quinta-feira, 12 de julho de 2012
Guiné-Bissau: Redes de narcotráfico mais ativas desde o golpe de Estado
As redes de narcotráfico presentes na Guiné-Bissau estão mais ativas e influentes no país desde o golpe de Estado de abril, alertou o representante do secretário-geral da ONU para a África Ocidental.
O representante especial Said Djinnit falava num "briefing" aos 15 membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação «precária» de segurança na África Ocidental, em que estiveram em foco os golpes de Estado no Mali e na Guiné-Bissau. «Há atividades crescentes e influência de redes de tráfico de droga na Guiné-Bissau, especialmente desde o recente golpe», disse o responsável da ONU.
Djinit apontou o caso guineense como exemplo do potencial do «flagelo do tráfico de droga e crime organizado para minar seriamente a governação e a segurança na região», se não for alvo de medidas prontas e eficazes. No seu anterior "briefing" ao Conselho de Segurança, em maio, o responsável da ONU tinha alertado para uma «nova vaga de desafios à governação e paz» na região, patente nos casos do Mali e Guiné-Bissau, sob ameaça do crime organizado e terrorismo. LUSA
Será que o fio aguenta?
Tudo indica que o governo de Rui Barros está pendurado por um fio, isto porque uma série de factores de ordem política, familiar e financeira se conjugam para isso.
Desde o início que a ala dura do PRS não está de acordo com a sua constituição, acusando Kumba Ialá e Sori Djaló de terem cedido e estarem mancomunados com Serifo Namadjo. Sabia-se que Rui Barros era um primeiro-ministro a prazo. Faustino Imbali tudo tem feito para jogar por fora, aproveitar a sua situação de ministro dos Negócios Estrangeiros e contar com o apoio da França por ele ser um pró-francófono.
Por outro lado, os cofres estão completamente vazios, sendo os militares os grandes responsáveis por isso, uma vez que não abandonam as instalações do Ministério das Finanças, de onde só saem quando recebem 300 milhões de CFA, dos 800 milhões que pedem de dois em dois dias, para supostamente comprarem alimentos para os soldados nos quartéis. Na realidade, esse dinheiro tem sido gasto na construção de grandes moradias da cúpula dirigente dos militares. O dinheiro prometido pela CEDEAO, não chega e o governo já se refere a eles como “grandes aldrabões” que “prometem e não cumprem”, deixando-os com “as trusses na mão”
Acresce, e não é menos importante, que a nível familiar as coisas estão a complicar-se dia-a-dia para Rui Barros. Desde o início que a sua mulher, pessoa séria, coerente e respeitada, filha do antigo combatente da liberdade da pátria, Bobo Keita, recentemente falecido, lhe fez um ultimato, chegando mesmo a pôr-lhe as malas à porta de casa e vivendo em situação efectiva de separação doméstica. Tudo se agravou nestes dias quando ela deu entrada com o processo de divórcio.
Esta foi a gota de água que fez Rui Barros ter apresentado por estes dias a sua demissão do governo, igualmente pressionado pela CEDEAO por não ter sido capaz de meter no governo dirigentes do PAIGC, facto determinante para esta organização que quer a toda a força criar uma imagem fictícia de “transição consensual”. Pasmalu
quarta-feira, 11 de julho de 2012
UNIOGBIS - Nota de imprensa
Após três semanas de consultas com diferentes actores nacionais sobre a actual situação política do país, o Representante Especial do Secretário-Geral (RESG), Joseph Mutaboba, disse existirem sinais de que os guineenses querem conversar entre eles de maneira franca para avançar e encontrar uma solução duradoura para os seus problemas.
«Lições aprendidas durante as consultas é que os Guineenses agora concordam que devem dizer a verdade um para o outro e isso é muito importante », disse o RESG e chefe do UNIOGBIS. Joseph Mutaboba precisou que « se todos os guineenses de todas as esferas pudessem reunir-se num pequeno grupo, não numa conferência nacional ou num diálogo nacional - projecto esse quase concluído como previsto com os nacionais e o Parlamento - mas um grupo de reflexão composto por todos os segmentos da população da Guiné-Bissau, automaticamente as Nações Unidas chegarão à conclusão que os guineenses realmente podem assumir o controle do seu futuro, dizer a verdade uns aos outros e a si mesmos a dizer que ‘lamentamos mais uma vez esta crise mas será o última’».
Já falando do objectivo dessas consultas, o RESG disse que até agora, a CEDEAO, União Africana, CPLP, União Europeia, ONU, etc ... foram ouvidas «mas os guineenses não têm exprimido a sua preocupação sobre o seu país e sobre as repetitivas crises que aconteceram neste país, o que deixa a entender que não têm nada para dizer e fazer qualquer recomendação.»
«Estamos prontos para apoiá-los como temos feito e estamos à espera do momento adequado para que isso seja feito e não vai demorar muito», afirmou Mutaboba. « Devemos dar-lhes esta oportunidade para serem capazes de olhar um para o outro e dizer a verdade, portanto, se eles têm algumas recomendações para fazer, devem ser considerados como referência para a CEDEAO, União Africana, CPLP, ONU, União Europeia... Sejam parceiros bilaterais ou multilaterais, isto é muito significativo», acrescentou.
Na sua resolução 2048 de 18 de Maio de 2012, após o golpe de Abril na Guiné-Bissau, o Conselho de Segurança sublinha a necessidade de todos os intervenientes nacionais e parceiros bilaterais e multilaterais internacionais da Guiné-Bissau para que continuam comprometidos com a restauração da ordem constitucional e, neste contexto, incentiva a CEDEAO a prosseguir os esforços de mediação que visam a restauração da ordem constitucional, em estreita coordenação com as Nações Unidas, União Africana e CPLP. ,Neste âmbito, Mutaboba e os parceiros internacionais têm mantido encontros regulares sobre a situação na Guiné-Bissau. De realçar que no dia 26 de Julho, o relatório do Secetário-Geral da ONU sobre a Guiné-Bissau é apresentado ao Conselho de Segurança.
Os restos mortais de Manuel Rambout Barcelos, falecido em Luanda, Angola, chegam amanhã a Lisboa. O corpo estará em câmara ardente, a partir das 14hrs, na igreja das Furnas, em São Domingos de Benfica. O féretro segue depois na próxima 6ª feira, pelas 10 hrs, para o cemitério de Camarate, onde será cremado. AAS
'Governo' de transição dá pensão sobrevivência à viúva de Amílcar Cabral
O 'governo' de transição da Guiné-Bissau decidiu hoje passar a atribuir uma pensão de sobrevivência à viúva de Amílcar Cabral, fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana, anunciou o porta-voz do executivo. Segundo Fernando Vaz, a decisão foi tomada numa reunião extraordinária do conselho de ministros, realizada hoje e que analisou, entre outros assuntos, a atribuição do montante mensal de cinco milhões de francos CFA (7.600 euros) a Ana Maria Cabral. "Este governo de transição encontrou uma situação inacreditável, ou seja, das 400 pessoas que recebem uma pensão de sobrevivência a família de Amílcar Cabral não gozava desse direito", disse Fernando Vaz, também 'ministro' da presidência do Conselho de Ministros. LUSA
Nem podia ser de outra maneira. Obrigado.
Paulo Portas, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal: "Guiné-Bissau deve ser representada pelas autoridades que derivam do voto"
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, afirmou hoje que a representação da Guiné-Bissau na cimeira de Maputo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) "deve ser assegurada pelas autoridades que derivam do voto popular".
À saída do conselho de ministros extraordinário da CPLP, em Lisboa, o ministro disse aos jornalistas que o país deve ser representado pelas autoridades eleitas "e não por quaisquer outras de natureza violenta pela forma como se instalaram no poder", referindo-se aos autores do golpe de Estado de 12 de abril.
O chefe da diplomacia portuguesa comunicou esta posição descrevendo-a como "de consenso" e "coerente com as posições de princípio" que têm vindo a ser assumidas pelo bloco lusófono em relação à situação política na Guiné-Bissau. "Deve haver tolerância zero quanto a alterações inconstitucionais da ordem democrática estabelecida", disse aos jornalistas.
Questionado sobre o facto de a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) estar em diálogo com o Governo de transição, no poder na sequência do golpe de Estado, Paulo Portas vincou que essa não é a posição da CPLP. Para o ministro português, a CPLP tem "outro olhar" sobre a situação na Guiné-Bissau, sobre a qual manifestou "uma linguagem nítida desde o primeiro dia". Essa posição foi sempre "de tolerância zero para golpes de estado e golpistas", sublinhou.
Na reunião de hoje, a Guiné-Bissau foi representada pelo ministro dos negócios estrangeiros deposto pelo golpe de Estado de 12 de abril, Djaló Pires. O ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de transição da Guiné-Bissau, Faustino Imbali, disse na terça-feira em Bissau que as atuais autoridades "têm toda legitimidade" para representar o país na cimeira de Maputo, depois de o primeiro-ministro deposto, Carlos Gomes Júnior, ter dito que deve ser ele a representar o país na reunião.
O golpe de Estado na Guiné-Bissau ocorreu a 12 de abril, na véspera do início da segunda volta da campanha eleitoral para as eleições presidenciais. Um Governo de transição, negociado entre o grupo de militares responsáveis pelo golpe (autointitulado Comando Militar) e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), foi nomeado e deverá promover a realização de eleições no prazo de um ano. No entanto, as autoridades de transição não são reconhecidas pela restante comunidade internacional. LUSA
terça-feira, 10 de julho de 2012
COMUNICADO DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS GUINEENSES
COMUNICADO DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS GUINEENSES
Reunidos no dia 07 de Julho do ano em curso, um grupo de Organizações Não-Governamentais (ONG) nacionais preocupadas com o evoluir da situação política, económica e social pós-golpe de Estado de 12 de Abril, e na observância de um funcionamento anormal das instituições da república, volvidos trinta dias do exercício de governação em regime de transição, constatou-se que o país tem sido encaminhado para uma situação de agravamento da segurança e na deterioração das precárias condições de acesso aos serviços e bens básicos para a garantia das necessidades. É nesta base que na continuidade dos posicionamentos anteriores, alertamos todos os atores nacionais e internacionais denunciando os perigos de agravamento e derrapagem irreversível da situação de conflito que se vive atualmente na Guiné-Bissau, baseado nos seguintes atos:
1. Violação do espaço e ameaça e à soberania nacional e das instituições da república: depois da utilização indevida da Assembleia Nacional Popular por parte do Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas no passado mês de Junho do ano em curso, agora foi a vez dos militares da CEDEAO, fortemente armados e com carros de combate, terem cercado e penetrado no interior da mesma edilidade, no dia 06/07/2012, quando ainda decorria uma sessão parlamentar, numa clara tentativa de ameaçar a liberdade de expressão. Esta atitude denuncia de uma forma inequívoca o caracter ocupacionista e da tentativa de implantação de um clima de medo no debate público dos problemas nacionais;
2. A manutenção de uma situação de Estado de exceção, com a limitação dos direitos cívicos dos cidadãos, concretamente, os direitos à livre manifestação: mulheres manifestantes foram impedidas de demonstrarem a sua insatisfação com a situação política que o país vive, depois de quase três meses do golpe de estado; Ainda se assiste a ameaças aos dirigentes políticos e civis que condenaram o golpe de estado e se recusam a reconhecer as autoridades impostas pelos militares com a cumplicidade da CEDEAO, ilegalmente;
3. Inércia e pouca vontade no cumprimento dos compromissos da transição: uma das principais metas acordada por todos os atores desta transição é a realização das eleições. Até à data nenhum passo objetivo e consequente foi dado neste sentido. Primeiro, relativamente ao recenseamento biométrico; até agora não se verificou nenhuma ação concreta com vista à produção da lei que enquadra este processo, concretamente a lei eleitoral e não houve nenhum agendamento de discussão da mesma em todos os plenários da ANP; não obstante isso, temos assistido a uma desenfreada corrida e partidarização da administração pública, através de nomeações semanais de diretores-gerais, sem critérios de rigor, contribuindo para a colocação de indivíduos sem mérito e sem competência e numa transgressão completa dos esforços da reforma no sector, introduzindo indivíduos sem nenhuma experiência e que nunca estiveram na administração pública;
4. Utilização indevida do erário público e ausência de fiscalização dos recursos naturais: vem-se constatando o recurso aos fundos públicos sem nenhuma provisão e sem seguir as normas de administração pública por parte de agentes não mandatados para o efeito, prática que demonstra uma clara violação dos cofres de Estado e sinónimo de corrupção; as tentativas diárias de levantamento abusivo de somas elevadas no Ministério das Finanças; tendo-se também deparado com uma ausência de atividades de fiscalização da nossa zona económica exclusiva de pesca, deixando os nossos recursos haliêuticos à mercê dos barcos estrangeiros e simultaneamente o favorecimento do narcotráfico;
5. Revisão pela negativa do crescimento da economia nacional, aumento da inflação, aumento de pobreza e do desemprego: o golpe de 12 de Abril teve um impacto forte na retração do crescimento para este ano projetado para 4,5% do PIB mas segundo o Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO) será de 2,8% devido a uma forte quebra na exportação de castanha de cajú, em cerca de 30 a 40% da produção nacional. Esta situação já está a ter impactos severos no que concerne à campanha agrícola e aumento do preço dos bens de primeira necessidade nas principais cidades do país. Por outro lado, tem-se registado perdas de emprego no sector dos serviços, em particular da hotelaria, turismo e construções, em que alguns empreendimentos estão a reduzir o seu pessoal para metade e outros já anunciaram o encerramento devido à falta de clientes;
Pelo que o grupo de ONG signatárias delibera:
a) Alertar todos os atores, às populações, a opinião pública em geral e a Comunidade Internacional, que os perigos da derrapagem continuam presentes e poderão agravar-se com consequências imprevisíveis, como o risco da fome;
b) Alerta e responsabiliza as autoridades de transição pelos riscos de conflito social, caso os militares não regressem de facto para os quarteis, caso a CEDEAO em vez de proteger os civis prefira ameaçar a soberania, caso a principal missão do governo transitório não seja cumprida, ou seja, a realização de eleições livres, democráticas e justas.
As ONGs signatárias:
- Ação para o Desenvolvimento (AD)
- Associação Guineense de Estudos e Alternativas (ALTERNAG)
- Confederação Camponesa KAFO
- Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH)
- TINIGUENA - Esta Terra é Nossa
Um bastonário...
O bastonário da Ordem dos Advogados guineense, Domingos Quadé, diz que apoia o golpe de Estado de 12 de abril passado, desde que o levantamento militar traga mais liberdade, fraternidade e democracia ao país. "Se o 12 de abril vem nesta senda, não tenham ilusões: o bastonário apoia. E, se não, obviamente que (o bastonário) não pode rever-se nisso, porquanto foi mais uma violência no país", referiu hoje à Lusa Domingos Quadé, repetindo o que já tinha dito na entrega de carteiras profissionais a novos advogados.
"Na verdade, nem sempre uma mudança violenta é absolutamente condenável, sobretudo quando nela é poupada ao máximo a vida humana, enquanto bem inalienável" defendeu, considerando que o importante é impedir que passado algum tempo (do golpe) as pessoas sintam falta do que lhes foi tirado por "força ilegal". O bastonário citou exemplo de golpes de Estado "que se celebrizaram no mundo", apontando a Revolução Francesa, a Revolução Soviética e, "culturalmente próxima" da Guiné-Bissau, a "Revolução dos Cravos", em Portugal.
Quadé lembrou que antes do golpe de Estado, que destituiu o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, e o Presidente interino, Raimundo Pereira, havia, na sua qualidade de bastonário da Ordem dos Advogados, dado dois pareceres públicos e que na altura, nos dias 10 de janeiro e 13 de fevereiro, alertou para possibilidade da ocorrência de situações "verdadeiramente sérias e cuja falta de observância poderiam trazer crispações da mais variada natureza para a sociedade" guineense. Quando se discutia se Carlos Gomes Júnior podia deixar a liderança do Governo para se candidatar à Presidência da República, o bastonário pronunciou-se contra tal possibilidade, alegando violação da Constituição.
"No dia 13 de fevereiro, o bastonário escreveu um parecer jurídico onde pronunciava violações graves aos sistemas constitucional e legal então positivados, com consequências imprevisíveis mas certamente violentadas, e foi simples e seriamente criticado em alguns círculos sociopolíticos", enfatizou Domingos Quadé. LUSA
Tudo estará bem...
O Chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau, general António Indjai, afirmou hoje que o processo da" transição vai muito bem" e acredita nos apoios dos países da África Ocidental para ajudarem os guineenses. O general Indjai fez estas observações em declarações aos jornalistas à margem de uma visita que hoje efetuou ao quartel de Cumeré, 35 quilómetros a norte de Bissau, onde estão estacionadas as tropas da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) que apoiam a transição na Guiné-Bissau.
"O país está melhor. Para os que querem sentir isso, agora para os que não querem saber, isso já é outra coisa. A transição vai muito bem. Penso que vamos até ao fim e vamos ter sucesso com o apoio dos nossos irmãos da CEDEAO", considerou António Indjai. LUSA
segunda-feira, 9 de julho de 2012
Militar afecto ao Estado-Maior em guerra por posse de terra
ASSOCIACAO DOS FILHOS E AMIGOS DE SALQUENHE (AFAS)
COMUNICADO DE IMPRENSA
A Direcção da Associação dos Filhos e Amigos de Salquenhe (AFAS) reuniu ontem de emergência em Bissau para analisar o conflito de posse de terra que opõe a população desta aldeia situada na região de Oio sector de Farim, e o Tenente Lona Sanha militar afecto ao Estado Maior General das Forças Armadas.
Tudo começou quando este oficial subalterno das forcas armadas ordenou a população local para que suspendessem de imediato o cultivo de bolanhas cujas posses por ocupação tradicional pertencem esta comunidade à mais de um século, alegando serem suas. Em consequência desta medida ilegal e abusiva, o processo agrícola de 63 bolanhas ficaram suspensas até a presente data provocando prejuízos incalculáveis a população local.
Inconformado com as atitudes deste militar a comunidade recorreu junto das autoridades policiais e o governo local para dirimir este diferendo tendo em consideração o inicio da campanha agrícola que se encontra já numa fase avançada.
Volvidos mais de um (1) mês de apresentação da queixa nem o comando sectorial muito menos o governo regional conseguiram resolver este problema devido a arrogância e prepotência do Tenente Lona Sanha que recusou sistematicamente os convites de comparência que lhe foram formulados.
Aliás, antes desta medida de confiscação das bolanhas pertencentes a população desta localidade, o Sr. Tenente Lona Sanha, mandou abater dezenas de plantações de Cibes nas referidas bolanhas para fins comerciais alegando ter sido mandatado pelo Chefe do Estado Maior das Forcas Armadas General Antonio Indjai.
Por conseguinte, face a manifesta incapacidade do governo regional em dirimir este problema limitando apenas a apelar a continuação da suspensão de todos os trabalhos agrícolas, a Direcção Nacional da AFAS delibera os seguintes:
1. Condenar severamente as atitudes abusivas do Tenente Lona Sanhã que não hesitou aproveitar a situação vigente no país para atiçar um conflito étnico entre Balantas e Mandingas desta localidade os quais sempre viveram juntos pacificamente e em solidariedades mútuas.
2. Responsabilizar o Tenente Lona Sanha pelas consequências decorrentes dos seus actos irresponsáveis e oportunistas;
3. Alertar as autoridades nacionais sobre os perigos das suas inacções perante este acto de abuso de autoridade que poderá conduzir a um conflito com consequências incalculáveis.
Feito em Bissau aos 09 dias do mês de Julho 2012
A Direcção Nacional
domingo, 8 de julho de 2012
Carlos Gomes Jr., recebido efusivamente pelos guineenses em França
Foi num ambiente efusivo que decorreu na tarde de Sábado na região Parisiense o encontro da Diáspora Guineense com Carlos Gomes Júnior, Primeiro-Ministro deposto, Mamadú Djaló Pires, seu Ministro dos Negócios Estrangeiros e Iancuba Indjai, Secretário Executivo da Frenagolpe, a Frente Nacional Anti-Golpe.
Durante esse encontro, os participantes reiteraram a exigência da reposição da ordem constitucional, exigiram o regresso ao país dos titulares do poder político antes do golpe de Estado, teceram severas críticas ao posicionamento assumido pela CEDEAO e alertaram sobre a necessidade de uma reforma das forças armadas.
Este último aspecto foi designadamente sublinhado por Carlos Gomes Júnior que o considera de extrema importância. O chefe do governo deposto também não deixou de evocar as consequências negativas que o golpe a seu ver teve sobre a economia da Guiné-Bissau. No cômputo das críticas, a CEDEAO também não deixou de ser um alvo. Na óptica do Primeiro-Ministro deposto, a CEDEAO não pode ser o único organismo a resolver a crise na Guiné-Bissau, são necessários outros parceiros.
À saída do seu encontro com a Diáspora Guineense, Carlos Gomes Júnior não deixou igualmente de fazer um balanço da situação vigente no seu país, expressando preocupação quanto às possibilidades da Guiné-Bissau conseguir ultrapassar as suas dificuldades económicas. Ao referir-se, por outro lado, aos contactos que tem estabelecido a nível internacional, o Primeiro-Ministro deposto enunciou os motivos que o conduziram em particular até Paris. RFI/Liliana Henriques
sábado, 7 de julho de 2012
Regras para publicação de artigos de opinião no blog
Tenho recebido email's com reclamações dos leitores - e com inteira razão - sobre os textos demasiado longos que são enviados para publicação no blog. Eu mesmo pensei já nisso, um texto longo cansa, torna difícil se não mesmo desinteressante a sua leitura. Assim, a partir de agora, qualquer texto para publicação no Ditadura do Consenso não deverá exceder os 3000 caracteres.
Eu nunca fui adepto de textos que nunca mais acabam, daqueles que levam uma eternidade para serem lidos - e compreendidos. O pedido de socorro que se segue, chegou-me há pouco e reza assim:
"Caro amigo António Aly Silva,
Eu, à semelhança de muitos guineenses e outros cidadãos do mundo, sou teu admirador e seguidor quotidiano do blog onde procuro sempre as últimas notícias da nossa querida Pátria. Mas confesso que ultimamente tenho estado um pouco aborrecido por algumas postagens de textos interessantes mas demasiado longos, o que torna o interessante em desinteressante. Razão pela qual quero pedir, se possível, que te dirijas aos que te escrevem porque tempo é dinheiro e é seguro que ninguém tem tempo, creio eu, para ler demasiadas páginas?
Acho que devemos de respeitar o teu tempo de VOLUNTARIADO já que estou seguro de que antes de postar qualquer artigo costumas passar tudo a pente fino, o que deve ser aborrecido quando o artigo é demasiado extenso.
Obrigado amigo e que Deus te ajude e abencoe junto de todos aqueles que te são queridos. Deste amigo de todos amigos da nossa querida Guiné-Bissau. Que haja paz duradoira para que cada um de nós possa dar o seu contributo para o desnvolvimento da nossa Bonita e rica Guiné-Bissau!
Desde Espanha, Mantenhas do
Eng.º Maboba!"
MARCHA DA LIBERDADE? É PARA JÁ!...
Com a criação da Organização das Nações Unidas, o direito à liberdade de expressão passou a ser compreendido como base para a consolidação dos regimes democráticos e a efectivação de outros direitos humanos e liberdades fundamentais. Desde então, o direito à liberdade de expressão é garantido por padrões e tratados internacionais e reconhecido por diversos países (inclusive a Guiné-Bissau), nas suas legislações.
Contrariando a constituição, este bem precioso, (liberdade) é ignorado, desrespeitado e constantemente violado no nosso país.
Nas cidades, nas tabancas, nas rádios e imprensas os cidadãos têm medo de denunciar crimes, de manifestarem os seus descontentamentos. Muitos lutam na clandestinidade e no anonimato com medo de represálias. Os que enfrentam esse medo, muitas vezes, sacrificam a própria vida.
As acções brutais dos militares fazem parte de uma estratégia bem pensada. Eles estão a serviço da corrupção e da repressão. A intenção dos golpistas é causar um caos permanente, de modo que as pessoas fiquem com medo e permaneçam em casa. Essa é a única maneira de poderem manter seu poder. Mas, uma coisa é certa: A população não se intimidará com ameaças e repressões...!
Caros irmãos, não devemos assistir calados, em pleno século XXI, quase 40 anos após a nossa independência, os direitos fundamentais de Liberdade de Expressão e de Liberdade de Reunião, ainda a serem violados na Guiné-Bissau! Não vamos esperar até que palavras como (saúde, educação e ambiente) sejam também ignoradas e proibidas! Sem a liberdade não pode haver democracia!
COMO FORMA DE LUTA, DE EXERCÍCIO DE CIDADANIA, FICA AQUI, MAIS DO QUE UM ALERTA, UM PEDIDO EM NOME DO POVO, AOS DIVERSOS SEGMENTOS DA SOCIEDADE GUINEENSE EM PARTICULAR À FRENAGOLPE PARA QUE SE REÚNAM E ORGANIZAM UMA MARCHA NACIONAL DA LIBERDADE! A MARCHA DA LIBERDADE, NÃO APOIA QUALQUER CAUSA ALÉM DA LIBERDADE DE TODOS DE SE EXPRESSAREM E SE REUNIREM EM NOME DAQUILO QUE ACREDITAM SER JUSTO.
CAROS COMPATRIOTAS DEFENSORES DAS MAIS DIVERSAS CAUSAS (PRESERVAÇÃO AMBIENTAL, DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS, DO COMBATE À DROGA, À IMPUNIDADE, À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, À DEFESA DOS ANIMAIS etc...), VÍTIMAS DAS MAIS DIFERENTES INJUSTIÇAS, PESSOAS DE TODAS AS CORES, CRENÇAS E BANDEIRAS, LIGAS, SINDICATOS DE TRABALHADORES, ASSOCIAÇÕES, ONGS, E PARTIDOS POLÍTICOS:
o VAMOS UNIR AS NOSSAS FORÇAS, SAIRMOS A RUA E REIVINDICARMOS OS NOSSOS DIREITOS PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO E REUNIÃO, DE FORMA PACÍFICA!
o VAMOS DIZER NÃO A OPRESSÃO, A VIOLÊNCIA POLICIAL/MILITAR, E AO AUTORITARISMO!
o VAMOS LUTAR PARA QUE A MARCHA DA LIBERDADE NASÇA DO POVO COMO UM TODO E QUE ACONTEÇA SIMULTANEAMENTE EM TODAS AS CIDADES DO PAÍS!
o VAMOS COLORIR AS NOSSAS AVENIDAS DE BANDEIRAS BRANCAS!
o VAMOS MARCHAR AO SOM DOS TAMBORES E PORQUE NÃO AO RITMO DO NOSSO GUMBÉ!
o VAMOS MOSTRAR AO MUNDO A NOSSA INDIGNAÇÃO!
A liberdade de expressão está comumente associada à busca da verdade, à auto-expressão individual, ao bom funcionamento da democracia e a um equilíbrio entre estabilidade e mudança social. Ela não é necessária apenas para que os cidadãos exerçam as suas capacidades morais de ter um senso de justiça e defender uma concepção do bem. Combinada aos procedimentos políticos estabelecidos constitucionalmente, a livre expressão de ideias aparece como uma alternativa à revolução e ao uso da força, que ameaçam sobremaneira as nossas liberdades básicas.
Esta luta é nossa...
Vamos continuar a lutar!
O. Silva"
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