domingo, 13 de março de 2016

OPINIÃO: "Que País é este?"


"Tenho a certeza absoluta que nem os psicólogos, antropólogos e muito menos os historiadores podem encontrar na história da humanidade um caso igual como o da Guiné-Bissau. Está registado na história, a nossa digna vitória e valente luta contra o colonialismo, país de muitos golpes de estados, país de impunidade, estado narcotráfico, presidente esquartejado, governa quem perdeu as eleições.

Um país/povo que acorda de manhã e vai para cama à noite sem se preocupar em dar conta do que se está passar no país? Que POVO é este? Neste mundo tão desenvolvido e com tecnologias de informação como é possível um povo estar tão desinteressado com o que está passar no seu país?

A nova geração e amantes da tecnologias, o que interessa é só Facebook e falar das coisas inúteis da vida. Porque não dispensam um dia da vossa vida e usem esta arma tão poderosa que usaram as gerações jovens árabes chamada Primavera Árabe, que derrubaram regimes tão poderosos?

Disse um dia alguém: há guerras necessárias. Então Guineenses, chegou a hora de todos mas todos se levantarem para travarmos esta luta, sem armas, nem catanas nem pedras.

Vamos todos usar as nossas inteligências, armas da tecnologias, protesto pacifico nas ruas, greves nas escolas, hospitais, comércios e função pública, para dizer basta a um presidente que está a meter-nos num buraco de que dificilmente um dia podemos vir a sair.

Está visto, estamos perante alguém perigoso e sem nenhum sentido patriótico e muito menos actualizado com o novo mundo de governação (onde exige visão e estratégias do desenvolvimento). Definitivamente estamos perante alguém improperado para as funções e um individuo perigoso nas funções do Estado.

Alguém que usa o próprio espaço de estado (presidencia) para reunir quadrilhas, alguém que arquitecta planos e manda executá-las às vezes friamente às vezes descaradamente. Todo um país parado, a dinâmica do comércio comprometida, já começam faltar alguns produtos da primeira necessidade, os preços estão a subir descontroladamente. Até quando é que vamos continuar assim?

Leitor identificado
"

SONDAGEM DC: O rei vai nu...


sábado, 12 de março de 2016

OPINIÃO: Adeus, Gibril


Permita-me falar do Gibril Mané, o seu lado intelectual. Das pessoas que conhecem o Gibril Mané, sabem que ele não era de fugir aos temas em debate, para ele qualquer assunto era debatido. Ele tinha este fascínio para a discussão e era onde se sentia bem.

Eu (Catio) e Gibril Mané gostávamos de discutir a cultura Mandinga, a ciência que mais me fascina por influência da minha mãe e também porque fui educado pelos meus avós e tios na grande morança Mandingas de gan Sani.

Uma vez perguntei ao Gibril Mané, sobre a origem dos Mandingas na nossa sub-região e outros países de África, ele fez-me uma pequena resenha da história: Disse ele, com a queda do império de Gabú (a derrota dos Mandingas), houve uma emigração maciça que deu origens aos Mandingas do Senegal, Gambia, Costa de Marfim, Serra Leoa e outros países da sub região.\

Contou-me uma história fascinante, que todas as grandes morangas de Mandingas tinha mulheres da etnia balança e perguntei-lhe porquê? Ele disse porque são bonitas e belas, disse que os chefes mandavam raptar as moças balanças, todas com os seios grandes e eram depois conduzidas para o chefe grande que as desposavam imediatamente e de seguida eram baptizadas com nomes muçulmanos. Que os balantas, por tradição, quando uma filha não voltava a casa no final da tarde era porque tinha sido raptada para o casamento e não exigiam o regresso da filha. Homens antigos Mandingas tinham fascínio por uma bela donzela balança.

Falou da grande rivalidade na luta de libertação nacional entre a etnia mandinga e a balanta. São duas etnias conhecidas pelas suas façanhas de grandes guerreiros, Mandingas com grandes histórias de guerreiros lendários na história da África, e esta cultura de guerreiros foi transportada para luta de libertação e que ofereceu grandes nomes nessa luta onde os nomes míticos da guerra deram a conhecer grandes comandantes.

Em contraste com grandes combatentes da etnia balanta que reivindicavam grandes feitos nas matas da Guiné e não eram devidamente enaltecidos e reconhecidos com o destaque dados aos comandante-chefes Mandingas. Esta rivalidade existiu após a independência e continua a existir.

Tínhamos gosto pela música kora, o Gibril deu-me nomes sonantes de grandes músicos da Gambia e do Mali. Ele lamentou que a Guiné-Bissau não esteja a preservar e a salvar este valioso património cultural que é a música e instrumento kora.

Criticou que não tenha sido criada nenhuma escola de kora em contraste com o que aconteceu nos outros países de África. Entristecia-lhe que para ouvir um clássico de kora tenha que ir pesquisar na internet para ouvir uma bom acorde. E disse que as grandes famílias de KORA na Guiné, deixaram uma geração que nada está a fazer para preservar e salvar o kora e criticava a pouca qualidade que ouvia pelo país.

E nessas nossas conversas deu-me nomes sonantes para eu procurar, para ouvir uma boa música, nomes de Deli Baba Cissoko, Toumani Diabete, Sory Sandia, Kasse Mady Diabate, Sunjata Bazoumana e Ballaké Sissoko.

Obrigado meu menino, és o meu irmão mais novo vi-te crescer e brinquei contigo e tinha uma estima enorme por ti. Paz à tua alma e que sejas feliz no Céu.

Do teu mano Djoe Bell (como ele gostava de me chamar).

Catio Baldé

sexta-feira, 11 de março de 2016

ASSALTO A BANCO: Um grupo de assaltantes, entrou esta manhã no banco Orabank e levou cerca de 9 milhões de Fcfa (14 mil euros). Conseguiram fugir, mas a PJ está em campo a investigar. AAS

<<< Já votou hoje na sondagem DC?

PROBLEMAS AOS PONTAPÉS: Governo ameaça retirar estatuto de utilidade pública à Federação


O secretário de estado do desporto da Guiné-Bissau, Conduto de Pina, disse hoje que pondera retirar o estatuto de utilidade pública à federação do futebol, que acusa de "irresponsabilidade e esbanjamento de dinheiro público".

Em declarações a uma radio de Bissau, Conduto de Pina acusou de forma implícita o presidente da federação guineense de futebol, Manuel Nascimento Lopes, de, ao invés de gerir a instituição, "passa a vida a insultar o governo. Tem que haver disciplina e organização na federação [de futebol], que tem de prestar contas do dinheiro que recebe do estado, caso contrário, poderá ser retirado o estatuto de utilidade pública", defendeu o governante.

O secretário de estado da juventude, cultura e desporto acusou a federação de "gastar muito dinheiro público" com os jogos da seleção, "mas sem resultados práticos". Conduto de Pina acusou a federação guineense de gastar dinheiro equivalente às deslocações da seleção portuguesa para, por exemplo, ir jogar à Rússia, mesmo sabendo que aluga os aviões para as viagens.

"A federação gasta com a seleção cerca de 12.000 euros por jogo, esse dinheiro dava para resolver os problemas nos hospitais", sublinhou o governante, para denunciar o que diz ser irresponsabilidade por parte da federação que deve ser corrigido, notou. "O que se passa na nossa federação não acontece em mais nenhuma federação do mundo", observou Conduto de Pina, apontando o facto de a federação ter "mandado embora" o treinador português Paulo Torres "sem razão plausível".

Para Conduto de Pina, a federação "não tem razão" com a forma como quer despedir Paulo Torres, que afirma, fez a Guiné-Bissau subir no 'ranking' da FIFA de 190.º para 149.º lugar. Paulo Torres "teria toda razão se apresentar uma queixa na FIFA contra a Guiné-Bissau", observou o mesmo responsável.

A federação guineense anunciou no final do mês de fevereiro ter dispensado os serviços de Paulo Torres, chamando para o seu lugar Baciro Candé, o treinador do Sporting da Guiné-Bissau. Divergências entre o Governo e federação levaram a suspensão dos jogos do campeonato de futebol.

A federação que peça dinheiro ao PR JOMAV, que tem o País refém do seu ego


A Federação de Futebol da Guiné-Bissau (FFG) suspendeu os jogos do campeonato por tempo indeterminado devido a falta de verbas para custear a realização da prova.

Uma fonte da federação disse ainda à agência Lusa que a instituição foi obrigada a tomar a medida por já não ter a capacidade de suportar as despesas com o campeonato, uma vez que o Governo «há muito que deixou de dar dinheiro».

MINI-OPINIÃO AAS: Partido da Renovação Falhada!


À 'direcção' de comunicação do PRS:

- Quando é que o VICTOR PEREIRA, porta-voz do partido, VAI DEVOLVER os milhões que recebeu da Aldeia SOS de Bissau, para fazer a revista desta casa que alberga crianças desfavorecidas? Levou e até hoje nem um projecto de revista apresentou...

Ao PRS, que esclareça:

- A situação do seu líder parlamentar, CERTÓRIO BIOTE, suspeito de ligação ao tráfico de drogas pela INTERPOL e que está sempre nas reuniões na presidência?!

Ver
AQUI

NOTA: O PRS que deixe de mentiras e de fazer figura de parvo com mentiras, coisas inventadas. O Aly NÃO tem, NUNCA teve nem nunca COMPRARÁ casa em Cabo Verde. O PRS está desesperado para chegar ao poder no frio! Façam política e deixem-se de merdas. É só isso que se espera de um partido político que se diz responsável!!! Aguardo a V. resposta, ou não passam de reles mentirosos. AAS

Rubem Semedo assina com a Nike por 4 anos



O jogador do SCP, Rubem Semedo, assinou contrato com a multinacional norte-americana Nike. A duração do contrato ė de 4 anos. No acto da assinatura esteve acompanhado do empresário Catio Balde e da Mãe do jogador.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Mar + protegido


O serviço de Fiscalização das Pescas da Guiné-Bissau (FISCAP) inaugurou hoje uma vedeta rápida que custou 1,8 milhões de euros, financiada pela União Europeia (UE), disse à Lusa o secretário de Estado para o setor, Ildefonso Barros.

A embarcação, com 20 metros de comprimento, é a primeira que a FISCAP recebe no âmbito do concurso de aquisição lançado pelo Governo em 2015, acrescentou. Das duas restantes, de 15 e 11 metros, uma será igualmente financiada pela UE e a outra ficará a cargo do Estado guineense - sendo que todas as três têm construção a cargo dos Estaleiro Bermeo, em Espanha.

A vedeta rápida, que tem a autonomia de navegar durante 10 dias, numa distância de dois mil milhas náuticas, segundo o primeiro-ministro, Carlos Correia, na cerimónia de inauguração, recebeu o nome de N'Djamba Mané, combatente da liberdade da pátria que colaborou em atividades ligadas ao mar. Lusa

Discriminação de mulheres é comum na Guiné-Bissau, dizem activistas


Na Guiné-Bissau a discriminação das mulheres continua a ser moeda corrente e muitas activistas insurgem-se contra essa realidade. Luísa Pereira, professora e presidente da Rede das Mulheres Professoras da Guiné-Bissau, concorda com a teoria das mulheres serem vítimas de discriminação.

Uma atitude que, na sua opinião, deve ser censurada, sustentado que a mulher é base da família e da sociedade. ”A mulher é base de toda a sociedade de todas as categorias profissionais, porque mulher em casa organiza e assim também faz no seu posto de serviço”, diz

Helena Said, da Plataforma Política das Mulheres guineenses, lembrou que o lema deste ano aponta a igualdade de oportunidade, entre o homem e a mulher, até 2030.

“É ser mulher para enfrentar os desafios, enfrentar o machismo e defender os interesses superiores da mulher e do homem e promover um espirito de igualdade entre o homem e a mulher”, completa Said. VOA

CATIOSPORTS: Rubem Semedo no Sporting até 2022


Rubem Semedo prolongou hoje o seu vínculo contratual com o Sporting Clube de Portugal até 2022. Catio Baldé, agente do jogador diz que o contrato só foi possível depois de 3 dias do intensas negociações com o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho.


Com Bruno de Carvalho, presidente do SCP


Com a Mãe do jogador Rubem Semedo

Chegaram a acordo para renovação do contrato que vai ligar o jogador ao Sporting até 2022. Rubem Semedo viu assim substancialmente melhoradas as suas condições profissionais. O jogador é agenciado pelo guineense Catio Balde desde os seus 16 Anos. AAS

Terra Ranka: Augusto Midana conquista ouro




Apesar de o futebol ser a principal modalidade desportiva na Guiné-Bissau, a luta é a que mais medalhas já deu ao país. Agora, o lutador da Guiné-Bissau Augusto Midana conquistou hoje a sua terceira medalha de ouro consecutiva no Campeonato Africano de luta livre olímpica, na categoria de 74 kg num torneio realizado no Egito.

De acordo com Muniro Conté, presidente da Federação Guineense de Luta, esta é a sétima medalha de ouro conquistado por Midana nos torneios africanos. “A meta agora é conseguirmos a nossa primeira medalha olímpica, o que vamos tentar nas olimpíadas do Rio de Janeiro”, afirmou Conté, apontando as baterias para os Jogos Rio2016.

A Guiné-Bissau já participou nos Jogos Atalanta96, Atenas2004 e Londres2012 e agora prepara-se para ir aos do Brasil, levando os atletas de luta Augusto Midana (74 quilos) e Quintino Intip (86), precisou Muniro Conté. “Já estivemos em três jogos olímpicos. É certo que nunca ganhámos qualquer medalha, mas acalentamos essa esperança, tendo em conta o facto de Midana ter sido considerado nos Jogos de Londres o melhor atleta africano”, observou o presidente da federação guineense de luta.

Augusto Midana, de 31 anos, recebeu esta menção por ter sido o único atleta africano a participar em todos os combates (três) até ao fim, isto é, sem desistir, destacou Muniro Conté. A esperança guineense para os Jogos do Rio de Janeiro também reside em Quintino Intip, o qual obteve no torneio africano no Egito uma medalha de bronze.

Os dois atletas guineenses, Augusto Midana e Quintino Intip são beneficiários de uma bolsa olímpica com a qual vivem e treinam num centro especializado no Senegal há quatro anos. Lusa

LIVRO: Novo romance de Abdulai Sila


Esta é a história de uma vida. Uma vida marcada por uma longa e sinuosa caminhada em busca da utopia, em que o discernimento nem sempre se impõe. Afirma-se uma inexplicável convicção de que há deveres impossíveis de ignorar. Dissimulada algures na fronteira entre a loucura e a paixão, forja-se a certeza de que se nasceu para uma missão.



Livro: Memórias SOMânticas
QUANDO? Quinta-feira, 17 de Março
A QUE HORAS? 17:00
ONDE? Centro Cultural Brasil/Guiné-Bissau


Decidiu-se narrar essa vida porque a narração, quando oportuna, restaura a crença, abrevia qualquer recordação dolorosa e enobrece a vida. Atribui-lhe cor e reverência.

E nas absolvidas Speak Only Memories, naturalmente românticas, fazendo brotar a leviandade do sonho no virar de cada página, é a magia da narração que sustenta os limites da razão, impondo um novo paradigma da inteligência. Muito além do verbo e da doutrina. Ku Si Mon Editora

Discurso do presidente da República na sessão solene que marcou a abertura do ano judicial


Excelentíssimo Senhor Primeiro-Ministro;

Venerando Senhor Juiz Conselheiro Presidente do Supremo Tribunal de Justiça e do Conselho Superior da Magistratura;

Excelentíssima Senhora Ministra da Justiça e demais membros do Governo;

Digníssimo Senhor Procurador-geral da República e Presidente do Conselho Superior do Ministério Publico;

Mui Ilustre Bastonário da Ordem dos Advogados;

Senhores Chefe da Casa Civil, Conselheiros e Assessores do Presidente da República;

Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal de Contas;

Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal Superior Militar;

Excelentíssimos Senhores Embaixadores, Representantes do Corpo Diplomático, Organismos e Organizações Internacionais acreditados na Guiné-Bissau;

Venerandos Juízes Conselheiros e Desembargadores;

Digníssimos Procuradores Gerais Adjuntos;

Meritíssimos Juízes e Procuradores da República;

Senhores Oficiais de Justiça e Funcionários Judiciais;

Ilustres Representantes de Confissões Religiosas e do Poder Tradicional;

Senhores Representantes das Organizações da Sociedade Civil;

Distintos Convidados;

Minhas Senhoras e Meus Senhores.

Estamos aqui, hoje, reunidos em mais uma sessão solene de Abertura do Ano Judicial. A sessão deste ano é realizada neste novo e majestoso Palácio, como testemunha este bonito e acolhedor Salão Nobre, fruto de um louvável gesto de cooperação e amizade entre China e Guiné-Bissau.

Este Palácio, lugar por excelência da administração da Justiça, é a demonstração que a nobre função jurisdicional das magistraturas está a ser mais dignificada e prestigiada, graças ao apoio das autoridades e do Povo irmão da China.

Senhores Presidentes, Magistrados, Advogados, Oficiais de Justiça e Funcionários Judiciais,

Esta sessão solene constitui um momento privilegiado para prestar contas sobre o estado da nossa Justiça. Igualmente, é uma ocasião para prestar solene homenagem a todos quantos, mulheres e homens da nossa terra, que, no seu dia-a-dia, trabalham para a afirmação das nossas instituições de Justiça e para a edificação de um Estado de Direito democrático na Guiné-Bissau.

Saúdo, assim, todos os Advogados, funcionários judiciais e, em especial, o nobre corpo da Magistratura Judicial e do Ministério Público.

Venerando Presidente do Supremo Tribunal de Justiça,

A Justiça, enquanto actividade fulcral do Estado, deve constituir-se num elemento de integração e factor de coesão social no nosso país. O sistema judicial é o garante da autoridade do Estado, ao qual compete assegurar o efectivo exercício de direitos e garantias de todos os cidadãos.

É nosso profundo entendimento que, só com a boa administração da Justiça, através da resolução atempada dos litígios e da afirmação permanente da autoridade do Estado, o nosso país conhecerá muito brevemente melhores dias e, sobretudo, garantir:

maior segurança de pessoas e bens;
mais transparência e igualdade de oportunidades;
mais paz social e coesão nacional, bem como;
maior confiança dos cidadãos no Estado e nos seus legítimos representantes.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Os desafios que enfrentamos hoje impõem que tenhamos consciência clara das imensas virtudes que uma boa administração da Justiça pode proporcionar ao nosso Estado e ao nosso Povo.

Quanto maior é o esforço e sacrifícios exigidos aos nossos concidadãos e quanto maior são os compromissos assumidos hoje em nome do Povo guineense, maior e melhor deverá ser a responsabilidade do nosso poder Judicial. Pois, o nosso tempo é um tempo de enormes desafios, um tempo para mais trabalho, muito trabalho e melhor trabalho. Por isso, também, deve ser um tempo de melhor Justiça, mais transparência e, ainda, muita equidade.

Estou certo e convicto que, hoje mais do que nunca, o nosso poder judicial saberá estar à altura dos desafios colectivos que o País enfrenta, convocando todos para uma acção proactiva, responsável e, sobretudo, imbuída de um profundo sentido de serviço público.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

Determina a nossa Constituição da República que, «Os tribunais são órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo». Este nobre comando constitucional lembra-nos que o nosso sistema de justiça não existe para si próprio, mas para servir os cidadãos.

Permitam-me, assim, dirigir uma palavra ao povo guineense, em nome do qual a Justiça é administrada e porquanto verdadeiro destinatário da actividade judicial.

Como Primeiro Magistrado da Nação, aproveito esta ocasião solene de Abertura do Ano Judicial para apelar a todas as cidadãs e a todos os cidadãos para que acreditem nas nossas instituições de Justiça.

De igual modo, exorto a todas e a todos a recorrerem aos tribunais em busca da Justiça contra a injustiça que, porventura, lhes esteja a ser imposta. Sobretudo, que tenham confiança que os nossos tribunais e respectivos magistrados saberão, com total independência e rigor, estar à altura de administrar a Justiça, apenas de acordo com a lei e a própria consciência.

Contudo, convém aqui realçar que em regimes onde impera a democracia constitucional, é consensual que nem todos os adventos da nossa vida colectiva têm nos tribunais a sede própria para sua resolução.

É certo que por vezes é difícil traçar com nitidez a fronteira entre a função política, administrativa ou jurisdicional, mas isso não significa que nos devemos abster de proceder a essa destrinça, destrinça essa, aliás, imposta pelo princípio da separação de poderes constitucionalmente consagrada.

É preciso estarmos atentos à tendência cada vez mais comum de tentativa de judicialização de matérias de cariz eminentemente político, com a finalidade de obter ganhos imediatos, pelo que os tribunais não devem servir de instância de recurso para obtenção de resultados que deviam ser assegurados no campo político.

Esta tendência pode ter como consequência a politização do poder judicial, o que a acontecer constitui um risco sério para a garantia de subsistência das nossas instituições democráticas.

Nós, enquanto actores políticos, temos que ser capazes de encontrar solução para as dificuldades e problemas que criamos, ao invés de empurrar a responsabilidade para o Poder Judicial. Aos políticos o que é político, aos tribunais o que é judicial!

Contudo, a manifestação destas preocupações não nos desobriga do cumprimento das decisões dos tribunais.
Como certamente ainda devem ter presente, eu, enquanto Chefe de Estado, julgo ter dado o primeiro exemplo, ao aceitar imediatamente o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, abstendo-me de qualquer consideração em relação ao seu mérito.

Limitei-me simplesmente a cumprir, porque, por um lado, as decisões dos tribunais têm força obrigatória geral e, por outro, queria dar um sinal inequívoco à nossa sociedade que, durante a minha magistratura, ninguém deve ou pode pretender estar acima da lei. A Justiça, presumindo-se cega, deve ser o porto de abrigo de todos os cidadãos, sem qualquer discriminação fundada na raça, religião, sexo, estrato social ou função que exerce no aparelho do Estado.

Se hoje se tolera, com silêncio conivente, que alguns não cumprem decisões judiciais, será amanhã exigível que outros sejam obrigados a cumprir decisões judiciais com as quais não concordam?

Se o Presidente da República se submete à decisão dos Tribunais, ninguém, mas rigorosamente ninguém pode obstruir a realização da Justiça, desrespeitar, desobedecer e não acatar a decisão dos tribunais, independentemente da sua jurisdição ou instância.

Cabe, assim, em primeira linha, aos magistrados, protagonistas diários na administração da nossa Justiça, contribuir para que deixem de subsistir algumas suspeitas e dúvidas em torno da Justiça no nosso país.

Com efeito, importa transformar a nossa Justiça em algo que, de facto, pode guiar as nossas decisões e melhorar as nossas vidas, porquanto verdadeiramente isenta, transparente e igual para todos, quer em Bissau, no interior do país ou nas ilhas.

Entendo que, a Justiça apenas deixará de ser por completo um ideal na Guiné-Bissau quando estiver ao alcance de todos os filhos e filhas desta Pátria de Amílcar Cabral e demais Combatentes da Liberdade da Pátria.

Minhas Senhoras e Meus Senhores,

É em nome de todos os guineenses, que aspiram por mais Justiça, muita Justiça e melhor Justiça, que formulo votos que a actividade jurisdicional durante o ano que ora se inaugura seja bem-sucedida.

Para terminar, quero aqui reafirmar a minha confiança na independência do Poder Judicial, porque acredito no funcionamento da Justiça na nossa terra, razão pela qual jurei cumprir e fazer cumprir a Constituição e demais leis da República.

Desejo a todas as Senhoras e Senhores Meritíssimos Magistrados, Distintos Advogados, Oficiais de Justiça e Funcionários Judiciais, um Bom Ano Judicial.

Declaro aberto o presente Ano Judicial!

Que Deus abençoe à Guiné-Bissau e ao seu Povo!

Muito Obrigado!