sábado, 31 de janeiro de 2009

Chega! Ponto final.

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AAS

Chove em Bissau

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"Tenho tanto por dizer, tanto por te contar que a vida não chega. Tenho o céu e tenho o mar e tanto para te dar que a vida não chega"

A vida é um conjunto de excessos. Chega a engolir-nos. Arrasta-nos como uma onda gigantesca. Entretanto, agradeço à vida o que de bom me coube em sorte. Agora, penso em todas estas coisas como se elas pudessem ter um sentido ainda hoje. Algumas, sim. Outras, nem tanto assim. Outras ainda - é o caso - nem assim que fará assado ou cozido. E é exactamente no meio deste caos que eu procuro a lucidez. AAS

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Patarata

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Repórter da Rádio Nacional:

"Esta música vai dedicada a todos os embaixadores residentes na Guiné-Bissau, muito especialmente para o embaixador de Luanda".

E continuou, entusiamado, rumo ao abismo:

"Sr. Embaixador...zinho...glup... aquele abraço"...

NOTA: O embaixador de Angola na Guiné-Bissau chama-se António Brito Sozinho.

Coisas nossas. AAS

Mwangolé é que daaaa...

A visita a Angola do 1º Ministro guineense deixou mossa: conseguiu que esse país-irmao ficasse 43 milhões de dólares mais pobre, e Cadogo Junior bateu outro recorde: em 48 horas, o chefe do maior governo da nossa história conseguiu que Angola desembolsasse perto de 1.000.000 de dólares por hora! É obra!

Aliás, eu acho até que Cadogo se enganou na distribuição das pastas ministeriais: ele é que estava indigitado para ser o ministro do Comércio, ou, o que ia dar quase no mesmo, encarregado de Negócios da Guiné-Bissau em Angola.
Ja imaginaram? Um ano no cargo e lá tinhamos que partir pedra para arranjar espaço nos cofres do Tesouro para acomodar 365 milhões de dólares!!! - que depois ganhariam asas como aconteceu com a cocaína...
Os terrenos do Alto Bandim é que iam pagar a factura com tanta construção. AAS

Declaro que foi assim

O não fazer está a dar cabo de mim. Mas lá está: "A dignidade uma pessoa pode ser atacada, vandalizada, cruelmente posta a rídiculo, mas não pode ser-lhe tirada, a menos que a ela renuncie."
E eu não renuncio à minha dignidade. Antes a morte.
Agora estou fechado sobre mim mesmo, frequentemente de mal com a minha pessoa e com todos.
Lá fora, talvez seja um homem novo, sem país, sem destino, sem passado nem futuro.
Não conto com mais nada. Não espero nada de ninguém, apenas o prazer de viajarmos juntos no pensamento.
Tudo foi genuíno na minha vida, sem máscaras. Com forte personalidade - claro!.
Os que não morrem, encontram-se - é o que se costuma pensar nas despedidas. E, a julgar pelas lápides nos cemitérios, todo aquele que já morreu era boa pessoa...já leram bem as lápides? Tudo belo. Mas apenas na morte, claro. Mentira. Quando muito, os que um dia se encontraram nunca mais morrem na nossa memória.
Mesmo que apareçam tão-somente assim, esporadicamente, do fundo de uma gaveta, onde vive, arquivada, a luz dos dias felizes.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

telex

Se perguntarem por mim, nao estou. AAS

Terá todo o espaço, Srª. Ministra dos Negócios Estrangeiros

As autoridades bósnias declararam hoje, dia 29, o embaixador não-residente da Guiné-Bissau na Bósnia "persona non grata" devido à sua alegada implicação em actividades criminais.

"A Presidência decidiu declarar Desidério Ostrogon da Costa "persona non grata" devido à sua implicação em actividades criminais", indicou a porta-voz da Presidência bósnia, Irena Kljajic. "Foi implicado em actividades criminais na Bósnia-Herzegovina e em outros países", acrescentou sem fornecer mais pormenores.

Em Novembro de 2003, Desidério Ostrogon da Costa foi detido pela polícia croata que o acusou de ter usado falsos documentos para se acreditar como encarregado de Negócios da Guiné-Bissau na Croácia em Novembro de 1999.

Na altura, a Interpol tomou conta da investigação. A mais recente informação sobre Desidério Ostrogon da Costa remonta a 2003 e dá conta da sua hospitalização em Zagreb após ter sido detido. As circunstâncias da sua libertação nunca foram tornadas públicas.

Diga apenas...

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quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Tinha que ser por causa do vizinho...

Dou a mão à palmatória. Voltei. O 'the end' passa, por enquanto, à história...E volto por causa disto (um bom motivo para voltar, não acham?). Darwin pretendeu que o Homem descenda do macaco, e, assim, foram descendo...

Vamos lá então partir isto aos bocados que é como sabe melhor:

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- Na cimeira anual da CEDEAO, recentemente realizada em Abuja, na Nigéria, um dos pontos discutidos foi o «pedido de protecção para o Presidente da República da Guiné-Bissau», 'Nino' Vieira. Oh la la...

Agora, pergunto eu: que tipo de protecção daria a CEDEAO a 'Nino' Vieira, que aqui, no seu País, não se lhe pode garantir?

'Nino' Vieira, ele mesmo, algum dia garantiu segurança a quem quer que o tivesse pedido ou, mesmo, merecido?

Na entrevista que me concedeu enquanto jornalista do semanário «O Independente» (a 1ª em toda a imprensa mundial), durante o seu exílio dourado, e publicada no dia 16/07/1999, 'Nino' Vieira respondia assim a estas questões:

PERGUNTA: Vai regressar à Guiné-Bissau?

'Nino' Vieira: Para isso, deixei uma declaração. Desde que se criem todas essas condições. Caso contrário será um risco. Mas estou pronto. O povo da Guiné está no meu coração, desde os dezanove anos que me bato por aquele povo e vou continuar a bater-me pela sua dignidade. Usufruo da amizade de muita gente.

PERGUNTA: Exige garantias para voltar, mas não as deu ao ex-presidente Luís Cabral

'Nino' Vieira: Não recusei dar segurança a Luís Cabral. Não lhe podia garantir isso. E a reacção dos familiares que perderam os seus entes queridos durante o seu mandato? Se houvesse qualquer coisa as pessoas diriam: “O Nino chamou Luís Cabral para o matar”. Não podia responsabilizar-me.

Senhores da CEDEAO: deixem 'Nino' Vieira segurar-se com o que tem à mão. Afinal, toda esta segurança (ou melhor, a falta dela) tem que ver com as políticas arcaicas e da idade da pedra, cometidas pelo mesmo 'Nino' Vieira, o homem que agora querem «proteger»... E quem diz 'Nino' Vieira, diz Koumba (ou Mohammed), Cadogo, Manuel, Carlos, e todos os outros projectos de políticos que este País viu nascer. Não seria melhor cuidar das nossas reservas naturais? Ou proteger o Aly???

António Aly Silva

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

É à esquerda, sff

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ELA:

Sentados, vimo-la passar. Ninguém sabe, neste pedaço de terra, como ganha a vida. Havia, no entanto, quem apostasse que se governava vendendo coisas insignificantes para quem as não comprasse.

Vestia de preto e o seu tímido rosto fechado ia bem com a tonalidade do pano. Chamaram-na. E veio, envergonhada, os olhos pregados no chão de terra vermelha. «Nunca usei nada que já não tivesse sido usado», disse. E depois sorriu, um sorriso maior que mil trindades, mostrando os dentes brancos e as gengivas quase púrpura.

Os vestidos que quase nunca usava eram-lhe dados, como quase tudo o que lhe pertencia, e nunca lhe assentavam bem. Estavam, ou apertados ou largos ou ainda compridos de mais.

O seu rosto era pálido. Estavam vincados pela vida e pelos seus riscos. Notava-se que estava por sua conta e risco. Talvez não lhe surpreendesse ou não gostaria que fosse de outra forma.

EU

Aqui, é o tempo que nos amolece. E quando isso acontece, lembramo-nos de como a vida continua em todo o seu esplendor para além da nossa fadiga. A clausura a céu aberto a que me sujeitei durante oito dias, transformou-me num outro homem. Escuto muito, e mais. Falo pouco e baixo e com cadência. Não tenho pressa, terei cuidado.

Aqui tudo é escuro, e, assim sendo, não há ciências exactas. O que há é isto: a grande escuridão que se instala quando o mar engole o sol e no céu navegam estrelas. Oito dias num clima quase invernal (choveu na madrugada de domingo...). O nevoeiro cobria tudo à volta que mais parecia uma noite branca.

Vultos na noite escura (quero dizer, branca) vagueiam pelas estradas de terra como assombrações. Eu, atordoado com o frio, vejo a hora marcar passo. Pareceu-me então um duvidoso privilégio esta solidão auto-imposta, mas enfim, é realmente verdade que não tenho escolha.

Continuo sentado a escrever. O 'manuscrito' soma já 105 mil caracteres e é um quase quase livro. E enquanto escrevo já a noite vai longe. Recupero das desilusões e vivo de emoções. A fadiga que não me larga, o quase deixar de acreditar, o tentar reatar o fio da vida que teima em dar nó.

Pensei em tudo. Mas nada digo. Sou um túmulo. E se um dia alguém quiser escrever a minha biografia só encontrará silêncios. AAS.