quinta-feira, 18 de abril de 2013

Uma verdade, apenas a verdade


Recentemente li no "nosso" blog DC um extrato de entrevista de duas guineenses, duas mulheres de armas, ambas corajosas e igualmente ligadas à área da justiça. Duas mulheres coragem? mulheres de armas com M grande, honra lhes seja feita. Falaram dos seus atos, da sua coragem, das suas vidas, das suas atividades profissional e, tudo isso, subscrevo na integra enaltecendo a sua coragem não me coibindo de lhes penhorar a minha extrema admiração. Porém julgo, que esses feitos não devem ser utilizados para serem erigidos em exclusividade da coragem e do exemplo único do combate ao narcotráfico na Guiné-Bissau e tão pouco omitir algumas verdades para se fazerem reconhecer, pois não era preciso.
 
Nada que se possa fazer na Guiné-Bissau, por mais importante que seja, não deve e não pode ser erigido num ato único, numa ação individualizada ou de exclusividade. Tal conduta torna-se ainda mais relevante quando se trata da defesa do bem publico e do interesse comum que deve ser visto como um dever de missão e não uma parangona de ego e promoção pessoal. O dever publico é uma missão que não requer obrigatoriamente, medalhas, louros nem agradecimento publico senão aquela sensação de missão cumprida a favor do bem comum esvanece-se e perde o seu sentido de patriotismo puro e de abnegação voluntaria.
 
Neste cenário de luta, muitos guineenses, desde altos responsáveis do Estado, quadros técnicos, simples agentes da administração, anónimos, apesar do medo, trabalham ha muitos anos com coragem e risco de vida contra o trafico de droga e os desmandos dos militares na Guiné-Bissau. Todos eles trabalham com coragem inimaginavel..., porém na discrição e no anonimato aportando as suas contribuições nessa luta que nos é comum.   
 
Quem escreve estas linhas, esteve também ligado à justiça ao mais alto nível, certo é, foi por pouco tempo e em período particularmente difícil e quando já se fazia sentir os ventos fortes do militarismo narcotraficante na Guiné-Bissau, ventos esses trazidos por aquele que viria regredir toda a dinâmica de democracia e desenvolvimento que o pais estava a granjear nesse tempo.
 
Esse alguém que escreve estas linhas, foi também alvo de ameaças e, até tentativa de assassinato, tudo por questões ligadas ao combate ao narcotráfico emergente, mas nunca o tornou publico por razões de reserva e pelo imperativo do segredo de Estado. Hoje di-lo-ei sem bazófias e, sem entrar em pormenores. Faz-se simplesmente saber-se, para que certas pessoas sintam e saibam que NOS TODOS estamos comprometidos com essa causa sem exclusividades, mas sem mediatismos desnecessários. Os meus próximos colaboradores de então (fazendo paralelismo com o caso em apreço), caso concreto, o ex-DG da PJ de então, é testemunho destes factos e ele também foi alvo das mesmas ameaças perseguições e intimidações por parte dos militares. 
 
Igualmente, uma outra verdade que deve ser reposta, é sobre a declaração da DG da PJ alegando de que fora abandonada pelos altos dirigentes do Estado de então ( o PR e o PM), que segundo ela, nada fizeram para a proteger quando ela foi ameaçada no seu post. Tal não corresponde inteiramente a sua versão, pois como forma de a proteger e ao mesmo tempo como reconhecimento da sua competência e marco de solidariedade ela foi colocada pelo Governo como DGVT pretendendo com isso salvaguardar-lhe das ameaças e perseguições incessante dos militares enquanto DG da PJ. Mesmo apos a sua colocação neste posto, essa atitude do Governo foi considerada pelos militares como um desafio e um sinal de desconfiança as intenções da classe castrense e, tanto assim, mesmo nesse posto a ex-DG nunca deixou de ser ameaçada e perturbada no exercicio das suas funções. Essas ameaças e intimidações continuaram e o PR e PM sempre estiveram conscientes e preocupados com os riscos com a sua integridade física. Alias, ninguém estava à salvo da fúria e desmandos dos militares nessa época, ainda mais nessa época do que agora, pois hoje estão associados a um regime ele também, ligados e comprometidos com o narcotráfico no seu todo.
 
Tudo isso para resumir que, o Serviço Publico sendo um Dever de Missão não deve ser erigida em bandeiras de promoção individual e de carreirismo. Cada pedra que se junta ao combate da impunidade e ao trafico da droga na Guiné-Bissau é pertença de todos os guineenses e esse contributo deve ser erigido em esforço comum e de pertença social..., na humildade, na simplicidade e no mais profundo patriotismo. Bem haja, Guiné-Bissau

LP