A exoneraçao do Procurador-Geral da Republica (PGR) Luis Manuel Cabral é - podemos classifica-la dessa maneira - uma decisao de Estado.
Seja por que motivo for, ha apenas uma leitura para esta exoneraçao: o PGR nao mostrou trabalho e andava sempre a fazer queixinhas de que nao lhe deixavam trabalhar, que estava a ser ameaçado, que nao tinha condiçoes e nao havia dinheiro - e no entanto Luis Manuel Cabral nao saia pelos seus proprios pés. Nao. Havia de ser empurrado e cair aos trombolhoes. É a chamada integridade da merda!
O PGR exonerado foi testemunha das maiores atrocidades cometidas neste Pais. No entanto, nao se conhecem arguidos para nenhum dos casos. Assim, esta exoneraçao, pelo seu caracter exemplar, ainda que tardia, constitui bom indicio de como é possivel começar a restaurar a muito abalada credibilidade e autoridade do Ministério Publico guineense.
Um PGR nao pode ceder, muito menos acobardar-se perante a ameaça deste ou daquele bandido. Tem de fazer uso dos instrumentos que a lei lhe da, e que nao sao poucos. Sao...todos!
Ao novo PGR, Amine Saad, os meus votos de muito boa sorte, pois vai precisar de muita.
Respondendo a C.F.
Primeiro: eu nao tenho nada contra quem parte para buscar a vida no estrangeiro, e menos ainda 'detesto' a diaspora como disparas no teu e-mail. E havia de detestar porquê? Vao la buscar a vida - desde que nao levem a minha, é claro!
Volto a repetir: merecem-me admiraçao aqueles que partiram, mas convenhamos sao bem mais corajosos os que recusaram as tentaçoes e regressaram a casa, ainda que a venham encontrar pior do que a imaginavam.
Meu caro, entre nos ha um detalhe que faz toda a diferença: o Pais teima em ignorar-me o esforço; tu, nem por ti fazes um esforçozinho...
Segundo: eu nao tenho medo de nada! Charlie Chaplin escreveu na sua biografia que "a vida é maravilhosa quando nao se tem medo". Era o lema que gostaria de ter, pois o tempo verbal nao podia estar mais correcto. Mas nao consigo. "Nao ter medo" é um principio tao simples de formular que chega ao ponto de iludir-nos, e quase nos convence a experimentar ter medo".
O medo faz parte de nos como uma sombra. No que a mim e à minha profissao diz respeito, temo falhar, perder os que me sao queridos, a posiçao profissional, adoecer, nao ser aceite, nao ser amado. É disto, so disto que tenho medo. AAS