sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

2013 - O balanço


«Estamos em Dezembro, último mês do ano. Portanto é hora de fazer um balanço.

Em Abril de 2012 deu-se um 'golpe de baú' em Bissau e, em Maio do mesmo ano, ocorreu um caso único na história mundial, que consistiu na nomeação e investidura de um "presidente da república(?)" por um ministro dos negócios estrangeiros. E, ainda por cima, ministro de um país estrangeiro. Que vergonha! Que humilhação!

Aonde está a independência por que tantos guineenses sacrificaram e derramaram o seu sangue? Aonde está a razão da nossa existência? Qual é o orgulho de sermos guineenses?

É importante assinalar e sublinhar aqui a reacção de CONDENAÇÃO e REPÚDIO de toda a comunidade internacional aos golpistas. 2012 ficou também marcado pela INVENTONA de Outubro, que ceifoi a vida de muitos jovens, principalmente da etnia felupe (paz às suas almas), e de perseguições e espancamentos de políticos ou pessoas que, de forma aberta, se oponham ao golpe (li gora, bô nabim findino nam cadera tudu ó nô findi di bôs).

Foram abolidas as manifestações e sufocadas as liberdades. Outro marco também foi a invasão da sede do PAIGC por militares que prenderam e espancaram, ainda no interior da mesma, políticos contrários ao golpe. E estamos a falar do Partido Libertador! Qual outro partido foi sujeito a tamanha humilhação?

Depois de um breve resumo de 2012, para nos situarmos melhor, vejamos então o que aconteceu, ou não aconteceu, em 2013:

Foram reforçadas e intensificadas todas as proibições, as arbitrariedades, o desprezo pelos direitos humanos, os assassinatos (selectivos) e a GATUNAGEM. GATUNAGEM sim. Olhem só para as caras de todos esses que se dizem governantes e digam se não se parecem com as de gatunos.

Voltando ao balanço, 2013 traz a prisão do Al. Bubo Na Tchuto pela DEA, os americanos emitem um mandato internacional de captura de António Injai por crimes de tráfico de droga e tráfico de armas (o mesmo António Injai que está na lista dos sancionados pelas Nações Unidas e união Europeia e que depois disso é promovido a general por Serifo Nhemeadjo). Este ano fica também marcado pela farsa que foi o julgamento da inventona de Outubro de 2012 e pela recusa da ANP em conceder amnistia aos golpistas que, desesperados, não olham a meios para 'forçar o perdão' por uma culpa que dizem não ter.

Mas aquilo que mais se destaca em 2013 na Guiné-Bissau é o medo dos golpistas do fim da transição. Transição que devia terminar em Maio foi prorrogada para final deste ano. E agora que estamos em Dezembro os golpistas prorrogaram-na para "quando as novas autoridades eleitas tomarem posse". Eleições que nunca terão lugar se da vontade deles dependerem. Veja-se a forma DESASTROSA como está a ser feito o recenseamento eleitoral. Já agora, os pequenos partidos que diziam para não se comprimir os prazos, porque seria ilegal, não acham também ser ilegal alarga-los. Seus ASSALTANTES.

A propalada propaganda de pagar salários em 22 de cada mês foi 'dar uma volta'. Seus INCOMPETENTES.

A única lição (muito dura) que fica em tudo isso é que: NEM TODA A GENTE SABE, NEM TODA A GENTE PODE. Não basta querer.

Como não podíamos terminar o ano sem mais uma prenda envenenada aí está, mais um episódio da longa novela golpista, desta vez tendo a TAP como vítima e envolvendo cenários de crimes de facilitação de emigração ilegal. É o VALE TUDO antes que termine a transição. Parecem moscas atrás de tudo o que fede.

Bem, como devem entender, não é possível pôr no papel, mesmo que de forma resumida, tanta asneirada. Ser guineense a esta hora nas terras de olof-n'djai é DURO.

Voltarei,

Unsai Uek
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