quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

SER TRANSICIONISTA


Ser transicionista é pretender ser algo, que nunca se conseguiu ser.

É como ser algo do qual ficou-se a meio e nunca chegou-se a ser.

Ser transaccionista é ambicionar ser um líder democrata, sem nunca tê-lo conseguido na plenitude, porque o povo assim não quis.

Ser transicionista é ser um ditador travestido, que nunca teve a capacidade para ser um ditador a sério, porque os pseudomilitares também não o admitiriam…

O transicionista precisa obrigatoriamente dos militares para atingir o estatuto e o poder que sempre sonhou ter e que o povo nunca lhe cedeu na democracia.

Apesar de continuar a precisar dos militares para se manter no poder, o transicionista tenta manter a postura e o discurso de um democrata.

Ele sabe que o povo não o deseja no cargo que ocupa. Mas, como o povo tem a arma dos pseudomilitares “apontada à cabeça”, mantém-se ordeiro e a presenciar pacificamente as posturas e discursos de paz, união e consenso de um quase ditador, a fazer-se passar de democrata. Não importa que o povo esteja oprimido e intimidado! Tarde ou cedo a mensagem vai chegar ao âmago do povo e este vai acabar por aceitar que o transicionista afinal não é um quase ditador, mas sim um verdadeiro democrata!

É preciso ter arte para se ser transicionista! É preciso saber fazer equilibrar a balança entre a ditadura e a democracia, entre o interesse dos opressores travestidos de militares e os interesses do povo…

Não admira que dentro de pouco tempo, a maioria dos políticos guineenses queiram ser transicionistas! É a forma mais fácil de se chegar ao poder!

Face as lacunas e o enfraquecimento do modelo democrático ocidental, que vive hoje uma forte austeridade criada pelo sistema democrático, não tarda a Guiné-Bissau a ser o exemplo mundial de mais um modelo político equilibrista de sucesso – a TRANSIÇÃO! Não interessa de quê para quê, passará a ser importante transitar-se a qualquer preço, para se conseguir a falsa paz e a segurança na sociedade, típicas de uma ditadura feroz, mas com discursos e posturas políticos típicos de uma verdadeira democracia e de um estado de direito… Utopias e paradoxos!

Se repararmos bem, todos os líderes transicionistas do nosso país desejaram voltar ao poder depois do período de transição, através de um processo democrático. Todos eles reclamaram e alguns continuam a reclamar serem verdadeiros democratas e homens de paz e do bem! Só Bacai Sanhá conseguiu regressar ao poder pela via democrática, depois de algumas tentativas. O Fadul, o máximo que conseguiu foi um acordo de cavalheiros com um verdadeiro ditador (Nino Vieira), sem que o povo tenha tido conhecimento, até os dias de hoje, das cláusulas compensatórias do referido acordo que poderão ter ido para além do vencimento e regalias equivalentes a Ministro…

Quer dizer que, habitualmente, o transicionista é apegado ao poder ou depois de lá ter estado, apanha o gosto, apega-se e não consegue deixar de tentar lá voltar! Parece terem lido todos o mesmo manual (edição limitada), de como chegar e manter o poder pela via transicionista!  

Esperemos para ver o Serifo Nhamadjo, Rui Barros e o resto dos seus pupilos transicionistas a degladiarem-se para o poder democrático, num futuro muito próximo…

Os que parecem não ter mesmo jeito para a arte de equilibrismo, são alguns comentadores do mundo virtual guineense, que têm dificuldades em perceber que hoje posso criticar publicamente as atitudes, as posturas ou as decisões de um cidadão ou um político e amanhã defendê-lo também publicamente, se os seus direitos mais básicos estiverem a ser violados!

Algum guineense tem dúvidas que, face os seus actos como suposto Procurador-Geral da República, Abdú Mané não passa mesmo de um instrumento a ser usado para a perseguição dos dirigentes políticos do governo legítimo da Guiné-Bissau? Que tipo de justiça se faz sob esses pressupostos!? Não vou alongar-me a mencionar os casos que Abdú Mané podia investigar e faz questão de fechar os olhos! Até para aplicar a justiça aos alegados criminosos, é preciso ser-se isento e não permitir o imiscuir da política na justiça.  

Enquanto não aprendermos apenas e tão só a defender os valores democráticos e do estado de direito, sem olhar para as figuras envolvidas e os interesses inerentes, jamais conseguiremos suster a caminhada da Guiné-Bissau para o original Mundo das Trevas. http://pt.wikipedia.org/wiki/Mundo_das_Trevas…

Termino a desejar muito boa sorte ao Dr. José Ramos Horta, nessa nobre missão que agora começou.

Jorge Herbert

Mais uma dor de cabeça


A recente auscultação do Partido da Renovação Social com os partidos políticos, redundou na criação de uma Comissão Multipartidária e Social de Transição, com poderes idênticos à actual Assembleia Nacional Popular, quer em termos de imunidades, direitos e regalias, como em matéria de legislação e de competências.

A velha história da CNT surge, apesar dos parceiros internacionais o rejeitarem de forma categórica. Mais uma dor de cabeça surge no horizonte. O PAIGC dará amanhã a partir das 11 horas uma conferência de imprensa na sua sede nacional para dar resposta a estas manobras. Começa assim um novo braço de ferro, que ninguém sabe onde vai dar. AAS

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

This is CNN


Umaro Djau, estares a dar azo a provocações não ajuda em nada e deita até por terra estas tuas afirmações... Podem estar do lado dos golpistas - eu sei! Posso estar em Lisboa mas sei mais do que vocês todos juntos o que lá se passa... Mas a minha consciência, em defesa do triste Povo da Guiné-Bissau, ninguém humilha. Sou digno, pobre até, mas não me vergam. Nem me atingem. Não é por criticar o JOMAV em tempos que vou agora querer vê-lo crucificado ainda para mais de maneira tão flagrantemente desavergonhada, apenas com o inuito de humilhar. AAS

Guiné-Bissau precisa de mais apoio da comunidade internacional, diz Ramos-Horta em Bissau


José Ramos-Horta chegou na madrugada de hoje a Bissau e encontrou-se esta manhã com o primeiro-ministro de transição, Rui de Barros, o primeiro de um ciclo de contactos com responsáveis guineenses, nomeadamente para apresentação de cumprimentos. Após a reunião de cerca de 45 minutos, o novo representante das Nações Unidas afirmou-se otimista e pronto para "abrir outro capítulo" na Guiné-Bissau, embora as decisões nesse sentido tenham de partir dos guineenses. "Sou uma pessoa otimista, um otimismo fundado no que conheço do povo guineense, prático, determinado e com elevado número de quadros", disse Ramos-Horta, considerando que há "um bom ambiente" na Guiné-Bissau, quando comparado com outros países do mundo.

Afirmando que há "um processo de diálogo em curso" iniciado pelo Presidente da República de transição, Ramos-Horta disse acreditar que se está "no bom caminho" e acrescentou que está confiante no sucesso da sua missão. Na Guiné-Bissau há "uma situação de um Estado frágil, que precisa de ser apoiado. A Guiné-Bissau nunca teve muito apoio da comunidade internacional", disse o representante da ONU, uma ideia que lhe fica, acrescentou, do que tem observado ao longo dos anos e das vezes que esteve no país. É preciso, disse, que a comunidade internacional "direcione ajuda para beneficiar o povo guineense, sobretudo os jovens".

José Ramos-Horta, ex-Presidente de Timor-Leste e Prémio Nobel da Paz, foi em janeiro nomeado pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, seu representante para a Guiné-Bissau. Ramos-Horta substituiu o ruandês Joseph Mutaboba, cujo mandato terminou a 31 de dezembro passado, na liderança do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau - UNIOGBIS. A Guiné-Bissau tem vivido momentos de instabilidade cíclicos. Em abril do ano passado, um golpe de Estado derrubou os dirigentes eleitos e desde então o país está a ser gerido por autoridades de transição, não reconhecidas pela maior parte da comunidade internacional. LUSA

JOVENS E TRAJETÓRIA DE VIOLÊNCIA. OS CASOS DE BISSAU E DA PRAIA


APRESENTAÇÃO DO LIVRO “JOVENS E TRAJETÓRIA DE VIOLÊNCIA. OS CASOS DE BISSAU E DA PRAIA”, Pureza, J.M; Roque, S.; Cardoso, K. (Orgs), Coimbra, Almedina/CES, 2012

Cabe-me apresentar a segunda parte deste livro que é dedicada ao estudo dos jovens e trajectórias de violência em Bissau. Gostaria de ressaltar, em primeiro lugar, o olhar original sobre as questões de segurança na Guiné-Bissau que nos traz este livro.

Quando pensamos em segurança na Guiné-Bissau, a imagem que dai resulta é a da violência política e militar, dos sucessivos golpes de estado, dos assassinatos políticos e da impunidade, e do narcotráfico. Recentemente, podemos ainda acrescentar o terrorismo e o tráfico de seres humanos. Ora, por causa destas preocupações, a atenção, as políticas e os fluxos financeiros têm sido desviados para as questões da segurança e as suas dimensões internacionais. Um dos exemplos claros deste desvio é a atenção dada à Reforma do Sector da Segurança: Reformar os militares é tido como essencial para um cenário de paz e desenvolvimento na Guiné-Bissau. Isto baseado no princípio que não há paz sem desenvolvimento nem desenvolvimento sem paz. Este posicionamento tem remetido para segundo plano outras dimensões das dinâmicas sociais na Guiné-Bissau que se vão tornando invisíveis; como também tem remetido para segundo plano muitas das reais preocupações dos guineenses em matéria de segurança.

Penso que esta é uma das razões porque este trabalho é diferente: porque tenta compreender a sociedade guineense a partir das suas próprias preocupações: Quais são de facto as questões que preocupam os guineenses ao nível da segurança?

Também em relação aos jovens, neste trabalho contestam-se (1) os processos de securitização dos jovens e (2) a imagem dominante dos jovens como “ameaças”.  Assim este texto dá visibilidade a estes jovens ajudando-nos a tentar compreender: Quem são estes jovens de Bissau? Quais são as suas histórias de vida? Como é que eles se vêem, e se imaginam, como é que sonham o futuro? E em relação às jovens raparigas, tenta compreender a que tipos de violência estão sujeitas.

O primeiro capítulo sobre a Guiné-Bissau é da autoria da Sílvia Roque. Investigadora do Centro de Estudos Sociais de Coimbra e doutoranda, está fazer um doutoramento sobre violência em contextos de pós-guerra (nos casos de El Salvador e Guiné-Bissau) e trabalha há vários anos em questões ligadas à Guiné-Bissau e o que ressalta do seu trabalho é precisamente, esta postura de questionar os estereótipos, e é esta atitude que empresta a este trabalho. A autora propõe-se inverter a pergunta mais comum nos estudos sobre jovens e violência e pergunta: “por que razoes não se “mobilizam” os jovens em Bissau?” . Quando enfrentam desemprego, pobreza, falta de acesso a educação de qualidade, ausência de perspectivas de um futuro melhor, por que é então que estes jovens não se envolvem em gangs ou grupos armados?

A autora traça, em primeiro lugar, um retrato plural destes jovens que não são uma massa homogénea e, para tal, entrevista jovens detidos, consumidores de droga, jovens envolvidos em todo o tipo de projectos associados à cultura, a políticas, universitários, estudantes, bancadas, grupos de jovens em bairros, etc.

As razões da não-violência são múltiplas: desde a eficácia do controle social até a capacidade de superação dos problemas de forma pacífica. Mas também pode ser a desesperança que faz com que as soluções mais óbvias para o futuro sejam: fugir ou esperar. Também pode ser essa mesma desesperança que evita a organização violenta dos jovens que pode actuar no sentido de os desprover do exercício de uma cidadania activa, de protesto e de resistência.

Finalmente pergunta-se até quando que os jovens vão esperar pacificamente? Aliás coloca-se a mesma questão em relação ao povo guineense: até que ponto é que as transformações sociais poderiam por em causa a tremenda resiliência que a população guineense tem demonstrado face às adversidades?

No segundo capítulo, “Falhanço em cascata: como Sociedades Agrárias Africanas em colapso perdem o controlo sobre os seus cadetes”, Ulrich Schiefer, sociólogo e antropólogo, Professor do ISCTE-IUL e da universidade de Münster, dá-nos algumas das explicações também face à questão de por que é que os jovens não se mobilizam. Fá-lo através da análise dos mecanismos, extremamente elaborados, de contenção de violência que existem nas sociedades agrárias da Guiné-Bissau. Não se trata aqui de analisar sociedades imutáveis, como clarifica o prefácio, mas de tentar compreender em que medida é que estes sistemas podem ser resilientes ou enfraquecer perante as mudanças sociais. O ensaio salienta nomeadamente os potenciais impactos negativos na gestão da violência derivados da desestruturação das sociedades agrárias simultânea à migração para contextos urbanos nos quais as promessas da modernidade não podem ser cumpridas. É sobretudo nestes contextos urbanos, em que os bairros periféricos abrigam cada vez mais migrantes que fracassaram no seu projecto de (e)migrar, em cidades onde não encontram ocupação, que a gestão do potencial de violência se torna mais difícil.

Finalmente, o último capítulo da autoria de Sílvia Roque e Joana Vasconcelos centra-se nas jovens raparigas guineenses e analisa diferentes expressões de violência que as afectam. O título deste capítulo diz “raparigas de agora é só provocação” e surge da constatação de que as jovens raparigas são alvos de crítica generalizada sendo consideradas “interesseiras”, “que provocam os homens” e que se relacionam com estes apenas com o objetivo de obter ganhos materiais. A este propósito, é ilustrativa a citação de um grupo de mulheres que garante que: “as raparigas, se os homens não lhes dão dinheiro, elas vão buscar outro. E preciso encher-lhes o bolso”. As autoras defendem que estas acusações mostram de algum modo, por um lado, a perda de controlo sobre a sexualidade destas jovens e, por outro lado, as transformações económicas e sociais nas quais as raparigas assumem cada vez mais um papel de relevo enquanto actores com agência. No texto exploram ainda dois tipos principais de violência directa: o casamento forcado e a violência entre namorados que consideram um produto da recusa das práticas ditas “tradicionais” como da adesão a novos ideais como por exemplo, os ideais de amor romântico. Acima de tudo este trabalho pretende contribuir para superar a invisibilidade de grupos até agora quase invisíveis como os jovens e especificamente as jovens raparigas. É um olhar de fora mas que, através de um grande rigor, tenta ser de dentro. Daí ser muito diferente das abordagens habituais no campo da segurança. Foi, aliás, na perseguição deste objectivo que a Joana Vasconcelos, no âmbito da sua tese de doutoramento, iniciou o seu trabalho de campo para tentar para tentar compreender como é que as jovens raparigas conseguem superar as dificuldades da juventude. 

José Manuel Pureza disse acreditar que “em cada um destes casos há um James Dean”. Se acreditarmos também que estes jovens dão expressão a uma violência que advém de choques entre visões do mundo e que podem conter em si a força de mudança, este livro é uma leitura essencial.

por Ana Larcher

José Ramos-Horta, representante do Secretário Geral da ONU para a Guiné-Bissau, já está em Bissau. AAS

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Tensões internas em reavivamento


1 . A situação político-militar na Guiné-Bissau apresenta sinais de anuviamento descrito num intelligence memo como “extremado”.
 
A saber:
 
- O alferes Júlio Mambali, comandante da guarda do CEMGFA, General António Indjai, foi coercivamente afastado; vários outros oficiais e efectivos subalternos da força foram também afastados e/ou presos.
 
- O relacionamento de per se tenso entre o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, e o CEMGFa, António Indjai, passou por novos episódios demonstrativos do seu carácter precário.
 
- O PM, Rui Barros, e o Governo em geral denotam estar “alinhados” com António Indjai no conflito que opõe este ao Presidente.
 
- Proliferam notícias de casos de corrupção, abusos de poder e de impreparação geral de vários governantes.
 
- As condições de vida nos quartéis, em especial nos aspectos da alimentação e acomodação, atingiram níveis considerados “insuportáveis”.
 
O cenário de uma ruptura violenta da situação não é, porém, admitido em meios que acompanham a sua evolução. O factor tido em conta na estimativa é o de que o poder militar da CEDEAO/Ecomig, instalado e mobilizável, tem capacidade de dissuasão suficiente para desencorajar um “putsch” – embaraçoso para a organização.
 
2 . ​A cumplicidade existente entre o Governo e o CEMG é especialmente fomentada por percepções dos próprios de que a evolução em que a situação entrou, tende a marginalizá-los. Entre os factores determinantes da referida evolução é especialmente valorizado o interesse da CEDEAO, em “alijar um ónus a que se expôs”.
 
A CEDEAO precisa, por razões políticas e financeiras, que a comunidade internacional atenue ou levante o isolamento em que mantém a Guiné-Bissau desde o golpe de Estado de 12 de Abril de 2012. Foi com essa intenção que “encorajou” desenvolvimentos como a reposição da Assembleia Nacional e a vinculação do PAIGC ao processo transição.
 
De acordo com o leitmotiv da CEDEAO, que enquanto tal e/ou através de membros influentes, teve um papel instigador no golpe de Estado, a sua intervenção na Guiné-Bissau deve ter um “fim honroso”. Na sua perspectiva, tal desígnio será alcançado com a realização de eleições credíveis com o início do processo de reforma das FA.
 
António Indjai está ele próprio ciente de que se converteu num “embaraço” para a CEDEAO, devido a traços/tendências de personalidade e conduta, assim como impreparação técnica. Entre os próprios governantes, em geral, há igualmente a percepção de que tenderão a ser preteridos, de modo a remover obstáculos como a sua má reputação.
 
O descrédito de António Indjai junto da CEDEAO tornou-se irreversível por efeito directo da de um motim interno que “montou” com o fim inferido de se apresentar como vítima e como garante da coesão das FA. A “montagem” foi geralmente considerada “inábil”.
 
3 . O afastamento e prisão de Júlio Mambali (presentemente em greve de fome) ocorreu em circunstâncias consideradas elucidativas das extremas preocupações de segurança que dominam António Indjai – em larga escala alimentadas pela noção que o próprio tem de tensões internas, nas FA e no país, que fazem dele “um alvo”.
 
O ex-comandante, por uma razão a que terá atribuído urgência, apresentou-se a António Indjai sem se sujeitar a normas/procedimentos que implicariam a sua passagem por um núcleo próximo da segurança interna do mesmo. António Indjai associou instintivamente a atitude a intenções menos claras em relação à integridade da sua pessoa e agiu em conformidade.
 
A guarda de António Indjai, internamente conhecida por “pretoriana”, monta guarda permanente a todos os locais que o mesmo frequenta, por rotina ou ocasionalmente. Residências de pernoita, quartéis e locais públicos. Manobra apoiada pela chamada Contra Inteligência (TenCor Tchipa), cuja função primacial é vigiar suspeitos.
 
4 . António Indjai revela desde há muito uma atitude de menosprezo e/ou de falta de respeito em relação a Serifo Nhamadjo. O fenómeno é atribuído à sua diminuta ilustração, a uma ideia onírica que tem de si próprio, assim como a tendências inatas que revela para a prepotência.
 
Os novos episódios:
 
- António Indjai mandou um emissário convocar Serifo Nhamadjo para um encontro urgente com ele, na sua casa em Jugudul. Nhamadjo, que se encontrava então de visita a Bafatá, recusou a convocatória – a que António Indjai reagiu com truculência pública.
 
- Tratou de forma furibunda Serifo Nhamadjo num momento em que este se preparava para embarcar para uma viagem a Abidjan, cimeira da CEDEAO; episódio notado pelos circunstantes em geral. AI

MUNDO CÃO: O ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergey Lavrov, está em Moçambique. Na bagagem, cooperação bilateral e conjuntura política regional...


... Na Guiné-Bissau, terá aterrado (mais) um avião cheio de colombianos e respectiva carga de morte. AAS

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

ÚLTIMA HORA/CASO JOMAV: Ex-ministro das Finanças proibido de abandonar o país sem autorização


O antigo ministro das Finanças da Guiné-Bissau, José Mário Vaz está proibido de sair do país sem autorização, de acordo com a medida anunciada hoje pelo Ministério Público em Bissau. José Mário Vaz esteve detido três dias na semana passada e foi ouvido pelo juiz de instrução criminal na passada sexta-feira, que o mandou em liberdade. Os termos em que fica em liberdade até ao julgamento só hoje foram conhecidos. Segundo os seus advogados, o antigo ministro ficou sujeito às medidas de termo de identidade e obrigação de permanência, pelo que não se poderá ausentar da sua residência mais de cinco dias sem avisar o Ministério Público nem sair do país sem autorização.

Por ordens do Ministério Público guineense, José Mário Vaz foi detido na segunda-feira passada, por alegado ilícito fiscal. É investigado sobre o paradeiro de 9,1 milhões de euros que Angola teria disponibilizado a favor do Governo guineense, mas que supostamente não teriam entrado no tesouro público. "Posso-vos dizer, hoje, muito honestamente, que não recuava um milímetro sequer sobre os procedimentos que imprimi a nível do Ministério das Finanças quando fui ministro", disse na passada sexta-feira o ministro do Governo deposto no golpe de Estado de 12 de Abril de 2012. angop

O caçador de cabeças


"Difícil foi assistir com indiferença, a frustrada tentativa pela parte do actual Procurador-Geral da República, de em plena luz do dia, vandalizar a reputação de José Mário Vaz, recorrendo a uma acusação duvidosa, com bases na moda dessa esquizofrénica perseguição, aos por agora, órfãos da última liderança deposta. Não falei num suposto ministério público, porque neste momento, esse nem funciona como tal. E por outro lado, estaria a ser muito injusto para com o saldo dos quadros desse grémio, que deveria constituir um prestigiado organismo estatal.

Assim como nos primeiros anos da nossa independência, fomos perseguindo em cada rescaldo de uma determinada substituição dos elementos no poder político, os que no nosso entendimento mesquinho, vão ficando órfãos desse, com falsas desculpas, de que beneficiavam de alguma maneira, com todos os prejuízos, que nos eram impostos pela respectiva cúpula. E em consequência dessas vergonhosas perseguições, vamos contribuindo para o elevado défice de competências, caros ao melhor funcionamento das nossas mais fundamentais instituições, o que inequivocamente, está sim, a prejudicar os interesses de todos nós, sem quaisquer excepções. Tanto assim é, que temos muitos dos mais incapazes compatriotas, a condicionarem de forma desagradável, o nosso quotidiano, e a vaticinarem um conjunto de indefinições, ao futuro dos nossos filhos!

É triste constatar um integral voluntarismo desse fervoroso militante de causas singularizadas, que nas funções de primeiro magistrado do ministério público, e a morrer por dentro, de tanta aversão que leva na alma, ainda encontrar disponibilidade, de optar pela promoção das questiúnculas ocasionais, no lugar de procurar o único caminho para a sua redenção, numa convivência pacífica e próspera, entre todos os guineenses e os seus parceiros, embora de diferentes proveniências, e com interesses diversificados.

Escusado seria mais uma vez lembrar, que só um esforço conjugado, no sentido progressivo, garantirá para todos nós, no primado da lei e da ordem, uma sociedade hierarquicamente estruturada. E nunca essa prática infantil e rancorosa, de cada vez que uns, se sentirem dominadores, lançarem logo no encalece dos outros, desdobrados numas perseguições impiedosas, mantendo assim essas nossas cíclicas conjunturas de insegurança, fragilizadas o suficiente, para um dia, passarem eles também a uma incómoda situação de perseguidos. Mais do que necessário, é mesmo urgente na nossa sociedade, o reflorescimento duma elite governativa, mas meritória. Quero com isto dizer o seguinte:

Devemos avançar como nação, para o reflorescimento de uma elite governativa, que seja tendencialmente livre dos favorecimentos deixados pelas graves iniquidades, parte da herança negativa dos séculos de colonização. Mas também não devemos dispensar a dura verdade de que, a génese dessa pretendida elite governativa, encontrou o seu fecundo modernismo, no cruzamento da nossa cultura política, com a cultura política dos nossos antigos colonos, permitindo com que, os então chefes tribais; mais tarde, os médios e os altos funcionários, ao serviço da administração colonial, ascendentes genealógicos de uns dentre nós, tenham beneficiado de certos privilégios políticos, e vantagens económicas, para com isso, deixarem hoje melhor posicionados, os seus descendentes directos e indirectos. Portanto, devemos ter a coragem patriótica, (porque é de facto, uma questão de coragem patriótica) e permitir que esse reflorescimento de uma elite governativa meritória aconteça, abandonando todos os complexos coloniais; os de superioridade; os de inferioridade; e os outros tantos mais, no nosso subconsciente. Isto é, encararmos com realismo, os fundamentos da tal necessidade do suicido da pequena burguesia, de que Amílcar Lopes Cabral falava, e que ainda muitos, uns por ignorância, outros por negligência, não entenderam.

De nada adiantará essa obsessão de termos que comparar na chegada, a transpirarmos inveja pelos poros todos, se na partida, não saímos em circunstâncias, pelo menos semelhantes. Pois a solução mais adequada para corrigirmos esses desequilíbrios sociais, vindos do passado, que tanto indigna, será, sem que tenhamos de reinventar a lâmpada, apostarmos num sistema de ensino por excelência, premiando e incentivando os melhores estudiosos, sejam eles de que origens, para que esses sim, venham a constituir uma consistente elite governativa, e servirem em igualdade de circunstâncias, como competentes dirigentes, nas nossas diversas instituições públicas e privadas, assim como nas outras instituições regionais e internacionais, das quais somos estado parte. Voltando ao propósito… O princípio da igualdade recomenda tratar questões iguais de forma igual, e tratar questões diferentes de forma diferente.

E o cidadão guineense, João Mário Vaz, sempre fez por merecer um tratamento diferenciado. Sabido que no nosso movediço contexto, o poder, no seu próprio conceito, anda diluindo nas incertezas dos nossos dias, nos registos menores da nossa já martirizada história, ficará mais uns nomes conotados a um consulado figurante, e que de momento, vai servindo levianamente como pretexto, para justificar o conivente reconhecimento regional, de um regime bastante insalubre, para os elevados desígnios de qualquer povo, - que desejo ser mais breve possível - enquanto suporta a impudica distribuição duma vil cobiça.

Mesmo à distância absoluta que me separa dessa empoleirada amostra das piores características, nossas, - entenda-se, guineenses - será sempre desagradável entre nós, o resto de uma necessária convivência cívica. Mas o difícil, normalmente é um pronuncio de óptimos objectivos por alcançar. E gentes de semelhante substância, também servem para nos ajudar a melhorar estratégias de luta, face à persistente paralisação, e por vezes grandes retrocessos, na evolução da nossa sociedade.
 
Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.
 
Flaviano Mindela dos Santos
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