sábado, 22 de maio de 2010

Há qualquer coisa no ar... Anda-se a preparar algo. De um lado e do outro (deus vos abençoe que eu jogo pela equipa do diabo). Boa noite. AAS

Eh pá!, o 1º Ministro já não vem...

Calma. Relaxe. Vamos por partes. Hoje, em Lisboa, Carlos Gomes recebeu Franco Nulli, o delegado da União Europeia em Bissau (Cadogo não tinha saldo e a PT não dava crédito; Franco Nulli, esse, apenas queria estar junto do menino dos seus olhos...)

Amanhã - e como passamos a ser governados a partir das ilhas - Cadogo irá a Cabo Verde.

Por este andar - não será voar? - talvez na 3ªfeira o premier vá ao Tibete pedir a benção ao líder espiritual Dalai Lama.

Son pa mara dala rissu kan! AAS

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ministério Público 1 - CNE 0 (mas tudo indica que haverá goleada...)

Após ter sido ouvido durante quase todo o dia de hoje, o director financeiro da CNE, Iaia Djau, fica detido na Polícia Judiciária até 2ª feira.
Inquirido sobre o desaparecimento de quase 100 milhões de francos CFA, Iaia Djau apenas disse ter recebido ordens superiores.
Por parte de quem, perguntou o Ministério Público?
- Do Presidente (Desejado Lima da Costa) e do Secretário-Executivo (António Sedja Man).
Portanto, teremos uma segunda-feira gorda...digo eu! AAS

Denúncia do DC sobre o bacanal na CNE...o director financeiro está neste momento a ser ouvido no Ministério Público. AAS

Franco Nulli posto em sentido pelo PR

O Presidente da República, Malam Bacai Sanha, mandou cancelar a audiência que devia ter ontem com o delegado da União Europeia no País, Franco Nulli.

Bacai não terá gostado nada mesmo das declarações de Nulli à RDP África, onde este ditava sentenças pedindo a "libertação de Zamora Induta" e a responsabilização/ condenação dos implicados no caso 1 de abril.

Já perto da hora do encontro, os serviços da Presidência contactaram secamente os escritórios da UE: O encontro está cancelado. Bom dia". E assim foi.

Franco Nulli esteve hoje no café Bate-Papo com a delegação da UE que se encontra em Bissau, momentos antes de um encontro com a 1ª Ministra fictícia em exercício, Adiatu Nandigna.

Nulli passou o tempo todo ao telefone e no final de cada chamada conferenciava baixinho com os seus.

De resto, ninguém gostou de ouvir a entrevista que Franco Nulli concedeu à RDP África. Sobretudo porque foi fora de contexto, e feita depois das - claras - declarações de Bacai Sanha, o Presidente da República.

A missão da UE, no seu regresso, leva dois ministros para uma reunião em Lisboa: a do Plano, Helena Nosolini e o das Finanças, José Mário Vaz. AAS

quinta-feira, 20 de maio de 2010

13 de maio - O que diz o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito

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A 13 de maio, os sete deputados incumbidos de ouvir os protagonistas do 1 de abril elaboraram o seu relatório de 6 páginas.

Dada a importância do caso, os deputados decidiram que seria melhor começar por visitar a Fortaleza D’Amura. Mas quase desistiam. Escreveu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI): «Depois de vários contactos, a Comissão Parlamentar foi recebida pelas chefias militares».

E foi assim que tudo começou. «Começamos por ouvir uma exaustiva explanação sobre o panorama da situação militar vigente no País, pela pessoa do Vice- Chefe do Estado Maior, António Indjai, que imputou todas as responsabilidades pelos acontecimentos de 1 de abril ao Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, Zamora Induta, acusações das quais se fez o seguinte resumo» (ver a queixa no arquivo do blog/pesos mortos).

O 1 de abril começou muito antes

No dia 4 de Janeiro de 2010, Zamora Induta mandou chamar o general António Indjai a S. Vicente e acusou-o, com mais dois outros colegas, nomeadamente o tenente-coronel Tcham Na Man e o coronel Carlos Cunda, de serem os responsáveis pelo regresso ao País do contra-almirante Bubo Na Tchuto. Calmamente, António Indjai pediu a Zamora que lhe dissesse o nome da sua fonte. Este recusou categoricamente.

Nesse mesmo dia, embora sem sucesso, António Indjai tentou contactar o 1º ministro Carlos Gomes Júnior, e fez o mesmo em relação ao Procurador-Geral da República Amine Saad. O vice-CEMGFA apenas queria que estes movessem influência junto do CEMGFA Zamora Induta para que este revelasse a sua fonte, pois ele apenas queria defender-se. O vice-CEMGFA garantiu à CPI ter «tentado manter sempre informados o PR Malam Bacai Sanha, o 1º Ministro Carlos Gomes Júnior e o PGR Amine Saad».

Indjai disse ainda que esta situação estava a criar um mal-estar no seio da classe castrente. António Indjai defendeu-se dizendo que tudo se ficou a dever «à falta de diálogo do CEMGFA com os oficiais superiores», bem como a intrigas do coronel Samba Djaló, «que se vinham arrastando há já algum tempo».

Posto ao corrente da situação, o Presidente da República, que é igualmente Comandante-em-Chefe das Forças Armadas lá puxou dos galões e conseguiu arrancar de Zamora um nome. Mas não era um nome qualquer. Era ‘o nome’, a fonte de onde Zamora bebia: Samba Djaló, coronel, chefe do Departamento de Informação e Segurança Militar – a sinistra DINFOSEMIL.

Porém, confrontado com a revelação do seu superior Samba Djaló negou tudo. E passou a bola a... Angola! Sim, leram bem: An-go-la. E mais um nome veio à luz do dia: «foi o senhor Costa, da Embaixada de Angola (na Guiné-Bissau)». E o Costa, por seu lado, assobiou baixinho: «Não quero ingerir nos assuntos internos da Guiné-Bissau».

Apertado mais um bocadinho, Samba jogou para o ar mais um nome – Serafim Embaló (pertencente à Segurança do Estado). Este depressa se declarou «inocente» e devolveu a acusação com juros: soube de tudo através do... Samba Djaló.

O dia antes do 1 de abril

António Indjai desembarcou no aeroporto Osvaldo Vieira no dia 31 de março. Era suposto ele estar em Cuba por essa altura para tratamento médico. Telefonou ao 1º Ministro pedindo uma audiência. A intenção era dar conta ao PM da grave situação que se vivia nos quartéis. Fez-lhe ainda um retrato da degradação que estava a ser o seu relacionamento pessoal com o CEMGFA Zamora Induta. O 1º Ministro ouviu mas mostrou-se indisponível para esse dia. No entanto, marcou a audiência para o dia seguinte – 1 de abril de 2010:

Na manhã de 1 de abril, a maior sala da Fortaleza D’Amura estava apinhada, e brilhavam as patentes militares. As mais altas deste País. Muitas mesmo. E foi ali que Zamora Induta e António Indjai trocaram argumentos. Começou com uma acalorada discussão e acabou em... murros! Zamora Induta foi simplesmente detido e desarmado. Samba Djaló também.

Uma vez no comando da tropa – e das operações - António Indjai dá a primeira ordem: ‘libertar’ o contra-almirante Bubo Na Tchuto da sede das Nações Unidas. Mandou igualmente «buscar» o 1º Ministro «para que este viesse assistir - e ouvir - o que tinha para lhe dizer no dia anterior».

À CPI, António Indjai garantiu «não ter torturado» o 1º Ministro e que não foi sua intenção «atentar contra a dignidade» deste. Garantiu ter-lhe manifestado «respeito» e pedido «desculpa pelo sucedido», e lamentando ter chegado «a este extremo». Assegurou ter feito tudo para, «colocar um ponto final nos intoleráveis desmandos do CEMGFA, José Zamora Induta».

Disse ainda ter «garantido o regresso em segurança do 1º Ministro ao seu gabinete de trabalho». E que tomou essa decisão depois de ter sido chamado para uma audiência com o Presidente da República, Malam Bacai Sanha.

PRIMEIRO-MINISTRO

Na manhã de 1 de abril, o 1º Ministro Carlos Gomes Júnior encontrava-se no seu gabinete de trabalho, numa reunião de emergência com o representante Especial do Secretário Geral da ONU, Joseph Mutaboba. O motivo da emergência? Pois está claro – as movimentações militares, rondando as instalações da ONU onde estava o Bubo Na Tchuto, e que culminou com o abandono voluntário do contra-almirante da sede da ONU.

Cadogo acompanhou Mutaboba à saída da primatura, e, no regresso para o seu gabinete foi abordado por um militar, armado, que lhe disse «passa li, kumpanha ku nôs». Do armário do gabinete do PM os militares retiraram alguns documentos, telemóveis e dinheiro. E o 1º Ministro, claro.

Quando já estava dentro da viatura militar, o ministro da Administração Territorial Luis Oliveira Sanca apareceu e inquiriu sobre o destino da comitiva. Foi agredido violentamente e intimado a entrar para a viatura. E seguiu tudo para a Fortaleza D’Amura. Luis Sanca foi sem os óculos, que entretanto se partiram com a agressão de que foi alvo.

Lá chegados, encontraram um António Indjai furioso, mas ainda assim ansioso por tirar tudo o que tinha cá para fora. Entretanto, um sinal sonoro interrompeu o general. Era o Presidente da República ao telefone. E a chamar Indjai de urgência à Presidência. Abandonados à sua sorte, os agora detidos não tiveram outro remédio que não esperar. Mas não esperaram muito. A salvação chegara para Carlos Gomes Júnior e Luis Oliveira Sanca. Indjai disse apenas a Cadogo: «volte para o trabalho e acalme a população que há já muita especulação por aí».

Na CPI, Carlos Gomes Júnior «lamentou o ocorrido a 1 de abril», que qualificou como tendo sido um «incidente». Discorreu sobre o impacto negativo que isso teria junto dos parceiros como o FMI e o Banco Mundial e lembrou aos deputados que no dia seguinte, o Conselho de Administração destas duas instituições deveriam discutir e aprovar o programa pós-conflito, o que acabou por ser adiado.

O 1º Ministro confirmou à CPI ter recebido o telefonema do general António Indjai no dia 31 de Março, mas culpou o «cansaço da viagem» para o não receber. Disse ainda ter pensado que a audiência se devia a um pedido que o general lhe havia feito, para a obtenção de documentação para um filho seu. A reunião ficou agendada para as 08.30h do dia 1 de abril. Até hoje...

Guarda-bombas

Pretendendo justificar a falta de segurança pessoal, Cadogo deu um exemplo à CPI, dizendo que o seu primeiro guarda-costas foi substituído por ordens de Tagmé Na Waie, à altura CEMGFA, e foi este que, curiosamente, viria a colocar a bomba que haveria de matar Tagmé. O PM revelou ainda que «viu o substituto do seu guarda-costas na escolta do Bubo Na Tchuto quando este deixava as instalações da ONU».

Finalmente, e a pedido dos membros da CPI, os Deputados visitaram Zamora Induta e Samba Djaló no aquartelamento de Mansoa. O CEMGFA queixou-se de tensão arterial - no relatório, os deputados escreveram detenção arterial... – e disse ter sido visitado por um médico. Samba Djaló, esse, mostrou ser um durão. «Estou bem de saúde», revelou. Questionado pelos deputados se foi torturado, respondeu: «sou um militar e estou preparado para isto».

António Aly Silva

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Contra o "comprometimento"

"Belo post, amigo Aly

Pelo direito à indignação, pelo direito a desafrontadamente se ser contra o 'comprometimento'.

Um abraço,
C.,R."

Carlos Gomes Júnior regressa domingo ao País. Até 4ª feira podemos ter um CEMGFA... N'punta nan! AAS

Dar murros na mesa

Dão-se muito poucos murros na mesa na Guiné-Bissau. Boa educação, dirão os mais optimistas. É o que é, mas estão, provavelmente, muito próximos da razão os que nos acusam de sermos mas é uns cobardolas e uns mangas de alpaca.

Não damos (o Aly Silva à parte...) mais murros na mesa porque temos medo. E somos cobardes. Temos medo de que o sujeito que nos ouve na mesa ao lado se irrite, que o empregado da padaria Y venha a ser patarão, que o dono da Tasca Z assuma algum cargo nas alfândegas ou nas finanças e nos lixe a vida.

Caganitas à parte, a verdade é que faz muita falta que as pessoas sejam capazes de chamar os bois pelos nomes, e de gritar um sonoro basta quando basta mesmo. Mas nós não (aliás, vocês...). Preferimos tudo morno depois de grandes tragédias porque não queremos ‘sobressaltos’ – sobretudo quando há uma forte possobilidade de virmos a ter de pagar as consequências pelo que fazemos ou afirmamos.

Eu, estranhamente(?!), perdi-lhes o medo. Assim, no café da esquina, de volta da mesa de restaurante, não tenho nem dó nem piedade de ninguém, casco como posso e melhor sei nos nossos inimigos de estimação: os políticos com responsabilidades na condução dos destinos do País.

É que na política a história é a mesma. Só berram e gritam, denunciam e revelam deboches aqueles que estão na oposição. Simulam até uma pega de caras, pois a certeza de não lhes ser pedido nenhum seguimento para as suas palavras deixa-os perfeitamente livres para tudo.

A partir do momento em que tomam posse, quem assumiu um cargo executivo padece de uma doença chamada «comprometimento». Comprometidos, não com o povo, mas com os restantes membros do governo, que exigem que não destape buracos nem traga para uma praça pública (ainda que esburacada) problemas. Numa palavra: comprometido com as regras do regime.

Mas seria o bom e o bonito, agora um tipo vai recordar aos eleitores as dívidas que há por saldar (olá, Jomav), as estradas que não estão feitas (hello, Djossé), os impostos por cobrar (Jomav - again and forever) ou os hospitais sem camas mas com uma divisão bem armada de baratas (yello Camiló)?

Contudo, o que eles querem é fazer passar esta mensagem. Que o pior ainda está para vir, os prejuízos herdados e os acumulados são sempre tamanhos que não há dedicação e empenho que algum dia os possa saldar. Tretas, é o que é!

Sabiamente, eu continuo a preferir os murros na mesa. Sabem bem por estes lados. Confrontar tudo e todos. Enfrentar gabarosamente as câmaras e os microfones e dizer tudo! Investigar e mostrar quem mal faz a este povo. Dizer que no ministério A alguém anda a roubar, que na farmácia C se vende medicamentos fora de prazo e de proveniência duvidosa, que os professores, afinal, sabem menos que os alunos, que as profissões liberais fogem a pagar as contribuições. Num primeiro momento inebrio-me nas minhas próprias palavras, feliz pela provocação e respectiva contestação, convencido de que finalmente estou a «mexer no sistema».

Tem sido assim, meus caros. Mas também não acabam geralmente bem os ministros/secretários de Estado/chefes de gabinete/responsáveis de secção que abrem a boca, e muito menos os que, como eu, exercitam o punho contra o tampo da secretária... AAS

terça-feira, 18 de maio de 2010

O Governo do PAIGC e o Zamora prepararam mesmo isto? Sim...

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Felizmente, a bancada do PRS votou contra esta lei sem paralelo na nossa história parlamentar... proposta pelo PAIGC, claro! E a lei caiu... tok i rabida!!! E a União Europeia, o que diz mesmo??! AAS

Para a União Europeia: Zamora Induta não sai da cadeia

(A Guiné-Bissau acolhe Franco Nulli, o embaixador e Delegado da União Europeia no País, há mais de 20 anos! Mas isso é outra história)

O que aqui me traz, hoje, foi aquilo que ouvi da boca do embaixador Franco Nulli. Não falo em nome do General António Indjai que, segundo um diplomata da UE, «me anda a dar dinheiro» para publicar coisas. Não. Falo como cidadão nacional. E defino-me desde já como sendo um ultra-nacionalista. Assim, são precisos cuidados redobrados comigo...um tipo perigoso, está-se mesmo a ver...

Se se recordam, o Presidente da República, Malam Bacai Sanha, fez uma importante declaração no dia em que deixou Bissau com destino a Dakar, no Senegal, para uma visita de trabalho de algumas horas: “A União Europeia não notificou as autoridades nacionais sobre qualquer cancelamento” da sua Missão para a Reforma dos sectores da Defesa e Segurança. E, sobre a nomeação do novo CEMGFA, um recado ao Governo: “Se, por exemplo, o 1º Ministro chegar na 2ªfeira pode reunir o Conselho de Ministros no dia a seguir e apresentar os nomes para as chefias militares”.

Todos gostámos de ouvir do nosso Presidente – sim, do Presidente de todos os guineenses – a lucidez e o sentido de Estado que têm caracerizado o seu mandato. E gostámos ainda mais quando ela tem ou traz conteúdos interessantes. Aliás Bacai Sanha nem precisa de falar muito. Djinti garandi...

Depois, o PR regressou de Dakar e recebeu a visita do ministro português dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. Mais uma deixa importante do PR: “A União Europeia, pelo contrário, está disposta a continuar a ajudar-nos”, disse.

Bom, mas parece que há uma coisa qualquer chamada União Europeia, que não nos dá descanso nem nos tira o pé do peito. Hoje, contactado a partir dos estúdios da RDP-África, em Lisboa, o embaixador Franco Nulli, instalado na sua ‘pequena Bruxelas’, disparou em todas as direcções. Pode mesmo dizer-se que o embaixador notificou o Estado guineense via RDP-África. Tudo isto, recordo, depois de o PR Malam Bacai Sanha ter falado (na 6ª feira passada).

Franco Nulli disse, e passo a citar: “Enquanto Zamora Induta não fôr libertado, e os responsáveis pelo levantamento militar de 1 de Abril não forem responsabilizados, a UE pára tudo nessa área”. Assim mesmo, entre outras postas de pescada.

Das duas uma: ou a Europa fala a várias vozes, ou então a crise que vai por esses lados estará mesmo a fazer mossa. Irra!!! ‘Nino’ Vieira foi assassinado há mais de um ano e a União Europeia nunca ameaçou ir embora. É certo que faz as birras de sempre, mas... acaba sempre por passar...

Agora, é às autoridades nacionais quem cabe descalçar mais esta bota: eu, punha a Europa em sentido.

A União Europeia, depois do 7 de junho


12 anos depois, continuamos a lamber as feridas da «aventura di 7 de junho». A União Europeia, presumo, ainda nem existia sequer... e o que aconteceu mesmo neste País depois desta tenebrosa guerra de 11 meses? Tudo. Vamos aos factos:

- Verissimo Seabra, CEMGFA, foi assassinado a tiros;
- 23 de Novembro de 2008 – primeira tentativa para assassinar o Presidente da República ‘Nino’ Vieira;
- Tagmé Na Waie, CEMGFA, e ‘Nino’ Vieira, Presidente da República. Um assassinado à bomba, o outro da maneira que todos sabemos;
- A Hélder Proença e seus dois acompanhantes foi montada uma cilada. E foram assassinados;
- Três militantes do PRS foram friamente assassinados, em plena luz do dia;
- Baciro Dabó, candidato presidencial, foi assassinado no seu quarto;
- Iniciou a época da caça ao homem. O presidente do Tribunal de Contas, Francisco Fadul, viu a sua casa ser invadida por militares. Foi espancado e humilhado;
- Pedro Infanda, advogado de Bubo Na Tchuto, foi detido e espancado;
- Violação da Diocese de Bissau

Senhores da União Europeia:

Que saibamos tudo isto aconteceu. A UE não piou. A ver se é desta que vão embora.

Senhores da União Europeia:

O dia 1 de abril, dia de todas as verdades, o que fez mesmo? Tudo. Fez com que as famílias voltassem a dormir descansadas, algumas pessoas que haviam deixado o País regressaram (todos devem fazê-lo!), e – é imperioso sublinhar isto – abril é o mês da Revolução dos Cravos em Portugal. E quase todos os capitães de abril saíram...da Guiné, ao tempo Portuguesa.

Uma coisa parece verdade: é mais fácil conseguir com que o Irão suspenda o seu programa nuclear do que tirar o 1 Ministro do poder...

Este, é um estado Soberano que faz parte do concerto das Nações. A ingerência nos assuntos internos da Guiné-Bissau não devia ser tolerado por um guineense que seja. AAS

domingo, 16 de maio de 2010

Primeira chuva em Bissau. E que chuva! AAS

sábado, 15 de maio de 2010

Uma semana horribilis

A semana que hoje acaba, foi quase trágica para mim. Durante as minhas investigações para um novo trabalho, andei pela Polícia Judiciária e pela Procuradoria Geral da República.

Resultado: partiram-me o pára-brisas do automóvel. Um sinal, portanto.

Ontem...o coice: furaram-me 3 pneus (os dois traseiros e o do lado direito).

Que isto fique claro: por mais que ameacem, que façam, ou que aconteça não páram a caminhada traçada pelo Aly Silva. Um tiro certeiro talvez ajude. Mas nem isso pararia a luta de todo um povo pela sua verdadeira libertação.

Sinto que o meu trabalho de jornalista, ainda por cima de investigação incomoda muita gente. Não investigo o cidadão comum porque não me interessa para nada. Investigo quem tem obrigações para com este povo.

Uma coisa porém garanto aos meus perseguidores: asseguro-vos que as minhas virtudes superam em número os meus defeitos. Mas estes - os defeitos! - são muito mais interessantes... AAS

P.S. - Para R.: Perguntas se ando armado. Respondo: ando armado em pessoa avisada - com mais cuidado. AAS

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Como és difícil, ironia

Esta semana, numa mesa de café, três amigos(!?) previnem-me: “Um embaixador falou sobre ti na festa do dia da União Europeia e desancou-te. Diz que andas a receber dinheiro do António Indjai para escreveres no blogue”. Corro a consultar mais uma fonte com a pressa da gente comum quando é falada por vedetas. De facto, o diplomata - europeu - falou de mim. E, que fique claro: disse mesmo que eu estava a ser pago pelo General António Indjai.

Enquanto eu ouvia tudo isso, os meus amigos dividiam os olhares entre solidariedade e o “toma lá que já almoçaste!” – os meus amigos são, digamos... muito ecléticos de sentimentos.

Depois, desiludi-os, decretando do alto dos meus galões: “Ele (o embaixador) não estava nada a meter-se comigo. Na verdade, até me faz um elogio”. Expliquei-lhes. Estão a ver, disse-lhes, o embaixador invoca-me como algo de bom, de extraordinário mesmo, a acontecer na Guiné-Bissau! Se o Estado guineense sabe (se sabe...) que eu sou competente, que não roubo dinheiro doado, uma grande parte pelos contribuintes europeus – talvez esse pormenor escape ao embaixador... então que mal tem eu receber dinheiro do Estado?

(Esse embaixador sabe que desde a nossa independência, até aos dias hoje e porque não de amanhã, continua(re)mos a desviar dinheiro enviado pelos europeus, pelos africanos, pelos asiáticos...)

E, é em nome da falta de humor dos meus amigos que eu peço para o embaixador, além de me invocar como autoridade, olhar para o meu exemplo – e o apoie junto da União Europeia! É claro que posso permitir-me receber dinheiro ou viajar à custa de outros, mas só com critérios bem clarinhos (e transparentes).

Insistentes, os meus amigos perguntaram-me: “Elogiavas algo, cujo alguém te tinha pago qualquer coisa e, ainda por cima, nem dizias aos leitores sobre o favor de que beneficiaste?”. Bom, mas como não tenho a habilidade do embaixador para a ironia, respondi de maneira muito terra-a-terra: “Não.”

E, depois, sosseguei-os. Não, não recebo, nem nunca recebi um franco que seja do General António Indjai, nem do Estado-Maior General das Forças Armadas da Guiné-Bissau, instituição que brevemente terá à sua testa...o General António Indjai. Boa tarde a todos. AAS

segunda-feira, 10 de maio de 2010

JOMAV...bom biás! (e leva o Botché contigo, pá!)

O ministro das Finanças ameaçou "demitir-se", caso os problemas da Guiné-Bissau com a comunidade internacional não...digamos, atinar.
E o embaixador Franco Nulli, da União Europeia, disse que nada mudaria, isto no que toca à UE.

O jornalista lançou então a chamada pergunta-rasteira. Sr. Embaixador, isso quer dizer mesmo o quê? E Franco Nulli 'caiu', "Até que a Guiné-Bissau volte a ser um Estado de Direito".

Ora bem. O embaixador quis dizer o quê com essa frase? Isto?: Que Zamora Induta seja posto em liberdade e retome o seu lugar (ilegal) de CEMGFA? E António Indjai, nesse caso, podia ir, por exemplo, para Estrasburgo. De certeza que se arranja por lá um tacho...

Eu acho que os europeus não têm sequer a noção deste país. Quando 'Nino' Vieira foi assassinado, a Europa pareceu-me um cão de caça sedento de um javali meio atordoado... Passaram 14 meses!!!

E quando Zamora foi nomeado CEMGFA, pese embora todo o barulho que essa monstruosidade inconstitucional gerou na Guiné-Bissau, não se ouviu um pio por parte da UE...

Aliás, tomaram mesmo Zamora como um deus qualquer que viria mudar o rosto das nossas forças armadas. É incrível, mas é a verdade.

É assim: se a União Europeia e o mundo estão fartos, façam o favor. A porta da rua é a serventia da casa! Não venham é maçar-nos com essa dualidade (feia) de critérios. Enganem analfabetos. Não venham é cansar que já está... cansado de mais. Tenham dó.

Quanto ao ministro das Finanças: vá-se embora. Fará um grande favor aos guineenes. E, quem sabe se sem o Jomav, a UE decida ir embora... AAS