quarta-feira, 15 de maio de 2013
terça-feira, 14 de maio de 2013
CARLOS LOPES - "Enquanto não se resolver o problema dos militares, podem fazer-se todas as eleições do mundo que não servem para nada."
O conflito na Guiné-Bissau não se resolverá com "um desenvolvimento", seja a realização de eleições, seja uma qualquer detenção, exigindo a "reinvenção do modelo econômico e social", defende o economista guineense Carlos Lopes. Em declarações à Lusa, em Lisboa, onde esteve para participar numa conferência, o secretário executivo da Comissão Econômica para África das Nações Unidas afirmou que, "quando se analisa um país com as complexidades da Guiné-Bissau, não se deve pensar que um episódio, por mais significativo que seja, vai resolver" os problemas. Carlos Lopes referia-se à detenção do antigo chefe da Marinha da Guiné-Bissau Bubo Na Tchuto, no início de Abril, pelos Estados Unidos, quando se encontrava em águas internacionais, perto de Cabo Verde. Bubo Na Tchuto era procurado por alegado envolvimento no tráfico internacional de droga, sobretudo cocaína oriunda da América do Sul, e foi detido no quadro de uma operação contra o narcotráfico no Golfo da Guiné.
No âmbito do mesmo processo, os Estados Unidos acusaram o actual chefe do Estado Maior das Forças Armadas, António Indjai, por envolvimento no tráfico de droga e de armas. Questionado por alguém na assistência (o jornalista e seu conterrâneo, António Aly Silva) na conferência que proferiu na segunda-feira à noite, na sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Carlos Lopes destacou que a Guiné-Bissau vive numa "globalização às avessas". O país "já está na globalização, mas pelas razões erradas, pela droga", nomeou.
"Muitas vezes se pensa que, por causa de um desenvolvimento, se encontrou a solução. Por exemplo, vamos fazer eleições e pensa-se que as eleições resolvem o problema. Isto é muito mais complexo do que fazer eleições", distinguiu Carlos Lopes. "Expressão de vontades é uma coisa muito comum na Guiné-Bissau. É preciso é expressão de factos, a concretização de algumas destas ideias, que parecem ter consenso, mas que depois acabam por não acontecer", lamentou o especialista. "É preciso uma espécie de reinvenção do modelo econômico e social da Guiné-Bissau", propõe, concretizando: "Enquanto não se resolver o problema dos militares, podem fazer-se todas as eleições do mundo que não servem para nada."
Realçando que a Guiné-Bissau "tem até conseguido, com uma certa criatividade, que muitos dos seus agentes políticos manipulem a comunidade internacional, e confundam a comunidade internacional", Carlos Lopes constatou: "Em 30 anos, já não sei quem é quem, há muito ziguezague, mudam de opinião constantemente." Realçando que, "na diplomacia internacional, o que conta, mais do que tudo, é a construção da confiança", o especialista recorda que a postura dos políticos guineenses conduziu ao "ponto de haver formas de tensão entre vários organismos intervenientes em ediação de conflitos que normalmente não existem".
O economista referia-se, concretamente, às divergências - que entretanto parecem ter diminuído - entre Nações Unidas, União Africana, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e CPLP na condução do processo de transição guineense após o golpe de Estado militar de 12 de Abril de 2012. "A posição comum é recente e exige maturação", alertou, sublinhando que "não há memória de uma descoordenação tão grande" entre organismos internacionais face "a um conflito de dimensão relativamente pequena". Simultaneamente, importa que os políticos guineenses não se esqueçam que "a solução tem que vir de dentro", sustentou o economista. LUSA
Paris acolhe Dia da Língua Portuguesa
DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA
“Jornada do Cinema Lusófono”
15 de maio de 2013
Local: Maison de l’UNESCO, Salle I, 125 avenue de Suffren, 75015. Métro: Ségur (L10) ou Cambronne (L6).
14h00 às 17h45 – Matinée (exibição de documentários e animação)
18h00 às 18h30 – Abertura solene
18h30 às 21h45 – Soirée (Exibição de filmes lusófonos)
GRADE DE FILMES:
14h00 – 17h45
Matinée - Documentários DOCTV-CPLP
14h00 – 14h52
Timor-Leste: “Uma Lulik – Casa Sagrada”, de Victor de Souz.
Sinopse: a construção de uma casa sagrada marcando a retomada da cultura antiga de um povo antes dominado.
14h55 – 15h47
São Tomé e Príncipe: “Tchiloli - Identidade de Um Povo”, de Felisberto Blanco.
Sinopse: uma peça de teatro do séc XVI que, ao longo de séculos, se transforma passando a simbolizar a história do pais.
15h50 – 16h42
Guiné-Bissau: “Rio da Verdade”, de Domingos Sanca.
Sinopse: o processo de desertificação que ameaça o parque nacional de Cachéu e os desafios da população local.
16h45 – 17h37
Cabo Verde: “Eugênio Tavares – Coração Crioulo”, de Júlio Silvão.
Sinopse: a história do grande poeta Eugênio Tavares e sua relevância para a idente nacional cabo-verdiana.
17h40 – 17h45
Brasil: “Iansan”, de Carlos Eduardo Nogueira.
Sinopse: o mito da orixá afro-brasileira Iansã/Oyá, transposto em linguagem contemporânea em animação ao estilo mangá.
18h00 – 18h30
Cerimônia de abertura
18h30 – 21h40
Soirée - Mostra de Filmes de Língua Portuguesa
18h30 – 19h00
Moçambique: “Um olhar sobre Moçambique”, produzido e realizado pelo Instituto Nacional de Cinemas de Moçambique.
Sinopse: Documentário que integra reportagens sobre várias situações de natureza económica, social e turística do pais. Percorre as províncias de Moçambique do Sul ao Norte.
19h00 – 20h30
Angola: “O herói”, de Zézé Gambôa.
Sinopse: A História de Angola, devastada por uma guerra que durou mais de 30 anos, que tenta se reconstituir com os pedaços que ficaram. Narrada a partir de uma imagem de fotografia: um mutilado de guerra a dormir, ao lado de sua prótese, numa rua de Luanda.
20h30 – 20h40
Brasil: “Fogo-Pagou”, de Ramon Batista.
Sinopse: Um cemitério abandonado no sertão nordestino, suas histórias contadas pelos moradores da redondeza.
20h40 – 21h40
Portugal: “Singularidades de uma Rapariga Loura”, de Manoel de Oliveira.
Sinopse: Filme inspirado num conto de Eça de Queirós, publicado em Contos (1902). Numa viagem de comboio para o Algarve, Macário conta a uma desconhecida as atribulações da sua vida amorosa, ao ter-se apaixonado pela rapariga loira que vive na casa do outro lado da rua onde Macário trabalha.
GUINÉ-BISSAU: Escândalos na ONU
Abdul Karim Dumbuya, guineense de origem serraleoanesa, é funcionário das Nações Unidas, em Bissau. E desde que ali chegou esteve sempre envolvido em polémicas. A começar pelo processo de candidatura, a nacionalidade, as regras de recrutamento da UNIOGBIS etc...
Contudo, de uns meses para cá, o fulano andava meio diferente... falava mal com os colegas, não respeitava ninguém, nem os superiores. No mês passado o rapaz andou por aí diligenciar, com os meios da UN (carro), uma maneira de levar o filho que ele teve com uma moça nacional, mas da qual ele se separou. Um dia, de madrugada, chegou a casa da moça (ali no cimo da rua de Angola), a dizer que ia levar o filho para passear e passar o fim de semana...de madrugada! Resultado: foram parar à polícia. A moça desconfiou do modo que ele lá apareceu, em grande estilo e na viatura das NU e para mais àquela hora da manhã.
Afinal, tinha viagem marcada via terrestre até à Gâmbia, para depois fugir com o filho para a sua terra natal. A polícia trocou-lhe as voltas e lá conseguiu impedir Abdul de viajar. Uma fonte da ONU diz que o pessoal "desconfia que ele anda na droga (usuário)". Abdul armou uma confusão tal na fronteira, que teve que ser preso do lado guineense. Apenas porque a fronteira estava fechada e não o deixavam passar. "Ele estava fora de si, e dizia que tinha de atravessar por ser funcionário das Nações Unidas", conta a nossa fonte.
O pessoal da segurança da ONU foi buscá-lo a Ingoré, mas no dia seguinte Abdul seguiu novamente para a Gâmbia. Uma vez em Banuul, foi preso por "bad driving and speeding" (por velocidade e má condução) - isto segundo as autoridades gambianas, que informaram o pessoal da ONU da Gâmbia. A ONU, em Bissau, despachou o seu chefe da unidade de Investigação para a Gâmbia para resolver o assunto.
Abdul foi finalmente solto, mas antes que abandonasse a esquadra...agride o polícia que o prendera e é preso novamente. Foi necessária a intervenção do Security Adviser da UN na Gâmbia para conseguir a sua libertação. Dali, foi evacuado para Dakar para ser visto por um psicólogo. Agora, está de baixa médica, e, segundo amesma fonte, "pode até ser despedido".
Mas há um outro caso envolvendo as Nações Unidas. Um funcionário da área da segurança, Candinho Cá, que trabalha no edifico do PNUD, ameaçou de morte a própria vizinha, há coisa de 2 semanas. Ditadura do Consenso apurou que vizinha fez queixa dele à polícia, que chegou mesmo a prendê-lo por alguns dias. Foi solto após verificações - e pressão - do chefe de segurança das Nações Unidas. AAS
Guiné-Bissau: Breves
Foi imposta pelos militares a permanência de Rui Barros no cargo de PM, Guiné-Bissau, desta feita à frente do futuro governo de base alargada, com a participação do PAIGC. Referenciadas também acções de persuasão dos militares, na neutralização de obstruções que o PRS e pequenos partidos com eles coligados vinham fazendo à constituição do novo governo (investidura prevista para depois de uma repentina, mas esperada viagem à Alemanha de Serifo Nhamadjo, por razões de saúde).
Ensa Sanhá e Russel Hanks
Ensa Sanhá, com bons conhecimentos da língua inglesa, que Russel Hanks (o homem que era presença assídua em Bissau e que contribuiu para a prisão de Bubo Na Tchuto) contratou como seu intérprete e que por essa razão aparecia amiúde na companhia deste, foi alvo de violenta agressão nas imediações do Hotel Alif, em Bissau, sendo depois abandonado em estado inconsciente numa pedreira. Foi evacuado de urgência para Dakar. Conjectura-se que os agressores foram militares.
Guiné-Bissau: 200 mil ilegais
Alfredo Umaro, director do Serviço de Estrangeiros da Direcção-geral de Migração e Fronteiras da Guiné-Bissau, revelou que existem mais de 200 mil cidadãos estrangeiros em situação ilegal no país. A declaração foi feita durante um debate radiofónico, no âmbito das celebrações do dia da Guarda Nacional. AAS
Ramos Horta: "Guiné-Bissau deve aproveitar as oportunidades de parceria que tem com o Brasil"
O representante das Nações Unidas na Guiné-Bissau afirmou que o país africano deve aproveitar as oportunidades de parceria que tem com o Brasil para consolidar seu processo de desenvolvimento. Segundo José Ramos Horta, ex-presidente do Timor-Leste, as ligações históricas entre Brasil e Guiné começaram há vários séculos, quando escravos guineenses foram levados para a América do Sul por intermédio de Portugal. O Prêmio Nobel da Paz disse que os brasileiros já demonstraram solidariedade nas relações com a África, e que, para isso, os guineenses precisam primeiro realizar eleições livres para fortalecer o contato com Brasília.
"Estive com o chanceler brasileiro, o ministro (Antônio) Patriota e ele afirmou total disponibilidade para o Brasil continuar a apoiar a Guiné-Bissau. Estou convencido de que daqui a seis, nove meses, teremos eleições democráticas realizadas, um governo de grande inclusão com um presidente da República que será um mediador, um conciliador. Aí, eu creio que teríamos base para vermos todos os anos melhorias no índice de desenvolvimento da Guiné-Bissau e sua imagem melhorada no mundo." África 21
Carlos Lopes: “O povo da Guiné-Bissau está cansado, muito cansado”
O continente africano tem hoje mais telemóveis que a Índia, os Estados Unidos ou a Europa, salientou o guineense Carlos Lopes, ao falar em Lisboa sobre “A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Globalização”, onde, na sua opinião, o grande investimento a fazer é nas novas tecnologias. Descrevendo as mudanças que ocorrem hoje no Continente Negro, salientou que, dos vinte países que mais crescem em todo o Mundo, dez estão em África. Dois terços do crescimento africano vêm do consumo interno, de uma classe média calculada em 59 milhões de pessoas que têm nomeadamente meios para pagar uma educação de qualidade para os seus filhos.
Para Carlos Lopes, especialista em desenvolvimento humano e planeamento estratégico que, nas suas muitas andanças pelo mundo trabalhou com o antigo secretário-geral da ONU, Kofi Anam, a maioria dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) atravessa também um momento de “pujança de crescimento e, por isso, tem de encontrar agora prioridades”. “Temos uma transformação muito rápida e temos de nos adaptar a ela”, comentou, sugerindo que um dos estados da CPLP promova e acolha uma reflexão estratégica de todos os seus membros.
Isto, porque como referiu por várias vezes ao longo da sua exposição, “estamos a viver no crepúsculo da ajuda ao desenvolvimento” e a comunidade precisa de reflectir na questão. Defendeu também uma maior circulação de pessoas dentro da Comunidade de Países de Língua Portuguesa. Para ele, se esses países querem uma comunidade, “a confiança tem que ser construída pedra a pedra”. Referiu por várias vezes o destaque que os membros da CPLP e alguns dos seus cidadãos têm hoje nas organizações internacionais.
A propósito do próximo aniversário da Organização da Unidade Africana que, quando foi fundada, não contou com nenhum dos PALOP (então colónias portuguesas), disse que nas cerimónias se vai prestar homenagem ao líder guineense Amílcar Cabral e que também se falará português, porque a presidente do Brasil foi convidada a falar em nome da América do Sul.
Acrescentou que, na recente cimeira dos BRICS, na África do Sul, na mesa estiveram três presidentes de língua Portuguesa – de Angola, do Brasil e de Moçambique. No seu entender, a língua e a cultura geram “um emaranhado de cumplicidades”. Referindo o Português como “uma das línguas que mais cresce na Internet”, considerou isso como “uma dimensão económica que devemos explorar”. Admitiu que a crise que Portugal está a atravessar afectou “a trajectória mais ou menos bem definida da CPLP até 2008/9”.
“Essa crise é a ponta do iceberg de uma nova redefinição geográfica e trouxe também à tona as debilidades portuguesas”, o que se reflectiu na cooperação com as suas ex-colónias. Mas, hoje, “quem falar de cooperação técnica à francesa ou inglesa, está a seguir o caminho errado”, disse, defendendo uma vez mais uma “reflexão profunda” que nos leve “a novos caminhos”. As previsões apontam, lembrou, para que, em 2040, África seja o continente com “a maior e mais jovem” comunidade trabalhadora, que terá também a maior cultura.
Já no período de perguntas e respostas, questionado sobre o que falta à Guiné-Bissau para entrar na globalização, Carlos Lopes considerou que aquele país já o fez – mas pelas más razões. Admitiu que “o povo da Guiné-Bissau está cansado, muito cansado”. Lembrou que, até há pouco, as organizações internacionais (ONU, União Africana, CEDEAO) tinham cada uma a sua opinião sobre a forma de ultrapassar a situação, o que “se torna muito difícil para encontrar uma solução. De qualquer modo, na seu entender, “a solução tem que vir de dentro, é preciso encontrar uma solução interna”.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
COMUNICADO DA LIGA GUINEENSE DOS DIREITOS HUMANOS
A Liga Guineense dos Direitos Humanos, registou com bastante preocupação a denúncia de mais um ato de espancamento do cidadão Ensa Sanha, Perpetrado pelos indivíduos não identificados.
Tudo aconteceu na noite do dia 11 de Maio de 2013, quando uma viatura com sujeitos à paisana o interpelou num dos restaurantes de Bissau e lhe deram ordens de detenção, tendo sido conduzido pelos mesmos indivíduos para a zona da pedreira do bairro de Antula Bono onde foi posteriormente espancado de forma cruel e bárbaro.
Devido ao estado grave em que se encontra a vítima em consequência das agressões que sofreu, foi evacuado para a Republica de Senegal para efeitos de tratamento médico especializado.
Este acontecimento vergonhoso vem revelar que as ondas de violência gratuita, ataques e espancamentos contra cidadãos indefesos continuam a ser o modus operandis de determinadas pessoas para perpetrar o terror, com o propósito de instalar o caos e medo generalizado no país, num clima de total impunidade.
Face a gravidade deste acto, a Direcçao Nacional da LGDH delibera o seguinte:
1. Condenar sem reservas este ato hediondo de violência contra o cidadão Ensa Sanha;
2. Exigir a abertura de um inquérito judicial conclusiva tendente a responsabilização criminal dos seu responsáveis morais e materiais;
3. Alertar a comunidade internacional sobre o clima de terror instaurado no país, decorrentes das sistemáticas agressões e espancamentos seletivos dos cidadãos, numa clara violação dos direitos humanos e dos valores do estado de direito;
PELA PAZ, JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS
Feito em Bissau aos 13 dias do mes de Maio 2013
A Direção Nacional
PAIGC - Flashes da conferência de imprensa de Braima Camará
O Candidato do Projecto “por uma liderança democrática e inclusiva”, Braima Camará na conferência de imprensa que levou a cabo no dia 10 de Maio na Sala de Conferências “Amílcar Cabral” do Hotel Malaika, fez de forma categórica a reafirmação do posicionamento do projeto no sentido da manutenção da sua firme e inequívoca intenção de se Candidatar a Liderança do Partido.
Com a presença de todos os órgãos de comunicação social que operam no país, à excepção da RTP África que segundo informações que prestaram ao projecto, só cobrem os actos de lançamento de candidaturas, mas com a presença da Radiodifusão Nacional (RDN) e da Televisão da Guiné-Bissau (TGB) cuja reaparição para proceder a cobertura dos actos relacionados com o Projecto “por uma liderança democrática e inclusiva”, foi vivamente saudada e considerada como um regresso saudável e benéfico para a democracia guineense, a Sala de Conferências “Amílcar Cabral” estava completamente repleto por uma assistência constituída por dirigentes, deputados e militantes do PAIGC ligados a esta candidatura.
Hoje apresentaremos, somente algumas passagens marcantes desta conferência de imprensa, com a promessa de divulgarmos na íntegra, nas próximas horas, a totalidade do que foi este encontro do Candidato a Presidência do PAIGC com a imprensa, onde todas as questões, mesmo as consideradas como tabus, foram colocadas em cima da mesa e obtiveram as respostas e os esclarecimentos solicitados.
Passemos aos flashes:
• Depois de ouvir com a maior atenção e humildade a proposta dos Veteranos do Partido, decidi em consciência ser meu dever continuar com a minha candidatura para a liderança do PAIGC, decisão unanimemente apoiada pelo Movimento "Por uma Liderança Democrática e Inclusiva" que a suporta;
• Pela primeira vez na sua história temos hoje a oportunidade de concretizar uma mudança geracional no seio do PAIGC;
• Devemos materializá-la porque acreditamos que agora é a hora de os mais Jovens cumprirem o Programa Maior do Partido, que os veteranos não conseguiram concretizar. Porém, veteranos não serão afastados. Continuarão a ser as "Firkidjas" do Partido;
• Proliferação de candidaturas demonstra, não a fraqueza do Partido, mas a sua vitalidade. Jovens estão ávidos de dar o seu contributo, de mostrar que a Guiné é CAPAZ de criar progresso e bem-estar para o seu Povo;
• A nossa candidatura é uma candidatura que visa assegurar o reforço da democracia interna do Partido, a inclusão de todos os militantes no processo de reforma e afirmação do Partido na sociedade guineense em conclusão do processo de reconciliação iniciado pela Direcção do Partido, que saudamos;
• Por isso, para nos, o contributo dos Veteranos nesta fase deve ser encaminhado para balizar o debate interno para aquilo que e essencial para o Partido e para o Pais;
• Deve servir para travar os oportunismos e promover o entendimento e o aprofundamento da reflexão;
• Deve servir para promover a amizade e o companheirismo, porque so um de entre nos pode liderar o Partido. Quando esse militante for escolhido todos os demais deverão apoia-lo e contribuir para as vitorias do Partido;
• O contributo dos Veteranos deve ser dirigido para os trabalhos de preparação do VIII Congresso, que Legitimem os órgãos estatutários do Partido, porque todos sabemos que a direcção actual esta desmembrada e fragilizada, não fazendo sentido nem sendo legal que seja ela a apresentar-se ao eleitorado no próximo futuro;
• Vou empreender uma viagem para contato com a diáspora e estabelecimento de contactos com os potenciais parceiros do partido e da Guiné-Bissau, como complemento da primeira do nosso programa de auscultação de militantes e simpatizantes;
• Quando decidi aceitar o convite para integrar e liderar este projecto, assumi o compromisso de não apresentar a minha candidatura sem antes visitar todas as regiões e auscultar os militantes e simpatizantes sobre as suas principais preocupações e anseios;
• Percorremos todo o país para esse efeito. Os contributos que recolhemos nas diversas regiões de jovens, mulheres, anciãos, chefes tradicionais e religiosos, autoridades regionais não tem preço, são de um valor inestimável;
• Como o prometemos aos militantes, todos esses contributos estão hoje retratados na nossa Moção de Estratégia de que eu serei apenas o primeiro subscritor;
• Também contactamos as representações diplomáticas acreditadas no nosso país, porque temos consciência da importância da cooperação internacional para o nosso desenvolvimento económico e social. Os conselhos que recolhemos foram também de grande utilidade;
• Finalmente, como o trabalho ainda não está concluído, vou deslocar-me a Portugal, Espanha e França para recolher as contribuições da nossa Diáspora para o enriquecimento da nossa Moção de Estratégia a ser apresentada no Congresso;
• Esta Moção será obra de todos os militantes e não apenas de Braima Camará. Será o início de um movimento de transformação e afirmação do Partido na nossa sociedade, tal como o requerem os ditames da modernidade que hoje vivemos;
• Só depois de terminado este processo de auscultação apresentarei publicamente a Moção de Estratégia e o meu Manifesto de Candidatura, arrancando em definitivo para uma participação responsável e séria no VIII Congresso do PAIGC;
• Defendo de forma intransigente a reconciliação interna no seio do PAIGC, por forma a permitir que todos juntos organizemos o nosso Congresso rumo a vitória nos próximos embates eleitorais.
• Nesta perspectiva, congratulo-me com a decisão da Direcção superior do partido que visa o reforço da unidade e coesão internas.
• Gostaria igualmente de encorajar a Direcção do Partido a prosseguir esforços para a realização do VTII Congresso do Partido;
• Quero aqui reafirmar-vos que o nosso Projecto e a minha candidatura pode e deve ser considerada como a candidatura que visa assegurar o reforço da democracia interna do Partido, a inclusão de todos os militantes no processo de reforma e afirmação do Partido na sociedade guineense em conclusão do processo de reconciliação iniciado pela Direcção do Partido, que saudamos viva e conscientemente;
• A actual conjuntura sociopolítica do país começa a ganhar novos e esperançosos contornos com a adopção para breve de uma Agenda Politica Nacional, com a data da marcação das próximas eleições gerais (legislativas e presidenciais) e a consequente adopção do Pacto de Transição Roteiro de Transição e a formação de um novo Governo Inclusivo de Base Alargada;
• Neste aspecto quero aqui realçar o esforço interno que está a ser realizado por todos os actores, principalmente pelo PAIGC, na busca de uma solução consensual;
• Gostaria igualmente de destacar e louvar os esforços da comunidade internacional na resolução e busca de soluções para tirar o país desta situação e neste aspecto quero destacar a reunião do Conselho de Segurança, precedida pela Cimeira da CEDEAO, onde tomou parte o Secretário Executivo da CPLP e Reunião de Paz e Segurança da União Africana e a Reunião do Grupo de Contacto Internacional que inclui as Nações Unidas, União Africana, CPLP, CEDEAO e União Europeia;
• Outro aspecto importante que quero destacar, como sendo um passo em frente de grande importância refere-se ao levantamento das sanções por parte das Instituições de Bretton Woods (Banco Mundial e FMI) e neste aspecto congratular-me com a recente presença no país de uma delegação do FMI, que considero como um prenúncio do melhoramento do relacionamento do país com a comunidade internacional.
• nada devo ao fisco. É o Governo que me deve dinheiro e favores. Mereci condecorações no estrangeiro, mas no meu país ninguém se lembrou nunca do empresário que mais contribuiu para dignificar a classe empresarial, para além de ter sido o maior exportador da castanha de caju ao nível nacional;~
• quem me quer atolar na lama, invocando nas minhas costas cias que nunca fiz, posso afirmar aos senhores jornalistas que nada temo e por sinal até viajo hoje para Portugal sem medo de ser capturado pelos americanos ou por quem quer que seja, pois tenho a consciência tranquila e durmo muito tranquilamente.
A Directoria de Campanha
Ramos-Horta: "O tráfico de drogas é um problema sério"
Representante especial do Secretário-Geral das Nações Unidas fala à Rádio ONU sobre a mensagem de esperança para o futuro da Guiné-Bissau, os desafios do tráfico de drogas, o trabalho da mídia e o papel dos países de língua portuguesa no apoio à nação lusófona africana.
Mônica Villela Grayley e Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova York - com foto
Rádio ONU: Qual é a sua mensagem ao Conselho de Segurança sobre a situação em Guiné-Bissau?
Ramos Horta: A minha mensagem é que há esperança. Houve alguns passos pequenos, as coisas estão voltando ao lugar desde a minha chegada. Estou trabalhando bem de perto com organizações regionais como a Cedeao, a União Africana, a Cplp, a União Europeia e os parceiros da ONU. Estamos desenhando uma visão e estratégia conjuntas sobre como assistir a Guiné-Bissau neste rápido processo de transição para eleições, que esperemos, ocorra em novembro. Tem que haver um governo mais inclusivo. Isso pode ocorrer nos próximos dias, uma semana ou duas. Isso ajudaria a estabelecer as bases para que a União Africana levantasse a suspensão da Guiné-Bissau como membro do bloco. Na verdade, a União Africana fez a coisa certa, assim como também foi o caso da União Europeia e da Cplp. Hoje, no século 21, não se pode dar um golpe de Estado e esperar que o resto do mundo não note, e que tudo continue do mesmo jeito. Não. Houve uma reação forte, e previsível, da União Africana. E isso deve ser louvável. Isso seria impensável 30 anos atrás. Havia tantos golpes de Estado na África. Mas hoje, há menos porque os africanos estão impondo padrões. Foi totalmente correto. Isso encorajou os líderes políticos na Guiné-Bissau, que não se envolveram no golpe militar; mas isso está levando a acelerar, a intensificar os esforços para o diálogo e promover discussões em todos os níveis para uma visão comum. Então, esperamos que haja um governo inclusivo, muito em breve, as eleições em novembro. Nem tudo é negativo ou crime organizado na Guiné-Bissau. Fora disso, existem as pessoas da Guiné-Bissau. É um país muito multiétnico, multireligioso e multicultural. Nunca houve violência étnica na Guiné-Bissau, você nunca viu comunidades se matando, jovens saqueando prédios públicos e lojas, assassinatos, roubos. Os guineenses são pessoas fabulosas. E isso sempre me deixou maravilhado. Então, eu tenho esperança de que teremos uma Guiné-Bissau diferente no próximo ano.
RO: Não existem muitas situações políticas como essa, onde um Prêmio Nobel da Paz dirige negociações para o fim do impasse político. Como é o que o sr. imagina esta solução, uma vez que estas negociações não são fáceis.
RH: Não. Definitivamente. Realmente não o são. Os políticos da Guiné-Bissau, como em qualquer parte do mundo, gostam de poder, de privilégios e uma vez que você tem o poder político, você acha difícil ter que compartilhá-lo. As pessoas dizem uma coisa de manhã, outra à tarde e outra à noite. É difícil. Você tem que ser muito paciente e saber ouvir e não esperar nada garantido. Mas como o representante do Secretário-Geral, eu jamais trabalho sozinho. Meu parceiro número 1, e que tem a liderança no processo é a Cedeao. Os países da África Ocidental: Senegal, Cabo Verde, Gâmbia, Guiné-Conacri, Gana, Nigéria… e o presidente da Cedeao são os líderes legítimos da região. Eu trabalho com eles, e procuro a liderança deles. Mas também existe a União Africana, a organização-mãe. Eu trabalho com eles também. E aí vem a Cplp, que tem cinco países africanos. E tem a União Europeia que tem uma relação única com a Guiné-Bissau e temos feito tudo para preservar esta relação. Eu estou impressionado e até emocionado como os europeus querem ficar ao lado da Guiné porque eles foram tão decepcionados, tantas vezes, nos últimos anos, que teriam motivo suficiente para bater a porta, e dizer que não querem saber mais da Guiné-Bissau. Mas os europeus têm sido bastante generoros e pacientes. Eu sempre sou bem recebido quando vou a Bruxelas, e aqui em Nova York. Eu já me reuni com todos os 27 embaixadores, com o comissário Durão Barroso, e fiquei muito impressionado. Apesar dos problemas que a Europa está atravesssando, eles ainda têm tempo, interesse e recursos para a Guiné-Bissau.
RO: Como está sendo tratado o problema do tráfico de drogas na Guiné-Bissau, uma vez que este é uma parte muito importante com relação à situação da Guiné.
RH: Realmente é um problema sério. É tão sério quanto a pesca ilegal na Guiné-Bissau ou o desmatamento ilegal das florestas do país. Não deve ser, portanto, visto como o único problema que a Guiné enfrenta. O tráfico de drogas que vem da América do Sul e usa a Guiné-Bissau como trânsito para a Europa é um problema sério. Os americanos (dos Estados Unidos) estão certos em intervir com força. Cada país com seus recursos e vontade política tenta defender suas sociedades sobre este problema insidioso das drogas. Quanto você vê centenas de milhares de americanos morrendo por causa da droga, quando você vê os carteis de drogas infiltrando instituições e criando instabilidade, seja nos Estados Unidos ou na Europa, você não pode culpar os americanos ou os europeus por agirem. Então, países em questão como a Guiné-Bissau são os que têm que levar em consideração que ao permitir ou serem indiferentes às gangues criminosas da Colômbia, da Bolívia, do Peru usarem seu território como um ponto de transição, mais cedo ou mais tarde, eles terão alguém - neste caso os americanos -, aterrissando no seu território e entrando em ação. Neste caso, é melhor que as autoridades mesmas da Guiné-Bissau tomem esta atitude. E que indivíduos na Guiné-Bissau, no Exército ou política, que estejam envolvidos, cessem todas as atividades e cooperem com as autoridades. Acabem com as drogas. Se eles estiveram envolvidos no passado, terminem com tudo completamente. Eu estou avisando a vocês: mais cedo ou mais tarde, os americanos vão capturar mais uma pessoa. Não os subestimem. Se eles foram capazes de capturar a Al-Qaeda nas cavernas do Iêmen, no Afeganistão e no Paquistão. Pegar alguém na Guiné-Bissau ou em qualquer lugar da África Ocidental é piquenique para eles. Então, parem com o negócio das drogas que está afetando as pessoas da África Ocidental antes que mais uma pessoa acabe nas cadeias de Manhattan (por causa da droga).
RO: Agora, vamos falar do seu país, o Timor-Leste. Quando o sr. era presidente lá, o sr. desenvolveu um conceito importante de ajuda externa baseada na solidariedade e não, necessariamente, na riqueza do país ou em quanto dinheiro tem para gastar. Agora, Timor-Leste está levando uma agência de desenvolvimento para a Guiné-Bissau com o valor de US$ 2 milhões. Como é que essa agência vai funcionar na prática e a partir de quando?
RH: Bom, em primeiro lugar, a Agência de Desenvolvimento já foi autorizada pelo Conselho de Ministros timorense. O Parlamento também já alocou o dinheiro. Agora, estão sendo procurados dois ou três funcionários timorenses para liderar a agência. O primeiro-ministro Xanana Gusmão disse que não quer fazer como outras agências ricas de desenvolvimento que gastam muito dinheiro com elas mesmas. Ele disse que a nossa só terá duas ou três pessoas, que serão pagas por um orçamento diferente. Os custos operacionais serão cobertos por um outro fundo. Ou seja: os US$ 2milhões de ajuda serão gastos com a ajuda mesmo na Guiné. Eu creio que as coisas podem começar já em junho, julho. O escritório já foi alugado em Bissau. Nós trabalhamos rápido. Mas esta não é a primeira vez que nós fornecemos ajuda para outros países. Nos últimos cinco anos, o Timor-Leste doou pelo menos US$ 10 milhões para países que tiveram desastres naturais severos. Nós fomos um dos primeiros a doar US$ 500 mil para Cuba depois do ciclone, o mesmo se deu com Mianmar, doamos para o Brasil por causa das enchentes. Prestamos ajuda a Portugal devido às cheias em Madeira, até mesmo para a Austrália quando eles tiveram grandes enchentes no estado de Queensland. Nós fazemos isso com sinceridade. Sabemos que não é muito, mas o Timor-Leste já se beneficiou tanto da ajuda internacional, e agora que temos um pouco de dinheiro do petróleo e do gás, faremos aquilo que outros fizeram pela gente: ajudar. Nós continuamos sendo pobres, mas os pobres também devem demonstrar, e às vezes têm mais sensibilidade para ajudar que outros.
RO: Mas este dinheiro, desta vez também ajudará a sociedade civil, a mídia. Como será na prática?
RH: Bom, a decisão será feita pelo chefe da agência, eles deverão me consultar como o representante especial do Secretário-Geral da ONU. Mas, eu espero que nós possamos providenciar assistência à mídia da Guiné-Bissau. Eu me encontrei com jornalistas lá, eles têm dificuldades, os salários são miseráveis, as condições de trabalho também são ruins. Eles têm que ser apoiados. Espero que os americanos e a União Europeia também apoiem a mídia guineense. Eles merecem apoio político para se sentirem protegidos, mas além disso, eles precisam de transporte, equipamento, até dinheiro vivo para que possam comer, possam comprar roupa, porque os salários deles são miseráveis. Quando você tem um político que ganha milhares de dólares na Guiné-Bissau, como também no meu país, e aí você vê jornalistas, que prestam um serviço público, e mal podem comer. Então será uma prioridade para a agência de desenvolvimento do Timor-Leste ajudar a mídia guineense.
RO: Última pergunta. Como é que os países de língua portugesa podem ajudar ainda mais a Guiné-Bissau, como por exemplo, Brasil?
RH: Bom. Os outros países de língua portuguesa fizeram ainda mais que o Timor-Leste. Veja o apoio de Portugal, por exemplo. Eles têm sido muito pacientes e generosos. Vamos analisar não só o apoio bilateral de Portugal, mas nos últimos anos, e até mesmo agora, Portugal suspendeu a ajuda direta ao governo, mas não os programas humanitários, que continuam. Portugal é também a porta da Guiné-Bissau para a Europa. Se Portugal decidir bloquear a ajuda para a Guiné na União Europeia, não haverá mais dinheiro da União Europeia para a Guiné-Bissau. No caso de Angola, houve uma situação de enorme generosidade e liderança, mas aí ocorreu o golpe e Angola saiu da Guiné. Os guineenses não demonstraram muita sabedoria em fazer uso da ajuda angolana. Se os políticos da Guiné-Bissau não querem usar a ajuda de Angola, essa mesma poderia ter sido bem-vinda no Timor-Leste. Angola queria construir uma rodovia, um novo porto, ajudar a modernizar o Exército, mas houve complicações políticas, e eu ainda estou intrigado como tudo isso aconteceu porque não foi uma decisão unilateral de Angola de ir à Guiné-Bissau. A mesma ocorreu através de um acordo com a Cplp. Foi assinado um acordo com militares da Guiné-Bissau. Não foi Angola que decidiu, de uma hora para, outra ir para a Guiné. Mas foi uma decisão de chefes de Estado da Cplp baseados num acordo escrito. E Angola é um país rico com uma experiência tremenda em modernizar as Forças Armadas. E Angola não tem nenhum outro interesse. Eles sabem os problemas imediatos deles que são internos e têm a ver com a estabilização da República Democrática do Congo. Eles se deslocaram para a Guiné-Bissau por causa da solidariedade como membro da Cplp. Se a Guiné-Bissau não quis usar esta ajuda, é uma perda para a Guiné.
RO: E o Brasil?
RH: Bom o Brasil tem sido mais que generoso. Eu sempre digo que os africanos podem contar com o Brasil porque é o único país da América Latina que tem uma profunda herança africana. Através de capítulos trágicos da História. Daquele extremo ponto da Guiné-Bissau, em Cacheu, onde centenas de milhares de africanos foram acorrentandos, colocados em navios de escravos e levados para o Brasil e ao resto da América. Então, esta ligação profunda existe. Você encontra no Brasil uma enorme simpatia por qualquer coisa da África. E a Guiné-Bissau, um dos menores e mais pobres países, pode inspirar ainda mais os brasileiros. Os brasileiros são incrivelmente generosos. São fáceis de lidar, informais, eu adoro os brasileiros. Eles sabem como gozar a vida, mas eles também sabem o que é o sofrimento por causa dos próprios desafios deles no passado. E hoje, o Brasil é um dos países mais ricos do planeta e pode ajudar. E eles estão preparados para ajudar. Eu conversei com vários líderes brasileiros. Então, os guineenses têm que ser inteligentes e irem frequentemente a Brasília, mas com um bom governo e com um plano, assim será fácil convencer os brasileiros sobre a ajuda.
RO: Algo mais a acrescentar?
RH: Obrigada. E Deus abençoe vocês.
*A entrevista transcrita foi traduzida do inglês para o português. Foi concedida pelo presidente Ramos Horta, em português, à Rádio ONU.
domingo, 12 de maio de 2013
HENRIQUE ROSA: Esclarecimento do DC
Hoje, recebi uma chamada telefónica onde alguém - perfeitamente identificado - me disse que o Henrique Pereira Rosa estava em estado crítico numa unidade hospitalar na cidade do Porto, em Portugal, onde está internado. Às 15:08h, actualizei o blog com esta NOTÍCIA. Pouco depois, lembrei-me de telefonar a alguém próximo do HPR. "Vou tentar saber e já te ligo de volta" - e assim foi. Passados pouco menos de dez minutos, esse alguém telefona e diz-me apenas: "Infelizmente, a notícia [da morte] é verdadeira".
Voltei a actualizar o blog, ressalvando a fonte. Agora, recebi pelo menos duas chamadas a dizer que, afinal, o Henrique Pereira Rosa não morreu. "Está mal, mas vivo" - garantiu-me alguém que me disse ter falado com um dos filhos "há menos de dez minutos. O Henrique Rosa até ficou chateado com a derrota [ontem] do SL Benfica". Fiquei aliviado, para vos ser sincero, pois nunca desejei a morte de quem quer que fosse.
Lamento, e peço publicamente desculpas à família do Henrique Pereira Rosa, e aos seguidores e leitores do blog Ditadura do Consenso. E faço votos para que recupere rapidamente.
Fiz bem? Fiz mal em publicar a notícia? É díficil eu fazer o papel de juíz e de carrasco ao mesmo tempo, mas não tinha dúvidas quando a publiquei: é que a minha fonte não tinha motivos nenhuns para me dar a notícia de uma morte, seja de quem fosse, se não tivesse a plena certeza, e muito menos de um familiar que, de resto, visitava no hospital.
António Aly Silva
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