quarta-feira, 11 de março de 2009
Assim mesmo
Meus comentários ao jornal senegalês «Le Quotidien», publicado ontem, 10 de Março:
"Concernant la cérémonie de deuil en elle-même, notre confrère Antonio Aly Silva nous a signalé que la famille de Nino Vieira a refusé de se rendre au cimetière municipal de la capitale, après l’hommage rendu au défunt Président dans les locaux de l’Assemblée nationale. Ce boycott est survenu à la suite d’une mésentente entre les militaires et les Vieira à propos du lieu d’inhumation. Une partie de ceux-ci devaient revenir à Dakar, hier soir.
A Bissau, les politiques sortent peu à peu de l’ombre pour condamner les violences survenues au début du mois. Intervenant hier sur les antennes de Rfi, Idrissa Diallo, Secrétaire général du Parti de l’unité nationale (Pun), a jugé indispensable la création d’une Commission d’enquête internationale indépendante. Il a également considéré comme impossible, l’organisation d’élections sérieuses dans deux mois, comme stipulée par la constitution du pays. Sur la même longueur d’ondes, Antonio Aly Silva a dénoncé, à son tour, ce qu’il appelle un «coup d’Etat» perpétré par un «groupe politique» en fonction au sommet de l’Etat. Il s’étonne, par ailleurs, que le Parti africain pour l’indépendance de la Guinée-Bissau et le Cap-Vert (Paigc) soit le seul parti politique à n’avoir pas encore condamné les pogroms survenus dans le pays."
"Concernant la cérémonie de deuil en elle-même, notre confrère Antonio Aly Silva nous a signalé que la famille de Nino Vieira a refusé de se rendre au cimetière municipal de la capitale, après l’hommage rendu au défunt Président dans les locaux de l’Assemblée nationale. Ce boycott est survenu à la suite d’une mésentente entre les militaires et les Vieira à propos du lieu d’inhumation. Une partie de ceux-ci devaient revenir à Dakar, hier soir.
A Bissau, les politiques sortent peu à peu de l’ombre pour condamner les violences survenues au début du mois. Intervenant hier sur les antennes de Rfi, Idrissa Diallo, Secrétaire général du Parti de l’unité nationale (Pun), a jugé indispensable la création d’une Commission d’enquête internationale indépendante. Il a également considéré comme impossible, l’organisation d’élections sérieuses dans deux mois, comme stipulée par la constitution du pays. Sur la même longueur d’ondes, Antonio Aly Silva a dénoncé, à son tour, ce qu’il appelle un «coup d’Etat» perpétré par un «groupe politique» en fonction au sommet de l’Etat. Il s’étonne, par ailleurs, que le Parti africain pour l’indépendance de la Guinée-Bissau et le Cap-Vert (Paigc) soit le seul parti politique à n’avoir pas encore condamné les pogroms survenus dans le pays."
terça-feira, 10 de março de 2009
O regresso do pesadelo
O assassinato do Presidente da República, foi um GOLPE de ESTADO.
... E agora, outras notícias do País de todas as barbaridades.
- O Presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, cancelou à última da hora a sua presença no funeral do Presidente 'Nino' Vieira. Porque lhe comunicaram isto: "Pode vir, mas...bom, mas não há segurança".
Pela 1ª vez, e os leitores desculpar-me-ão por esta falha grave: estou inteiramente de acordo com o Governo. Mas...alto aí! Mas se não há segurança, nem aulas, nem salários, o que faz então este Governo? Para que foi eleito?
1 - Para deixar tudo como está e continuemos a matar-nos?
2 - Para proteger uns e deixar que se matem outros?
Sr. Primeiro-Ministro: já que os ministros da Defesa e do Interior não se demitem, porque o não faz o próprio... Primeiro-Ministro? É que, assim, cai tudo de uma só vez! É o que se chama 'matar 33 chico-espertos de uma só vez'... Que tal ir pensando no assunto e depois comunicar-me?
Pode fazê-lo de várias maneiras: minha residência, na Rua de Angola, Nº 58; por telefone (se ligar do estrangeiro, não esquecer o indicativo +245), seguido do número 6683113, ou, ainda, para estas duas contas de e-mail: aaly.silva@gmail.com e/ou aaly_silva@hotmail.com.
Assinado: O pesadelo deste governo. AAS
... E agora, outras notícias do País de todas as barbaridades.
- O Presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, cancelou à última da hora a sua presença no funeral do Presidente 'Nino' Vieira. Porque lhe comunicaram isto: "Pode vir, mas...bom, mas não há segurança".
Pela 1ª vez, e os leitores desculpar-me-ão por esta falha grave: estou inteiramente de acordo com o Governo. Mas...alto aí! Mas se não há segurança, nem aulas, nem salários, o que faz então este Governo? Para que foi eleito?
1 - Para deixar tudo como está e continuemos a matar-nos?
2 - Para proteger uns e deixar que se matem outros?
Sr. Primeiro-Ministro: já que os ministros da Defesa e do Interior não se demitem, porque o não faz o próprio... Primeiro-Ministro? É que, assim, cai tudo de uma só vez! É o que se chama 'matar 33 chico-espertos de uma só vez'... Que tal ir pensando no assunto e depois comunicar-me?
Pode fazê-lo de várias maneiras: minha residência, na Rua de Angola, Nº 58; por telefone (se ligar do estrangeiro, não esquecer o indicativo +245), seguido do número 6683113, ou, ainda, para estas duas contas de e-mail: aaly.silva@gmail.com e/ou aaly_silva@hotmail.com.
Assinado: O pesadelo deste governo. AAS
domingo, 8 de março de 2009
Dar murros em ponta de faca
"Acabo de visitar o seu site. Já não vou mais sublinhar os arrepios que o Aly provoca nas pessoas pela forma nua e crua como expõe os factos. Afinal, factos, são factos e contra factos não há argumentos... (é o velho mote dos jornalistas: "Não querem que noticiemos? Pois não deixem que aconteça!")
Mas há duas coisas a que gostaria de referir:
1. O "recado" do Sr. Carlos Silva: à primeira vista parece ser apenas uma mensagem de um compatriota seu a referir-lhe que o Aly "rema contra a maré" mas a mim pareceu-me mais uma ameaça velada a lembrar-lhe que voce está a "dar murros em ponta de faca."
2. A angústia de sua Mãe: NO COMMENT! Depois do que eu, (uma desconhecida), disse ao Aly no meu primeiro e-mail, reservo-me agora o direito de não produzir qualquer comentário sobre a angústia que sua Mãe está a sentir. Apenas lhe digo o seguinte: Aly, eu não queria estar no lugar dessa pobre senhora...
P.S.: Infelizmente perdi a sua entrevista à Rádio Nacional de Cabo Verde porque só agora visitei seu site. Ultimamente evito visitá-lo, com regularidade, porque tenho sempre medo de um dia chegar lá e não ter mais Aly...
Please take care of yourself. Ok?
Bj"
Mas há duas coisas a que gostaria de referir:
1. O "recado" do Sr. Carlos Silva: à primeira vista parece ser apenas uma mensagem de um compatriota seu a referir-lhe que o Aly "rema contra a maré" mas a mim pareceu-me mais uma ameaça velada a lembrar-lhe que voce está a "dar murros em ponta de faca."
2. A angústia de sua Mãe: NO COMMENT! Depois do que eu, (uma desconhecida), disse ao Aly no meu primeiro e-mail, reservo-me agora o direito de não produzir qualquer comentário sobre a angústia que sua Mãe está a sentir. Apenas lhe digo o seguinte: Aly, eu não queria estar no lugar dessa pobre senhora...
P.S.: Infelizmente perdi a sua entrevista à Rádio Nacional de Cabo Verde porque só agora visitei seu site. Ultimamente evito visitá-lo, com regularidade, porque tenho sempre medo de um dia chegar lá e não ter mais Aly...
Please take care of yourself. Ok?
Bj"
A máscara vai caindo aos poucos...
"Sinto orgulho. Não esperava outra coisa de ti. Diz-me se estás bem, ok?
A."
Olá
Obrigado. Estou bem.
... Não sei como definir a minha pessoa. Mas acho que sou uma mistura de jornalista e de doido (não no sentido literal, claro). Na verdade sou tudo e nada ao mesmo tempo. Sei apenas que a comunicação é o meu mundo. E que o mundo é a minha casa.
Assisto a uma realidade e partilho-a da melhor maneira que sei e posso, com o mundo. O meu sentimento profundo - se queres mesmo saber, é humanista. Não é político. Aliás, fui ensinado a prezar a liberdade, mesmo quando ela significa liberdade para decidir ao contrário das minhas opções políticas.
Aconteceu-me ontem:
Ontem, tinha combinado beber um café no D. Bifanas com alguns jornalistas estrangeiros. Como já tinha jantado, fiz para chegar a tempo da sobremesa e dos cafés. Estava ao balcão enquanto eles jantavam, já tarde na noite.
Pouco depois, recebi uma chamada estranha que me fez abandonar o restaurante. Saí e, pela indicação que recebi ao telefone, vi que um carro estava parado entre a escola e a ANP com os mínimos acesos. Reconheci-o. Fui com o meu carro na sua direcção e parei mesmo ao lado. Olhei lá para dentro e a pessoa que estava ao volante - curiosamente havia outro ocupante, mas sentado no banco de trás - em vez de olhar e me enfrentar, escondeu-se e tapou a cara com o braço.
Um perseguidor cobarde? Um verdadeiro cobarde! Se queria intimidar-me estava a perder tempo. Mas intimidar-me como? Dando-me um tiro, dois tiros? Ou despejando-me um carregador da AK47 de trinta tiros? Não adianta.
A minha única preocupação - desde que começou esta bestialidade - sempre foi zelar pela minha própria segurança e neste dias tomei medidas que julguei serem necessárias para que fique seguro.
Mas não tenho medo nenhum da morte. Ninguém deve ter medo da morte, pois é a entrada para o absoluto.
AAS
A."
Olá
Obrigado. Estou bem.
... Não sei como definir a minha pessoa. Mas acho que sou uma mistura de jornalista e de doido (não no sentido literal, claro). Na verdade sou tudo e nada ao mesmo tempo. Sei apenas que a comunicação é o meu mundo. E que o mundo é a minha casa.
Assisto a uma realidade e partilho-a da melhor maneira que sei e posso, com o mundo. O meu sentimento profundo - se queres mesmo saber, é humanista. Não é político. Aliás, fui ensinado a prezar a liberdade, mesmo quando ela significa liberdade para decidir ao contrário das minhas opções políticas.
Aconteceu-me ontem:
Ontem, tinha combinado beber um café no D. Bifanas com alguns jornalistas estrangeiros. Como já tinha jantado, fiz para chegar a tempo da sobremesa e dos cafés. Estava ao balcão enquanto eles jantavam, já tarde na noite.
Pouco depois, recebi uma chamada estranha que me fez abandonar o restaurante. Saí e, pela indicação que recebi ao telefone, vi que um carro estava parado entre a escola e a ANP com os mínimos acesos. Reconheci-o. Fui com o meu carro na sua direcção e parei mesmo ao lado. Olhei lá para dentro e a pessoa que estava ao volante - curiosamente havia outro ocupante, mas sentado no banco de trás - em vez de olhar e me enfrentar, escondeu-se e tapou a cara com o braço.
Um perseguidor cobarde? Um verdadeiro cobarde! Se queria intimidar-me estava a perder tempo. Mas intimidar-me como? Dando-me um tiro, dois tiros? Ou despejando-me um carregador da AK47 de trinta tiros? Não adianta.
A minha única preocupação - desde que começou esta bestialidade - sempre foi zelar pela minha própria segurança e neste dias tomei medidas que julguei serem necessárias para que fique seguro.
Mas não tenho medo nenhum da morte. Ninguém deve ter medo da morte, pois é a entrada para o absoluto.
AAS
Desculpa lá, Mãe
A minha Mãe chegou de Lisboa na madrugada do fatídico dia 2, e, sem ainda saber dos 'preparativos' para o próximo massacre (Tagmé havia sido assassinado horas antes, no dia 1) foi dormir a casa de uma sobrinha mais a minha irmã, pois tinham-na ido buscar ao aeroporto.
A minha Mãe, Muna Aly
Ontem, ela ligou-me de Gabú mas não atendi a chamada. Então, deixou o recado ao meu tio. Para mim: "Diz ao Tony (o mesmo que Aly) para não ir a nenhum dos funerais, pois sonhei que ele ia ser morto..." Assim, friamente.
Hoje, voltou a ligar para saber de mim. E recebeu a pior das notícias: "Mãe, desculpa. Estou no funeral do Tagmé, e terça-feira estarei no do Presidente da República." Fez-se um silêncio sepulcral. E então ela disse: "Deus te proteja". E desligou o telefone. Amanhã vou visitá-la a Gabú e regresso no final do dia.
Meus caros: Tagmé Na Waie não me perdoaria se faltasse ao seu enterro. Eu fui militar neste País (1987/89); o Presidente da República, idem, mas não porque tenha alguma vez votado nele ou coisa parecida. Aliás, estávamos nos antípodas e isso não era segredo para ninguém... Vou porque ele foi Presidente da República durante dois mandatos, e foi eleito democraticamente. Presidente de todos os guineenses, ainda que sem o meu voto. Haja respeito. AAS
P.S. - Mãe, não te preocupes. Pede a Deus, caso eu morra, que guarde a minha alma para que eu possa abençoar o meu Pai, onde quer que ele esteja. AAS
P.S. - Agora, neste preciso momento, são disparadas salvas de artilharia. Enterra-se um General. AAS
A minha Mãe, Muna Aly
Ontem, ela ligou-me de Gabú mas não atendi a chamada. Então, deixou o recado ao meu tio. Para mim: "Diz ao Tony (o mesmo que Aly) para não ir a nenhum dos funerais, pois sonhei que ele ia ser morto..." Assim, friamente.
Hoje, voltou a ligar para saber de mim. E recebeu a pior das notícias: "Mãe, desculpa. Estou no funeral do Tagmé, e terça-feira estarei no do Presidente da República." Fez-se um silêncio sepulcral. E então ela disse: "Deus te proteja". E desligou o telefone. Amanhã vou visitá-la a Gabú e regresso no final do dia.
Meus caros: Tagmé Na Waie não me perdoaria se faltasse ao seu enterro. Eu fui militar neste País (1987/89); o Presidente da República, idem, mas não porque tenha alguma vez votado nele ou coisa parecida. Aliás, estávamos nos antípodas e isso não era segredo para ninguém... Vou porque ele foi Presidente da República durante dois mandatos, e foi eleito democraticamente. Presidente de todos os guineenses, ainda que sem o meu voto. Haja respeito. AAS
P.S. - Mãe, não te preocupes. Pede a Deus, caso eu morra, que guarde a minha alma para que eu possa abençoar o meu Pai, onde quer que ele esteja. AAS
P.S. - Agora, neste preciso momento, são disparadas salvas de artilharia. Enterra-se um General. AAS
Adeus, General Na Waie
Funeral de Tagmé Na Waie, hoje. Rostos fechados. Revolta. Indignação em todos e em cada olhar. Um mau prenúncio? Talvez... Suspeitos. Na TV e no cemitério. Eu, Aly, é que disse. AAS
FOTO: (C) Miguel Martins/RFI
Pergunta pertinente
Por que razão até hoje o PAIGC NÃO condenou os assassinatos, quer do Presidente da República, quer do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Tagmé Na Waie? Alguém que responda, sff? AAS
sábado, 7 de março de 2009
Extensa entrevista à Radio Nacional de Cabo Verde...
Para ouvir, hoje, a partir das 14 horas.
www.rtc.cv
www.rtc.cv
Nadar contra a corrente
Caro irmão e compatriota Sr. Silva
Não precisa de ser louvado pela sua integridade e coragem com que enfrenta diariamente tudo e todos na Guiné-Bissau. Pois foi a sua escolha fazer o seu trabalho na Guiné.
Por isso "lhe tiro o chapéu". Ao contrário da maioria dos guineenses para quem a apatia e o conformismo é o pão nosso de cada dia, você, Sr. (António Aly) Silva, destaca-se porque "nada contra a corrente". Muito obrigado, e continue o bom trabalho
Carlos da Silva
Não precisa de ser louvado pela sua integridade e coragem com que enfrenta diariamente tudo e todos na Guiné-Bissau. Pois foi a sua escolha fazer o seu trabalho na Guiné.
Por isso "lhe tiro o chapéu". Ao contrário da maioria dos guineenses para quem a apatia e o conformismo é o pão nosso de cada dia, você, Sr. (António Aly) Silva, destaca-se porque "nada contra a corrente". Muito obrigado, e continue o bom trabalho
Carlos da Silva
Leia a minha opinião no Correio da Manhã
"A ONU É QUE DEVIA INVESTIGAR"
Uma semana após o duplo assassínio, de Nino Vieira e Tagmé Na Waié, as circunstâncias em que se deram as mortes continuam na boca do povo mas o medo de represálias impede que o façam abertamente. O jornalista António Aly Silva é um dos poucos que se atrevem a fazê-lo. "O que se passou é intolerável e não pode continuar. Estes acontecimentos ultrapassam o nosso próprio Estado, observou, apontando soluções: "A questão devia ser tomada pela ONU, abrir-se um inquérito internacional e criarmos uma comissão de reconciliação, como aconteceu na África do Sul."
Aqui. AAS
Subscrever:
Mensagens (Atom)