quarta-feira, 15 de maio de 2013

Morte de HPR - Reacções: Partido PND fala em "grande perda"


"Caros Compatriotas,

Infelizmente, o nosso país acordou hoje, dia 15 de Maio, profundamente abalado pela triste notícia da morte de Henrique Pereira Rosa, ex-Presidente de Transição da República da Guiné-Bissau entre 2003 e 2005. A morte do Sr. Henrique Pereira Rosa representa uma grande perda para o nosso país, sobretudo num momento em que tanto carecemos de valores que moldam a moralidade pública, a dignidade humana, a tolerância e o respeito pelo próximo.

A sua passagem pela mais alta magistratura da Nação Guineense, foi marcada por esforços imensuráveis em direcção ao diálogo franco e aberto com o todo cidadão nacional e com as demais instituições da República. O seu caracter de homem humilde, tolerante e respeitador conquistou o coração dos guineenses. O Sr. Henrique Rosa representou com muita dignidade o nosso país fora e dentro e serviu de mensageiro incansável da paz e da reconciliação nacional.

O PND acredita que, é em momentos destes, mais do que nunca, que devemos buscar as energias colectivas para superar a tristeza e a dor que a triste realidade nos coloca. Permitam-nos através desta, transmitir à família enlutada, e em especial a sua esposa, aos filhos, sobrinhos e netos, as nossas mais profundas condolências.

O Sr. Henrique Pereira Rosa foi um Homem de Estado, um cidadão humilde, um chefe de família exemplar e respeitador, por isso merece todo o nosso carinho, reconhecimento e admiração.

Que a sua alma descanse em Paz

O Partido da Nova Democracia

Iaia Djaló
Presidente
"

Gastar para morrer


A Guiné-Bissau gasta mais do triplo do que Cabo Verde com a Saúde, mas a esperança média de vida regista uma diferença superior a 20 anos a favor dos cabo-verdianos, segundo um relatório da OMS. De acordo com os dados hoje divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no seu relatório 'Estatísticas Mundiais de Saúde 2013', a Guiné-Bissau gasta 7% do seu Produto Interno Bruto em despesas de saúde, ao passo que Cabo Verde apenas precisa de 2,3% para conseguir chegar a uma esperança média de vida à nascença de 72 anos, ou seja, 22 anos a mais.

O relatório com 172 páginas apresenta dados sobre variados aspetos da saúde, desde os gastos por habitante até à incidência de várias doenças nos cidadãos, passando pelo número de médicos por habitante e por uma análise do cumprimento dos Objetivos do Milénio, um conjunto de metas a serem atingidas até 2015. LUSA

O que é que lhe deu? O que é que lhe deram?...


O Procurador-Geral da Republica da Guiné-Bissau, Abdú Mané, considerou hoje que a democracia está em perigo no país com o espancamento sistemático de cidadãos por agentes ligados aos serviços do Estado. Em declarações aos jornalistas à margem de uma visita do novo presidente do Supremo Tribunal de Justiça ao Ministério Publico, o Procurador guineense reagiu ao espancamento no último fim de semana de Ensa Sanha, recentemente nomeado embaixador dos Direitos Humanos.

"Lamentamos porque estamos a viver uma espécie de deterioração cíclica sobre a liberdade e a vida. Nós não podemos aceitar o espancamento na nossa sociedade. A nossa bandeira desde o início (de funções) foi o combate à impunidade. Tem que se investigar, havendo indícios de cometimento de crime, vamos avançar, contra seja quem for", disse o Procurador Abdú Mané. LUSA

AMILCAR CABRAL/HOMENAGEM: União Africana comemora para a semana 60 anos de existência, e Amilcar Cabral será homenageado como um dos construtores do ideal panafricanista. Acontece em Adis Abeba, na Etiópia. AAS


RAPTO em BISSAU - Gato por lebre...


A prisão do contra-almirante Bubo Na Tchuto, pela Drug Enforcement Agency, DEA, deixou tudo e todos em alerta máximo em Bissau. Nem as sombras estão descansadas... Ninguém fala, come ou dorme descansado. Os alvos são, claro, os de pele mais clara - os 'brancos' a viver na sufocante e poeirenta cidade, tomada de assalto por um grupo de arruaceiros. Para os golpistas e o seu séquito de oportunistas, os agentes têm a pele mais clara...

E foi isso que aconteceu a Francisco* um funcionário da União Europeia, chegado a Bissau há não muito tempo e ainda a residir num hotel da cidade. Francisco* acordou de madrugada e foi fazer o seu jogging. Já na Av. Amílcar Cabral, suando e matutando, Francisco estava longe de pensar que uma centena de metros mais à frente, o seu exercício seria abruptamente interrompido. A isto chama-se ver a vida a andar para trás. O ar ainda estava respirável, não amanhecera completamente, mas de repente, na penumbra, Francisco foi abordado com algum aparato, por homens à paisana: "Entra para o carro!, entra!, entra!". E foi levado.

Francisco foi tomado por um agente da DEA, o organismo norte-americano de combate ao tráfico de drogas que tirou o sono aos barões guineenses. É branco. E bastará - terão pensado os seus raptores. Passado um tempo, Francisco regressa ao hotel acompanhado desses mesmos homens à paisana. Queriam ir ao quarto dele, para confirmar tudo. A nacionalidade, e, sobretudo, confirmar para quem disse estar a trabalhar. Ele mostrou a foto da família, os salamaleques do costume, etc, etc. E depois lá deixaram o homem na santa paz do senhor... Ser branco em Bissau, por estas alturas, está pela hora da morte!!! AAS

*Nome fictício

ÚLTIMA HORA - Os restos mortais de Henrique Pereira Rosa serão transladados para Bissau no próximo fim de semana. AAS


Morreu Henrique Pereira Rosa. Tinha 67 anos. Condolências à família e que descanse em paz. AAS


Publicação1
FOTO AAS

O candidato a presidente do PAIGC, e que é também o vice-presidente da confederação empresarial da CPLP, Braima Camará, será rcebido hoje, às 11h, pelo Secretário Executivo da CPLP, Embaixador Murade Murargy. AAS


terça-feira, 14 de maio de 2013

CARLOS LOPES - "Enquanto não se resolver o problema dos militares, podem fazer-se todas as eleições do mundo que não servem para nada."


O conflito na Guiné-Bissau não se resolverá com "um desenvolvimento", seja a realização de eleições, seja uma qualquer detenção, exigindo a "reinvenção do modelo econômico e social", defende o economista guineense Carlos Lopes. Em declarações à Lusa, em Lisboa, onde esteve para participar numa conferência, o secretário executivo da Comissão Econômica para África das Nações Unidas afirmou que, "quando se analisa um país com as complexidades da Guiné-Bissau, não se deve pensar que um episódio, por mais significativo que seja, vai resolver" os problemas. Carlos Lopes referia-se à detenção do antigo chefe da Marinha da Guiné-Bissau Bubo Na Tchuto, no início de Abril, pelos Estados Unidos, quando se encontrava em águas internacionais, perto de Cabo Verde. Bubo Na Tchuto era procurado por alegado envolvimento no tráfico internacional de droga, sobretudo cocaína oriunda da América do Sul, e foi detido no quadro de uma operação contra o narcotráfico no Golfo da Guiné.

CARLOS LOPES UN (4)

No âmbito do mesmo processo, os Estados Unidos acusaram o actual chefe do Estado Maior das Forças Armadas, António Indjai, por envolvimento no tráfico de droga e de armas. Questionado por alguém na assistência (o jornalista e seu conterrâneo, António Aly Silva) na conferência que proferiu na segunda-feira à noite, na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Carlos Lopes destacou que a Guiné-Bissau vive numa "globalização às avessas". O país "já está na globalização, mas pelas razões erradas, pela droga", nomeou.

"Muitas vezes se pensa que, por causa de um desenvolvimento, se encontrou a solução. Por exemplo, vamos fazer eleições e pensa-se que as eleições resolvem o problema. Isto é muito mais complexo do que fazer eleições", distinguiu Carlos Lopes. "Expressão de vontades é uma coisa muito comum na Guiné-Bissau. É preciso é expressão de factos, a concretização de algumas destas ideias, que parecem ter consenso, mas que depois acabam por não acontecer", lamentou o especialista. "É preciso uma espécie de reinvenção do modelo econômico e social da Guiné-Bissau", propõe, concretizando: "Enquanto não se resolver o problema dos militares, podem fazer-se todas as eleições do mundo que não servem para nada."

Realçando que a Guiné-Bissau "tem até conseguido, com uma certa criatividade, que muitos dos seus agentes políticos manipulem a comunidade internacional, e confundam a comunidade internacional", Carlos Lopes constatou: "Em 30 anos, já não sei quem é quem, há muito ziguezague, mudam de opinião constantemente." Realçando que, "na diplomacia internacional, o que conta, mais do que tudo, é a construção da confiança", o especialista recorda que a postura dos políticos guineenses conduziu ao "ponto de haver formas de tensão entre vários organismos intervenientes em ediação de conflitos que normalmente não existem".

O economista referia-se, concretamente, às divergências - que entretanto parecem ter diminuído - entre Nações Unidas, União Africana, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e CPLP na condução do processo de transição guineense após o golpe de Estado militar de 12 de Abril de 2012. "A posição comum é recente e exige maturação", alertou, sublinhando que "não há memória de uma descoordenação tão grande" entre organismos internacionais face "a um conflito de dimensão relativamente pequena". Simultaneamente, importa que os políticos guineenses não se esqueçam que "a solução tem que vir de dentro", sustentou o economista. LUSA

Paris acolhe Dia da Língua Portuguesa


DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

“Jornada do Cinema Lusófono”

15 de maio de 2013
Local: Maison de l’UNESCO, Salle I, 125 avenue de Suffren, 75015. Métro: Ségur (L10) ou Cambronne (L6).
14h00 às 17h45 – Matinée (exibição de documentários e animação)
18h00 às 18h30 – Abertura solene
18h30 às 21h45 – Soirée (Exibição de filmes lusófonos)

GRADE DE FILMES:

14h00 – 17h45
Matinée - Documentários DOCTV-CPLP

14h00 – 14h52
Timor-Leste: “Uma Lulik – Casa Sagrada”, de Victor de Souz.
Sinopse: a construção de uma casa sagrada marcando a retomada da cultura antiga de um povo antes dominado.
14h55 – 15h47

São Tomé e Príncipe: “Tchiloli - Identidade de Um Povo”, de Felisberto Blanco.
Sinopse: uma peça de teatro do séc XVI que, ao longo de séculos, se transforma passando a simbolizar a história do pais.
15h50 – 16h42

Guiné-Bissau: “Rio da Verdade”, de Domingos Sanca.
Sinopse: o processo de desertificação que ameaça o parque nacional de Cachéu e os desafios da população local.
16h45 – 17h37

Cabo Verde: “Eugênio Tavares – Coração Crioulo”, de Júlio Silvão.
Sinopse: a história do grande poeta Eugênio Tavares e sua relevância para a idente nacional cabo-verdiana.
17h40 – 17h45

Brasil: “Iansan”, de Carlos Eduardo Nogueira.
Sinopse: o mito da orixá afro-brasileira Iansã/Oyá, transposto em linguagem contemporânea em animação ao estilo mangá.
18h00 – 18h30

Cerimônia de abertura
18h30 – 21h40

Soirée - Mostra de Filmes de Língua Portuguesa
18h30 – 19h00

Moçambique: “Um olhar sobre Moçambique”, produzido e realizado pelo Instituto Nacional de Cinemas de Moçambique.
Sinopse: Documentário que integra reportagens sobre várias situações de natureza económica, social e turística do pais. Percorre as províncias de Moçambique do Sul ao Norte.

19h00 – 20h30
Angola: “O herói”, de Zézé Gambôa.
Sinopse: A História de Angola, devastada por uma guerra que durou mais de 30 anos, que tenta se reconstituir com os pedaços que ficaram. Narrada a partir de uma imagem de fotografia: um mutilado de guerra a dormir, ao lado de sua prótese, numa rua de Luanda.

20h30 – 20h40
Brasil: “Fogo-Pagou”, de Ramon Batista.
Sinopse: Um cemitério abandonado no sertão nordestino, suas histórias contadas pelos moradores da redondeza.

20h40 – 21h40
Portugal: “Singularidades de uma Rapariga Loura”, de Manoel de Oliveira.
Sinopse: Filme inspirado num conto de Eça de Queirós, publicado em Contos (1902). Numa viagem de comboio para o Algarve, Macário conta a uma desconhecida as atribulações da sua vida amorosa, ao ter-se apaixonado pela rapariga loira que vive na casa do outro lado da rua onde Macário trabalha.

GUINÉ-BISSAU: Escândalos na ONU


Abdul Karim Dumbuya, guineense de origem serraleoanesa, é funcionário das Nações Unidas, em Bissau. E desde que ali chegou esteve sempre envolvido em polémicas. A começar pelo processo de candidatura, a nacionalidade, as regras de recrutamento da UNIOGBIS etc...

Contudo, de uns meses para cá, o fulano andava meio diferente... falava mal com os colegas, não respeitava ninguém, nem os superiores. No mês passado o rapaz andou por aí diligenciar, com os meios da UN (carro), uma maneira de levar o filho que ele teve com uma moça nacional, mas da qual ele se separou. Um dia, de madrugada, chegou a casa da moça (ali no cimo da rua de Angola), a dizer que ia levar o filho para passear e passar o fim de semana...de madrugada! Resultado: foram parar à polícia. A moça desconfiou do modo que ele lá apareceu, em grande estilo e na viatura das NU e para mais àquela hora da manhã.

Afinal, tinha viagem marcada via terrestre até à Gâmbia, para depois fugir com o filho para a sua terra natal. A polícia trocou-lhe as voltas e lá conseguiu impedir Abdul de viajar. Uma fonte da ONU diz que o pessoal "desconfia que ele anda na droga (usuário)". Abdul armou uma confusão tal na fronteira, que teve que ser preso do lado guineense. Apenas porque a fronteira estava fechada e não o deixavam passar. "Ele estava fora de si, e dizia que tinha de atravessar por ser funcionário das Nações Unidas", conta a nossa fonte.

O pessoal da segurança da ONU foi buscá-lo a Ingoré, mas no dia seguinte Abdul seguiu novamente para a Gâmbia. Uma vez em Banuul, foi preso por "bad driving and speeding" (por velocidade e má condução) - isto segundo as autoridades gambianas, que informaram o pessoal da ONU da Gâmbia. A ONU, em Bissau, despachou o seu chefe da unidade de Investigação para a Gâmbia para resolver o assunto.

Abdul foi finalmente solto, mas antes que abandonasse a esquadra...agride o polícia que o prendera e é preso novamente. Foi necessária a intervenção do Security Adviser da UN na Gâmbia para conseguir a sua libertação. Dali, foi evacuado para Dakar para ser visto por um psicólogo. Agora, está de baixa médica, e, segundo amesma fonte, "pode até ser despedido".

Mas há um outro caso envolvendo as Nações Unidas. Um funcionário da área da segurança, Candinho Cá, que trabalha no edifico do PNUD, ameaçou de morte a própria vizinha, há coisa de 2 semanas. Ditadura do Consenso apurou que vizinha fez queixa dele à polícia, que chegou mesmo a prendê-lo por alguns dias. Foi solto após verificações - e pressão - do chefe de segurança das Nações Unidas. AAS

Guiné-Bissau: Breves


Foi imposta pelos militares a permanência de Rui Barros no cargo de PM, Guiné-Bissau, desta feita à frente do futuro governo de base alargada, com a participação do PAIGC. Referenciadas também acções de persuasão dos militares, na neutralização de obstruções que o PRS e pequenos partidos com eles coligados vinham fazendo à constituição do novo governo (investidura prevista para depois de uma repentina, mas esperada viagem à Alemanha de Serifo Nhamadjo, por razões de saúde).

Ensa Sanhá e Russel Hanks

Ensa Sanhá, com bons conhecimentos da língua inglesa, que Russel Hanks (o homem que era presença assídua em Bissau e que contribuiu para a prisão de Bubo Na Tchuto) contratou como seu intérprete e que por essa razão aparecia amiúde na companhia deste, foi alvo de violenta agressão nas imediações do Hotel Alif, em Bissau, sendo depois abandonado em estado inconsciente numa pedreira. Foi evacuado de urgência para Dakar. Conjectura-se que os agressores foram militares.

Guiné-Bissau: 200 mil ilegais


Alfredo Umaro, director do Serviço de Estrangeiros da Direcção-geral de Migração e Fronteiras da Guiné-Bissau, revelou que existem mais de 200 mil cidadãos estrangeiros em situação ilegal no país. A declaração foi feita durante um debate radiofónico, no âmbito das celebrações do dia da Guarda Nacional. AAS

Ramos Horta: "Guiné-Bissau deve aproveitar as oportunidades de parceria que tem com o Brasil"


O representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau afirmou que o país africano deve aproveitar as oportunidades de parceria que tem com o Brasil para consolidar seu processo de desenvolvimento. Segundo José Ramos Horta, ex-presidente do Timor-Leste, as ligações históricas entre Brasil e Guiné começaram há vários séculos, quando escravos guineenses foram levados para a América do Sul por intermédio de Portugal. O Prêmio Nobel da Paz disse que os brasileiros já demonstraram solidariedade nas relações com a África, e que, para isso, os guineenses precisam primeiro realizar eleições livres para fortalecer o contato com Brasília.

"Estive com o chanceler brasileiro, o ministro (Antônio) Patriota e ele afirmou total disponibilidade para o Brasil continuar a apoiar a Guiné-Bissau. Estou convencido de que daqui a seis, nove meses, teremos eleições democráticas realizadas, um governo de grande inclusão com um presidente da República que será um mediador, um conciliador. Aí, eu creio que teríamos base para vermos todos os anos melhorias no índice de desenvolvimento da Guiné-Bissau e sua imagem melhorada no mundo." África 21

Carlos Lopes: “O povo da Guiné-Bissau está cansado, muito cansado”


O continente africano tem hoje mais telemóveis que a Índia, os Estados Unidos ou a Europa, salientou o guineense Carlos Lopes, ao falar em Lisboa sobre “A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Globalização”, onde, na sua opinião, o grande investimento a fazer é nas novas tecnologias. Descrevendo as mudanças que ocorrem hoje no Continente Negro, salientou que, dos vinte países que mais crescem em todo o Mundo, dez estão em África. Dois terços do crescimento africano vêm do consumo interno, de uma classe média calculada em 59 milhões de pessoas que têm nomeadamente meios para pagar uma educação de qualidade para os seus filhos.

Para Carlos Lopes, especialista em desenvolvimento humano e planeamento estratégico que, nas suas muitas andanças pelo mundo trabalhou com o antigo secretário-geral da ONU, Kofi Anam, a maioria dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) atravessa também  um momento de “pujança de crescimento e, por isso, tem de encontrar agora prioridades”. “Temos uma transformação muito rápida e temos de nos adaptar a ela”, comentou, sugerindo que um dos estados da CPLP promova e acolha uma reflexão estratégica de todos os seus membros.

Isto, porque como referiu por várias vezes ao longo da sua exposição, “estamos a viver no crepúsculo da ajuda ao desenvolvimento” e a comunidade precisa de reflectir na questão. Defendeu também uma maior circulação de pessoas dentro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Para ele, se esses países querem uma comunidade, “a confiança tem que ser construída pedra a pedra”. Referiu por várias vezes o destaque que os membros da CPLP e alguns dos seus cidadãos têm hoje nas organizações internacionais.

A propósito do próximo aniversário da Organização da Unidade Africana que, quando foi fundada, não contou com nenhum dos PALOP (então colónias portuguesas), disse que nas cerimónias se vai prestar homenagem ao líder guineense Amílcar Cabral e que também se falará português, porque a presidente do Brasil foi convidada a falar em nome da América do Sul.

Acrescentou que, na recente cimeira dos BRICS, na África do Sul, na mesa estiveram três presidentes de língua Portuguesa – de Angola, do Brasil e de Moçambique. No seu entender, a língua e a cultura geram “um emaranhado de cumplicidades”. Referindo o Português como “uma das línguas que mais cresce na Internet”, considerou isso como “uma dimensão económica que devemos explorar”. Admitiu que a crise que Portugal está a atravessar afectou “a trajectória mais ou menos bem definida da CPLP até 2008/9”.

“Essa crise é a ponta do iceberg de uma nova redefinição geográfica e trouxe também à tona as debilidades portuguesas”, o que se reflectiu na cooperação com as suas ex-colónias. Mas, hoje, “quem falar de cooperação técnica à francesa ou inglesa, está a seguir o caminho errado”, disse, defendendo uma vez mais uma “reflexão profunda” que nos leve “a novos caminhos”. As previsões apontam, lembrou, para que, em 2040, África seja o continente com “a maior e mais jovem” comunidade trabalhadora, que terá também a maior cultura.  

Já no período de perguntas e respostas, questionado sobre o que falta à Guiné-Bissau para entrar na globalização, Carlos Lopes considerou que aquele país já o fez – mas pelas más razões. Admitiu que “o povo da Guiné-Bissau está cansado, muito cansado”. Lembrou que, até há pouco, as organizações internacionais (ONU, União Africana, CEDEAO) tinham cada uma a sua opinião sobre a forma de ultrapassar a situação, o que “se torna muito difícil para encontrar uma solução. De qualquer modo, na seu entender, “a solução tem que vir de dentro, é preciso encontrar uma solução interna”.