domingo, 20 de janeiro de 2013

40º Aniversário do assassinato de Amilcar Cabral


José Pedro Castanheira, em entrevista ao 'Expresso das Ilhas'

Eduardo dos Santos denuncia "retrocesso democrático" na Guiné-Bissau e outros Estados africanos


O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, classificou hoje em Luanda a situação prevalecente na Guiné-Bissau, Mali, e nas repúblicas Democrática do Congo e Centro-Africana como um "retrocesso no processo de democratização" em África. José Eduardo dos Santos, que intervinha na tradicional cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo do Corpo Diplomático, condenou o retorno à violência e o aparecimento de rebeliões como via de resolução de conflitos internos.

Para José Eduardo dos Santos, os governos eleitos nas urnas apenas devem ser substituídos por via eleitoral e não por "processos antidemocráticos", considerando ainda "inaceitável" o facto de atualmente África ter novos casos de refugiados. José Eduardo dos Santos aludiu igualmente ao agravamento da situação no Médio Oriente, defendeu como sendo um "imperativo" que sejam abertas as portas do diálogo e da concertação política entre os principais atores e que se procurem os entendimentos internos e internacionais conducentes à preservação da paz e da segurança internacional. Nesse sentido, defendeu a consagração e realização do princípio da existência e reconhecimento dos dois Estados soberanos de Israel e da Palestina.

Relativamente a Angola, destacou a "constatação que Angola está a progredir e a resolver, com sagacidade, os seus problemas". Em Angola, continuou, o Estado e as instituições democráticas estão a consolidar-se, alicerçados no princípio do direito e da soberania popular, através dos quais se promove a convivência pacífica, a participação cívica na resolução dos problemas nacionais, num continente onde os conflitos e crises políticas começam a ressurgir. "Nós nunca nos deixamos influenciar pelo afropessímismo que certa elite propagou no passado. Acreditamos sempre na mudança e na renovação de África e na forma de conceber e fazer política neste continente", acentuou.

EL/ARA.

Outro falhanço em Paris...


Mais uma manobra do 'governo de transição' da Guiné-Bissau, outra vez em Paris. No final da semana passada, houve outra tentativa de mobilizar apoios com vista a impor Dino Seidi, nomeado pelo governo golpista de Bissau, embaixador em França, mas ainda não acreditado pelas autoridades francesas.

Esta reunião foi dirigida por Domingos Mendes (vulgo Upacar) e os seus colaboradores e contou ainda com alguns elementos próximos do 'governo de transição'. Secretamente infiltrados - e bem instalados - em Paris, estavam Armando Procel, Carlos Vamaim, Avelina Djaló, Augusto Mendes Pereira entre outros.

Falhada mais uma tentativa, é altura de regressar a casa e não ter contas para prestar, lamber as feridas e tentar angariar mais uns quantos milhões para regressar e gastar numa Europa que tanto dela precisa... É triste constatar, a cada dia que passa, que a diplomacia guineense está pior e completamente descredibilizada no plano internacional. AAS

Blogs do Ano 2012: Ditadura do Consenso venceu a 1ª fase


Blogs do ano 2012: resultados 1ª fase

A primeira fase do concurso terminou e os resultados estão apurados. Obrigado aos 816 blogs inscritos pela participação nas 42 categorias a concurso.

Ditadura do Consenso - 559 votos

Posição - 1

A segunda fase, composta pelos 5 mais votados de cada categoria, tem o seguinte calendário:

■ Votações 2ª fase: 21-01-2013 a 26-01-2013
■ Resultados 2ª fase: 27-01-2013

Os jogos continuam dentro de momentos.

Obrigado a todos. AAS

sábado, 19 de janeiro de 2013

RTP, 40 ANOS SOBRE O ASSASSINATO DE AMÍLCAR CABRAL


Amanhã, na RTP-ÁFRICA, às 21:02 > Edição Especial: Cabral Sonho Interrompido

Este programa especial para a RTP África, a emitir no dia 20 de Janeiro (domingo) marca os 40 anos da morte de Amílcar Cabral, o "pai" das independencias de Cabo Verde e da Guiné.

40 anos


"Aly,

Eu não concordei nunca, assim como muitos caboverdeanos antigos também não concordavam com o “saco de gatos” que Amílcar arranjou com o projecto PAIGC. Mas já está, paciência, e ele e o irmão foram bem arranhados por essa gataria, o que era de prever, e que Spínola usou naturalmente essa tendência guineense ant-berdiana. É com muito custo que essa cambada de racistas, e tribalistas encaram com a figura desse gigante.

Portanto amanhã um grande post no teu blog deixa-os a espumar.

Fotos, frases, e coisas curtas mas elucidativas.

Se não sabias fica sabendo que faz agora 20 anos, foi feita uma cerimónia do XXº aniversário do assassinato do Amilcar Cabral, mas no cruzamento da Chapa Bissau. Na bifurcação da rua que vai para a granja e da que vai para os bombeiros (Sta Luzia).

O discurso do Nino dizia que já estava feita uma estátua e que ia ser colocada alí. E só depois do Nino desaparecer é que resolveram erigir a estátua, mas bem longe dalí. Não está mau onde está, mas não é a mesma coisa, é como se não gostassem de o ver dentro de Bissau.

A Tua figura não tribal, é para muitos guineenses raivosos e complexados, a imagem de um Amílcar, que lhe roubas protagonismo.

A. Rosinha
"

Adivinhem quem vai ganhar...


...Adivinhem quem vai na frente? E ainda faltam 9 horas para votar. Não se esqueçam de votar n'O Informador (Actualidade Política – blogue individual, em Comunicação e Média e no Blogue Revelação). Obrigado a todos.

Blogue Estrangeiro em Língua Portuguesa

Ditadura do Consenso 31.72% (262 votes)

Alice no País das Salsichas 16.22% (134 votes)

Mariarabodesaia 10.9% (90 votes)

soblushed in USA :: a portuguese girl having an adventure in USA 9.81% (81 votes)

A cozinha da Kinhas 8.96% (74 votes)

Peripécias de Zurique 5.81% (48 votes)

Lusopatia 4.84% (40 votes)

Ando lá por fora...volto já. :) 4.24% (35 votes)

Diário de um sociólogo 3.39% (28 votes)

Chill-in-n-out 1.33% (11 votes)

Desperta do teu sono 1.09% (9 votes)

Esboços de quem sou 1.09% (9 votes)

Bling Reality 1% (5 votes)

Total Votes: 826

EXCLUSIVO - MACAU - Tudo falso, como Judas


macau 4

REGISTOS CRIMINAIS em vez de Registo Criminal... trapaça

macau 1

macau 3

macau 2

ESTES DOCUMENTOS, PARA ALÉM DE FALSOS, TINHAM A BENÇÃO DO EMBAIXADOR DA GUINÉ-BISSAU NA CHINA. AAS

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Tráfico de droga em livro


Maré branca em Bulínia (Romance) e Rosas da Liberdade (poesias) são dois livros que serão lançados no próximo dia 9 de Fevereiro de 2013, pelas 17H00, na FNAC do Chiado em Lisboa. De acordo com Manuel da Costa, o autor, os livros "cantam o nosso país [Guiné-Bissau] e transmitem mensagens pedagógicas que ensinam a população o que é o tráfico de droga".

MEU NOME É CIDADÃO


Minha querida Guiné,
Escrevi-te mais esta carta, porque ainda te amo.
Porém, a dor ainda continua a afligir-me este ano.
Sei que no Natal, (ainda bem) recebeste muitas prendas.
Também sei que não tiveste direito ao fogo-de-artifício no teu réveillon,
nem tão pouco a paz e felicidade no teu coração.
Pois, estes bens só chegarão por encomenda.

Dizem os poetas e jornalistas destemidos
que nas ruas tristes das tuas cidades,
ainda se ouve teus gemidos
e gritos afónicos de liberdade.
Dizem eles, que, continua a acontecer espancamentos,
assaltos aos cofres públicos e atentados à tua pobreza...
Vizinhos usurpam a tua riqueza
sem que a CEDE(R)AO agite uma palha.
Pois, esta comunidade, só tem um nome: - Canalha!

Estamos encurralados num beco sem saída.
Confesso que, toda a esperança que eu tinha, está adormecida.
A única coisa a se fazer é esperar e acreditar...
Esperar que a impotência passe e nos permita caminhar.
Não adianta pensar em estratégias e manobras!
Temos que pôr mãos à obra!
É preciso entender que, tudo tem sua hora,
mas torna-se pesado, quando se demora.
Não temos tempo a perder!
Pois, nosso povo está a sofrer...
Levou um golpe contra a sua soberania,
contra seus interesses e sabedoria.
O golpe foi tão profundo
que deixou perplexo todo mundo.
Deixou cicatrizes, mágoas,
dor e sangue nas tuas águas.

Querida,
A paz não é uma ilusão! É algo que existe,
do qual não se desiste
O diálogo é a melhor maneira de resolver esta questão...
O “portão” já está “aberto”, para se encontrar uma solução
para a actual e demorada crise política
que assola esta terra frágil e raquítica.
Nosso orgulho está “fodido”...
Isso, não devia ter acontecido!
O mal já está feito...
Neste mundo, ninguém é perfeito.
Este, é um modelo de país para poucos...
É uma estratégia de loucos.
Agora só nos resta deixar as diferenças políticas de lado,
e cuidar da nossa terra de coração quebrado.

Vamos continuar as nossas lutas,
acreditar e preparar as eleições
para que sejam livres e justas!
Para isso, temos boas razões:
A nossa independência suada;
A nossa democracia desmantelada;
Paz-justiça-liberdade sonhada;
Direitos humanos desrespeitados;
Futuro das nossas crianças.
O que nos separou foi o ódio, a ganância e a guerra....
O que nos vai unir, será o amor por esta terra.
Ah, esqueci-me de dizer o meu nome e a minha raça
mas isso não importa, nem tem graça.
O meu nome é cidadão...
N`ka tené djorson, ami i fidju di é tchon.
Sou Mandjaku, Fula, Mandinga, Fulupe e Balanta.
Pois, ser guineense, sinceramente, me encanta.


Londres, 06.01.2013
Vasco Barros.

DEMOCRACIA PARTICIPATIVA vs DEMOCRACIA REPRESENTATIVA


Com a primavera árabe, longas ditaduras caíram, outras perderam o mistério aterrador, e ficou mais vincada a máxima universal, que prega o seguinte:

Pela liberdade, quanto mais esforços despendermos, mais livres seremos.

Tantas vezes escrevi sobre o insucesso da nossa sociedade, que chegou um momento, comecei a sentir repetitivo, e decidi parar. Alguém disse que, não se deve fazer sempre as mesmas coisas, e ainda esperar pelos resultados diferentes. O que é uma verdade. Mas a verdade só encontra credibilidade na mais pura das verdades, a de que, as diferentes verdades, mesmo as científicas, são todas elas passíveis de certas mutações. Compreendo que o pensador tenha ignorado isso na circunstância. Não compreendo, é essa crueldade nossa, em continuarmos a perseguir e neutralizar de entre nós, os melhores capacitados, e desejarmos progresso.

Aprendi que a esperança é última coisa a morrer. Desde então fui me orientando com base nessa verdade, mesmo depois de enganado por outra verdade, descobrir que isso não passava de uma manifestação do romantismo. Entretanto, como uma das consequências da última crise, a minha esperança no sucesso da nossa pátria independente morreu. Sim! Morreu mesmo. E eu com uma infindável dor, assim testemunhei, para descobrir que é sim, a última coisa a morrer, mas podendo ser logo antes da morte que nos mata de vez. Por isso fiquei a conhecer mais essa verdade.

Um dia de infortúnio, pessoas pouco azaradas, viram-se envolvidas na concretização de uma ampla conspiração, para mais do que nas outras ocasiões, negar ao eleitorado guineense, cheio de esperança e embalado nas fileiras das urnas, o direito de escolher no imediato, das opções para um futuro de desenvolvimento, a melhor. As seguidas justificações, para um golpe certeiro nas nossas aspirações, como hoje ainda assim é, só serviram para confirmar a ingenuidade dos que resolveram, num momento em que através dos diversificados meios de comunicação, metade do mundo, estava a acompanhar na nossa terra, o mais sagrado dos exercícios da democracia, para provocarem esse isolamento imposto pelos melhores dos nossos parceiros internacionais, acrescido às nossas limitações.

O poder político, como fenómeno social, advém de uma prática costumeira ancestral, longe do surgimento da instituição estado, que sustenta a aceitação por uma maioria, das orientações de uma determinada autoridade, para tal instituída, com o objectivo de conduzir para melhor, o destino comunitário. No poder, por força última das armas, está um conjunto de interesses desconexos, no que propriamente respeita aos aspectos fundamentais, para a melhor condução do nosso destino. Como exemplo flagrante, destaco a proibição de qualquer tipo de manifestação política, seja ela contra, ou a favor do regime!

Essa preocupação contraditória, para calar tudo e todos, só revela, nas distintas vertentes, a tamanha falta de segurança dos actuais detentores da vez, a frente do que devia ser uma urgente reorganização da nossa sociedade. Mas o poder político é um fenómeno sujeito ao desgaste, em consequência do uso. Por isso justifica a permanente revalidação, através da confiança a demonstrar firme, na recomendável competência dos governantes, que dentro das suas responsabilidades, devem satisfazer as expectativas. Também pelas mesmas razões, o seu uso inapropriado, implica sempre, a sua rápida deterioração. Para a desgraça comum, embora prestes a desaparecer, da musculada subserviência, será lembrado como demasiado distante das aspirações favoráveis à prosperidade duma nação, um governo tão opaco, como desempenho dos seus membros e companhia ilimitada.

Enquanto nação, ainda que em construção, o desafio é libertar os políticos da paupérrima ganância dos militares, perante o domínio da nossa sociedade, pelas máfias internacionais do tráfico ilícito das drogas e armas. Mas para que isso aconteça de maneira satisfatória, teremos que encher de coragem, e aplicar um golpe de misericórdia na moribunda esperança, que carregamos a partir da independência. E passarmos a brandir com determinação, o ceptro da indignação, contra todos os males que gangrenam a nossa antes, gloriosa caminhada. Para uma mudança perspicaz, jamais será suficiente votarmos e regressarmos o desconforto dos problemas. É preciso criarmos mecanismos, para sempre que necessário, defendermos o sentido dos votos. Assim como os partidos políticos, uma vez constituídos em diversas associações, para defesa dos interesses próprios, seremos da melhor maneira possível, parte fundamental no funcionamento de um Estado Democrático.

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar
Flaviano Mindela dos Santos

ZOPACAS aprova declarações sobre Guiné Bissau


A sétima Reunião Ministerial da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (ZOPACAS) que decorreu em Montevideu (Uruguai) na terça e quarta-feira, aprovou duas declarações sobre a Guiné Bissau e a RDC. Sobre a Guiné Bissau o forum saudou a nomeação de Ramos Horta como novo enviado especial do secretário-geral da ONU para este apaís lusófono  e manifestou a total disponibilidade de apoiá-lo na sua missão. Os delegados manifestaram ainda o seu apoio aos esforços sustentáveis que veêm sendo desenvolvidos pela União Africana,  CEDEAO e  CPLP para solução da crise guineense, de forma a se restaurar a ordem constitucional respeitando-se as liberdades políticas e os direitos humanos.

O que é que há de bom na Guiné?


"Boa tarde Sr. Aly Silva,

Sou guineense de naturalidade e portuguesa de nacionalidade.

Vivi em Portugal toda a minha vida, mas por vários motivos, entre os quais a atual conjuntura económica da Europa, penso seriamente em “gozar” o pouco que terei de reforma (embora ainda me falte algum tempo para tal) no meu país de origem…

Gosto da Guiné, do clima e das pessoas, portanto foi com muita naturalidade que elegi o país para passar os últimos anos da minha vida.

Naturalmente, após esta tomada de decisão, comecei a interessar-me de forma mais profunda pelos acontecimentos socioeconómicos e políticos do país.

Tudo isto para diz que o seu blog, entre outros, passou a ser uma fonte de informação semanal, mas para grande tristeza minha, não encontro uma única notícia positiva…

Assim, pergunto-me: É de facto tudo mau? O que é que há de bom na Guiné?

Cumprimentos,

Maria da Mata
"

Minha resposta: Há o Povo. Mas esse, coitado, nada pode contra a tirania. Cumprimentos, AAS

O PAIGC e o futuro da Guiné-Bissau


A Campanha para a liderança do PAIGC está ao rubro e eu estou a acompanhá-la a par e passo. Este meu interesse face as movimentações em torno do Partido de Amílcar Cabral tem como único e exclusivo propósito, cumprir um dever de cidadania, face ao mais que evidente: as decisões tomadas no seu Congresso acabam, impreterivelmente, por se transbordar e inundar toda a sociedade guineense.
 
Seria muito ousado da minha parte, mencionar as qualidades humanas ou o perfil político de alguns dos possíveis candidatos, porque não os conheço, nunca tive oportunidade de privar com eles, não conheço os seus Programas e as respectivas equipas, nem consigo avaliar devidamente as suas capacidades, por nunca terem antes dirigido um Governo de um País tão caótico como o nosso ou um Partido com a dimensão do PAIGC, que podemos e muito bem, considerar um Estado dentro do Estado, a avaliar pela abrangência da sua estrutura no País. Estes factos fazem com que o próximo Congresso deste Partido esteja a suscitar tanto interesse e tanta agitação por parte de cidadãos comuns, como eu, sem qualquer vínculo político e portanto desprovidos das ferramentas necessárias para influenciar decisões, cujas consequências são, infelizmente, partilhadas por todos, sem excepção.
 
Por conseguinte, as minhas considerações dizem respeito, exclusivamente aos demarches que os prováveis candidatos estão a fazer nesta fase de preparação do terreno, para o lançamento oficial das respectivas candidaturas. Entretanto, com a vossa permissão, vou abrir uma excepção e claro, fazer algumas considerações, imprescindíveis, do meu ponto de vista, relativamente à algumas personalidades (gostaria no entanto que ficasse claro que estou a falar de uma opinião puramente pessoal e que vale o que vale):
 
Carlos Gomes Júnior – devia abandonar esta corrida à liderança do Partido, respeitar a suprema vontade do seu povo, expressa nos resultados da 1ª Volta das Eleições Presidenciais antecipadas de 18 de Março de 2012, que demonstraram de forma inequívoca que o quer no exercício da Mais Alta Magistratura da Nação, ou seja, preparar-se para as futuras Eleições Presidenciais.
 
Domingos Simões Pereira – O timing não é propício para assumir o Poder na Guiné-Bissau. Dotado de uma mente brilhante e de quase todos os requisitos de um estadista moderno, teria necessariamente que fazer opções nada fáceis:
 
a) Manter-se fiel aos seus princípios, excluindo quaisquer hipóteses de coabitar com os Poderes constituídos à margem da legalidade constitucional, admitindo por conseguinte estarem criadas as premissas para a violência e a instabilidade;
 
b) Renunciar aos seus princípios, acatar as regras do jogo, impostas pelos detentores do monopólio do uso da força, decepcionando tudo e todos, sobretudo os que acreditam profundamente na sua capacidade de elevar o exercício político á outras dimensões. Com as condições existentes no terreno, seria quase impossível à DSP manter a sua firmeza de princípios e dirigir o País num clima de Paz e de entendimento mútuo com os diversos grupos de interesses instalados, sem correr o grande risco de fazer cedências “absurdas”, do ponto de vista da moral e da ética política, tendo em conta os interesses nacionais.
 
Este raciocínio não persegue a intenção de desencorajar quem quer que fosse (quem conhece CGJ e DSP, sabe, e bem, que não são estas palavras que os farão desistir das suas candidaturas, mas…), tem apenas a ver com a ideia que eu faço do exercício do Poder Político: Na minha óptica, o mais importante é o contexto em que projecto político é implementado. Ou seja, sempre que um projecto político se encaixe num determinado contexto social, tendo em conta as condições existentes e as necessidades mais prementes, estamos perante um caso de sucesso, sobretudo se a liderança desse projecto se encontra moldado para fazer face às adversidades e as imprevisibilidades que necessariamente acompanharão o percurso da sua implementação, sem se suicidar politicamente. Neste caso, consideramos que estamos perante o HOMEM DO MOMENTO.
 
Antes de tudo, convém recordarmos que foram 15 anos de desleixo (de nha boca ka s`ta lá), 15 anos de vazio do Poder, que os mais pragmáticos aproveitaram para se organizar em grupos que hoje detém o Poder real na Guiné-Bissau. Foram 15 anos que puseram a nu as nossas fragilidades como povo, demonstrando que afinal a tão proclamada unidade, forjada na Luta de libertação Nacional e que esteve na base de uma das mais belas epopeias libertadoras do nosso continente, não passa de um mito, porque afinal, continuamos a ser fundamentalmente beafadas, papéis, manjacos, balantas, fulas, oíncas, Felupes, Bijagós, etc. e o Bilhete de Identidade continua a ser o único vínculo que nos une.
 
Foram sem dúvida 15 anos para esquecer, mas que no final de contas constituem apenas uma extensão dos 18 que lhe precederam e que, contando com a preciosa colaboração da nossa precária mentalidade, atiraram o nosso País para a labareda infernal da pobreza absoluta.
 
Nesta complexa teia de relações estabelecidas em bases nem sempre descortináveis e perceptíveis do ponto de vista da lógica humana, relações essas que, entretanto, se assentam em poderes que, não obstante a sua ilegalidade, assumem a dimensão de Estado, ou pelo menos de uma “Força Político-Militar determinante de tudo e mais alguma coisa”, surge uma luz ao fundo do túnel – Braima Camará, vulgo Bá Quecutó, que para mim, é o HOMEM DO MOMENTO.
 
Em virtude da enorme diversidade de responsabilidades de carácter económico e sociopolítico que já assumiu ao longo da sua vida e que lhe valeram reconhecimento e admiração além fronteiras, Braima Camará aprendeu a dialogar com todos os extractos sociais do nosso País, factor imprescindível para que possamos levar a cabo as importantes reformas do Estado. Ou seja, nas qualidades de Membro do Bureau Político do PAIGC, Presidente da Câmara do Comércio, Indústria, Agricultura e Serviços da Guiné-Bissau, Vice-Presidente da Camâra do Comercio da CPLP, Presidente do Conselho da Administração do Grupo Malaika, Conselheiro do Presidente João Bernardo Vieira e posteriormente Conselheiro do Presidente Malam Bacai Sanhá, este jovem acumulou valências e cultivou relações privilegiadas que constituem uma importante mais-valia para a resolução dos problemas do PAIGC e do País no seu todo.
 
Antes de manifestar a sua legítima pretensão de liderar o Partido de Amílcar Cabral, Braima Camará planeou minuciosamente a sua agenda política, estabelecendo alianças impulsionadoras dessa mesma pretensão, rejeitando compromissos e responsabilidades para os quais ainda não se sentia devidamente preparado e que não lhe auguravam o ambicionado sucesso, repudiando todas as tentativas do seu envolvimento no submundo da ilegalidade constitucional ou de violações dos princípios estatutários do seu Partido. E o mais impressionante foi o facto de ter conseguido fazer toda esta complexa trajectória política, sem provocar ódios nem crispações.
 
Perante a realidade objectiva do País em que se impõe privilegiar o diálogo franco, inclusivo, humilde e abrangente, para garantir uma governação tranquila, com base num clima de confiança mútua entre os diferentes grupos de interesses instalados e não adiar mais uma vez a Guiné-Bissau, é imperioso reconhecer que Braima Camará é o Homem Certo, o Lider ideal para lidar com as adversidades do momento.
 
Estou convicto de que paulatinamente, o cepticismo e as conclusões precipitadas que inicialmente envolviam a sua figura vão cedendo lugar ao pragmatismo e a uma visão mais realista do que realmente está em jogo. E por conseguinte, o reconhecimento das suas qualidades e faculdades para liderar um projecto tão ambicioso e numa conjuntura tão inóspita será uma questão de tempo, como ficou demonstrado nas últimas reuniões do Comité Central e do Bureau Político do PAIGC, em que foi aclamado por ovação.
 
Mesmo as acusações que lhe dão como “candidato dos militares”, ou ainda “menino bonito do General António Injai”, são salutares, porque demonstram a sua disponibilidade de conversar com toda a gente, desde que seja para encontrar soluções duradoiras para os problemas que preocupam a mente e o coração do nosso povo.
 
Neste momento a Guiné-Bissau não precisa de uma varinha mágica, ou seja, de alguém que sabe tudo e que faz tudo sozinho, mas sim de um Líder capaz de falar exaustivamente com toda a gente, juntar toda a gente e pôr toda a gente a trabalhar para arrumar a casa.
 
Nota de rodapé: Basta de demagogias! Basta de conversa fiada! Na nossa Guiné-Bissau, o sucesso de qualquer governação, está dependente do grau de entendimento entre as principais forças políticas, de um lado e entre estes e as Forças Armadas.
 
Lisboa, 17 de Janeiro de 2013
 
POERA DJÚ
 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Contingentes de Angola, Moçambique e Cabo Verde previstos para a Guiné-Bissau


1 . Mantêm-se tendências anteriores no sentido de uma evolução positiva da situação político-militar na Guiné-Bissau; são referenciadas na mesma virtualidades capazes de, no seu conjunto, conduzir a uma efectiva resolução da crise fomentada pelo golpe de Estado.

A confirmação de um estimado sucesso da intervenção militar da França no Mali, visando, como visa, formas de crime organizado como o tráfico de droga, também presente na Guiné-Bissau em proporções potenciadoras de ingerências políticas, poderá constituir um elemento acelerador da actual evolução.

Factos e expectativas demonstrativos da evolução positiva que a situação regista, deixando antever uma normalização próxima:

- CEDEAO e CPLP, superadas que foram discrepâncias notadas até há ca de 2 meses, partilham agora de uma visão comum dos problemas e cooperam para a sua resolução de forma descrita como profícua; o ambiente facilita o papel da ONU, União Africana e União Europeia no processo.

- União Africana e CEDEAO reunem-se dentro de dias, a alto nível (cimeira extraordinária/Conselho de Defesa e Segurança), para apreciar o relatório elaborado pela missão conjunta, internacional, que em Dez.2012 esteve no país, e traçar orientações para um plano (roteiro) de normalização políticoconstitucional da situação, a começar a aplicar imediatamente.

- A formação de um novo Governo de transição, com a participação do PAIGC, e o lançamento efectivo do processo de reforma do sector de Defesa e Segurança, são medidas de carácter prioritário a contemplar roteiro; o novo Governo manter-se-á em funções até à realização de novas eleições, para as quais será fixada uma data.

A coordenação política do processo de normalização da situação ficará agora repartida
pela ONU e União Africana. A escolha do novo representante da ONU, Ramos Horta, cuja chegada a Bissau é aguardada para Fev, também é considerada auspiciosa. O seu estatuto político é superior ao do seu antecessor e dispõe de maiores influências.

2 . O clima de apaziguamento interno alcançado por via de iniciativas de aproximação entre partidos e organizações entre os quais estalaram desavenças após o golpe de Estado, também se afirmou, criando condições para um acordo abrangente. O elemento precursor do novo clima foi a reabertura da Assembleia Nacional Popular.

Factos subsequentes de natureza convergente:

- O PAIGC subscreveu formalmente o pacto de transição – retocado e transferido para a alçada parlamentar; adiou o seu congresso, que já deveria ter ocorrido, mas em condições consideradas eventualmente geradoras de atrito interno.

- Kumba Yalá perdeu nitidamente protagonismo político, na esteira do seu imprevisto afastamento da liderança do PRS, em congresso; na conduta do actual líder do partido, Alberto Nambeia, bem como da direcção em geral, é notada uma linha de ruptura com Kumba Yalá.

O restabelecimento pleno da Assembleia Nacional contrariou a vontade de um grupo até então dotado de decisiva capacidade de manobra (militares e ala afecta a K Yalá do PRS), que pretendia a sua dissolução. Contou com um discreto beneplácito da CEDEAO, exercido já no quadro da sua nova postura; reaproximou PAIGC e PRS.

3 . O início do processo de reforma das FA será antecedido da instalação de uma nova força multinacional, militar/policial, sob tutela conjunta da ONU e União Africana. Integrará contingentes provenientes de novos países, como Angola, Moçambique e Cabo Verde, simultaneamente identificados com União Africana e CPLP., simultaneamente identificados com União Africana e CPLP. Nas últimas semanas foi notado um reforço do já de si preponderante papel da Nigéria no comité político da CEDEAO que acompanha o processo e na própria estrutura militar, ECOMIG, cujo comando foi transferido para o antigo QG de Bissau. Estão também a ser construídos novos quartéis, um dos quais junto ao dos Pára-Comandos.