sábado, 5 de setembro de 2015
OPINIÃO - Guiné-Bissau: o país continua adiado
FONTE: Jornal de Notícias
"Em abril do ano passado, escrevi um livro intitulado "Guiné-Bissau, um país adiado/Crónicas na pátria de Cabral", resultado das minhas vivências naquele país africano. São 230 páginas, muitas delas contendo relatos verídicos de casos de corrupção, abuso de poder, atentados, violações do Estado de direito, tráfico de droga, testemunhos sobre a exploração desenfreada dos recursos naturais, corte abusivo da floresta - grande parte secular e com espécies protegidas - assalto aos pesqueiros dos rios, gastos de milhões para coisa nenhuma.
Com as eleições democráticas e a vitória do PAIGC em 2014, a comunidade internacional respirou de alívio e deu o voto de confiança ao Governo eleito presidido por Domingos Simões Pereira. Os doadores abriram a torneira dos milhões, o FMI e a EU voltaram a ser generosos, as instituições internacionais voltaram a acreditar nos caminhos da paz e desenvolvimento para o povo martirizado da Guiné-Bissau.
Um ano depois, o presidente da República, Mário Vaz, demitiu o Governo, fazendo antes uma alocução dramática ao país para criticar abertamente o modelo de funcionamento do Governo, acusando-o de continuar a permitir a "continuação da exploração desenfreada dos recursos naturais e em particular, as areias de Varela, corte abusivo das árvores, delapidação dos recursos pesqueiros".
Para o PR, o país continua com os vícios do costume: "Corrupção, peculato, nepotismo e outros crimes económicos no exercício de funções públicas". Ao fim de vários anos de golpes e contragolpes, militares a tutelar o exercício do poder e assassinatos políticos, também pensei que, finalmente, a Guiné-Bissau podia caminhar para a tão desejada "normalização democrática".
Pura ilusão. Entre a publicação do livro em abril de 2014 e agosto de 2015, a crise política continua a alastrar no país entre os mais altos responsáveis do Estado, desta vez, tendo os militares como observadores. Talvez pelo facto do livro ser incómodo para muita gente - lá como cá existem pessoas que gostam muito de estar sempre de bem com quem está no poder - a edição foi praticamente silenciada nos média da Guiné-Bissau e quem podia dar opinião refugiou-se num silêncio cúmplice e cinismo hipócrita.
Para que conste: o livro teve o apoio da ONG Mundo a Sorrir, possui fotos do fotojornalista Hugo Delgado, prefácio de Frei Ventura e notas do biólogo Adriano Bordalo e Sá (porventura, um dos investigadores portugueses que mais bem conhece a realidade social, cultural e política da Guiné-Bissau)."
sexta-feira, 4 de setembro de 2015
GOLPE DE ESTADO CONSUMADO COM A BENÇÃO DO PRS
O Partido da Renovação Social (PRS), segunda maior forca no Parlamento da Guiné-Bissau anunciou hoje que vai viabilizar o novo Governo do país a ser liderado pelo primeiro-ministro, Baciro Djá. O anúncio foi hoje feito pelo porta-voz da direção do PRS à saída de uma reunião da Comissão Política realizada num hotel de Bissau tendo como pano de fundo a entrada ou não dos "renovadores" no novo executivo.
"Depois de variadíssimas negociações com Baciro Djá, primeiro-ministro indigitado, que nos solicitou que entrássemos, que fizéssemos parte do novo elenco Governamental (...), decidimos de acordo com a nossa agenda" viabilizar o Governo, disse o porta-voz. Questionado sobre se o PRS irá mesmo tomar parte no Governo, disse que sim.
"Sim, confirmo", disse, salientando ser consequente a viabilização do Programa de Governo a ser apresentado por Baciro Djá no Parlamento, onde o PRS conta com 41 dos 102 assentos. Para o porta-voz dos "renovadores" a decisão visa sobretudo promover a estabilidade e a paz na Guiné-Bissau, que são os desígnios da nova direção do partido liderado por Alberto Nambeia.
Sobre o facto de o PRS não ter a maioria no Parlamento (que pertence ao PAIGC), dai vir a ter dificuldades para viabilizar o Programa do Governo e o Orçamento Geral de Estado a serem apresentados por Baciro Djá perante os deputados, Vitor Pereira desdramatizou a situação.
"Vamos tentar com aquilo que dispomos, pôr a disposição (do Governo) nos termos do acordo que vai ser assinado" entre o PRS e Baciro Djá, no sábado, indicou o porta-voz.
O porta-voz dos "renovadores" garantiu que o acordo a ser assinado entre o partido e o novo primeiro-ministro guineense "não trará fraturas" no seio do PRS, conhecidas que são as divergências entre os dirigentes sobre a integração no Governo a ser liderado por Baciro Djá.
"Não trará problemas nenhuns ao partido. Por isso é que a decisão levou muito tempo a ser assumida para que pudessem ser acomodadas todas as tendências, as bases e sensibilidades", defendeu.
Fontes do partido indicaram à Lusa que o PRS irá manter os três ministérios que detinha no Governo demitido - Energia, Função Pública e Comércio -, bem como as duas secretarias de Estado, a da Segurança Alimentar e da Administração Hospitalar e ainda receber dois novos ministérios e mais três secretarias de Estado. Lusa
GOLPE CONSUMADO?
O PRS poderá vir a ter cinco pastas ministeriais (mantém os três que já detinha, a que somará as pastas da Justiça e da Saúde), e cinco secretarias de Estado, entre os quais o dos Transportes e Comunicações.
Hoje, na reunião do PRS, Baltasar Cardozo foi ao ponto de "defender a manutenção do Rosa Cá" no cargo, pois... "tem estado a dar cara." AAS
Ó corno manso 'inglês', vai mas é levar onde a galinha põe ovos...eu não sou do teu nível, Cabrón! Nem escola tens, ó palhaço. AAS
O Aly Silva, está em BISSAU desde o dia 1 de abril do ano de 2015, carago!!!
CONSUMAÇÃO DO GOLPE DE ESTADO A TODO O CUSTO? TEM OS SEUS RISCOS...
Notícias de última hora dão conta de que o Presidente da República, José Mário Vaz, terá chegado a um acordo com o Partido da Renovação Social (PRS) e vão mesmo avançar com um Governo ainda durante este final de semana.
Com a decisão nas mãos do STJ e uma possível declaração de inconstitucionalidade na nomeação do Baicro Dja para primeiro-ministro à vista, o PR Jomav não terá outra saída que não exonerar o Baciro. Ou então dissolve o Parlamento, que seria a ideia mais sensata.
Mas a pressa em ter um governo tem uma explicação, ainda que idiota: mostrar que conseguem (com a ajuda descarada do PRS, que integrava o Governo de Simões Pereira) viabilizar a governação. Numa palavra: o PR está-se nas tintas para a decisão do Supremo Tribunal de Justiça, ou então...já se 'encomendaram' alguns juízes! AAS
GOLPE DE ESTADO/ÚLTIMA HORA: Azalay, ninho de vespas
O Azalay Hotel, em Bissau, mais parece um ninho de vespas...nesta manhã, estão reunidos os principais os dirigentes do PRS, destacando-se o presidente do partido, Alberto Nambeia, o secretário geral Florentino Mendes Pereira, o Baltazar Cardozo, o Nicolau, o Joaquim Batista, o Jorge Malu, o Orlando Viegas, o Bunhe N'Kada entre outros.
Estão a preparar a contra ofensiva para encostar os dissidentes do PAIGC à parede: querem muitas mais pastas (nos ministérios, nas secretarias de Estado, nas direcções gerais, nos institutos, nas empresas públicas). O STJ tem a última palavra, e não deverá trair as aspirações do Povo da Guiné- Bissau. AAS
GOLPE DE ESTADO/CINEMA: "Cabo Verde na Guiné-Bissau" foi adiado
A Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde decidiu adiar a deslocação de uma comitiva à Guiné-Bissau para realização da Semana de Mostra de Filmes Cabo-verdianos na Guine-Bissau, “Cabo Verde na Guiné-Bissau”. O motivo está relacionado com a crise política que aquele país irmão atravessa.
Programado para acontecer na semana em que se assinala o aniversário de Amílcar Cabral (a 12 de Setembro), o evento foi adiado depois de consultas dos responsáveis da ACAV a algumas personalidades governativas e não só.
Por questões de segurança, e devido ao facto daquele país atravessar um momento de instabilidade política, a decisão de adiar foi tomada e imediatamente comunicada aos dirigentes do Instituto Nacional do Cinema e Audiovisual (INCA) da Guiné-Bissau. A nova data para realização da mostra e assinatura de parcerias será posteriormente comunicada os membros da ACACV.
De 30 de Junho a 3 de Julho decorreu na cidade da Praia a “I edição da Semana de Mostra de Filmes da Guiné Bissau em Cabo Verde”, também uma colaboração entre a ACACV e a Embaixada da Guiné-Bissau em Cabo Verde. Nos planos da ACACV está a realização anual deste evento bi-fásico, nas capitais dos dois países. A Voz
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
GOLPE DE ESTADO/OPINIÃO AAS: Segundo mandato, o tanas!
O presidente da República José Mário Vaz, comprometeu seriamente o seu segundo mandato, e ninguém no seu perfeito juízo pode sequer atrever a pensar que o mandato em curso não pode ser interrompido...conhecendo o meu País, e não estando lelé da cuca, nem me atrevo!
A atitude do PR de demitir o Governo de Domingos Simões Pereira foi: impensável e intemporal; contra tudo e contra todos; enfim, uma atitude que só um repentino acto de loucura de que ninguém está a salvo pode justificar! Outra coisa não podia ser.
Hipotecar logo agora o desenvolvimento do País - depois de perto de 3 anos termos conhecido a ROUBALHEIRA do pessoal da 'transição' - nem lembraria ao diabo! O presidente da República tem de ser chamado à (ir)responsabilidade! Os guineenses nunca esquecerão essa traição, e, posso hoje meter as mãos no lume e garantir que não haverá um segundo mandato - nem em sonhos!
Como cidadão guineense, senti-me chocado - logo eu, um eterno e apaixonado pelo pessimismo quando o tema é a Guiné-Bissau. E, quando um conselheiro do PR me chamou, há cerca de duas semanas, por volta da meia-noite, para me dizer que "o JOMAV chorou ao ler o teu blogue", disse-lhe: "diz ao PR para me desculpar, mas eu fiquei chocado com a sua atitude!" E rematei energicamente: "O que é que vocês pretendem mesmo?!"
De falto, só uma tresloucada agenda (do presidente?, dos seus conselheiros?, de forças ocultas?) pode justificar aquela decisão dramática tomada nessa noite quente de agosto, completamente contra a corrente. Tanto o FMI, como o Banco Mundial, para não falar dos parceiros de desenvolvimento, estavam mais do que optimistas com os progressos alcançados em apenas um ano de governação.
Não há um único cidadão deste País, à parte os golpistas e os canalhas do costume, que esteja de acordo com a decisão de José Mário Vaz! E o PR bem precisa de andar com a centena de homens armados, pois conhece bem o chão que pisa. Nunca escrevi isto, mas é bom que os Guineenses saibam:
Foi preso, durante 15 dias, um militar afecto ao estado-maior general das FA: queriam à viva força 'acusá-lo' de subverter a constituição (um golpe de Estado, portanto...) Foi preso uma semana, depois internado, e voltou a conhecer as celas. Eu falei com a pessoa em causa. "Fui raptado, levaram-me a 5 quilómetros da fronteira com a Guiné-Conacry..." O caso foi entregue ao seu advogado e o militar pensa mesmo em pedir a desmobilização das forças armadas.
Guineenses,
Esta atitude do Presidente da República poderá mesmo conduzir o País para um novo golpe de Estado militar. Não que o deseje, longe disso. Os pedidos de protecção - primeiro ao Senegal, que foi liminarmente recusado, e depois ao Burkina Faso - mostram que o presidente não confia mesmo nada nas suas forças armadas (alguém confiaria mesmo?!). E é precisamente aqui que reside o perigo.
Depois não digam que não avisei. António Aly Silva
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