quarta-feira, 31 de julho de 2013
EXCLUSIVO DC: Porta-disparate (novamente) barrado no MNE português
O 'ministro da Presidência do Conselho de Ministros, ex-porta disparates do governo e eterno porta-disparate do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau e do procurado general António Indjai' - Fernando Vaz, tão cedo não esquecerá esta sua última passagem por Lisboa. E porquê, perguntam. Eu conto. A temperatura por cá não pára de subir mesmo...
Então não é que o infeliz do 'Nando' teve a péssima ideia de se dirigir directamente ao ministério português dos Negócios Estrangeiros? Talvez para receber uma palmadinha de conforto no ombrozinho... Cojones!!! Enganou-se. Receberam-no na recepção, mas quando a moeda caiu na ranhura, a temperatura caiu para graus negativos...
- nhu Nando pudu mon na pitu.
Bu bin nam ku pitu, bu riba marcha a ré
Bom, mas depois de anunciado, a resposta não tardou a chegar das profundezas: "O Sr. Fernando Vaz que se dirija ao Instituto Camões." Aqui - nas Necessidades - "temos dois olhos." (dus kuku di udju!). O Camões, esse, como se sabe... O coitado (coisa que não € de certeza) lá se escondeu nas golas do casaco e bateu em retirada. Não consta que foi ao Instituto Camões...nhu sufri. AAS
ÚLTIMA HORA/LIBERDADE DEFINITIVA: Os dois agentes cabo-verdianos, ontem libertados em Bissau, estão já em Dakar, no Senegal. Viajaram na companhia do Embaixador de Cabo Verde acreditado em Dakar. Mas...no aeroporto de Bissau, os serviços de informações (leia-se militares) tentaram impedir o seu embarque à última da hora! Valeu-lhes as várias organizações presentes no aeroporto 'Osvaldo Vieira'... AAS
Hélder Vaz, candidato às eleições presidenciais: “Acredito numa Guiné-Bissau positiva"
“Acredito numa Guiné-Bissau positiva, com a excelência dos seus recursos humanos e recursos naturais ainda por explorar”, disse Hélder Vaz à agência Lusa. Neste sentido, disse acreditar que a Guiné-Bissau pode “vir a tornar-se na ‘Suíça de África’, afirmar-se pela diferença e ser um país especial. Tudo depende dos seus filhos”. Hélder Vaz referiu que a sua candidatura é “suprapartidária” e quando questionado sobre o que pode fazer pelo seu país, disse: Vou fazer tudo diferente”. “A minha vida é o espelho daquilo que posso fazer de diferente”, disse, explicando que a diferença é que não pretende “ir buscar votos às etnias”, mas sim juntá-las em torno da sua candidatura por acreditar que representa “a pluralidade dos guineenses”.
“Temos de nos reconciliar enquanto povo, de ter a capacidade de perdoar os infratores para que vitimas e perpetradores possam reconciliar-se na sua humanidade e acabem com os sentimentos de vingança. Temos de ser capazes de trabalhar em conjunto, de desenvolver um plano coletivo que some vontades e atenue as diferenças”, escreveu o candidato na “1.ª Mensagem aos Guineenses e Amigos da Guiné-Bissau”, que serviu para lançar a sua candidatura. Hélder Vaz, de 54 anos, disse que é apoiado por “um conjunto de personalidades que pretendem mudar a Guiné-Bissau” e justifica assim a escolha do nome da candidatura: Aliança Patriótica para a Salvação da Guiné-Bissau. O candidato defendeu ainda que “chegou a altura de o poder político assumir o seu papel e da estrutura militar assumir o seu”, considerando que “o papel dos militares é defender a Pátria das agressões externas”.
“Precisamos de dignificar a vida dos antigos combatentes e dar condições aos militares no ativo e na reserva para prosseguirem a sua vida com dignidade social e com oportunidades económicas para que possam ter escolha nas suas opções de vida e de futuro”, disse, defendendo que os militares devem ser isentos “de influências e manipulações políticas”. A Guiné-Bissau tem um historial de vários golpes de Estado nos últimos anos, tendo o último, a 12 de abril de 2012, afastado do poder o então primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, que também anunciou na terça-feira à Lusa a sua intenção de concorrer à presidência.
Assumindo-se como “o rosto daqueles que acreditam no projeto político de Amílcar Cabral”, de quem disse ser um “humilde e modesto continuador”, Hélder Vaz estabeleceu como prioridade para o país a educação. No entanto, pretende também, com a ajuda dos parceiros da Guiné-Bissau, "criar uma estratégia nacional de combate ao crime organizado, nomeadamente ao crime transnacional, movendo um combate cerrado e sem tréguas ao narcotráfico”. A candidatura de Hélder Vaz às presidenciais de 24 de novembro próximo é a terceira a ser conhecida, depois de Carlos Gomes Júnior e Tcherno Djaló, antigo ministro da Educação da Guiné-Bissau.
Nascido em Bissau, licenciado em filosofia e mestre em administração e gestão publica, Hélder Vaz foi deputado no Parlamento da Guiné-Bissau (1994 -2004) e ministro da Economia e do Desenvolvimento Regional (2000-2001) no primeiro Governo de Coligação, constituído no seguimento da crise político-militar na Guiné-Bissau. Entre 1999 e 2004 foi Presidente da RGB-MB (Resistência da Guiné-Bissau - Movimento Bafatá), tendo sido Secretário-Geral do mesmo partido entre 1991-1996.
Após a extinção do RGB e uma derrota nas eleições legislativas de 2004, às quais se candidatou numa grande coligação de partidos da oposição, Hélder Vaz abandonou a política ativa e regressou a Portugal.De 2004 a 2007 esteve ligado à UCCLA (União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas) e, antes disso, fora consultor de várias entidades, nomeadamente do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, da USAID, do TIPS (Trade and Investment Project Support) e do Grupo Águas de Portugal. Assumiu o cargo de primeiro diretor-geral da CPLP a 31 de janeiro de 2008, em que se manteve até ao último dia 18. LUSA
Falsa partida
OPINIÃO
"Caro Paulo Gomes
Antes de mais, seguem os meus profundos desejos de uma longa vida cheia de saúde, e de prosperidades sempre, ao lado da família, assim como ao lado dos que vão merecendo a sua preciosa dedicação. Apesar da relativa distância que nos separa, sou um dos guineenses que em si, e mais noutras poucas personalidades da nossa paupérrima intelectualidade, encontra uma referência positiva, por tudo que tem conquistado como homem das ciências, e pela forma como tudo tem conquistado enquanto compatriota. E tenho plena certeza, de que isso lhe cobre em cada momento, de um mais que merecido orgulho.
Caro Paulo Gomes, foi para mim um desagrado, na proporção inversa do que acima acabei de mencionar, conhecer na sua página oficial no Facebook, àquela inoportuna hesitação arrogante, em jeito de lançamento duma candidatura, à mais alta magistratura da nação, tão simplesmente porque, as fortes exigências para um arranque definitivo ao desenvolvimento sustentado, que o nosso país imprime nesta fase crucial da nossa longa caminhada, não devem competir por prioridade, aos que sem uma sólida dose de convicção política, pretendam assumir certos protagonismos na vida pública.
Não conheço o seu percurso escolar, mas presumo que como quase todos nós, também tenha beneficiado nos primeiros anos lectivos, de certas infra-estruturas públicas, das quais, algumas custaram heróicas chicotadas, nas costas dos nossos gloriosos ascendentes, e até mesmo vida, para que hoje tenhamos a conviver entre a nossa humilde população, pessoas com o seu elevado nível académico. Por isso e por mais, fiquei sem perceber, como é que alguém com o seu grau de instrução, com uma reconhecida e internacionalizada experiência profissional, eventualmente acreditou que, na também auscultação da reduzida população internauta, no nosso caso, poderá existir suficiente cobaia eleitoral, para ensaiar uma espécie de plebiscito, como motivação fundamentada, para o sucesso, ou não, de uma candidatura presidencial!
Se pelo que percebi, por três vezes ter declinado convites para liderar governos, devido aos nossos famigerados problemas estruturais, será que agora, depois de alguns sacrifícios carnais, com as lágrimas do povo a secar, faz assim tanto sentido, numa perspectiva política, e sobretudo pela moral dos bons costumes, querer avançar uma reputada candidatura presidencial, embora com o grosso desses nossos problemas ainda por resolver?!
Caro Paulo Gomes, de hesitações políticas em hesitações políticas, acabou por cometer uma grave falta política, por falsa partida, para uma prestigiada disputa política. E a isso, o bom senso recomenda uma inequívoca e voluntária desqualificação política! Até porque desta vez, a qualidade média dos potenciais adversários presenciáveis, e do resto dos actores políticos, ainda que numa afirmação tímida, está a ser desejável como nunca. Pelo que deve sim, evitar imediatamente o centro da arena política, e empenhar-se numa melhor preparação, para enquanto isso, melhor sustentar futuras ambições, às diversas outras funções no aparelho do Estado.
Nota: Pela importância da sua instantânea aspiração política; pela natureza pública da sua hesitação política; e pela generalidade da sua pretensão à devida auscultação, optei por expressar publicamente a minha opinião, sobre a sua livre e legítima solicitação.
Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar
Flaviano Mindela dos Santos"
A dor de um Pai
"CAROS AMIGOS,
Neste momento de consternação resultante da perda inesperada do meu filho/amigo, BRUNO VAZ PERDIGÃO, por razões já sobejamente conhecidas, quero, em nome de toda a família, agradecer a todos quantos a nós se juntaram, e nos transmitiram todo o vosso carinho, afeto e força espiritual de que tanto necessitávamos para erguermos a cabeça e continuar a ter fé em Deus...
Do fundo do coração, obrigado a todos!
Fernando Eduardo Marques Perdigão"
A TAP - de novo!
Muito a gradeço que publique estas linhas no seu blog, pois julgo que o assunto é muito sério e começa a roçar a falta de consideração e respeito.
Ontem, mais uma vez a TAP esteve no seu melhor, cancelando, sem aviso prévio o voo Bissau-Lisboa. Senhores governantes, actuais, futuros e potenciais candidatos, façam um esforço de união para assuntos relacionados com o interesse público e o respeito pela população guineense. Esta questão da TAP, que constantemente cancela voos, deixa bagagens em terra e pratica preços exorbitantes, deve merecer a atenção de todos dos governantes, independentemente do partido A, B ou C que esteja no poder. É uma questão de orgulho nacional e devemos todos lutar por ele.
A minha sugestão:
1- Obrigar a TAP, ou outra companhia aérea qualquer, a indemnizar os passageiros nacionais em situações de incumprimento.
2- Encetar esforços no sentido de rapidamente a Guiné-Bissau possuir uma companhia aérea, de bandeira nacional, com preços mais baixos.
Com os melhores cumprimentos,
Augusto
terça-feira, 30 de julho de 2013
Carlos Gomes Jr. diz que "a luta continua"
O Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior revelou hoje (terça-feira)à Lusa que vai apresentar a sua candidatura à Presidente da República da Guiné-Bissau para a semana e regressará ao país "brevemente". Em declarações ao telefone, o Primeiro-ministro deposto na sequência do golpe de Estado militar de Abril de 2012 adiantou que está, em conjunto com os seus colaboradores, "a programar uma conferência de imprensa para a semana", com o objectivo de apresentar a candidatura a Presidente da República. "Estamos a preparar os documentos do lançamento da candidatura", disse. Questionado sobre se tal significará também o seu regresso à Guiné-Bissau na mesma altura, Gomes Júnior respondeu apenas que voltará "brevemente" ao país.
"Eu ganhei as eleições, com 49 por cento dos votos, antes do golpe de Estado", recordou, considerando que essa percentagem "quer dizer que a população tem confiança no líder do PAIGC". Carlos Gomes Júnior não receia um regresso, frisando: "A luta continua, não podemos cruzar os braços." A Guiné-Bissau vive um período de transição depois do golpe de Estado que, a 12 de Abril do ano passado, afastou os governantes legítimos.
O Presidente interino, Raimundo Pereira (que ocupava o cargo na sequência da morte do Presidente eleito Malam Bacai Sanhá), e o Primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, foram afastados e estão desde então em Portugal. Em Maio do ano passado foi constituído um governo de transição para conduzir o país até às eleições, que deviam realizar-se no prazo de um ano. Atrasos vários no processo levaram a que o período de transição fosse estendido até ao final deste ano. As eleições gerais estão agendadas para 24 de Novembro. LUSA
Carmelita Pires parte à conquista do PUSD
Será anunciada amanhã, em Bissau, a candidatura de Carmelita Pires para a liderança do PUSD (Partido Unido Social Democrata). O Manifesto da Candidatura evidencia a aspiração do PUSD em contribuir nas mudanças positivas que se impõem ao país, através do seu projeto de sociedade, cujo acento tónico e prioridades são a modernização do Estado, a democratização, a reforma e melhoria da educação, da saúde e da justiça, e o desenvolvimento socioeconómico.
A candidatura de Carmelita Pires à liderança do seu partido defende um Estado Social forte, o desenvolvimento sustentável, a reforma e a modernização das forças de defesa e segurança nacional e uma nova forma de fazer política no país. Carmelita Pires e a sua equipa se auto credenciam para apostar na transição geracional, na mulher guineense e na diáspora guineense. Por se tratar duma candidatura direcionada às capacidades nacionais (a Guiné-Bissau possui recursos humanos qualificados que não pode menosprezar), aos jovens (a eles pertence o futuro), às mulheres (a elas pertence o equilíbrio social) e à diáspora guineense (a ela pertence a diferença na requalificação das competências guineenses).
A candidata à chefia do PUSD apela à reunificação da família PUSD no II Congresso do partido, agendado para a primeira quinzena de Setembro, visando com esta reunião magna a reorganização e a reestruturação do PUSD, a reafirmação do partido como fiel de balança da interação no domínio político e o seu impulsionamento para vitórias políticas. Esta candidatura almeja assim dar uma voz ativa ao PUSD na vida política guineense, reerguê-lo como uma força política essencial e indispensável na Guiné-Bissau e como um dos mais importantes partidos políticos nacionais.
Finalmente, indiciando valores inegociáveis e uma visão para a Guiné-Bissau e da Guiné-Bissau, a candidatura acredita poder mobilizar e congregar as vontades e as energias para a luta política inerente à solidificação de um Estado de Direito, num compromisso que impulsione a mudança e o amanhã guineense e que possa, nomeadamente, fazer recuperar a credibilidade externa do país e devolver a esperança aos cidadãos.
A partir de amanhã, poderá consultar o site da candidata CARMELITA PIRES na internet.
ÚLTIMA HORA: Liberdade!
A ministra da Administração Interna de Cabo Verde, Marisa Morais, acabou de anunciar que os dois agentes da Direcção de Serviços e Fronteiras detidos na Guiné-Bissau desde o dia 12, acabaram de ser libertados. Júlio Gomes Tavares e Mário Varela Brito regressam ao país amanhã à tarde, num voo da Air Senegal. Os agentes estão entretanto instalados num hotel em Bissau, acompanhados pelo Embaixador cabo-verdiano em Dakar.
Os dois polícias deslocaram-se a Bissau no dia 09 de Julho e estavam detidos desde dia 13. Esta terça-feira, em declarações ao Expresso das Ilhas Dulcelina Silva da Costa, esposa de Mário e Lúcia Centeio, mãe de Júlio revelaram que estavam preocupadas e ansiosas com o desfecho deste caso, mas diziam também que confiavam nas autoridades nacionais.
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Detenção em Bissau - Cabo Verde não poupa esforços para libertar os seus dois agentes
O Primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, disse hoje (segunda – feira) na Cidade da Praia, que o Governo "está a trabalhar em várias frentes" para conseguir a libertação dos dois polícias nacionais presos na Guiné Bissau. José Maria Neves reconheceu que "o problema é complexo", mas indicou que o Governo tem dado todo o apoio necessário aos dois cidadãos cabo-verdianos, nomeadamente judicial, através de advogados.
"Estamos em permanente contacto com os dois agentes, as autoridades guineenses e os organismos internacionais para resolvermos da melhor forma possível esta situação". Questionado sobre a demora na resolução do caso, José Maria Neves pediu paciência e disse que "há questões que não podem ser resolvidas ao ritmo que desejamos, tendo em conta um conjunto de equívocos que têm de ser removidos".
O Primeiro-ministro confirmou também que o embaixador de Cabo Verde no Senegal, Francisco Veiga, se encontra neste momento na Guiné-Bissau a dialogar com as autoridades guineenses para trazer de volta os dois agentes da Polícia Nacional. Os dois agentes do Departamento de Estrangeiros e Fronteiras Mário Lúcio de Barros e Júlio Gomes Tavares foram detidos no Aeroporto de Bissau no dia 12 de Julho, quando já se encontravam na sala de embarque para Cabo Verde, depois de terem realizado uma missão de escolta a uma cidadã guineense expulsa do país, depois de cumprir metade de uma pena por tráfico de droga.
Também o novo líder do Movimento para a Democracia (MpD, oposição), Ulisses Correia e Silva, pediu o reforço do diálogo político e diplomático, com vista à libertação dos dois agentes da Direcção de Migração e Fronteiras de Cabo Verde, detidos na Guiné Bissau desde 12 de Julho.
Em declarações à comunicação social, no final de uma audiência com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, Ulisses Correia e Silva afirmou que o único caminho que o Governo cabo-verdiano deve seguir é a intensificação do diálogo político e diplomático com as autoridades guineenses, para que os dois cidadãos cabo-verdianos possam regressar rapidamente ao país.
Detenção em Bissau: “Cartada perigosa” de um “poder arbitrário”
Fonte: A Semana
Os agentes da PN Júlio Tavares e Mário Lúcio de Barros correm o risco de enfrentar um tribunal militar na Guiné-Bissau, numa altura em que começou, nos Estados Unidos, o julgamento do Contra-Almirante Bubo Na Tchuto, acusado de pertencer a uma rede de narcotráfico. Uma coincidência que pode atiçar a sede de “justiça” do Governo de Bissau, que dá claros sinais de querer levar o caso até às últimas consequências. Cabo Verde terá sérias dificuldades em resolver o conflito que o opõe à Guiné-Bissau pela via judicial. O problema, segundo um ex-Procurador da República, é que o poder instituído em Bissau está a agir à margem da lei em relação aos dois agentes da PN detidos inicialmente por suspeita de espionagem e, sendo assim, o canal apropriado a ser usado é o político-diplomático.
“Os dois policiais não passam neste momento de dois peões usados num perigoso jogo político. Ora, se Cabo Verde quer solucionar este caso depressa, como o Governo tem deixado entender, a via judicial não é a mais indicada, por ser demorada e estarmos perante uma força dominante que não respeita a sua própria lei. Passadas duas semanas sobre o incidente, o Ministério Público nem sequer conseguiu sustentar uma acusação contra eles e decidiu remeter o caso para o Tribunal Militar”, frisa o jurista, que considera uma perda de tempo envolver, neste momento, o Tribunal da CEDEAO neste processo. No entanto, o Palácio da Várzea deveria suscitar a enérgica intervenção de certos organismos internacionais, como a União Africana, a CPLP, a ONU e a própria Comunidade Económica da África Ocidental, perante a clara intenção do Governo de Transição da Guiné-Bissau de levar o caso às últimas consequências.
Entregar os agentes da PN detidos em Bissau nas mãos de um Tribunal Militar, como pretende o Procurador-Geral da República Abdu Mané, é, na perspectiva de uma alta patente das Forças Armadas cabo-verdianas, uma cartada perigosa de um poder autoritário e sem legitimação. Mais uma prova, a seu ver, de que o Governo liderado por Rui Duarte de Barros quer obrigar os agentes a pagar o pato pelos incidentes diplomáticos registados entre Praia e Bissau desde o último golpe de Estado nesse país vizinho, em 2012. “Acontece que os agentes não cometeram nenhum crime e não podem ser submetidos a julgamento, quanto mais perante um tribunal militar. Isso só seria possível se tivessem participado numa missão de cariz militar, por exemplo, inseridos numa operação da ONU ou noutro organismo”, exemplifica o oficial militar, que não arrisca nenhum prognóstico sobre o fim desta novela.
A actual situação, nas suas palavras, é muito delicada porque a Guiné-Bissau não é um Estado de Direito Democrático e nem está a dar sinais de querer respeitar a sua própria lei. Se o processo for resolvido por uma instância militar, a nossa fonte teme que a sentença possa ser pesada para os dois agentes. É que, apesar de ainda não haver uma acusação formalizada pelo Ministério Público contra os policiais, corre a informação de que o Governo de Bissau pondera levá-los a julgamento por crimes contra a segurança do Estado.
“Em qualquer país, esta acusação é grave. Repara que começaram a ser suspeitos de espionagem. Esta versão não colou, passaram a acusá-los de tráfico de droga. Depois disseram que, afinal, o crime eram falsas declarações; agora já são suspeitos de atentado à segurança do Estado da Guiné-Bissau. Isto tudo prova duas coisas: que Bissau anda às apalpadelas e que está empenhado em descarregar o seu ódio contra Cabo Verde sobre esses dois policiais”, comenta uma fonte ligada à segurança cabo-verdiana, acentuando que as sentenças dos tribunais militares são, normalmente, mais pesadas que as das instâncias civis. Nalguns países, lembra, podem até decretar a pena de morte. Mas esse não é o caso da Guiné que, segundo essa fonte, baniu essa condenação.
O quadro vivido neste momento é de pura conjectura, na perspectiva desse elemento ligado aos serviços de segurança em Cabo Verde. O facto que mais preocupa agora é o estado de saúde dos dois agentes. É que um deles é epiléptico e hipertenso e o outro começa a dar sinais de depressão.
Confrontada com esse cenário, a ministra Marisa Morais garantiu que os policiais – além de contarem com a advogada contratada pelo Estado de Cabo Verde – estão a ser medicados. “Continuamos confiantes na resolução do problema. Volto a frisar que avaliamos os cenários e a nossa intervenção continua firme no terreno”, respondeu a ministra da Administração Interna quando pedida para comentar a informação segundo a qual os policiais podem ser levados a um tribunal militar e terem, por isso, dificuldades acrescidas para provar a sua inocência.
Por coincidência ou não, o Contra-Almirante guineense Bubo Na Tchuto, preso perto das águas territoriais cabo-verdianas por suspeita de narcotráfico, começou a ser julgado, ontem, nos Estados Unidos. A captura do suspeito foi consumada no dia 2 de Abril por forças da Drug Enforcement Administration, mas Bissau acredita que os policiais norte-americanos foram ajudados por dois agentes cabo-verdianos.
E tudo indica que chegou o momento de Bissau retaliar. Na altura dos acontecimentos, recorde-se, o Executivo da Guiné demonstrou o seu desagrado pela suposta colaboração da cidade da Praia concedida aos norte-americanos e acusou Cabo Verde de ser um “mau vizinho”. Essa declaração colocou a nu o nível das relações diplomáticas entre os dois países, até aqui considerados irmãos, pelo que Cabo Verde encara agora com certa apreensão as contas de causa – efeito que o julgamento de Na Tchuto em Nova Iorque pode ter na situação dos agentes.
Missão provada
A missão dos policiais a Bissau já foi comprovada pelos Serviços de Emigração e Fronteiras, que disponibilizaram à sua congénere guineense os documentos sobre a condenação e o repatriamento da cidadã Enide Tavares para Guiné-Bissau, escoltada pelos dois policiais de segurança. Todos os comprovativos, inclusive os disponibilizados pela companhia Air Maroc indicando o número do assento atribuído no avião a Enide Tavares, foram repassados a Bissau. Mas, mesmo assim, as autoridades guineenses não parecem dar sinais de estar satisfeitas.
Esta semana, o próprio Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, mostrou-se preocupado com o rumo dos acontecimentos. Segundo Fonseca, ele e o Primeiro-Ministro José Maria Neves estão a acertar passos, visando garantir a protecção necessária aos policiais Júlio Tavares e Mário Lúcio de Barros.
Se em Cabo Verde o incidente está a provocar stress na sociedade e nas hostes políticas, na Guiné-Bissau ameaça fazer rolar cabeças. Informações divulgadas na imprensa indicam que o director da Policia Judiciária corre o risco de ser demitido, por ter recusado dar uma conferência de imprensa para acusar os dois agentes da PN, tal como lhe foi exigido pelo PGR Abdu Mané e o Ministro da Justiça. Aguarda-se, pois, pelos novos capítulos desta novela “rasca”, que não parece ter fim à vista.
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