segunda-feira, 30 de maio de 2011

Duas (sobre avioes- seus marotos, estavam a pensar em que?!)

- Voo Lisboa/Bissau

Um cidadao guineense, que pagou bilhete na classe executiva da TAP no voo desta madrugada...foi simplesmente 'atirado' para as filas de tras da classe economica, porque "o sr. Primeiro-Ministro e comitiva" deviam estar na classe executiva.

A neocolonialista TAP la se envergonhou e...borrou ainda mais a pintura: tiraram o passageiro das filas de tras e puseram-no la a frente, ou seja...na primeira fila da classe economica. Vergonha. Havia de ser comigo...

- Voo Dakar/Bissau

Este cidadao guineense, eu mesmo, assistiu a esta cena no Boeing 757-200 no dia em que regressou de Dakar. O atraso, ainda que ligeiro, desse voo tinha o seu porque; o PR Malam Bacai Sanha regressava tambem a Bissau ainda que as nossas 'mistidas' estivessem nos antipodas. Um representava oficialmente o Estado, enquanto que o outro (eu), representava o Estado oficiosamente.

Passado um bocado, vislumbrei uma grande azafama vinda da zona onde se situa o salao VIP: Dezenas de pessoas, segurancas do Estado senegales, e, na frente, alto e de fato e gravata, Malam Bacai Sanha e esposa. O bonito vinha depois.

Ja dentro do aviao, a cantilena do costume: gestos quase automaticos indicam-nos por onde sair em caso de acidente, como vestir e activar o colete, donde cai a mascara de oxigenio. Futilidades no que a mim diz respeito: e que, detesto avioes.

Mas agora nao terei outro remedio senao passar a adorar avioes. Ama-los mesmo. O contrato que assinei em Dakar, 'obriga-me' a voar muito - quatro ou cinco paises por mes, todos os meses. Aviao, adoro-te! Mas nao me fo#*¥...

Bom, mas voltando a nosostros: todos sentados, o PR e esposa lado a lado na classe executiva. Eu, ze pobrinho como os demais, la atras. Lundju! Ainda assim, e gracas ao Consul da Guine-Bissau em Dakar pude cumprimentar o PR e esposa e trocar umas impressoes breves mas afaveis com o Chefe de Estado guineense.

E e entao que passa uma voluptuosa hospedeira dos TACV (confesso que desde que cruzamos o olhar nao mais parei de olhar para... ela). Estava a fazer a habitual revista do cinto e do encosto da cadeira.

Do lado oposto ao meu, a ajudante de campo da 1a Dama. So ela trazia tres malas ao colo. A hospedeira arregalou os olhos e disse "a sra nao pode levar essas malas todas na descolagem. E ainda traz uma no chao?." A sra decidiu responder - "sao da 1a Dama", disse.

Calmamente, a hospedeira tirou-lhe as malas todas, e deu-lhe o troco: "Primeiro, a seguranca; depois, a primeira-dama". E arrumou tudo num dos compartimentos. Nao foi um desrespeito para com a pessoa da primeira-dama, nao. Dura lex sed lex. AAS

sábado, 28 de maio de 2011

Voar baixinho

O guineense tem tudo para dar errado. Ponto. E, justiça lhe seja feita, as coisas ate que não lhe correm mal. Melhor, correm de feição. Hoje será história, mas passou-se mesmo. Ontem, no aeroporto Osvaldo Vieira.

Um alto oficial do Ministério do Interior de apelido Embaló, ocupou o seu lugar no voo da companhia de bandeira de Cabo Verde - a TACV, com destino a Dakar. Os procedimentos de segurança foram (são sempre) cumpridos com o avião já em movimento. O preguiçoso e trepidante pássaro lá se arrastou para sair da placa. Mas era agora que o espectáculo ia começar.

Sentado no seu lugar, o 'nosso' oficial permanecia oficial, mas, e não fosse ele um guineense pantomineiro, queria parecer ainda mais oficial que os demais passageiros. Impressionar no mau sentido. Criston matchu, son bagatela na terra di djinti!

E enquanto o aparelho abandonava a placa, o homem lembrou-se de... fazer um telefonema. E fê-lo. tic-tac-toc; e está em linha. Quando o viram ao telefone pediram que desligasse o aparelho imediatamente. Lá vai serpa... Blá blá blá... O senhor faça o favor de desligar o telefone porque esta a pôr em perigo a navegação. La vai Serpa, la vai Moura...

Incapazes de repôr a ordem no aparelho, o Comandante decide regressar ao ponto de partida. Autoridade chamada, o Embaló foi convidado a sair do avião. A policia e a tropa quiseram levá-lo, mas um sobrinho, que é funcionario no aeroporto e - olha que coincidência - também é sobrinho de um dos directores do aeroporto... convenceu-os a fazerem o contrário.

O Comandante do aparelho é que não foi de modas: neste voo o senhor não vai. Ou seja que os malcriados voam mas baixinho. E, com alguma sorte, e uma vez que a merece por inteiro... nunca mais voará na companhia TACV. Ter-se-á feito Justiça.

Acho até que esse oficial terá pensado deliberadamente no seu acto. Pensava que a sua atitude 'impressionaria' os outros passageiros, e alguns destes (aposto que muitos mesmo) por sua vez pensarão tratar-se de alguém importante, com poder. Mas não. Resumindo e concluindo, tratou-se pura e simplesmente de um acto de ignorância, que bem podia ter custado muito caro... As pessoas não sabem mas estão onde não deviam estar... AAS

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Quase

Anda tudo doido. Só pode. Desde que disse que tinha uma entrevista com o Coronel João Monteiro que não tenho parado de receber chamadas a perguntarem-me "então, quando sai?". Sairá - tem sido a resposta.

Muita gente deve estar a tremer por todos os lados. Também os entendo - só não os percebo. E a idea é mesmo essa: fazê-los tremer que nem varas verdes enquanto a 'bomba' não chega. Tremam! Ma abós I matchus, i ka sim?...

Mas eu entendo os dois lados... Só espero que me entendam também. Desgravar uma entrevista de - neste caso - quase duas horas tem o seu senão. A entrevista foi feita em crioulo e há que passá-la para o português. Mais. Ela obedece a datas. Como gravamos duas vezes, temas houve que voltaram a ser tratadas. Outras foram revistas.

Uma coisa é certa, o Coronel não fugiu a nenhuma questão. Senti verdade e sinceridade nas suas respostas. "Temos de pedir desculpas ao nosso País" - disse a dada altura, recordando um ancião guineense que falara para uma audiência de mais de cem pessoas na conferência de reconciliação que teve lugar em Dakar na semana que passou.

Continuarei a desgravar e a arrumar tudo cronologicamente. Leva o seu tempo mas - acreditem - valerá a pena. A reconciliação dos guineenses está, também, a passar por aqui. AAS

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Entrevista a João Monteiro: tópicos

Do que falaram José Mário Vaz, João Monteiro e 'Nino' Vieira no dia 2 de Março de 2009, ao telefone? N'na bim nam... AAS

Ah, palmeiras, palmeiras!...

... Ora, adivinhem lá: quem foi que caiu das escadas do avião no aeroporto de Dakar? N'na bin konta bôs dispus. Foto tem!... AAS

sábado, 21 de maio de 2011

Justiça e ausência

É de singular justiça referir que o PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, custeou as despesas de viagem e instalação dos delegados que vieram dos países africanos para assistir à conferência de Dakar. Aliás, tanto o PNUD como a UNIOGBIS enviaram representantes para a conferência. Os restantes 50% das despesas (sala para os 3 dias da conferência e coffee break) foram custeados pelo empresário guineense Verissimo Nancassa.

O que foi comentado - pela negativa - foi a ausência do Presidente da ANP, Raimundo Pereira, nos trabalhos de hoje, ainda que esteja em Dakar. O presidente da ANP, segundo uma fonte digna de crédito, ficará a descansar... deve ter mesmo muito trabalho, o homem... AAS

"Reconciliação pouco transparente"

Bom dia Aly,

Fiquei muito satisfeito por saber que está em Dakar para acompanhar a conferência mal intitulada "Conferencia para a Paz e Reconciliação" que exclui um país (Cabo Verde) com um numero significativo de emigrantes e bem organizados em todos os sentidos e muito atento ao que passa dia a dia no pais.

Sentimo-nos excluídos, ignorados e estamos muito indignados pela forma como a comissão organizadora conduziu o processo da selecção dos delegados à conferencia de forma pouco transparente dando entender que há gatos pretos no meio de tudo isso.

Lamentamos profundamente esta atitude que deixa muita dúvida sobre a seriedade desta reconciliação tão importante para o nosso país, pois se estamos a falar da reconciliação trabalhando desta forma, acreditem que estamos a desperdiçar o dinheiro do empresário Veríssimo Nancassa para regar conflitos e ódios condenando o futuro do pais ao abismo.

A nossa comunidade vai continuar a trabalhar para ajudar o país a sair da situação a que se encontra e vamos exigir como cidadãos que somos, a comissão organizadora uma explicação por este facto como forma de combater os maus hábitos que põem em causa os interesses da nação e procuraremos formas de apresentar as soluções que tínhamos apontados para a conferencia ao governo da Guiné-Bissau.

Desejamos que a conferencia tenha êxito e que sejam discutidos os problemas do fundo, cujos objectivos hoje não recai sobre os erros do passado, mas sim sobre as ideias e soluções que sustentem o futuro.

Agradecia muito se possível que esta mensagem seja apresentado aos delegados na sua intervenção, servindo como porta voz autorizado desta grande comunidade deixado ao esquecimento.

Muito obrigado e até próxima.

LIONEL LONA SAMBÉ
PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO DOS GUINEENSES RESIDENTES EM CABO VERDE

EXCLUSIVO: Coronel João Monteiro em discurso directo, depois de ter levado 6(!) tiros...

Na próxima semana, Ditadura do Consenso publicará uma entrevista exclusiva com o Coronel João Monteiro. O que aconteceu na noite de 2 de Março de 2009? Quem trancou à chave a porta do quarto onde 'Nino' estava? Quem João Monteiro viu nessa noite fatídica? O papel de Carlos Gomes Jr nessa noite? E da Sra. de 'Nino', Isabel Romano Vieira? Como João Monteiro e 'Nino' Vieira se conheceram? Como e o porquê da guerra de 7 de junho de 1998? A influência de Portugal nessa guerra? E Zamora Induta, que retrato se lhe faz?

Uma entrevista de 80 minutos, a não perder. AAS

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Reconciliaçon na sabi

Teve início hoje, em Dakar, dirigido à diáspora da sub-região, a Conferência Nacional para a Consolidação da Paz e Desenvolvimento. Numa coisa parece que estamos de acordo: os guineenses são muito, mas muito mais organizados fora de portas.

Presentes, o Presidente e o vice-Presidente da ANP, Raimundo Pereira e Serifo Nhamadjo respectivamente; várias representações diplomáticas com destaque para o reino de Marrocos, da Santa Sé (Vaticano). O Senegal fez-se representar pelo Sr. Dudu Wade, líder da bancada parlamentar do PDS senegalês - o 'tanque de guerra" de Abdoulaye Wade

Depois da abertura solene, da parte da manhã, toda a tarde foi preenchida por intervenções dos presentes, destacando-se a do Coronel Afonso Té: "Deixem de nos mentir e contem a verdade". A sala abanou-se. Afonso Té, visivelmente emocionado, disse o que lhe ia na alma. Contudo, espera-se, amanhã, pela intervenção de outro Coronel - João Monteiro: o homem está com ganas...vou ouvi-lo e gravar tudo... Eu mesmo conto intervir amanhã. É que também tenho umas verdades para contar!...

Nos agradecimentos, um nome saltou cá para fora: Verissimo Nancassa. Patrocinou quase tudo, ou mesmo tudo: a sala para a conferência, o coffe break, alojamentos para vários delegados à conferência. Foi bonito ouvir do próprio Presidente da ANP, os agradecimentos a este cidadão guineense que ajuda tudo e todos sem esperar nada em troca.

Gostei da música da Conferência, cuja letra foi escrita...por um oficial do exército guineense e cantada pelo Zé Manel Forbes. Amanhã, conto-vos mais. Agora...discoteca King's!... AAS

quinta-feira, 19 de maio de 2011

N'tchomau lundju

Gosto de Dakar. Ponto. Da cidade, do reboliço da cidade. Gosto sobretudo das suas mulheres - altas e esguias que nem palmeiras. Dakar encanta-me. Elas também. Espero passar bem. E que me partam os ossos todos se puderem. Aliás, gostava de aterrar em Bissau todo engessado. Tipo uma múmia envolto em ligaduras. E gosto - ui, se gosto - quando elas me lançam o olhar. Olham, comem-nos com os olhos e não afastam o olhar por nada deste mundo. E quando sorrio, desarmo-as. Sorriso pepsodent ou lo que sea... E meto conversa apenas por meter. Respondem educadamente. Sentimo-nos bem depois disso.

Cheguei a Dakar por volta das 13:30h, depois de uma aterragem de merda num avião a hélices (um ATR 72 - avion de transport régional). Foram buscar-me ao aeroporto e instalaram-me na residência Marrakech, uma vila no centro das Almadies, com tudo, mas tudo e... uma senhora piscina no 1º andar e coisa e tal. Luxos...

Agora, a senhora TACV. Então um gajo paga duzentas e tal mocas por 2 horas de viagem (Ida e volta)...e só nos dão um copo de sumo? Onde é que está o respeitinho, pá?! Vou regressar a Bissau certamente pela TACV, mas assegurar-me-ei de, no futuro, voar apenas com a Air Senegal (ouvi dizer que dão matabicho...)

Pois bem. Estou em Dakar a convite de uma empresa - que vai lançar uma revista temática - para dar formação aos seus futuros colaboradores. Com certeza que vou adorar. E darei o meu melhor - outra coisa não seria de esperar. A lição está bem estudada: n'ka ta foga na kambletch! O País não me dá o devido valor? O País vizinho encarrega-se disso... E eu aceito, e agradeço. E vou retribuir, com a minha capacidade e experiência de muitos anos de profissão, sendo que três foram passados como director de um jornal.

Amanhã, em Dakar, espreitarei o primeiro encontro com a diáspora guineense radicada nesta metrópole desorganizadamente organizada, sobre a reconciliação nacional (a nossa, claro!). Encontro esse que terá lugar no mesmo hotel onde se cozinhou aquilo...aquilo que fez com que o 1º Ministro apresentasse uma queixa contra 'n'dji propi'... Pena, pena é o Cadogo Jr não estar. I na panha bento na Timor ku kil ministru tataflu.

Almocei (às 16h) no J'Go e jantei mesmo ao lado - um hamburguer que sabia a quinino e que por isso mesmo ficou no prato. Agora, estou de volta à minha vila privada. Estou sentado na enorme sala, com a televisão plasma desligada (comme il faut). Faz falta um scotch e um charuto. Podia ser um Hemingwai Short Stories, fumado à beira da piscina, acompanhando com a vista o grosso rolo de fumo. Está tudo calmo. A noite está um bocado fria. E não há tiros... Kila ka tem pali! Djinti finu ka ta guerria...

Agora, vou tomar um banho de água quente e enfiar-me na cama. Amanhã começa a formação. No que de mim depender, essa revista será um sucesso!
Quem sabe, sabe. E o Aly sabe-a toda... AAS

ÚLTIMA HORA: Processos dos assassinatos de Hélder Proença e Baciro Dabó estão concluidos. E vão para a gaveta... AAS

Dakar... AAS

terça-feira, 17 de maio de 2011

Nafisatu Dialo, a suposta vítima de abuso sexual, sabia que Strauss-Kahn era importante, diz o 'Le Figaro'

A empregada do hotel nova-iorquino que denunciou por tentativa de violação o director-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, sabia que o economista e político francês era uma personalidade importante, segundo o jornal parisiense "Le Figaro", que destaca que a direcção do FMI havia colocado uma foto de Strauss-Kahn numa área de acesso restrito aos funcionários do hotel onde ele estava hospedado, para alertá-los de que se tratava de uma pessoa de renome.

O jornal cita declarações de uma empregada que diz não conhecer Strauss-Kahn nem sabia qual o seu cargo à frente do FMI, apenas que era um "VIP (sigla em inglês para pessoa muito importante)" de origem francesa. O "Le Figaro" indica também que a suposta vítima, uma imigrante africana de 32 anos, francófona, procedente da Guiné-Conacry, mãe solteira de uma adolescente e que vive no distrito do Bronx, era conhecida como Ofélia, mas seu verdadeiro nome é Nafisatu Dialo.

A mulher, de cerca de 1m80 de altura, segundo o jornal, mudou-se para Nova York no ano passado, e possui uma autorização permanente de residência nos Estados Unidos. A primeira pessoa para a qual ligou depois da suposta agressão, segundo a emissora "Europe 1", foi ao seu irmão, a quem aparentemente disse, sem parar de chorar, que havia acontecido "algo grave".

O homem, que desmente que Dialo soubesse que se tratava de Strauss-Kahn e que diz que "jamais a havia escutado" tão abalada emocionalmente, informou à rede de televisão que a sua irmã "é uma boa muçulmana", e que desde que o escândalo foi revelado, "está escondida" noutro local em Nova York. Strauss-Kahn, por sua vez, está em prisão preventiva no complexo penitenciário de Rikers Island, onde ficará pelo menos até sexta-feira, data da sua próxima audiência judicial.

Recorde-se que a juíza encarregada do caso, Melissa Jackson, negou na passada segunda-feira o pedido de fiança de 1 milhão de dólares solicitado pelos advogados do político e economista francês, por considerar que ele "poderia fugir do país". AAS

ÚLTIMA HORA: Mulher que alegadamente sofreu tentativa de violação por parte do director-geral do FMI, é da Guiné-Conacry, e vive no Bronx. AAS