quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
Excitação: "Chega desta dependência [da TAP]. Vamos rapidamente criar uma companhia de aviação da Guiné-Bissau." - Nando Vaz
Estou a ver...se aviam, via TAP, imigrantes ilegais, drogas, armas e outras coisas para a Europa, imagino o que não enviariam na 'vossa' companhia. Só uma Europa lelé da cuca vos daria autorização para sobrevoarem o seu espaço aéreo. Calem-me esse Nando Vaz, se fizerem o favor, pois parece que não tem noção da gravidade nem do disparate que fizeram. AAS
OPINIÃO: Manual do resistente
Este é um apelo desinteressado para os trabalhadores e para o Povo democrata da Guiné-Bissau:
Passaram 20 meses desde os tristes acontecimentos na Guiné-Bissau. Vinte meses de SILÊNCIO e de ambiguidade da comunidade internacional. Vinte meses de joguinhos entre o Senegal, a Costa do Marfim, o Burkina Faso, a Nigéria e, pasme-se, os EUA - um país que não ganha uma guerra desde 1945!!! Enfim, vinte meses de vergonha.
Aos trabalhadores:
Que não trabalhem, que façam greves sucessivos. Numa palavra: paralisem o País, pois só assim as leis serão respeitadas, a orgia de violência cessará de uma vez por todas e a Guiné-Bissau caminhará, orgulhosa, e viverá no concerto das Nações civilizadas.
Ao Povo:
NÃO podes manifestar-te! Os teus direitos previstos na CONSTITUIÇÃO estão fechados numa gaveta. Se o POVO guineense se mantiver FIRME e determinado, acreditem, nem precisará da intervenção da comunidade internacional.
A comunidade internacional aguarda um sinal da parte do POVO. Um sinal que pode traduzir-se numa resistência passiva, sem qualquer tipo de violência (a vitória de Ghandi, na Índia, contra a colonização britânica é um BELO exemplo).
Se o POVO se deixar assustar por 'leis' e 'decretos' (ilegais, diga-se) então a comunidade internacional democrática ABANDONA-LO-Á. Lembra-te: a comunidade internacional NÃO lutará por ti. Quando muito, tentará manter a tua cabeça fora de água...assim, não morres. Mas também não viverás...é tipo teres uma vida... pior do que a morte! Há que cerrar fileiras em cada esquina ou beco, o POVO deve continuar firme, sem medos nem receios. Este País pertence a cada um de nós. Se der para o torto, cada um tem então o direito de destruir a parte que lhe cabe... RESISTE com a desobediência civil, com grafittis, com panfletos, no anonimato ou dando a cara, mas RESISTE.
Resistindo, não estarás a fazê-lo para ajudar A, B, ou C ou o partido E, F, ou G... estarás a contribuir para tirar do obscurantismo, do medo, do analfabetismo o teu Povo, o teu País, uma Nação inteira da qual te orgulharás mais tarde. Quem diria que a Primavera Árabe teria o seu começo na Tunísia, alastrando-se depois a outros países governados por déspotas, todos eles apoiados pelos EUA? Só um louco de brilhantina no cabelo... RESISTE, e lembra-te sempre desta frase lapidar:
Ninguém tem o dever de obedecer a quem não tem o direito de mandar
- Quem votou em alguém para se arvorar em 'presidente de transição'?
- Quem votou em alguém a ponto de ser chamado de 'primeiro ministro de transição?
- Como é que quatro países (cheios de problemas e conflitos) se sobrepõem aos restantes doze países-membros da CEDEAO, impondo ao POVO da Guiné-Bissau um 'presidente' e um 'governo' ILEGÍTIMOS?
- A que se tem prestado a União Africana, a organização maior do continente? A que estados presta vassalagem? E a troco do quê mesmo? Sobretudo: a que povo deve uma explicação sobre o seu imobilismo e inoperância?
- Por que interfere a América? E a França, a China?
- Porquê tanta ambiguidade da potência do continente, a África do Sul (participou, na tribuna, na festa da independência - e garantiu, depois de confrontado pelo DC, que foi "um erro"...mas ontem, à chegada do 'presidente de transição'... Ninguém os viu de bandeirinha hasteada e nem nenhum representante europeu se prestou a tal coisa...)
- A CPLP, a União Africana, a ONU: Nenhuma destas organizações, a que se somam outras de particular relevo para a Guiné-Bissau como o Banco Mundial, o FMI - Nenhuma delas reconhecem as autoridades pós-12 de abril. Mas então o que se passa afinal? A CEDEAO estará acima da União Africana?
- O que vai fazer a ONU, depois de o Senegal, a Nigéria e outros países terem violado uma resolução do próprio Conselho de Segurança?
- Por que não impõe a ONU sanções contra os países que violaram essa - a sua!!! - resolução?
- O que vai ser feito para SALVAR o POVO da Guiné-Bissau? Quando e como e por quem?
O Povo da Guiné-Bissau aguarda.
António Aly Silva
Preparada? Não, nem de longe...
SONDAGEM DC
PERGUNTA: A Guiné-Bissau está preparada para organizar o recenseamento?
RESPOSTAS:
Sim, está - 118 votos (15%)
Não, nem de longe - 540 votos (72%)
O melhor é adiar as eleições - 88 (11%)
Votos apurados: 746
Obrigado. AAS
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Adeus, Guiné
A TAP confirmou que não tem data prevista para retomar os voos para a Guiné-Bissau. A companhia suspendeu os voos depois de as autoridades guineenses terem forçado a tripulação a transportar 74 imigrantes ilegais, um acto que o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, descreveu como sendo "próximo do terrorismo". Um dos suspeitos de responsabilidade pelo sucedido é o ministro guineense do Interior, que entretanto colocou o seu lugar à disposição. Primeiro, foi o MNE Delfim da Silva a por o lugar à disposição de Serifo Nhamadjo.
12 de abril, 20 meses
"Irmãos Guineenses,
Chamo atenção de todos conterrâneos em geral por aquilo que considero de muito desespero e incompetência das actuais autoridades da Guiné-Bissau.
Estamos na data de (17-12-2013) precisamente vinte(20) meses depois do golpe de estado de 12 de Abril, é incompreensível, sem cabimento, e sem fundamento, as alegadas tentativas de culpabilizar o Cadogo por todas as situações e descalabro sucedidos ao longo deste período pôs golpe Tudo o que acontece, dizem Cadogo injectou dinheiro para provocar isto e provocar aquilo.hoje de novo surgiu a nova acusação de que Ele o Cadogo é que injectou de dinheiro nos Sindicatos para fazerem greve.
Uma acusação muito vergonhoso no meu entender uma vez que é do conhecimento público da deterioração de estado das coisas logo depois do golpe de estado.salários em atrasos em algumas instituições ultrapassa quatro (4) meses. Algum tempo atrás o próprio Mentor do golpe de estado General Injai acusou o Governo de transição de que Ele mesmo faz parte de incompetência e corrupção.
O Homem que se faz de defensor deste Governo, devia ter vergonha na cara e tentar arranjar um pouco de dignidade porque Ele auto intitulou-se na luta pela verdade e o que faz não passa de encenações lamentáveis e sem credibilidade nenhuma.uma coisa é certa mais tarde ou mais cedo a razão julgará.
A. L. F."
OPINIÃO: Duas demissões não chegarão
No espaço de mais ou menos uma semana, dois ministros demitiram-se das suas funções. Delfim da Silva, que tutelava os Negócios Estrangeiros, e, agora, António Suka Ntchama, do ministério do Interior. Não resistiram ao 'caso dos 74 sírios', que de Bissau partiram para atormentar Portugal e a Europa. Foram usados todos os adjectivos para classificar este acto tresloucado das autoridades Bissau-guineense.
Caros amigos,
Quando ministros desta envergadura se demitem por causa de um escândalo que de tão grande, tão grande, pôs em causa a segurança de vinte e sete Estados membros da União Europeia, então seria preciso ir mais longe. Implicaria, a meu modesto ver, a demissão do próprio primeiro-ministro, e, por arrasto, de todo o governo de transição golpista.
Duas demissões não chegarão, portanto. Aliás, ditadura do consenso sabe que mais detenções ocorrerão em Bissau, e, em Lisboa, as autoridades policiais portuguesas estão a trabalhar para a identificação do ponto focal desta rede mafiosa, incumbido de receber o resto do dinheiro. A Polícia Judiciária guineense e o seu diretor geral estão de parabéns, pois só trabalhando com seriedade podemos limpar o nosso país daqueles que lhe mal fazem. AAS
Caso TAP/Sírios: Greve geral trava audição
A greve da função pública que está a decorrer na Guiné-Bissau impediu, esta segunda-feira, a realização da audição em tribunal de K. Baldé, suspeito de recrutar os passageiros com passaportes falsos que viajaram num voo da TAP até Lisboa.
Apesar deste impedimento, a polícia já recebeu garantias de que hoje, terça-feira, haverá um juiz disponível para ouvir o suspeito. K. Baldé, recorde-se, foi detido na sexta-feira pela Polícia Judiciária guineense, pela suspeita de ter acompanhado os cidadãos estrangeiros, presumivelmente sírios, de Marrocos até à capital guineense, referiu a mesma fonte.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
MNE português: «Incidente com voo da TAP em Bissau esteve 'próximo de acto de terrorismo'»
O ministro dos Negócios Estrangeiros português considerou hoje que o incidente com o voo da TAP entre Bissau e Lisboa em 10 de dezembro esteve "muito próximo dos atos de terrorismo". "Foi um ato muito próximo dos atos de terrorismo, portanto, que tem exatamente os mesmos objetivos e naturalmente põe em causa a segurança das pessoas", afirmou Rui Machete em declarações aos jornalistas em Bruxelas, à margem do Conselho de Negócios Estrangeiros,
O chefe da diplomacia portuguesa adiantou ter feito uma intervenção sobre o caso na reunião e que todos os parceiros europeus partilham da "preocupação" do executivo português, referindo ainda que espera que a Guiné-Bissau "dê garantias suficientes" para que a ligação aérea, que foi suspensa, possa ser retomada. Rui Machete revelou ainda que quase todos os 74 presumíveis cidadãos sírios com passaporte falso que chegaram a Lisboa a bordo do voo da TAP, na semana passada, já pediram o estatuto de refugiado e que estes estão a ser analisados "caso a caso".
O ministro acrescentou haver "indicação clara de que os sírios que vieram, que fugiram de uma situação difícil, e que estavam a viver, presume-se, na Turquia, pagaram uma determinada quantia por cabeça a uma organização" com pessoas "ligadas a membros do governo da Guiné-Bissau". Rui Machete referiu que esta situação "demonstra a fragilidade da situação política" na Guiné-Bissau, atualmente com um governo transitório não reconhecido por Portugal, e disse esperar que as eleições previstas para 16 de março possam ser fiscalizadas pela União Europeia.
Eu, a UE
Texto escrito em 2010
Um Franco abraço, e até breve
FRANCO NULLI deixou Bissau hoje, dando assim por finda a sua missão como Delegado da União Europeia na Guiné-Bissau. Não a ligação ao País, de que diz "gostar muito". E eu sei que é a verdade.
Franco Nulli, acompanhado da sua mulher, viajou para Dakar. A viagem continua rumo a Johanesburgo (África do Sul) onde terá de aguardar uma horinha pelo voo que o levará para a Zâmbia, terra da sua mulher, para viver a sua merecida reforma. O embaixador, para além da sua casa, está a construir uns bungalows, uma espécie de turismo rural para receber turistas e amigos.
Conheci Franco Nulli ainda no tempo do Kora Club, nos anos oitenta. Trabalhava como fiscal para uma empresa italiana. Não tivemos nenhuma relação especial mas posso dizer que já bebemos da mesma garrafa de um bom scotch.
Já como delegado da UE em Bissau, Franco Nulli convidou-me uma vez para uma festa muito bonita (com passagem de moda e tudo) nos jardins da representação que dirigia. Partilhámos um caldo de chabéu, num almoço apressado de trabalho em casa de interposta pessoa.
Estive também com ele em dois ou três encontros de trabalho no seu gabinete - eu estava a realizar um serviço para a União Europeia. Tirando isso, um ou outro encontro casual, de circunstância, com cumprimentos breves mas afáveis - reconheço. De resto, outra coisa não seria de esperar do Embaixador Franco Nulli.
Ultimamente - e muito por causa do 'incidente' do 1 de abril - as nossas relações, que eram praticamente nenhumas, simplesmente esfumaram-se. Foi até num café (que é de onde escrevo este post, entre dois cafés e muitos, mas muitos cigarros) que se deu o que se segue.
Quando entrei, vi Franco Nulli sentado com amigos e assim que nos encaramos, começou a abanar a cabeça de um lado para o outro e a gesticular. Depois, disse: "Assim não, Ticha. Assim não". Apertei-lhe a mão e segui o meu caminho, por entre um sorriso maroto. Mas não era nada de pessoal contra Franco Nulli, e sim contra a instituição que representava. Bom, havia alguma provocação da minha parte, admito...
Eu percebi a mensagem, mas, menos de 36h depois, o blog lançava outra notícia-bomba: a reacção de Nulli às declarações do Presidente da República, Malam Bacai Sanha. Obviamente, Franco Nulli não gostou. E, não gostando, reagiu diplomaticamente: deixou simplesmente de me cumprimentar.
Estranhei e perguntei a amigos comuns. Que sim. Dizem-me que Franco Nulli não aprovava de maneira nenhuma os constantes 'ataques' do blog ditadura do consenso à União Europeia, de que era Delegado, o rosto da Europa dos 27 na Guiné-Bissau. E era justo. Eu também não gostaria.
Para a história da passagem de Franco Nulli pela Guiné-Bissau, ficam as duas pontes - a de João Landim e a de São Vicente, duas das maiores obras de engenharia que o País conheceu. Estamos reconhecidos. A Guiné-Bissau ficou ainda a ganhar com muitas leis e algumas reformas pontuais, algumas prontas, outras em preparação, outras já em execução, e ainda projectos vários financiados pela União Europeia.
O Presidente da República, Malam Bacai Sanha, condecorou o Embaixador, agradeceu-o e reconheceu os esforços e o empenho de Franco Nulli durante os seus anos de missão na Pátria de Amílcar Cabral. Uma missão nada fácil, aquela do embaixador: cheia de espinhos e de barreiras; enfim, Franco Nulli teve de ajudar a apagar muitos fogos. Nuns, ficou chamuscado; noutros saiu quase assado...
Pela parte que me toca, foi um prazer ter conhecido Franco Nulli. Como pessoa e como embaixador e representante maior da União Europeia no meu País - a Guiné Bissau. Imagino que Franco Nulli, neste momento a voar para a África do Sul, esteja a sentir saudades da Guiné-Bissau; imagino Franco Nulli a olhar para a mulher e a assentar-lhe um beijo suave no rosto; imagino Franco Nulli a olhar pela janelinha do avião e a não reconhecer nada do que vê lá em baixo. Os tons de verde não são mais os mesmos. É a saudade, palavra não traduzível em italiano, nem, diz-se, em mais língua nenhuma.
Eu, tenho já saudades do Franco Nulli. E o meu desejo é o de que, um dia, Franco Nulli e a sua mulher possam regressar à Guiné-Bissau para nos visitar, e encontrar um País estável, reconciliado e desenvolvido. Um País orgulhoso do seu conturbado passado. Que venha um encontrar um Povo que soube perdoar.
Que venha encontrar uma Guiné-Bissau que a Europa, bem ou mal, ajudou e ajudará a reerguer-se para, como dizia Amílcar Cabral, "caminhar pelos seus próprios pés e ser guiado pela sua própria cabeça".
Abraço fraterno,
António Aly Silva
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