quarta-feira, 18 de junho de 2008

Os novos colonialistas

África já foi citada de várias maneiras. E feitios. Apontam-lhe defeitos. E depois sugam-lhe até ao tutano, como diria Zeca Afonso. Porém, há uma citação que me atormenta. Tem-me perseguido, aliás, como se de uma sombra se tratasse:

«África não é nada, não faz nada nem nunca conseguirá fazer nada», afirmou Eden Kodjo, na altura secretário-geral da OUA (Organização da Unidade Africana), hoje União Africana graças ao homem dos camelos.

Eden Kodjo continua - volvidos quase trinta anos - dono desta razão sem razão, mas com razão de ser. E que é só esta:

Hoje, a Organização Mundial do Comércio, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, estabelecem as regras de uma situação de domínio e exploração de facto, e que consegue ser igual ou pior e de consequências mais funestas do que a escravatura colonial.
António Aly Silva
Jornalista

terça-feira, 17 de junho de 2008

É mesmo.

Photobucket

Só mesmo um judeu!

Um judeu foi ao jornal pôr o anúncio da morte da mulher:

"Escreva assim: Sara morreu."

O escriturário, muito admirado pergunta: "Mas é só isso?"

Responde o judeu: "Sim, porque senão fica muito caro!".

O escriturário explica-lhe então que paga o mesmo até cinco palavras.

O judeu aproveita:

"Então escreva assim: Sara morreu. Vendo Opel Corsa".

E por estar tudo tenso...

Marque o zero...

Uma executiva de topo de um instituto público (portanto, não se trata de uma guineense...), recém nomeada, faz a sua primeira viagem em trabalho fora da sua cidade. À noite, sentiu-se sozinha e por isso decidiu telefonar a uma empresa de acompanhantes. Diz ela ao telefone:

- "Boa noite. Preciso de uma massagem... Não, espere! Na realidade o que quero é sexo! Uma grande e duradoura sessão de sexo, mas tem de ser agora! Estou a falar a sério! Quero que dure a noite inteira! Estou disposta a fazer de tudo, participar em todas as fantasias que vocês inventarem. Traga tudo o que tiver de acessórios: algemas, chicotes, dildos, pomadas... quero ficar a noite inteira a fazer de tudo! Vamos começar por espalhar mel pelo corpo um do outro. Depois vamos lamber-nos mutuamente... ou será que você tem alguma ideia mais quente? O que acha?

Diz o homem do outro lado da linha:

- "Bem, na verdade parece-me fantástico, mas para chamadas exteriores a senhora precisa de marcar o zero primeiro...

País light

Eterna feminina, a cidade de Bissau tem o gosto da angústia. A angústia de quem não tem a varinha de condão capaz de transformar, por exemplo, uma sandes de peixe frito em maravilhosas costeletas.
Por seu lado e como bom guineense, o J. é antes de mais, um bom machista. É ele quem fixa as regras do jogo. As garinas são sinónimo de panela de caldo di tchebém e brindje de skilon ao fim-de-semana ou, ainda, de uma barriga por engrossar.
«São muitas vezes simples objectos de prazer», fiz notar ao meu amigo, que não me deixou sem o devido troco. «Sobretudo agora, depois de sucessivos anos de orgia de violência, que reduziram o pessoal masculino e fizeram com que a média mulher-homem fosse (ainda) mais dilatada. «A guerra afinal serve para estas coisas…», disse em tom desajeitado. Recordámos então, com aquele sorriso maroto, as filas intermináveis nos Armazéns do Povo e na Socomin e os jogos de futebol de salão nos ringues do agora Ministério das Finanças, e da defunta UDIB (como dói!).
Isto passou-se pouco antes do meu atribulado regresso a Lisboa (nha polícias di luxo…), no mês de Outubro do corrente ano. De volta ao país, voltei a cruzar-me com o J. numa das nossas esquinas. Estava diferente. Deixara crescer o bigode e engordara. Deitava-me agora aquele olhar melancólico e impotente. «É a Bissau a preto-e-branco» – sussurrei-lhe. «Boa mãe para uma imensa minoria e madrasta para a esmagadora maioria».
É que, há dias, há dias em que um dia parece que nunca mais passa. E há vezes em que estes anos todos passaram quase que de repente. «E o guineense comum – barafustou J. – o Zé-povinho, passa por esta vida como um gato – sem deixar marcas». Provocador (como eu, sim, como eu…) olhou à volta, para se certificar que tínhamos todos ouvido, e riu-se durante cerca de 5 minutos. Nem sequer parou de rir quando, em marcha-atrás, um automóvel conduzido por um motorista meio lélé-da-cuca quase lhe partia a perna.
Fiz-lhe notar que Bissau se transformara num parque de diversões, onde os homens são homens, mesmo que não queiram, e as mulheres são mulheres, mesmo que tenham que fingir. As mulheres divertem-se a gritar ou a fechar os olhos para se convencerem que não estão ali. Os homens cerram os dentes e abrem os olhos como prova de coragem. Na realidade, como fica mal gritar – e não foram educados para isso – defendem-se com um sentido de humor tirado dos intestinos fraquejantes. Outra maneira de ser homem é explicar que isto parece mas não é. Quer dizer, parece que podemos morrer, cair, magoarmo-nos, mas não é possível. Que País!...

António Aly Silva
Jornalista

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Menos ais


A palavra «ego», entre outros tantos significados, exprime a ideia de auto-estima. Ora aí está algo que nos anda a fazer falta a todos.
Falta-nos confiança, temos medo de arriscar e andamos todos na encolha. Melhor, tesos. Melhor ainda: f#/”$%s. E temos um problema ancestral: país algum gosta tanto de nós como gostamos dele.
FACTO: É por demais evidente nos países que colonizaram africanos que, regra geral, não vão muito à bola connosco, e, quando vão, dão-nos com os pés...
Sempre foi o drama dos guineenses gostarem mais dos estrangeiros do que os estrangeiros dos guineenses. Por exemplo, gostamos mais dos portugueses do que eles de nós. Gostamos imenso dos franceses (esses presumidos dos franceses?!) e eles não gostam assim tanto de nós. Gostamos até de muitos países que nem sequer nos conhecem quanto mais gostar de nós. Outro exemplo: Os nossos governantes nada fazem para que os guineenses continuem a querer falar português, mas ficamos amuados quando alguém diz que, se calhar, dava-nos mais jeito passar para o francês.
Os amigos escolhem-se e nós temos de escolher os nossos. Porque é que havemos de querer ser amigos de quem não gosta de nós, só porque vivemos uns tempos com eles ou porque falamos a mesma língua?
Guiné-Bissau tem irmãos a mais e amigos a menos. Os amigos escolhem-se e amizade pratica-se. E não se pode amar à distância. É preciso a proximidade, a presença, a prática. Hoje em dia, as «relações históricas» são mesmo isso: história. O presente, com os olhos postos no futuro mostra-nos a cada dia que passa que essas relações devem ser comerciais. Alguém acredita mesmo na caridade pura e simples? Se acredita, não acredita de bom grado.
Aos parceiros da Guiné-Bissau: A vossa relação connosco (a ganância em perder dinheiro, perder tempo e dignidade) parece altamente suspeita aos olhos do cidadão comum mais bem informado... Alguém disse, e bem, que a cada minuto que passa nasce um trouxa.
Aly Silva

domingo, 15 de junho de 2008

Chega-me lume

Photobucket

E cá está ele («então, rapaz, tiraste a fotografia...medo?»)... Medo? Mas que medo, caramba! pela enésima vez: eu não tenho inimigos à minha altura. E aqui estou: junto aos pés (não se vê na fotografia, mas está lá) um recipiente com combustível (gasolina, que é o que há...) e, na mão, o isqueiro. Deixem-se lá de ameaças e falemos daquilo que realmente interessa. Quanto a mim, e depois de (quase) perder a esperança na Humanidade, prefiro falar de Jesus Cristo, pois fez o coxo andar, o doente sarar, mas nunca fez um burro tornar-se inteligente. Mais palavras para quê? Se juntar tudo, o resultado será, naturalmente, booooooooooooommmmmm - e o fim de tudo.

sábado, 14 de junho de 2008

Alpedrinha, feito Embaixador

Photobucket
Carta de um Pai indignado
«Do alto da sua menoridade, no dia 10 de Junho, o Embaixador de Portugal mostrou a sua Raça. Ao expulsar de território português uma cidadã portuguesa, minha filha, e pior ainda, pelas estapafúrdias razões invocadas, "não ter cumprimentado Sexa", mostrou à evidência a sua pequenez, a completa falta de neurónios e a sua acentuada tendência para o consumo de penaltis do Cartacho…
Da inigualável galeria de personagens de Eça de Queiroz ocorre-me logo a comparação com o subserviente Zagalo, distinto biógrafo do eterno Conde d'Abranhos, mas sou obrigado a reconhecer que afinal este sempre dominava umas letras, tinha um estilo de escrita vigoroso e eloquentee conhecimentos escolares mínimos, o que manifestamente parece não sero o caso do Embaixador.
Faz-me lembrar mais o Alpedrinha, desterrado no Cairo a fazer vezes de representante de Portugal. Este ainda poderia ambicionar ser Embaixador, enquanto o de cá tem mais vocação para Embailador. Garantem-me pessoas amigas que este nosso Alpedrinha de trazer por casa foi, em tempos idos, porteiro do Bar Filadélfia ao Cais do Sodré.
Sinceramente não o creio. Vejo-o mais a exercer as mesmas funções na Ginginha do Rossio ou no Papa Açorda, porque mais condizentes com a sua figura caricata, o bigode de caranga e com o pé sempre a fugir-lhe para a chinela. Afinal, Portugal representa-se por pessoas de bem, civilizadas, cultas, como, por exemplo, todos aqueles que vieram participar no Simpósio Internacional de Guiledje e que trouxeram um abraço solidário, mostraram o seu elevado nível de sentimentos, deconhecimento histórico e cultural e que deixaram em todos nós uma imagem do Portugal moderno e civilizado que muito nos calou no coração.
O Alpedrinha que nos calhou em sorte tem o rei na barriga e um séquito de fieis servidores a quem humilha permanentemente na Embaixada, masque habituados à canga não tugem nem mugem, acabando até por gostar de a carregar. Uma coisa ele não sabia e passou a saber: É que há pessoas, simples mortais, com quem se pode brincar a tudo menos com a sua dignidade. Vamos a isto, então!

Carlos Schwarz»

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Beba Sagres... e veja cristais!

Photobucket

Aviso à navegação (que se afunda...)

Tenho recebido e-mail's e telefonemas com manifestações de solidariedade por causa do post «Realidade ou Ficção?», vindo de pessoas simples, com cultura democrática que eu considero até bastante acima da média. Uns há que falam com a voz do dono. Mas a mim não metem medo.
Deixo entretanto este alerta a certas pessoas do CORPO DIPLOMÁTICO (CD) acreditado em Bissau:
Se o governo da Guiné-Bissau, nomeadamente o seu ministério dos Negócios Estrangeiros, não faz nada para disciplinar algum CD, eu tomarei essa responsablidade: a partir de hoje, andarei armado de uma máquina fotográfica e câmara de vídeo.
Qualquer indisciplina: carros mal estacionados, carros de marícula CD conduzidos por pessoas que não estão habilitadas para tal, acidentes, disparates, bebedeiras de fazer perder o equilibrio, promiscuidades e outros, serão alvo da minha melhor atenção.
Depois não digam que não avisei. Com prazer,
António Aly Silva (jornalista)