prepararem para intimidações e perseguições de que poderão vir a ser alvo, sobretudo nos locais de trabalho.

"Toda a luta política tem um risco e o partido não foi fundado contra ninguém, mas sim para provocar mudanças de que o povo precisa", declarou o candidato derrotado na segunda volta das presidenciais guineenses por José Mário Vaz, o atual chefe de Estado. Lusa

QUEBRA NA PRODUÇÃO: A produção de arroz na Guiné-Bissau deverá registar uma queda de 36% na campanha agrícola 2014-15, disse neste domingo à agência Lusa fonte da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação. Lusa

VULCÃO DO FOGO:


Por: José Sousa Dias
Delegado da Agência Lusa em Cabo Verde
Expresso – Especial

Medo e confiança à sombra do vulcão do Fogo

Sentada na encosta da localidade de Portela, Maria Teixeira está muito mais velha do que os seus 42 anos. A lava do vulcão do Fogo, que ferve há vários dias na ilha cabo-verdiana a que lhe dá nome, está a dezenas de metros de Maria Teixeira, agasalhada e com pele enrugada pelo frio e nevoeiro que se sente na zona, a 2.300 metros de altitude. "Aqui não houve ninguém que não perdesse nada. Não sei o que vou fazer da minha vida”, diz, resignada, ao lado de um monte de bens, retirados da sua casa, no centro de uma Portela, ameaçada pelas chamas.

A casa, à semelhança de muitas outras, foi esvaziada de tudo, desde janelas, colchões, eletrodomésticos, mesas ou portas. Agora, os pertences de uma vida estão amontoados num monte sobre o solo à espera que os serviços de proteção civil de Cabo Verde os venham retirar. “A minha casa está vazia. Vivia da agricultura e agora vou perder tudo”, desabafa a mãe de quatro filhos que já foram transferidos para casa de familiares.

Desde a semana passada que o vulcão nervoso tem assustado a população e a lava já destruiu dezena e meia de casas. Na quinta, o cenário agravou-se com novas erupções de magma, criando novas bocas do vulcão. De visita à ilha, o primeiro-ministro, José Maria Neves, admitiu a falta de recursos para lidar com a situação. "Neste momento estamos numa situação de catástrofe”, disse o governante, que se mostrou particularmente preocupado com a situação dos mais frágeis. "Há muitas crianças. Temos de lhes reforçar a dieta alimentar”, exemplificou.

Mas Maria Teixeira espera pelo fim deste calvário. “Quero poder voltar um dia e espero que o vulcão acabe rapidamente”. A Portela está hoje fantasmagórica, apenas os esqueletos das casas e a quase totalidade dos seus habitantes já saiu para outros sítios mais seguros da ilha.

Por todo o arquipélago há uma onda de solidariedade. A lava que descia em direção à Portela parece ter mudado de direção, o que acalmou muitos dos desalojados mas obriga as autoridades a alterarem permanente os planos de atuação. Agora, a zona central da ilha cobre-se de um manto de magma que escorre pelas encostas a um ritmo lento mas imparável e com rumo imprevisível.

As autoridades apenas podem retirar as pessoas e os bens que estiverem no caminho da lava. "Vamos ter de monitorizar cientificamente o vulcão para estabelecer cenários numa base diária”, afirmou o primeiro-ministro. Hélio Semedo, do Serviço Nacional de Proteção Civil (SNPC) de Cabo Verde, confirma que as várias bocas do vulcão ficaram unidas numa única cratera, aumentando a quantidade de lava que escorre do monte.

As câmaras cabo-verdianas juntaram-se na recolha de donativos. Também a sociedade civil se juntou à causa e até a seleção de futebol vai avançar com uma campanha de angariação de fundos. De Portugal já partiu a fragata Álvares Cabral - com “medicamentos, equipamentos para a proteção civil e meios de comunicação”, segundo o primeiro-ministro cabo-verdiano -, mas também os alunos cabo-verdianos nas universidades portuguesas já se juntaram para recolher apoios, a que se juntam iniciativas de operadores turísticos e de organizações vocacionadas para o espaço lusófono.

A maior parte da ajuda está a ser coordenada por um grupo autodenominado "Amigos do Fogo", que constituiu uma comissão de trabalho, abriu contas bancárias e contactou a diáspora. João Miguel Alves, um dos elementos da comissão, diz que o primeiro sinal de apoio vem da Holanda, um dos países onde existem mais emigrantes cabo-verdianos, estando prevista a chegada de um contentor já no início da próxima semana.

Em Chã das Caldeiras, a maior cooperativa vinícola da ilha esteve em risco de ser destruída. David Gomes Monteiro, diretor da instituição, mostra-se agora mais confiante porque a lava está a seguir por outros caminhos. “O susto passou. Depois dos primeiros três dias, estávamos muito aflitos, mas hoje a coisa acalmou”, diz. As autoridades também abriram uma nova estrada e agora a cooperativa até pondera repor o equipamento industrial que havia retirado do local, como medida de segurança. “Vamos manter aqui parte da produção de 2013 e toda a produção de 2014. Já regressou tudo à normalidade e pensamos manter para já as coisas”, explica.

Por isso, há quem esteja otimista e queira já regressar antes de outros terem partido da Portela. É o caso de Manu Teixeira, 24 anos, que insiste em manter-se na terra onde vive há 18 anos e porque acredita que já conhece o vulcão. “A lava já está a parar e agora queremos continuar na nossa casa. Já não a vamos abandonar e vamos ficar aqui”, afirma, enquanto carrega os seus bens, que estavam em São Filipe, principal cidade da ilha do Fogo. “Se acontecer outra vez apanhamos novamente as nossas coisas e colocamo-las aqui”, diz. Mas agora, “não tenho medo e não vai acontecer mais erupções”, diz o jovem confiante, sob a sombra do monte do vulcão. “Já sabemos o que é isto”.