Um grito pela liberdade e pelo desenvolvimento
O ano de 2005 já cá canta. Estamos todos de parabéns. Este é o ano em que nós, os guineenses, devemos trocar a idade do armário em que nos vimos enfiado, e ultrapassar a barreira da puberdade. Ao guineense, é com a alma em sangue que peço: Pense. Confesse. Já nenhum de nós tem idade para andar de skate. É altura de trocar o T-1 por uma casa, reclamar uma camisa no lugar de uma T-shirt e, por tabela, exigir um Estado sério, credível, respeitado. Grande. Crescido. Como nós.
Pense. Como é que um país com trinta e um anos de independência, com tanta história de mestria e valentia; como é que este país que lutou pela sua independência e de mais quatro (!) países atirou a toalha ao chão? Este país é coisa pouca para alguém? Seja. Mas é nosso. Pode até ser uma coisa pouca, uma luz qualquer. Chega-nos. Deslumbra-nos. A Guiné-Bissau podia, hoje, ser um gigante entre gigantes mas nunca deixaram-na ter essa medida, esse sentido de proporção, a mínima mercê. E, no entanto, a Guiné-Bissau continua brilhante como se a noite não existisse. Do que nos vale uma Nação sem nacionalismos? Que tal é a sensação desta alma colectiva que se desalma diariamente; esta idade sem qualidade, este tempo dessincronizado com a nossa natureza, onde já não há herói, figura, exemplo, esperança que nos empolgue ou nos sirva?
Pense. A Guiné-Bissau é o país do universo africano que fala o português que, proporcionalmente, tem melhores e mais quadros nos organismos internacionais. E se não regressam é porque aqui tudo é muito previsível e, normalmente, o que acontece é quase sempre mau. Verdade seja dita, raras vezes se registam acontecimentos que indiciam novos tempos. Por mais que os ventos soprem. A Guiné-Bissau tornou-se como aquele mistério que pensamos saber e a perfeição que sabemos não conseguir. É este o mistério perfeito da realidade, o sonho sem amanhã, o desejo sem desperdício, a ideia de uma Nação, o coração de um povo. É verdade.
O ano de 2005 já cá canta. Estamos todos de parabéns. Este é o ano em que nós, os guineenses, devemos trocar a idade do armário em que nos vimos enfiado, e ultrapassar a barreira da puberdade. Ao guineense, é com a alma em sangue que peço: Pense. Confesse. Já nenhum de nós tem idade para andar de skate. É altura de trocar o T-1 por uma casa, reclamar uma camisa no lugar de uma T-shirt e, por tabela, exigir um Estado sério, credível, respeitado. Grande. Crescido. Como nós.
Pense. Como é que um país com trinta e um anos de independência, com tanta história de mestria e valentia; como é que este país que lutou pela sua independência e de mais quatro (!) países atirou a toalha ao chão? Este país é coisa pouca para alguém? Seja. Mas é nosso. Pode até ser uma coisa pouca, uma luz qualquer. Chega-nos. Deslumbra-nos. A Guiné-Bissau podia, hoje, ser um gigante entre gigantes mas nunca deixaram-na ter essa medida, esse sentido de proporção, a mínima mercê. E, no entanto, a Guiné-Bissau continua brilhante como se a noite não existisse. Do que nos vale uma Nação sem nacionalismos? Que tal é a sensação desta alma colectiva que se desalma diariamente; esta idade sem qualidade, este tempo dessincronizado com a nossa natureza, onde já não há herói, figura, exemplo, esperança que nos empolgue ou nos sirva?
Pense. A Guiné-Bissau é o país do universo africano que fala o português que, proporcionalmente, tem melhores e mais quadros nos organismos internacionais. E se não regressam é porque aqui tudo é muito previsível e, normalmente, o que acontece é quase sempre mau. Verdade seja dita, raras vezes se registam acontecimentos que indiciam novos tempos. Por mais que os ventos soprem. A Guiné-Bissau tornou-se como aquele mistério que pensamos saber e a perfeição que sabemos não conseguir. É este o mistério perfeito da realidade, o sonho sem amanhã, o desejo sem desperdício, a ideia de uma Nação, o coração de um povo. É verdade.
Confesse. A nossa geração – aquela que não está gasta – tem valores que importa preservar, e uma responsabilidade de proporções bíblicas, que é a de criar uma sociedade em que não se registe a exploração do homem pelo homem ou humilhantes discriminações em relação à mulher. A realidade actual do mundo impõe-nos outra reflexão, e outra intervenção. Um País é um País e é assim, País, que deveria ser. Por tudo isto, repito-me: encaro este ano de 2005 como uma praça de touros em que o forcado é o povo: o resultado da pega é normalmente imprevisível…
António José Aly Rodrigues da Silva
*Este artigo foi publicado no 'Diário de Bissau', em Fevereiro de 2005