quinta-feira, 3 de abril de 2014

CIMEIRA UE/ÁFRICA: "Narcotráfico implodiu Estado da Guiné-Bissau", acusa Pedro Passos Coelho


O narcotráfico implodiu o Estado na Guiné-Bissau, afirmou, em Bruxelas, Pedro Passos Coelho. O primeiro-ministro discursava na sessão de trabalho sobre a paz e a segurança da IV Cimeira UE-África.

A Guiné-Bissau é um caso revelador pela forma como o narcotráfico concorreu para a implosão das suas frágeis estruturas de Estado, submergindo o país numa grave crise político-militar”, disse Passos Coelho. “Esperamos que as eleições sucessivamente adiadas e agora previstas para 13 de Abril se realizem em condições de justiça e liberdade, permitindo a normalização da situação política e abrindo caminhos para a submissão do poder militar às autoridades civis e à construção de um verdadeiro Estado de Direito”, destacou.

A referência à situação em Bissau surgiu no âmbito da análise ao aumento da insegurança marítima no Golfo da Guiné. “Preocupa-nos pelo seu impacto na região mas, também, pela sua correlação com outros fenómenos, tais como a actuação dos grupos extremistas no Sahel ou as rotas de narcotráfico que usam a África Ocidental como plataforma a caminho da Europa”, referiu o primeiro-ministro.

Assim, e dado o carácter transnacional deste fenómeno, Passos assinalou a vontade do seu executivo de trabalhar com os Estados e organizações da região tanto no quadro bilateral como no contexto da estratégia da União Europeia (UE) para a zona, aprovada em Março passado.

Essa cooperação poderá passar pelo reforço das capacidades das marinhas e forças aéreas nacionais e pelo fortalecimento das instituições jurídicas e policiais”, destacou o primeiro-ministro. Uma acção marcada pela prevenção, coordenação dos actores internacionais e pela procura de uma matriz africana de soluções.

CIMEIRA UE/ÁFRICA: Presidente de Cabo Verde discursou ontem


Intervenção proferida por Sua Excelência o Senhor Presidente da República de Cabo Verde, Dr. Jorge Carlos de Almeida Fonseca, por ocasião da  4.ª Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da União Europeia e da África, em Bruxelas, de 02 a 03 de Abril de 2014
 
Senhor Presidente do Conselho da União Europeia, Excelência,
 
Senhor Presidente da Comissão Europeia, Excelência,
 
Digníssimos Chefes de Estado e de Governo, Excelências,
 
Caros convidados,
 
Minhas Senhoras, meus senhores,
 
Caros convidados,
 
 Minhas Senhoras, meus senhores
 
Agradeço o honroso convite que me foi formulado para participar deste importante evento. Desejo, sinceramente, que este venha a constituir um marco  forte  e renovado, no relacionamento entre os nossos dois Continentes.
 
Durante os próximos dias mais de 1 bilhão e quinhentos milhões de almas, dos continentes africano e europeu, estarão representadas nesta capital europeia, pelo que, aproveitando o ensejo, queria saudar a população e as autoridades belgas e europeias que, aqui em Bruxelas, nos acolhem tão bem.
 
É muito provável que uma parcela muito significativa de africanos e europeus ignore esta importante reunião, ou que não lhe atribua a importância que deve ter para o seu devir.
 
É possível que muitas delas estejam mais preocupadas em assegurar o  seu sustento imediato e o  dos seus  filhos, em contextos ambientais e laborais em que muito dificilmente conseguem rendimentos que lhes garantam  uma vida com um mínimo de dignidade,  em salvar as suas vidas ameaçadas por um conflito  armado qualquer ou em  ultimar os preparativos para empreender uma perigosa viagem que, muitas vezes, acaba em tragédia no meio do oceano infinito.          
 
Outros estarão voltados para o desemprego na juventude, para alguma redução no seu poder de compra decorrente de uma crise que demora a  terminar, não obstante os sinais de melhoria, ou, ainda, com o possível avanço de teses que defendem a intolerância, o racismo e a xenofobia.  
 
Talvez, se essas pessoas tivessem tido conhecimento de que os seus representantes pretendem debater nesta cimeira Europa/ África parte muito importante desses problemas e encontrar os caminhos que podem levar ao seu equacionamento, concedessem alguma atenção ao debate que tem lugar neste cenário.
 
Se soubessem que os lideres africanos e europeus se debruçarão sobre as pessoas, a prosperidade e a paz, seguramente concederiam  muita atenção a este importante evento.
Mas temos de nos preocuparmos, também, e sobretudo, com os que, nos dois continentes, aguardam com legítima expectativa que os resultados deste importante evento apontem, de facto, caminhos que contribuam para minorar o sofrimento de muitos, e para se sonhar que ainda é possível sonhar.       
 
Cabo Verde, é um país africano, saheliano e Ilhéu, comprometido com a promoção e defesa da paz, da liberdade e da democracia, da boa vizinhança, da concórdia entre Povos e Nações e, de igual modo, defensor intransigente da legalidade internacional e dos direitos humanos. Por isso, não pode permanecer indiferente perante o preocupante aumento da pirataria marítima, do terrorismo internacional, de actividades ilícitas - em especial as relacionadas com os tráficos de drogas, armas e de seres humanos - , que se registam no corredor do Atlântico Sul. Da mesma forma que se sente interpelado pela extrema pobreza  na qual vivem ainda  milhares de famílias africanas,  a crise alimentar, as drásticas mudanças climáticas,  o elevado índice de desemprego  e as guerras devastadoras que ainda assolam alguns países do Continente Africano, males  contra os quais devemos lutar.
 
Em Cabo Verde, apraz-me dizê-lo, evoluímos num ambiente de paz e de liberdade, que tem procurado colocar as pessoas no centro de todas as preocupações. As nossas Instituições, republicanas e alicerçadas no Estado de direito, procuram no dia-a-dia ser sólidas, credíveis e democráticas, factores incontornáveis sem os quais, acredito, qualquer empreendimento que vise o desenvolvimento sócio - económico dos nossos países será votado ao fracasso.
 
No que se refere à prosperidade, não obstante, os grandes constrangimentos resultantes de aspectos naturais e populacionais orgulhamo-nos de afirmar que os nossos avanços têm sido consideráveis, em primeiro lugar devido à tenacidade das mulheres e homens do país.
 
Recentemente, como consequência desse desempenho, fomos graduados a país de rendimento médio. Contudo, Cabo Verde, nas suas características estruturais de pequeno Estado insular, continua sendo um país frágil e fortemente dependente de factores externos, mormente na presente conjuntura caracterizada  pela persistente e penalizante crise económica e financeira que  nos aflige a todos.
 
Excelências,

 Em 2012, na intervenção que fiz perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, defendi:
Primeiro: a promoção de uma verdadeira parceria para o desenvolvimento, entre a UA e a ONU;
Segundo: o relançamento de negociações globais, feitas com base em regras justas, equitativas e com ética, no âmbito da OMC e da FAO;
Terceiro: o cancelamento da dívida externa dos países em desenvolvimento, particularmente   a dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, (por forma a os ajudar a atingirem os Objectivos do Desenvolvimento do Milénio, em 2015).
Volto a insistir, agora, perante esta augusta Assembleia, para que esses mesmos propósitos possam ser valorizados / interiorizados pela relação EU/África e incorporados na agenda internacional de Desenvolvimento pós 2015.
 
Senhores Chefes de Estado e de Governo, Excelências,

É chegado o tempo de reatarmos um novo relacionamento. De confiarmos mais uns nos outros. De cooperarmos com regras claras e mutuamente vantajosas, com vista a conferir prosperidade e conforto aos  povos dos dois Continentes.
 
A Africa, Excelências, não precisa, sobremaneira, de mais diagnósticos, estudos e pareceres, mas sim, de acções concretas, visando resultados transformadores.
A estratégia comum Europa/África, assim como a agenda 2063 que sustenta a visão africana de desenvolvimento a largo prazo, apontam a direcção a seguir para definirmos e melhor efectivarmos os nossos projectos comuns, sobretudo para aqueles  considerados prioritários, quais sejam, nos domínios:
- paz e segurança;
- agricultura e segurança alimentar, presentes no âmbito do PDDA;
- cooperação e desenvolvimento;
- comércio e integração  e
- gestão de recursos naturais
Estas são algumas propostas que quis trazer à vossa consideração na expectativa de que assumiremos a responsabilidade de minorar o sofrimento das pessoas, propiciando os caminhos para a paz e a prosperidade, ingredientes indispensáveis ao desejo muito humano de sonhar com dignidade, liberdade, segurança e bem-estar.

Muito obrigado pela vossa atenção.

 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

'Estado da Nação' - Versão final


LIVRO GB: «GUINÉ-BISSAU, UM PAÍS ADIADO/CRÓNICAS NA PÁTRIA DE CABRAL»


Há 40 anos o então furriel miliciano de Infantaria foi obrigado a participar na guerra colonial, Guiné-Bissau, Cancolim, perto de Bafatá. Quarenta anos depois o jornalista Manuel Vitorino regressou à pátria de Cabral para verificar “in loco” o estado de um país, há 40 anos independente e sempre dependente da ajuda internacional. GUINÉ-BISSAU, UM PAÍS ADIADO/CRÓNICAS NA PÁTRIA DE CABARL procura contar histórias deste pequeno país de África, 1,6 milhões de habitantes a viver na mais completa miséria, sem infraestruturas básicas, acesso condigno à Saúde, água potável, electricidade, pontuado por vários episódios, entrevistas, reportagens de um povo sofrido e sofredor.


A obra com a o apoio da ONG Mundo a Sorrir tem a chancela da Editora Orfeu, Livraria Portuguesa e Galega em Bruxelas, conta com prefácio de Frei Fernando Ventura, comentador da SIC Notícias e personalidade do ano 2010 pela TSF e notas do Professor Doutor Adriano Bordalo e Sá, docente no ICBAS-UP e investigador do Ciimar. O livro de autoria do Jornalista Manuel Vitorino contou com as fotos do fotojornalista Hugo Delgado.

GUINÉ-BISSAU, UM PAÍS ADIADO/CRÓNICAS NA PÁTRIA DE CABRAL será lançado no próximo dia 10 de Abril de 2014, às 18:30 horas, no Palacete Viscondes de Balsemão, à Praça de Carlos Alberto, 71-Porto. A obra será apresentada pelo Professor Adriano Bordalo e Sá, ICBAS-UP.

ELEIÇÕES(?) 2014: LGDH receia "instabilidade"


O presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), Luís Vaz Martins, receia que as eleições de 13 de abril degenerem num novo momento de instabilidade no país, semelhante ao golpe de Estado militar de 2012, referiu em declarações à agência Lusa.

"Não estou otimista, quem me dera... Estou com receio e a comunidade internacional sabe perfeitamente que não há sinais para estar otimista", quando se perseguem magistrados e agridem líderes partidários, refere Luís Vaz Martins.

Mário Fambé, dirigente do Partido da Renovação Social (PRS) e candidato a deputado, foi espancado há duas semanas em instalações militares, num ato condenado pela comunidade internacional.

Guiné-Bissau: Comunidade internacional deve ser "dura" com militares


Luís Manuel Cabral, Lusa

O ex-ministro do Negócios Estrangeiros português António Monteiro afirmou hoje que a comunidade internacional deve ser "cada vez mais dura" com os militares da Guiné-Bissau, considerando que as eleições não são suficientes para normalizar o país.

"As eleições não são claramente suficientes para normalizar a situação na Guiné-Bissau, mas são um passo. Já houve eleições antes e vimos o que é que se seguiu", disse o embaixador, em entrevista à agência Lusa a propósito da IV cimeira UE/África, a 02 e 03 de abril, em Bruxelas.

Guiné-Bissau realiza eleições legislativas e presidenciais a 13 de abril próximo, que marcam o fim do período de transição que se seguiu ao golpe de Estado de 12 de abril de 2012. "A forma como se deram os golpes, com o que se seguiu aos golpes e o que continua a acontecer prova que os responsáveis atuais da Guiné-Bissau precisam perceber que o mundo está em cima deles e não estarem convencidos que como são pequeninos ninguém lhes presta atenção e que há ali uma oportunidade de se desenvencilharem da violência com impunidade porque ninguém liga", disse.

António Monteiro referiu que os "militares recalcitrantes" continuam "a cometer abusos" e que, por isso, "a comunidade internacional deve ser cada vez mais dura". Neste sentido, defendeu um envolvimento cada vez maior de organizações como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que deve ter a Guiné-Bissau "como o seu caso número um".

NÃO HÁ EDUCAÇÃO!


O Sindicato Nacional dos professores e Funcionários da Escola Superior de Educação (SIESE) inicia uma segunda onda de greve, de 11 dias, a contar do dia 3 a 17 de abril de 2014. O Sindicato exige a retirada dos ditos bolseiros que não observaram os requisitos de ingressão na escola, e o pagamento de três meses de salário. o cumprimento do memorando e a devolução do dinheiro subtraído no ato de pagamento, a favor de alguns sindicatos, fazem parte da exigência.

2 de abril, dia da verdade


Caras e caros,

Não estou na Guiné-Bissau. A mentira pegou e de que maneira. Recebi mais de 50 chamadas, a maior parte delas da Guiné-Bissau, mas também dos EUA, da Austrália, da França, enfim, onde quer que houvesse um guineense. Ainda hoje recebi outras tantas chamadas...Todos congratularam-se com o meu «regresso a casa». Mas também houve quem desesperasse...

É claro que vou regressar ao meu país, com ou sem o Comando Militar, sem ou com o porta-disparate. Conto os segundos, os minutos, as horas; estou atento a cada movimento, a cada sombra. Mas que fique claro que no dia em que regressar a Bissau todos saberão. E de antemão: vou fazer muito barulhoooooooooooooooooooooooooooooo.

Não sou homem de esconder ou camuflar o que quer que seja. O dia chegará, pelo que a honra tem de ser paciente. Um abraço a todas(os) e até breve.
António Aly Silva

segunda-feira, 31 de março de 2014

PRIMEIRA MÃO: O cidadão e jornalista bissau-guineense, António Aly Silva, está finalmente no território livre da Guiné-Bissau. O meu número é o mesmo: 6683113 - Nô redi. Estou bem. AAS


Nô tabankas


Uma associação de camponeses na Guiné-Bissau lançou hoje uma marca de produtos agrícolas e florestais intitulada "Sabores da Tabanca", criada com apoio financeiro da União Europeia (UE), anunciou a delegação da UE em Bissau. O projeto nasceu com a construção de 30 unidades de transformação agroalimentar nas tabancas (aldeias) da Região de Oio, no centro da Guiné-Bissau, e geridas pelas mulheres camponesas.

A castanha de caju, sumo de caju, manga fresca e também transformada em compota, são alguns dos exemplos de produtos escoados através de um canal de distribuição que chega a Bissau e hoje apresentados em Djalicunda.

Espera-se que a transformação agroalimentar tenha grande impacto na região, porque "permite reduzir as perdas dos produtos agrícolas e florestais", evitando problemas periódicos de escassez de alimentos, e "favorece a criação de empregos", destaca a UE em comunicado.

O objetivo do projeto é ambicioso: envolver 600 camponeses de 30 tabancas da região, criar cerca de 180 empregos para mulheres e jovens e garantir o funcionamento efetivo de um centro de experimentação e controlo de qualidade. Num país em que a agricultura ainda funciona de forma rudimentar e sobretudo para subsistência das comunidades, a UE pretende promover a mecanização do transporte das produções agrícolas e abrir novos circuitos comerciais.

O projeto intitulado "Melhoria da Segurança Alimentar, Promoção Económica das Fileiras Agrícolas e Florestais", tem três anos de duração e um financiamento a rondar 633 mil euros, cofinanciado a 89% pela UE e a 11% pelos parceiros de implementação - Federação Camponesa KAFO Djalicunda, Agência Francesa de Desenvolvimento e Comité Francês para a Solidariedade Internacional. Lusa

ELEIÇÕES(?) 2014: DSP vai à bola com Mané e Bruma


Os nomes de Carlos Mané e Bruma estiveram em destaque esta segunda-feira num comício para as eleições legislativas da Guiné-Bissau que estão marcadas para 13 de abril. Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), referiu-se aos dois jovens jogadores como «elementos que trazem orgulho» aos guineenses.

«Quando ouvimos o nome de Carlos Mané a ser considerado um jogador revelação em Portugal e Bruma a marcar golos na Turquia ficamos todos orgulhosos», destacou o político perante uma plateia de jovens, lamentando que os dois jogadores, nascidos em Bissau e formados no Sporting, «só lá fora sejam reconhecidos».

Domingos Simões Pereira, sportinguista assumido e praticante de futebol, referiu ainda que os nomes dos dois jogadores fazem parte de uma lista de personalidades nascidas na Guiné-Bissau, tal como Carlos Lopes, secretário-geral adjunto das Nações Unidas e secretário executivo da Comissão Económica para África, ou o cantor Zé Manel, que em 2010 foi galardoado com o prémio Kora na África do Sul.

O candidato a primeiro-ministro da Guiné-Bissau, que também é presidente do clube de velhas glórias do futebol guineense, diz que se for eleito vai diligenciar no sentido de o governo homenagear todas estas personalidades.

UE/AFRICA: Não há almoços grátis


Ausente da Cimeira, Guiné-Bissau vende mais do que compra à Europa
por Lusa, publicado por Luís Manuel Cabral  

As trocas comerciais entre a Guiné-Bissau e a União Europeia são favoráveis ao país africano em mais de 90 milhões de euros, revelam os dados do Eurostat, que mostram que as importações europeias são praticamente inexistentes.
De acordo com os números do organismo oficial das estatísticas da União Europeia, a Guiné-Bissau exportou, no ano passado, bens e serviços equivalentes a 91,8 milhões de euros, tendo importado apenas 1,4 milhões, o que resulta numa balança comercial favorável em mais de 90 milhões de euros.

As exportações, aliás, têm vindo quase sempre a aumentar desde, pelo menos, 2008, com exceção de uma pequena quebra em 2010 e no ano passado, mas sempre próximo ou acima dos 70 milhões de euros, ao passo que as importações mantiveram-se sempre abaixo dos 6 milhões de euros, o que resulta numa balança comercial largamente favorável ao país africano.

A Guiné-Bissau é o único país africano com língua oficial portuguesa que não foi convidado para a cimeira UE-África, uma vez que não existe um governo legítimo reconhecido pelos europeus, explica à Lusa a investigadora em assuntos africanos do Instituto Real de Relações Internacionais britânico (Chatham House), Elisabete Azevedo-Harman.

"A Guiné-Bissau não foi convidada porque a União Europeia definiu que só convidaria se a 02 de abril já existisse um governo legítimo reconhecido pela UE, mas isso será impossível porque as eleições serão a 13 de abril; é uma questão de coerência da UE, que não convidou a Guiné-Bissau para nenhum momento oficial desde 2012, mas neste contexto, a duas semanas de eleições, a não ser consistência burocrática, não vejo grande ganho para nenhum dos dois", critica a investigadora.

Elisabete Azevedo-Harman explica que "a UE aceitou enviar observadores à Guiné-Bissau, o que mostra a existência de diálogo institucional entre dois", razão pela qual considera que os europeus "estão a ser mais papistas do que o papa em não ter a Guiné-Bissau nesta cimeira", até porque "dos cinco PALOP, é o que vai precisar de mais auxílio da UE". Lusa

Estado da Nação


O Programa "Estado da Nação Guineense" que tem como objetivo fundamental a promoção e dinamização de ciclos de DEBATE profundo sobre vários temas essenciais ao desenvolvimento sustentável da nossa sociedade vem por este meio promover no dia 03 de Abril de 2014, quinta feira, uma Conferência entre os candidatos dos vários partidos para o círculo Diáspora-Europa.

CONFERÊNCIA DIA 03/04/2014

Local: “Anfiteatro 6” da Faculdade de Direito da U.L

TEMA:

“CONTROVÉRSIA SOBRE O VALOR REAL DA COMUNIDADE GUINEENSE NA DIÁSPORA-EUROPA NA PRESPECTIVA DOS PARTIDOS POLÍTICOS"

PROGRAMA

18:00 - Receção dos Participantes

18.30 – Aberto Do Debate pelo Porta-Voz do Estado da Nação

ORADORES:

Exmo. Senhor Dr. Afonso Gomes

Candidato da RGB - Movimento Ba-Fatá  pelo circulo de Diáspora-Europa   

Exmo. Senhor Iafai Sani

Candidato do PAIGC pelo Circulo da Diáspora- Europa  

Exmo. Prof. Doutor José Alage Baldé

Candidato do PND pelo Circulo Diáspora-Europa

Exmo. Senhor Dr. Augusto Fernandes

Candidato da FDS pelo Circulo Diáspora-Europa

Exmo. Senhor Dr. Amadú Lamarana Djaló

Candidato da PUSD pelo Circulo Diáspora-Europa

Moderadora

Dra. Diana Lopes

Jurista

DEBATE

20:30h Encerramento

Dr. M´bala Fernandes

Encarregado de Negócios a.i da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal

Motivos para sorrir: Taciana é bronze!


Na primeira jornada do Grande Prémio de Judo de Samsun, Taciana Lima brilhou na categoria de -48kg ganhando a medalha de bronze. Taciana Lima subiu ao terceiro lugar do podium na categorie de -48kg do Grande Prémio de Samsun.

A representante da Guiné-Bissau ultrapassou as fases preliminares, eliminando sucessivamente por ippon a Moldava Osoianu e a Turca Lokmanhekim. Depois foi derrotada por um yuko face à Maryna Cherniak nas mais finais ; a campeã de Africa em titulo nesta categoria arrebatou o combate para o terceiro lugar graças a dois waza-ari, face à Amélie Rosseneu.

A jornada foi menos convincente para os outros atletas africanos em competição, o Argelino Lyes Saker (-60kg) e a sua compatriota Ratiba Tariket (-57kg) inclinaram-se nos desaseis avos da final, enquanto Fethi Nourine (-66kg) e a Tunisina Nesria Jlassi foram eliminados nos oitavos de final.

Reportagem: Bissau Connection


Enquanto a economia da Guiné-Bissau encontra-se de rastos e o Estado agoniza a cada dia que passa, o trafico de cocaina e o comércio ilicito prosperam. Ha poucas hipoteses que as presidenciais de 13 de abril tragam mudanças.

Por: Mahdi BA, enviado especial a Bissau.

Logo apos aceitar a taça de champanhe oferecido pelos seus hospedes a armadilha fechou o cerco. "Em vez de champanha, cinquenta homens fortemente armados correram na nossa direcção gritando "Policia". ", conta o capitão da vedeta que conduziu o Contra almirante José Américo Bubo Na Tchuto, antigo Chefe da Armada guineense, para um iate de cruzeiro que fez amaras ao largo das aguas territoriais da Guiné-Bissau.

O oficial devia encontrar-se com os emissarios de um Cartel de colombiano com os quais negociava ha muitos meses o encaminhamento e stockagem em Bissau de um primeiro carregamento de cocaina. Mas esse 2 de abril 2013, veio-se a demostrar que os colombianos eram agentes infiltrados da DEA americana. Bubo e os seus dois supostos cumplices foram imediatamente conduzidos a uma ilha do Arquipelago de Cabo Verde antes de serem transferidos de avião para os EUA, onde estão detidos faz um ano.

Segundo o acto de acusação do Procurador de Nova Yorque e de acordo com as conversações clandestinamente gravadas, Na Tchuto e seus acolitos, o antigo chefe da marinha tinha participado numa primeira reunião no Senegal em outubro de 2012. Face a um agente da DEA que ele tomava por um traficante, ele indicou as condições e possibilidades de transito de toneladas de cocaina pela via maritima entre a América do Sul e a Guiné-Bissau". Para esse oficial guineense, o governo da Guiné-issau esta "enfraquecido" apos o golpe de estado ocorrido quatro meses antes, "o periodo (é) propicio para organisar a transacção". Relativamente a sua comissão, ele reclamava "um milhão de dolares por tonelada da cocaina transitada via Guiné-Bissau".

Verdade que, apesar de eles conseguiram subtrair "Bubo", os agentes americanos ao contrario, passaram ao lado do principal alvo que mais lhes convinha : o general Antonio Injai, chefe de estado-maior general das Forças Armadas da Guiné-Bissau (FAGB), implicado num "negocio" similar, miticulosamente montada pela DEA. Ja sob interdição de viajar imposta pelas NU no dia seguinte ao golpe de estado de abril de 2012, Injai é alvo depois essa data de um mandato de captura internacional emitido pela justiça americana.

Em Bissau, o governo e as forças armadas constituiram-se em bloco em redor desses dois oficiais. Eles contestam pura e simplesmente a realidade das acusações contra eles e qualificam a captura de Na Tchuto de "rapto nas aguas territoriais".

No entanto, o acto de acusação da justiça novaiorquina indica detalhes comprometedores sobre as reuniões, nas quais Injai e os seus pressumidos cumplices negociaram o encaminhamento por via aerea de quatro toneladas de cocaina que deveriam ser provisoriamente estocadas em Bissau antes de repartir para diversos destinos, enre eles os EUA. O Chefe de Estado Maior ter-se-ia igualmente engajado a aprivisionar-se em armas - entre elas misseis terra-ar – tendo em vista reencaminha-los de seguida às Forças armadas revolucionarias da Colombia (FARC) consideradas como uma organização terrorista pelos EUA.

Se a droga, o dinheiro e as armas se podem considerar virtuais ao longo de todo este processo, a operação pos de forma evidente a questão da implicação do Estado maior e do governo deste pequeno pais da Africa Ocidental no trafico de estupefacientes com a América Latina. Porquanto, segundo o mesmo documento, os emissarios de Injai informaram os seus interlocutores que "os responsaveis do governo guineense pediam, a titulo de contrapartida, 13% da cocaina encaminhada através do pais.

O Chefe do estado maior explicara, por outro lado, de que, ele era "apenas um intermadiario" e que as compras de armas passariam "pelo governo". Ainda mais preocupante, ele afirmara aos agentes da DEA que ele "falaria com o presidente da republica de transição, Manuel Serifo Nhamadjo. Solicitado por Jeune Afrique para uma entrevista, o general apos ter dado o seu acordo de principio, acabaria por anula-lo sob pretexto de ter contraido uma "angina".

Em Bissau, o seu nome vem sempre à tona em todas as conversações, mesmo que seja em murmurios. Não sera ele, o homem mais poderoso das forças armadas, nesse caso do pais ?

De uma maneira geral, as fontes que aceitam invocar a suposta implicação das forças armadas nos diversos traficos (importação de cocaina, cortes de madeiras, emissão de licenças de pesca...) fazem-no de forma confidencial.
Bombardeamento. Num pais onde as forças armadas é capaz de fazer libertar sob ameaça as "mulas" de droga acabadas de deter pela Policia Judiciaria e onde a justiça é dada como corrupta e arcaica, os traficantes agem em condições claramente favoraveis.

Da sua parte, a comunidade internacional consciente da precariedade do regime de transição, prefere não criar ondas e abstem-se de contrariar os militares, aguardando uma hipotética retoma da legalidade constitucional. Em fevereiro de 2014, Antonio Injai tomava assento tranquilamente no Comité dos Chefes de Estado-Maior General das Forças Armadas da Comunidade Economica dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO), que teve lugar em Bissau. O pais, que prepara o escrutinio presidencial de 13 de abril, ter-se-à transformado num "narco-estado"»?

Conselheiro do Primeiro ministro para a reforma e modernização do Estado, Francisco Correia estima que "é necessario relativisar o peso da Guiné-Bissau no trafico que afecta a sub-região. As nossas capacidades portuarias e aeroportuarias são irrisorias", chama à atenção. E verdade que a porta de entrada na Africa Ocidental da cocaina e das drogas sintéticas não se limitam as 88 ilhas que compõem o arquipelago dos Bijagos. Segundo um oficial de policia europeu colocado em Dakar, "as rotas da droga mudam permanentemente, a unica coisa que não muda são os paises de produção". Actualmente, acrescenta a mesma fonte, os fluxos ter-se-ão deslocado para Cabo Verde, onde o preço do kilograma de cocaina se negoceia menos caro.

Golpe. Mas na Guiné-Bissau, a cumplicidade de certas autoridades com os "narco" parece particularmente descomplexada. "Os traficantes obtem proveitos colossais e estão a medida de comprar todo o mundo, explica um especialista do trafico de droga da sub-região. E, num pais onde as forças armadas é influente, eles têm sempre, todo o interesse, em negociar com ela".

Na Guiné-Bissau, onde funcionarios e militares podem ficar muitos meses sem receber os seus salarios, cada um se organiza como pôde. "Um oficial local, explicou-me um dia que, os responsaveis politicos se fazem pagar a partir do créditos do Banco Mundial e dos doadores e que, por sua parte, os militares aproveitam do trafico de cocaina para arredondar os seus salarios do fim do mês", conta Vincent Foucher, analista de International Crisis Group (ICG).

"Para que a Guiné-Bissau seja considerada de narco-estado, é preciso que antes ela seja um Estado", ironisa um policia europeu. Ora, depois da sua independência em 1973 e o assassinato de Amilcar Cabral, o artesão da libertação, o pais claudicou ao ponto de se transformar num "Estado Falhado". Golpes e assassinatos politicos recorrentes, o afundamento dos serviços publicos, a dependência orçamental extrema em relação aos doadores internacionais... "Devido ao seu papel na guerra de libertação, as forças armadas nunca aceitaram de se submeter às autoridades civis" analisa uma fonte especializada em questões de defesa.

Ao se desembaraçar do ocupante português ela ganhou uma legitimidade inalteravel que acabou por esmagar toda a vida institucional. Quarenta anos mais tarde, o pais continua a pagar a divida contraida com os antigos combatentes que se tornaram em verdadeiros "accionistas" de uma forças armadas onde o recrutamento e as promoções estão submetidas ao nepotismo e ao clientelismo, onde a Marinha e a Aviação, quase inexistentes são incapazes de fiscalizar o vasto litoral e o arquipelago dos Bijagos, propicio a todos os traficos.

Até estes dias, as veleidades de tentar redimensionar as forças armadas colidiram com fortes reacções de desconfiança no seio das forças armadas. Na Guiné-Bissau, todo o mundo esta convencido de que deve-se reformar as forças armadas, mas ninguem ousa aventurar-se nesses caminhos. Jogos do aparelho. A maldição guineense resume-se a uma constatação : em vinte anos de multipartidarismo, nenhum Primeiro ministro nem nenhum Presidente chegou ao termo do seu mandato.

Se as forças armadas contribuiram largamente para este caos institucional, ela não é a unica responsavel. Visto que, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) assim como o Partido da Renovação Social (PRS) – as duas principais forças politicas na Assembleia Nacional Popular (ANP) -, divisões internas e jogos partidarios prevaleceram ha muito sobre o senso do bem comum. "Nos traimos os principios da luta de libertação, admite Jorge Malu, vice-presidente do PRS e candidato dissidente as presidenciais de 13 de abril. Certos antigos combatentes não se revêm naquilo em que o nosso pais hoje se transformou".

Apesar de uma população de apenas 1.6 milhões de habitantes e com um potencial economico amplamente inexplorado – agricultura, pescas, minas, florestas, turismo... - o pais detém um dos indices de desenvolvimento humano (IDH) dos mais baixos do mundo. Mesmo na capital, as ruas estão esborracadas, ha cortes de corrente electrica quotidianas e as torneiras podem passar varios dias sem jorrar agua.

O sistema educativo esta no colapso, o da saude em morte cerebral, a justiça reputada inapta...Num tal contexto, os investidores privados voltam as costas ao "enfant terrible" da Africa Ocidental. Ao contrario, os negociantes duvidosas penetram pelas brechas deste Estado deliquência, onde as relações altamente posicionadas no aparelho asseguram a bertura de todas as portas.

Da pilhagem dos recursos halieuticos, ao das florestas e do zircon, uma pedra semi-preciosa, à castanha de caju, os operadores chineses, indianos e russos compreenderam ha muito tempo os beneficios que eles podem tirar de um pais onde as elites civis e militar selvaticamente se entrebatem. "Cabral fazia uma diferença entre aqueles que combateram para a libertação e aqueles que seriam encarregues de fazer a reconstrução e o desenvolvimento do pais, conclui Jorge Malu.

3 questões a Vincent Foucher – Analista da International Crisis Group (ICG).Entrevista feita por Mahdi BA, na Jeune Afrique

"Muitos politicos, são também homens de negocios"

Segundo este pesquisador francês, o contrôlo do Estado sobre as alavancas da economia condiciona o desenvolvimento do pais.

Jeune Afrique (JA): A economia da Guiné-Bissau eclipsou-se totalmente. Como explicas esse fenomeno?

Vincent Faucher (VF): Os portugueses, muito mais interessados em Angola, pouco investiram na economia e na formação dessa colonia. Quanto ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), ele deu à luz a um Estado subvencionado pelos dons dans grandes potencias comunistas. Depois o pais foi privado brutalmente das ajudas internacionais nos anos 1990.

Habituados a uma economia administrada, as autoridades não conseguiram desenvolver o potencial economico do pais. Mesmo o desenvolvimento espectacular da castanha de caju é um fenomeno espontâneo. Por outro lado, o Estado conserva as alavancas – licenças, isenções, concessões, acesso ao crédito – constacta-se uma interpenetração entre a economia e a politica. Muitos homens politicos são também homens de negocios. As forças armadas interferem regularmente no jogo institucional. Querem eles aceder ao poder ou temem perder os seus privilégios?

Por razões politicas e orçamentais, o poder civil tentou sempre reduzir o poder excessivo das forças armadas. Mas, devido a uma imagem de negociatas e de ma gestão, ele não conseguiu a sua legitimidade para tal. Face a isto, muitos militares, saidos da guerra de libertação e da guerra civil de 1998-1999, adoptaram um sentimento de que possuem direitos que devem ser respeitados. Dai que, quando as forças armadas assumem o poder eles entregam de seguida a outros civis que lhes parecem melhor posicionados para respeitar os seus interesses... Por outro lado, essas forças armadas é uma mistura de grandes chefes militares, que dispõem de clientelas pessoais que entram muita das vezes em competição uns contra os outros.

O futuro presidente e o seu primeiro ministro terão eles os meios para reformar o pais? As coisas não são faceis, porquanto eles terão que fazer avançar as linhas de acções afim de motivar os doadores que acabaram de se cansar da instabilidade crônica do pais, sem no entanto visar as forças armadas apreensivas.

POR QUEM VOTAM AS FORCAS ARMADAS?

Durante 26 anos, de Luis Cabral (1973-1980) a Nino Vieira (1980-1999), o regime guineense foi controlado pelos quadros do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), de marix comum com as forças armadas. Mas pouco à pouco as tensões foram surgindo entre a elite do poder civil – urbanisada e letrada – e umas forças armadas composta de pessoas provindas do meio rural de formação mais modesta, na qual uma consideravel porcentagem provêm da comunidade balanta, a principal etnia.

No poder de 2000 a 2003, o Partido da Renovação Social (PRS) de Kumba Yala deu o seu apoio aos Balantas a fim de atrair as boas graças dos militares. Foi assim que se desenvolveu a ideia de que os Balantas, maltratados durante seculos, mereciam ter mais peso no seio das forças armadas.

Essa aproximação precipitou o divorcio entre a instituição militar e o PAIGC, o partido historique da libertação.
Em abril 2012, para impedir a eleição do candidato deste partido, Carlos Gomes Junior, que se posicionou folgadamente em primeiro lugar, os militares interromperam o processo eleitoral.

Dois anos mais tarde, o PRS enfrenta as eleições de 13 de abril dividido, com um candidato oficial, Abel Incada, dois candidatos dissidentes e um rival independente, Nuno Gomes Nabiam, que recebeu o apoio de Kumba Yala o fundador do Partido. Nabiam – que é director da aviação civil – pode igualmente aproveitar-se do apoio oficioso de Antonio Injai, o poderoso chefe de estado maior-general das forças armadas, um amigo de muitos anos.

O que fazer do favorito das forças armadas ?
MB