quarta-feira, 30 de maio de 2012

De irmã para irmão



"Olá querido irmão, 
 
Analisa e veja se dá para publicar no teu Blog. Agradeceria tanto....
 
Estou a tentar resistir há muito tempo, mas não consigo.
 
Gostaria que me permitissem reagir a respeito das acusações que estão a decorrer sobre o jornalista Aly Silva (felizmente pela minoria e não pelo povo na sua maioria).
Eu não conheço o Aly pessoalmente, mas sou um dos seguidores do Blog dele, assim como de muitos outros Blogs  onde se tratam dos assuntos da Guiné-Bissau.
 
Li umas críticas no Blog de um irmão sobre o jornalista Aly que me deixou um pouco triste. Vejamos, em resumo:
1- que o Aly defende o P.M. DO POVO, digo o PM do povo guineense, porque mal ou bem, foi eleito pelo povo e não através de abusos de armas, Carlos Gomes jr.
2- que o Aly “vendeu a sua alma” ou seja corrompeu-se.
3- que anteriormente  criticava tanto o Primeiro Ministro e que agora de repente mudou de rumo, porque teria recebido algo dele (do PM) etc etc
 
Se eu estiver errada por favor corrija-me, Aly.
 
Pelo que eu percebi, ele não disse que deram golpe a um regime perfeito ou a uma pessoa perfeita, mas sim que deram golpe a vontade do povo, a uma pessoa escolhida pelo povo.
Ele nunca chegou a dizer que Cadogo é inocente ou não (ultimamente), mas pediu para respeitar a vontade do povo.
O Aly é contra o golpe de Estado, assim como a maioria, porque uma das consequências de um golpe é fazer um país voltar radicalmente pra trás e ser isolado no mundo (enquanto dependemos economicamente do "mundo").
 
SERÁ QUE TODOS AQUELES QUE ESTÃO CONTRA OS GOLPES E A FAVOR DAQUELES QUE FORAM ELEITOS PELO POVO, ESTÃO AUTOMATICAMENTE A FAVOR DO REGIME OU DOS DIRIGENTES ELEITOS?! EU ACHO QUE NÃO. ELES RESPEITAM SIMPLESMENTE A VONTADE DO POVO. ISSO CHAMA-SE DEMOCRACIA! RESPEITAM A VONTADE DO POVO E COFIAM NO POVO.
Um povo inteiro, ou seja quase inteiro, não se engana facilmente.
 
Sabe-se lá, pode até ser que o Aly não compartilhe essa escolha popular, mas respeita a democracia.
Eu creio que o Aly nunca ia pôr a sua personalidade e/ou o seu prestigio conquistado honestamente em causa, defendendo uma causa injusta.
Não tenho a mínima ideia se ele teria recebido algo do Cadogo ou não, mas uma coisa está certa para mim: ele nunca ia/vai defender uma pessoa que o povo inteiro ou a maioria do povo rejeita
 
Não existe praticamente na Guiné nenhum alto politico, alto dirigente do governo ou alto militar inocente!!! Ou é corrupto ou é corrupto e assassino. Até aqueles que andam a “pregar” diariamente já chegaram de se meter em casos ilícitos duma forma desfarçada ou não.
 
Já agora, infelizmente, temos de escolher aquele que pelo menos está a tentar levar a nossa terra para frente, que é o caso do Cadogo. Ele é o único  PM, depois da era de Luis Cabral que começou a dar uns passos certos no desenvolvimento da Guiné, não quero dizer com isso que ele é um santo. Ele não é. Mas ao lado da sua imperfeição e de um ou outro crime o qual ele deve estar metido, tenta pelo menos esforçar no desenvolvimento do nosso país. Também queremos um país um pouco ordenado com diversas possibilidades de desenvolvimento assim como outros. Queremos ter orgulho daquilo que é nosso.
  
Há muitos guineenses capacitados, mas não são permitidos a exercitar os seus sonhos. Então, POR ENQUANTO não temos muitas escolhas. continuaremos a lutar duma forma pacifica até encontrar um melhor homem para dirigir o nosso país. Vamo-nos unir, todos nós que queremos o bem desse povo (o nosso próprio bem). A união faz a força. Vamos tentar eliminar o espirito da divisão para que o desenvolvimento do nosso país não seja constantemente interrompido com golpes. Não dar razão aos golpistas, muitas das vezes pensam só no próprio interesse, interrompendo constantemente duma forma brusca o nosso bem estar, que é o desenvolvimento do nosso país e tentam enganar-nos que fazem tudo por nós. Caso for assim, então não haveria golpe contra a vontade do povo.
 
Os ministros que até agora tivemos, não fizeram nada para o povo. Eu acho que muita gente não está bem informada das obras que o Cadogo já estava para iniciar, pondo de parte as suas debilidades. 
Os inimigos do Senegal, da Nigéria, da Costa do Marfim e do Burkina-Faso estavam bem informados sobre isso.
 
Também não devemos esquecer isso: devemos evitar sobretudo daquele que vai morando pelos países árabes e que volta só para complicar o nosso bem estar e regressar de novo para o seu "paraiso".
Como é possível participar na política de um país estando voluntariamente a viver num outro?! Esse aí não tem contacto com o povo, não sabe nada da necessidade do povo.
 
Analisando tudo isso podemos chegar a conclusão que o Aly tem toda a razão naquilo que escreve.
 
Ao fim ao cabo todos nós queremos o bem estar desse país. Algumas estão bem informadas e outras menos, para poder perceber o que se passa na realidade.
Vamos analisar as coisas bem e deixar de tirar conclusões precipitadas!
 
Saudações fraternais de uma irmã que está dentro do assunto"

Ex-Presidente da Libéria, Charles Taylor, passará os próximos 50 anos na cadeia. O Juiz que leu a sentença descreveu os crimes como “os mais abomináveis” na história da humanidade. AAS

terça-feira, 29 de maio de 2012

Guerra é Guerra: Os guineenses (entre estes, um filho...ilegítimo) que vivem no estrangeiro e dizem apoiar o golpe, ou os militares e políticos que o promoveram, deviam regressar ou serem obrigados a regressar à Guiné-Bissau...e que sejam céleres na partida!!! Andam a mamar na teta dos brancos e a comer bacalhau, e ainda dizem mal deles... Palhaços! AAS

EXCLUSIVO DC - Adiato Nandigna, ministra da Presidência do Conselho de Ministros do Governo legal da Guiné-Bissau, acaba de abandonar a embaixada da China e está na sua residência. AAS

Assim, a força de ocupação colonialista da CEDEAO terá o que merece... AAS

O DUELO MACKY-DOS SANTOS = Leiam, e tirem as vossas conclusões...



O interesse deste artigo merece a sua divulgação neste blog. Entre linhas ha muita coisa ai contada, incluindo... os obscuros interesses do Senegal na Guiné-Bissau. O cronista é dos mais renomados jornalistas, e comentador politico do Senegal e da sub-região. Bem relacionado, conhece os bastidores e os poderes do poder.

Fonte : (Sud Quotidien 25/05/2012)

O DUELO MACKY-DOS SANTOS

Análise – Por trás das manobras diplomáticas e do baile dos contingentes militares, a Guiné-Bissau torna-se, cada dia mais, um campo de colisão inevitável entre os interesses nevrálgicos do Senegal de um lado e os designios estratégicos de Angola, do outro lado. O duplo protagonismo da Comunidade dos Estados de Desenvolvimento da Africa Ocidental (CEDEAO) e da Comunidade dos Paises de Lingua Portuguesa (CPLP), desembocara inevitavelmente num choque frontal entre Dakar e Luanda. Duas capitais cujas intenções relativamente à Guiné-Bissau ultrapassam os planos de saidas de crise oficialmente tornados publicos e as resoluções publicamente votadas.

Os preparativos da batalha diplomatica falam por si. Os ganhos para o Senegal, na cimeira da CEDEAO, tido em Dakar, o dia 3 de maio, foram contrabalançados pelos ganhos obtidos pela posição Angolana e os paises da CPLP, perante o Conselho de Seguranca das Nações Unidas, que votou, no 18 de maio a resolucao 2048. Mesmo assim, o Senegal ganhou a primeira parte da disputa através do plano de saida de crise da CEDEAO, que crucificou as autoridades derrubadas pelo Golpe de Estado do dia 12 de abril, excluindo assim a restauração do poder legitimo.

Face a esse cenario de disputa, instaurou-se uma corrida contra o tempo. Un novo Primeiro Ministro de Transição apoiado pelos Chefes de Estado da Africa Ocidental, foi designado na pessoa de Rui Duarte de BARROS, ex-Ministro das Financas do antigo presidente Kumba YALLA, derrubado num golpe e Estado en setembro 2003. O novo Chefe do Governo tem por Ministro dos Negocios Estrangeiros, o pro-francofono Faustino EMBALI (refugiado em Dakar, depois do assassinato de Nino Vieira). E como cereja em cima do suculento bolo servido a Macky SALL, (un contingente militar senegales constituido por unidade de engenharia militar, uma importante equipa médica e de Oficiais de contra-inteligência), serão enviados para Bissau, sob a bandeira das forças africanas da CEDEAO.

Sem se dar conta e na maior das calmas, Macky Sall reedita, sorateiramente a Operação Gabu. As tropas senegalesas chegaram em Bissau sem combater, nem ser combatido. Estrategicamente, o Movimento das Forcas Democraticas da Casamance (MFDC) vão ser cercadas - feitas sandwich- por oficias de seguranca em actividades no territorio da Guinée-Bissau e por tropas de elite senegales em operacoes permanente na região de Ziguinchor.

Se os frequentes golpes na Guinée-Bissau são visto a justo titulo como inercia da Comunidade Internacional, este do General Antonio Injai, representa indubitavelmente um valor acrescentado para a seguranca da Casamanca.

Dai se explica o jogo individual do Senegal bem encapotado no processo colectivo de saida da crise da CEDEAO. Dito de outra forma, uma preocupação e intenção aparentemente dissimulada do Senegal, mas com a condescência do resto da restante comunidade. Posição contraria é firmemente assumida contra os golpistas do Mali.

A subtil legitimação do Golpe, assim como a habilidosa aceitação do empossamento dos novos orgãos de transição, colocarão Eduardo Dos Santos, numa má postura ? Seguramente que, a resposta é não. Apoiado na CPLP, onde o seu pais assume a Presidência en exercicio, Angola contra atacou, provocando no dia 7 maio, seja quatro dias depois, uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, no decurso da qual, o Representante Especial do Secretario Geral das Nações Unidas para Consolidação da Paz na Bissau (UNOGBIS), o Rwandês Joseph Mutaboba apresentou um relatorio sucinto dos acontecimentos.

O peso dos paises lusofonos contou muito - nomeadamente o do Brasil -, os membros do Conselho de Seguranca (entre os quais figura o Togo, portanto ligado pelas decisões da CEDEAO) votaram unanimamente, a famosa resolução 2048 que diz o seguinte : « O Conselho de Segurança solicita aos Estados membros da ONU no sentido de tomarem todas as medidas necessarias para impedir a entrada e passagem nos seus territorios dos cinco reponsaveis do Comando Militar, entre os quais o Chefe de Estado Maior, Antonio Injai e o seu adjunto o General Mamadu Nkrumah Ture »

Propostado por Portugal, a resolução 2048 vai ao encontro das decisões da CEDEAO sobre a Guiné-Bissau e, em termos firmes : « Os 15 Estados membros do Conselho ordenam o Comando Militar a deixar o poder a fim de permitir o regresso à ordem constitucional ». Sempre dirigido por Portugal e Angola, o Conselho de Segurança preconisa o envio duma forca hibrida ONU-OU sob o modelo daquela enviada para o Darfou. Aqui esta uma prova da habilidade diplomatica que permiterá a Angola manter a sua missao militar (Missang) na Guiné-Bissau sob a bandeira da CPLP et com o aval das NU. Assim as tropas Angolanas, perto da Casamanca não será já através de um acordo bilateral, assinada entre Bissau e Luanda ; mas por uma decisão sob os auspicios das Nações Unidas, ou seja multilateral. Manobras subtis, como só bem sabem fazer os diplomatas.

Mesmo se o Secretario Geral das NU, Ban Ki-Moon, descarta de momento, o envio duma tal forca, o alerta esta esta lançado e serve de aviso para o Senegal. O Representante de Portugal nas NU, o Embaixador Filipe Morais Cabral, fez uma leitura exaustiva da resolucao 2048 : “Essa resolução monstra a imperiosa necessidade de uma coordenação eficaz entre as diferentes organizações internacionais implicadas na resolução dos problemas da Guiné-Bissau A nossa posição é invariável. A solução para a crise passa pelo restabelecimento das instituições democraticamente eleitas e o regresso à ordem constitucional ». Isso demostra que Lisboa quer o regresso dos seus protegidos Raimundo Pereira e Carlos Gomes Junior, homens de confiança de Angola.

Na verdade, a vontade de Angola de fortelecer a sua posição na Guiné-Bissau permanece intacta tanto militarmente como economicamente. Luanda comprou um hotel em Bissau para alojar os seus oficiais da MISSANG, esperando a refecção e a construção de novas casernas. No meio do mês de abril, o Ministro da Defesa, o General Van Dunem viajou para Bissau. No capitulo politico, os Angolanos exploraram bem as falhas e fisuras no bloco pouco compacto da CEDEAO, e desencadearam uma operação de charme para obterem o apoio do Presidente Alfa Conde da Guiné Conakry que, recebeu calorosamente, no dia 16 de maio, o Secretario de Estado dos Negocios Estrangeiros, Rui Manguerra, portador de uma mensagem pessoal de Eduardo Dos Santos.

Ofensiva bem alvejada e positivamente conseguida, quando se sabe que, Conakry e Praia foram intransigente no que toca ao regresso à ordem constitucional, sinonimo do regresso ao poder de Raimundo Pereira e de Carlos Gomes Jr.

Efectivamente, na cimeira de Abidjan do dia 26 de abril, o huis clos dos Chefes dos Estados foi marcado pela clivagem, onde o Presidente Alfa Conde e Jorge Carlos Fonseca, excluiram quaisquer tipos de concessões ou compreensões vis-a-vis aos autores do golpe de Estado e dos civis que estavam a apoiar os golpistas que fizeram interroper o curso do processo eleitoral, entre as duas voltas das eleições presidenciais. Vitima duma recem tentativa de golpe de Estado, o Presidente Conde manteve-se firme na sua posição mesmo se não esteve presente na reunião de Dakar, sendo ele proprio o facilitador da CEDEAO na crise da Guine. Militante da Federacao dos Estudantes da Africa Negra em Franca, o Chefe de Estado da Guinée-Conakry, mostra abertamente as suas afinidades ideologicas com o MPLA no poder em Angola. Numa palavra, isso quer dizer, que Angola tem mais do que um cavalo de Troia na CEDEAO.

O duelo Macky-Dos Santos será duro na Guiné-Bissau (fronteira da Casamance), onde Macky Sall joga o destino unitário do seu pais ; e, Eduardo Dos Santos, por seu turno, tenta confortar os interesses duma potencia da Africa Austral (Angola) com objectivos expansionista na zona. O confronto está à vista, mas será que os protagonistas têm armas iguais nesse confronto ? Ao Senegal não faltam vantagens (proximidade e motivações), mas melhor ganharia a seguir prospectivamente esse pais tão perto, mas muito complicado, mobilizando equipas de «seguimento»... e de trabalho sobre esse seu vizinho que se dedica à anarquia politico-militar como principio. Do lado dos Negocios Estrangeiros, capacidades não faltam, tais como, Sua Exca Omar Benkhtab Sokhna, o inamovivel Embaixador do Senegal em Bissau durante os anos 90. E, a este titulo obreiro da vertente diplomatica da operação Gabu decidido pelo presidente Abdou Diouf. As suas notas e testemunhos podem inspirar e orientar as melhores decisões do Governo.

Quanto à Angola – mesmo diplomaticamente pressionado e militarmente em retirada - ela nao vai deixar as coisas ir por àgua abaixo. Angola dispõem em Bissau de laços e redes locais capazes de ajudar rasgar (sabotear) o mapa de saida de crise da CEDEAO. Uma margem de manobra herdada não apenas duma colonização em comum, mais também de uma camaradagem baseada numa osmose politica entre os quadros do MPLA e do PAIGC. Recorde-se que, os dirigentes do nacionalismo Angolano tais como Lucio Lara, Luis de Almeida e o escritor Mario de Andrade davam aulas ou animavam regularmente seminarios na Escola dos quadros doPAIGC baseado na época na Guiné-Conakry. Por outro lado, até ao derrube do Presidente Luis Cabral, en novembro 1980, o Angolano Mario de Andrade, era Ministro da Cultura na Guine-Bissau. Junta-se a todos esses factos uma fraternidade de armas concretisada pelo engajamento em solo Angolano de uma unidade militar da Guiné-Bissau (ao lado dos cubanos) durante a guerra entre MPLA contra UNITA e o FNLA.

Em outros termos, o Presidente Macky Sall tem pela frente um adversario consistente e coréaceo, na pessoa de Jose Eduardo Dos Santos. Esta na poder desde 1979, (substituindo Agostinho Neto),o mestre de Angola é o mais enigmatico Chefe de Estado do continente africano. Rico com os seus barris de petroleo, mestre na arte do poker geopolitico e dotado de reflexos bismarquanos, Dos Santos, derrubou o diabo de Savimbi. Fora das fronteiras de Angola, ele acabou com a guerra entre Sasson Nguesso e Pascal Lissouba em Brazzaville, salvou a cadeira do poder de Kabila pai em Kinshasa e livrou a RDC, de uma eminente colonização rwandesa en 1998. Em 2008, Angola estendeu a sua influência até à Costa do Marfim apoiando Laurent GBAGBO onde a Sociedade de Estado dos Petroleos, SONANGO detinha 22% das acções da principal rafinaria de Abidjan.

Entretantto, sufocado pela a sua memoria, o lider da MPLA nunca esqueceu do apoio sem reservas do Presidente Senghor ao Chefe da UNITA, Jonas Savimbi. Mesmo com o fecho do Escritorio da UNITA em Dakar, e um encontro na Ilha de Sal (Cabo Verde) com Abdou Diouf, en 1981, Eduardo Dos Santos nunca visitou o Senegal, em 33 anos de poder. Isso e uma prova bastante do barômetro da sua posição.

Isso quer dizer, que a vigilancia deve impor-se a partir de agora em torno da Casamanca. Porque é um jogo de crianças para os serviços secretos angolanos bem organizado pelo General Fernando Garcia Miala - de iinstigar o PAIGC à insureição politica, preludio de uma guerra civil que seria uma benedicção para o MFDC proporcionando o reforço do seu separatismo armado. Um outro pais em sintonia com Dos Santos é Portugal que nunca perduou ao Senegal de ter aliciado/rebocado a sua ex-colonia para integrar a companhia aerea Air Afrique (agora extinta) e a zona do Franco CFA, através a sua adesão à UEMOA. Durante a intervenção dos Djambar's (forças especiais senegalesas) em Bissau, as movimentações de cariz militar de Lisboa foram excessivamente incômodos, a tal ponto que o Ministro senegalês dos Negocios Estrangeiros na altura, Jacques Baudim, fez convocar o Embaixador de Portugal à Dakar.

Curiosamente, no momento em que se esta se desenhar o duelo Macky-Dos Santos, o Governo, a classe politica senegalesa e os cidadãos debatem em torno de juridições a criar a fim de limpar as cavalariças d'Augias. Enfim, dificil de listar as prioridades numa densa floresta de prioridades…

PS: Os três paises africanos membros do Conselho de Seguranca das NU (Africa do Sul, Marrocos e Togo) votaram em favor da resolução inspirida por Angola e propostada por Portugal que vai em contracorrente às decisões da CEDEAO. Dificuldades à vista para Alioune Badara CISSE.


Tradução > Babacar Justin NDIAYE

Publié le 25/05/2012 (Sud Quotidien 25/05/2012)| 01H37 GMT par Babacar Justin NDIAYE

Força africana já está instalada na Guiné-Bissau



Uma força de militares e polícias que os países da África Ocidental enviaram para a Guiné-Bissau, na sequência do golpe de Estado de Abril, instalou-se no campo de Cumeré, 35 quilómetros a norte da capital. O desembarque de cerca de 600 elementos, maioritariamente nigerianos e senegaleses, foi concluído no domingo. “Os nossos efectivos estão instalados”, confirmou à AFP um responsável da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental).

O passo seguinte, que terá começado ainda nesta terça-feira, é a saída do país da Missang, missão militar angolana, que esteve no último ano na Guiné. “Pode demorar quatro a cinco dias”, declarou Ansumane Ceesay, representante da CEDEAO em Bissau. Os militares que afastaram o primeiro-ministro e vencedor da primeira volta das eleições presidenciais, Gomes Júnior, e o Presidente interino, Raimundo Pereira, justificaram o golpe com um alegado acordo entre o chefe do Governo e Angola para aniquilamento das forças armadas da Guiné. O efectivo angolano, objecto de informações contraditórias, foi quantificado entre duas centenas e as seis centenas de militares.

Após o golpe, por acordo entre a CEDEAO, golpistas e partidos da oposição foram nomeados um Presidente, Serifo Nhamadjo, e um designado Governo de transição. O PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), principal força política do país, liderado por Júnior, e a generalidade das organizações internacionais reclamam o regresso do Governo constitucional. Um ex-chefe das Forças Armadas, Zamora Induta, um ministro e o presidente da comissão eleitoral, que estavam refugiados nas instalações da União Europeia em Bissau e, no fim-de-semana, saíram para a Gâmbia.

Alguns livros que me vão ocupar em Bissau. Se lessem, não fariam golpes...



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Presidente BAD > "Nestas circunstâncias o nosso apoio não terá sucesso"



O presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Donald Kaberuka, justificou hoje a suspensão das operações da instituição na Guiné-Bissau com a impossibilidade de sucesso no apoio concedido ao país, nas atuais circunstâncias. O BAD suspendeu a atividade na Guiné-Bissau, na sequência do golpe militar de abril passado, que provocou o derrube do Governo eleito e o cancelamento da segunda volta das eleições presidenciais.

"Suspendemos o nosso apoio na Guiné-Bissau porque não estamos convencidos que, nestas circunstâncias, o nosso apoio possa ter sucesso", disse Kaberuka, respondendo a uma pergunta da agência Lusa sobre o atual estado das relações do BAD com aquele país lusófono. LUSA

E o editor do Ditadura do Consenso, também não fala com falhados...





Quando chegarem perto, ainda que bem longe, a gente fala...


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E Portugal faz muito bem...



O ministro dos Negócios Estrangeiros português recusou hoje comentar as declarações do porta-voz do Comando Militar que tomou o poder na Guiné- Bissau , que na semana passada acusou Paulo Portas de fazer "declarações levianas" sobre o país. "Portugal não entra em controvérsia com autoridades que não reconhece. A resposta é esta", disse Paulo Portas, que falava aos jornalistas à margem da inauguração das novas instalações da Embaixada de São Tomé e Príncipe em Lisboa.

Daba Na Walna, porta-voz do Comando Militar que tomou o poder no dia 12 de abril na Guiné-Bissau, disse "que fique bem claro, ele [Paulo Portas] está a servir o café da manhã e o jantar à noite a quem é o maior responsável pelo tráfico de droga", disse Daba Na Walna, em conferência de imprensa, respondendo a Paulo Portas, que tinha apontado a questão do narcotráfico como um dos pontos-chave do golpe de Estado de 12 de abril.

Na sequência do golpe, foi nomeado com o apoio da Comunidade Económica de Estados das África Ocidental (CEDEAO), um Governo de transição que deverá promover a realização de eleições no prazo de um ano, mas que não é reconhecido pela restante comunidade internacional, nomeadamente pelos países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. LUSA

O que hoje é verdade, amanhã é...


O processo do assassínio do ex-chefe das Forças Armadas da Guiné-Bissau Tagmé Na Waie está concluído e pronto para julgamento e o do antigo Presidente Nino Vieira em fase de conclusão, disse hoje o procurador-geral da República.

Edmundo Mendes disse numa conferência de imprensa em Bissau que a investigação do processo sobre a morte de Nino Vieira (assassinado horas depois do atentado à bomba contra Tagmé Na Waie, em março de 2009) "está numa fase irreversível de quase 90 por cento". O procurador-geral da República, que não prestou mais informações sobre os dois processos, reagia ao mais recente relatório da Amnistia Internacional, que sobre a Guiné-Bissau diz ter havido falta de progresso nas investigações dos assassínios de personalidades políticas e militares em 2009. LUSA

Artur Sanha 1 - Kumba Yala 0



Chegar ao poder pela força (das armas, ou outra) na Guiné-Bissau dá sempre resultados. Depois das ameaças veladas feitas por Artur Sanhá ao seu dono, Kumba Yala...este será o novo 'presidente' da Câmara Municipal de Bissau, e Marciano Indi, do PRID, será o 'vice-presidente'. Os dois tomarão 'posse' amanhã...

Assim, a nova República da (CEDEAO, PRS, Comando Militar) lá se vai consolidando. Talvez peçam a independência da verdadeira República da Guiné-Bissau... AAS
 
 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

INTERVENÇÃO MILITAR NA GUINÉ-BISSAU? SIM, MAS POR QUEM?



Afinal, quase dois meses depois do golpe militar na Guiné-Bissau, onde estamos? Os golpistas continuam no poder, os líderes eleitos estão refugiados em embaixadas na capital do país ou no estrangeiro, as organizações internacionais não se entendem, todos ameaçam, mas ninguém quer intervir decisivamente.

Por: Miguel Machado


Neste tempo, Portugal e algumas organizações internacionais, das Nações Unidas (ONU) à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), passando pela União Europeia (UE) e pela Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), condenaram o golpe e, em patamares de violência verbal variáveis, ameaçaram o novo poder local. Resultado? Mais uma vez se prova que a retórica politica quando não é suportada por força militar credível…cai no ridículo.

Do inicial tom ameaçador do Ministro dos Negócios Estrangeiros português, à tomada de posse do Coronel-Maior Gnimanga Baro do Burkina Faso como comandante da força multinacional da CEDEAO para intervenção na Guiné - com 1 batalhão de 600 militares para quê? Ocupar um bairro de Bissau? - vimos de tudo. Em Portugal, após a precipitação inicial parece que a realidade foi percebida e o tom baixou. Centramo-nos, e bem, na eventual retirada dos nossos compatriotas, embora com uma politica de comunicação algo confusa, senão perigosa.

As Nações Unidas pedem dinheiro para uma eventual força, a União Europeia fica-se por sansões de duvidosa eficácia e a CEDEAO parece afinal pactuar com a revolta (sempre sai mais barato e é menos arriscado!).

Mas quem poderia afinal intervir na Guiné-Bissau? Admitindo que se conseguia algum consenso político regional - o que até agora não aconteceu - e que se queria realmente estabilizar a Guiné-Bissau, quem tem essa capacidade?
Se o objectivo fosse lançar rapidamente uma operação com probabilidade elevada de sucesso, ou seja, “entrar em força para ganhar” (tipo NATO na Bósnia em 1996/60.000 militares ou a INTERFET em Timor-Leste em 1999/11.500 militares), só os países da NATO e/ou da União Europeia têm essa capacidade. As Nações Unidas, como é sabido (ou devia ser) só em condições muito especiais aceleram os seus intrincados mecanismos de decisão.

Talvez poucos hoje se lembrem, mas em 2006 a Aliança Atlântica realizou o exercício “Stead Fast Jaguar” (SFJ) em Cabo Verde. Bem perto da Guiné-Bissau portanto, para fazer a “validação final” da sua Força de Reacção Imediata, a célebre NRF que nunca actuou mas está em permanente alerta deste então. Forças portuguesas estão ciclicamente incluídas nestas NRF’s o que aliás custa bom dinheiro.

Nesse SFJ em 2006 mais de 7.000 militares, navios e aeronaves de todo o tipo, realizaram várias acções em diferentes ilhas, tendo desembarcado cerca de 2.500 militares e 600 veículos. Tudo isto com a cobertura mediática de dezenas de jornalistas levados para Cabo Verde em voos especiais da NATO.

Só falta, portanto, convencer a NATO a intervir, mas haverá capacidade para provar aos nossos aliados essa necessidade? Talvez se devesse ter começado por aí.

Este artigo foi originalmente publicado no “Diário de Notícias” em 28 de Maio de 2012.

Os fazedores de reis...




A crise político-militar da Guiné-Bissau despoletada pelo golpe de estado de 12 de abril último, veio mostrar aos guineenses de forma clara e inequívoca, qual a "consideração" e o sentimento de "respeito" que a CEDEAO, tem para com a Guiné-Bissau, ou seja: NENHUMA.

De um sentimento escamoteado de nos considerar à surdina, de um país membro de segunda categoria, a CEDEAO deixou cair a máscara ao assumir uma posição impensável e arbitrária considerarando o nosso país, não como País membro de pleno direito, mas sim, como um País-Tutorado pela CEDEAO. Essa concepção obtusa e desrespeitosa à nossa dignidade e orgulho de país soberano, advêm da «decisão» inqualificável e estúpida do desbocado Ministro dos Negócios da Nigéria, coadjuvado pelo seu homólogo pateta da Costa do Marfim, com o subterfúgio de «respeito» à Constituição guineense, de «nomear» nas nossas barbas, o Sr Manuel Serifo Nhamadjo, candidato de Blaise Campaoré ao cargo de «Presidente de Transição» da CEDEAO para a Guiné-Bissau.

Nos anais da história, ficará a aberração de um candidato, 3° classificado numa corrida eleitoral com 15% dos votos, ser guindado a «Presidente de uma República». Isto, nem numa república das bananas... A história registará este facto insólito, aberante, e os seus autores prestarão contas um dia ao Povo da Guiné-Bissau, contra quem foram cúmplices nessa humilhação sem precendente na nossa curta história democrática. Nada mais aberrante e HUMILHANTE para os guineenses, se aceitarmos de ânimo leve e de mãos cruzadas, sem resistência, pacífica ou violenta, essa afronta à nossa dignidade e soberania, conquistadas à custa de incomensuráveis sacrifícios de vidas e sonhos de guineenses de todos os estractos sociais.

Por mero oportunismo, uma corja de políticos mal preparados e oportunistas, aplaudem, apoiam e servem-se hoje desse jogo de vil maquinância, vergonhosamente perpretada por um grupo de Estados Golpistas da CEDEAO. A esses políticos que se dão ao jogo colonial da CEDEAO, estejam cientes de que, um dia, por mais que possa tardar, responderão pelos seus actos no banco dos réus perante o povo da Guiné-Bissau por traição à pátria e alienação da soberania nacional a favor dos seus mesquinhos interesses.

A história dessa «investidura golpista» começou depois de, inicialmente, o Comité Técnico da CEDEAO ter sugerido que,p a solução para a eleição do Presidente de Transição passaria pela ANP (então dissolvida, porém, nunca restituída pela mesma forma (parelelismo de forma) pelo Comando Militar de Antonio Injai), com a eleição dos novos membros da Mesa, da qual sairia o novo «Presidente de Transição». Porém, repentinamente o dito CT mudou de estratégia, passando pela surpreendente nomeação abusiva e discricionária tout court do representante dos seus interesses no pleito eleitoral na Guiné-Bissau.

A razão dessa mudança repentina de estratégia, estava na resistência e coesão surpreendente dos «libertadores» que, querendo ou não, detêm a maioria na ANP e caso se optasse pela eleição da Mesa, seria certo de que o escolhido não seria Manuel Serifo Nhamadjo, considerado "traidor" da causa dos "Libertadores". Assim, contadas as espingardas, os emissários da CEDEAO deram rapidamente conta da sua desvantagem e na impossibilidade de "eleger" Nhamadjo por essa via. Assim, recebendo ordens de Abidjan, via Burkina-Faso, passam a velocidade de cruzeiro e, sem competência e muito menos mandato para tal (pois, nem a Conferência de Chefes de Estados o tem para o efeito) nomeiam contra a corrente do curso negocial, o seu Presidente para dirigir a transição fantoche à moda da CEDEAO na Guiné-Bissau.

E bom que se saiba que as manobras da CEDEAO, vinham de longe e tem um braço longo que começa no Burkina Faso, passa pela Csta do Marfim, Nigéria e desagoa no Senegal, nosso eterno e fraterno vizinho inimigo. Blaise Campaoré, quer-se omnipresente em todos os conflitos da África do Oeste e não só, pois apesar de ser Coordenador em chefe do conflito no Mali, nunca deixou de ter um olho vigilante e uma mão manipuladora sobre o conflito guineense, onde o mediador era o Professor Alpha Condé, Presidente da República da Guiné-Conakry, sendo a Nigéria o país Coordenador em Chefe.

A razão? Entre outras, para além da primeira e já citada, três outras concorrem para esse facto: primeiro, o medo da influência positivamente crescente de Angola no contexto Guineense, nomeadamente com a exploração e desenvolvimento das ricas potencialidades naturais e minerais que pressupõe um quadro de desenvolvimento promissor para a Guiné-Bissau, com particularmente destaque para a construção do Porto de águas profundas, em Buba (largamente mais competetivo em termos de localização e custos relativamente ao Porto de Dakar e Abidjan) e a exploração da Bauxite e do Fosfato. Também o posiconamento paulatino deste país lusófono na geopolítica da África Ocidental (caso das boas e frutuosas relações com a Guiné-Conakry e, mais recentemente, com a Gâmbia), sem esquecer claro, a «espinha atravessada» do apoio que Angola dispensou a Gbagbo contra ADO contribuiram para "sabotar" o processo eleitoral e impedir Carlos Gomes em aceder à Presidência da República da Guiné-Bissau.

Ssegundo, uma aversão e complexada e inexplicável que Blaise Campaoré tem contra Carlos Gomes Junior (diz-se por influência de um seu conselheiro guineense muito influente que, até recentemente, constava ser indicado como MNE do governo de transição..., mas por recusa de Kumba Yala, acabou por ver o posto...por um canudo) e, terceiro e por ultimo, proteger e fazer ganhar por quaisquer meios, o seu candidato, Manuel Serifo Nhamadjo, quem financiou principescamente com dinheiro de proveniência duvidosa e com o qual delinearam importantes acordos referentes à alienação dos nossos recursos naturais, minerais e petrolíferos passando, neste último caso, pelo gigante Nigéria. De permeio, estão também o interesse estratégico nas ilhas Bijagós para os negócios de que o outro é muito versado.

Pergunta-se: Qual a razão de tanta omnipresença do Presidente Blaise Campaoré neste processo guineense, se, à frente dele tem três paises (Nigéria, Costa do Marfim e Senegal) que aparentemente, são mais poderosos que o seu país? A Nigéria, compreende-se, não lhe interessa sobremaneira expôr-se de forma directa no conflito guineense, sabendo que por detrás desse pequeno país estão interesses e simpatias de gigantes africanos que lhe podem fazer frente de forma custosa e inapelável - casos de Angola e, em última instância, de outro colosso, a África do Sul, que tem para com Carlos Gomes Junior, o PAIGC e a Guiné-Bissau uma relação de simpatia apreciável e recíproca. Assim se explica que, apesar do interesse da Nigéria no processo da Guiné-Bissau por causa da repartição da plataforma géologica do petróleo do Golfo da Guiné, este país prefere fazer low profile neste processo e deixar o Burkina assumir por conta própria a despesas dessa imiscuência.

A Costa do Marfim, apesar de deter a Presidência em exercicio da CEDEAO e, aparentemente não ter qualquer interesse directo no conflito Guineense, ela é devedora de enormes favores ao Presidente Blaise Campaoré, a começar pelo seu apoio militar, material e humano à revolução do norte do país que conduziu a queda de Laurent Gbagbo e, por outro lado, não se deve esquecer que este país tem as suas «contas» a ajustar com Angola devido ao apoio que este país dispensou ao deposto Presidente Gbagbo. Portanto, nada mais fácil que «pagar» esse favor ao Burkina, cedendo aos caprichos de Blaise Campaoré, convencido do seu incontornável papel de «fazedor de reis» da África Ocidental.

A posição do Senegal dispensa comentários quando o assunto toca com as nossas ciclícas situações de convulsões político-sociais, porquanto a nossa infelicidade derivado das perturbações socio-políticas, fazem a felicidade e o regozijo pelas bandas do país dito de teranga. Foi assim com Abdou Diouf, também com Abdoulaye Wade (pior) e assim continuará com Macky Sall. É a chamada a política da continuidade de dividir... para melhor explorar. Para nós, os Guineenses, o Senegal é mais, um país de «tanga» pois de teranga nada têm para connosco.

Com a nossa instabilidade permanente, Senegal benefecia e continuará a beneficiar 'à la largesse sénégalaise' (di kumê ku dús môn como bem sabem fazer) dos nossos recursos pesqueiros (sem terem acesso ao nosso rico mar, só lhes resta comer yay boy); da nossa produção agricola (compram as nossa produções a vil preço para abastecerem o seu mercado depaupurado), inclui-se neste aspecto também, a produção e a exportação da castanha de caju (hoje o Senegal até figura como país exportador da castanha de caju, competindo connosco, quando em Casamaça toda a plantação não chega para encher um barco de exportação). Os nossos recursos petrolíferos cuja previsão de exploração/extracção esta previsto e confirmado entre 2014/2015 é o maior alvo de cobiça desse país, que tanta cobiça e ganância tem sobre o nosso querido país.

A dita Agência de Cooperação de Exploração da Zona Conjunta dos Recursos Maritimos e Petrolíferos entre o Senegal e a Guiné-Bissau, funciona às expensas e sob tutela e ordens do Governo Senegalês. O nosso alegado «representante» mais parece um funcionário do governo Senegalês que, verdadeiro representante e defensor dos legítimos interesses da Guiné-Bissau, porquanto estes sempre têm andado a reboque das orientações dos interesses e maquinâncias senegalesas em detrimento dos nossos superiores interesses. Enfim, custos de dormir com o inimigo e,... pior ainda quando, somos nós mesmos os guineenses, a «prostituir-mo-nos» sem dignidade que não vis interesses materiais em prejuízo do nosso país.

Entretanto, é bom que saibamos separar o trigo do joio, porquanto a historia do Grupo de Contacto e de Mediação para a Guiné-Bissau, demostra que a Guiné-Bissau tem ao seu lado países dignos e amigos. Citamos sem reservas, os paises irmãos Cabo-Verde e a Guiné-Conakry, mas também a Gâmbia e o Togo, este, principalmente no quadro da UA. De Cabo-Verde dispensam-se comentários, senão os nossos agradecimentos na irmandade. A Gâmbia assumiu-se firmente e de forma desafiadora e coerente contra as posições maquiavélicas dos supracitados países membros ao longo de todo este processo. A Guiné-Conakry, sabendo de antemão do hold up preparado pelos quatro países que transformaram subrepticiamente a reunião de grupo de contacto da CEDEAO para a Guiné-Bissau realizada em Dakar numa Cimeira deliberativa sobre a Guiné-Bissau, preferiu protestar contra esse maquiavelismo, sabotando a reunião de Dakar, tendo renunciado, primeiro, em receber os golpistas no seu chão, e, depois, a participar na mascarada montada pelo quarteto instigador do Golpe de Bissau, isto é, o Burkina-Faso/Nigéria/Senegal/Costa do Marfim.

No entanto, a realidade teima em animar-nos e mostrar-nos de que, não nos devemos desesperar e desistir da nossa luta e afirmar a nossa dignidade. O povo da Guiné-Bissau, hoje mais do que nunca, sabe o que se passa e não dará um minuto de descanso aos fantoches! Vai lutar, com tudo o que tem à mão!!! E vencerá.

A CEDEAO, vezeiro na sua estratégia nesse contexto de antecipação, quer jogar contra o tempo e contra o golpe de Bissau (entenda-se "decisão de nomear Nhamadjo Presidente", prestou-se logo a disponibilizar imediatamente tropas para proceder à interposição e proteger o «seu Presidente e o seu Governo» de fantoches...

Face ao "justificativo" da CEDEAO, interessa perguntar: protegé-los de quem? Do Comando Militar decerto que não, pois este é o braço armado dos beneficiários do golpe de estado de 12 de abril! Melhor Guarda Pretoriana o Presidente Fantoche não poderia ter. Porém, o respeito do Povo jamais o terá...

Contudo, como se viu até agora, essas ditas forças da CEDEAO têm chegado a conta gotas, em números irrisórios e com soldados de duvidosa operacionalidade. Os aviões (enormes até) chegam mais carregados de munições (diz-se que a pedido do Comando Militar, pois estes têm escassez de munições ligeiras) do que militares que, supostamente, seriam os mais indicados a serem transportados para o teatro das operações. O Senegal promete duas centenas de homens, sobretudo em engenharia militar, mas basta dar uma olhada à imprensa senegalesa para se saber dos verdadeiros intentos desse país em participar nessa missão de interposição.... Inadvertidamente, confessam os propósitos que lhes anima a aventurarem-se nessa missão na Guiné-Bissau. Enfim, os resquícios da «Operação Gabou» ainda está presente na mente das autoridades senegalesas e o desejo de vingança é latente, mesmo que inadvertidamente exposta.
 
Porém, quando o Porta-Voz do Comando Militar, na suas saídas paranóicas cataloga a antiga Junta de Ansumane Mané de rebeldes - porque lutaram contra os senegaleses invasores - dizendo que foram apoiados pelos «colonialistas portugueses»... i ta da ku pensa. Daí a pergunta que creio ser pertinente: Será que o Comando Militar está às ordens do Senegal, pais que se perfila como nosso pretenso colonizador?

Seria bom termos presente de que essa estratégia desenfreada de se acaparar do processo Guineense pela CEDEAO (entenda-se os quatro mencionados países), visa três objectivos principais, sendo dois imediatos e um por consequência da realização dos dois primeiros:

1°: Conseguir a retirada das tropas da MISSANG da Guiné-Bissau em condições de fragilidade, dando satisfação às pretensões dos seus comparsas do Comando Militar e tentar humilhar directamente o envolvimento de Angola e inderectamente a CPLP, no processo da saída de crise da Guiné-Bissau (facto que humilharia também seguramente mais de 80% dos Guineenses);

2°: Apoderar-se de eventuais fundos que seriam doados pela comunidade para alimentar a sua clientela de tráfico de influências. Ao que parece esta estratégia está condenada ao fracasso porquanto os dadores só estarão disponiveis a comparticipar. A estrutura militar disponibilizada pela CEDEAO não tem nem cariz nem preparação para proceder a qualquer reforma que seja. Só pode reformar quem já reformou e nenhum desses países tem meios e competência para tal. Quiça o Senegal, mas tendo sido copiosamente derrotado pela Junta Militar no conflito de Junho 1998, "não tem condições nem morais, nem psicologicas" para pretensamente o querer fazer... Daba na Walma dixit!;

3°: Com os dois factores conjugados, a CEDEAO (B-F/NG/SEN/CI) em conluio com o Comando Militar e o seu «cipaio» travestido de Presidente, consolidariam o poder que passaria de um periodo de transição a intransitavel... até o regresso de novo de Kumba Yala ao poder com a organização de eleições fraudulentas (Cadogo seria barrado) à moda e à maneira da CEDEAO

Essa análise, se bem que tenha abarcado outros assuntos já focados anteriormente por outros compatriotas no blogue, afigura-se de certo interesse e complementaridade para se compreender o actual processo politico-militar na Guiné-Bissau e atirar à atenção dos nossos concidadãos para alguns aspectos que quiça lhes tenha escapado, por desconhecimento... ou por omissão de análise.

Viva a Guiné-Bissau! AAS