quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
Cooperação Guiné-Bissau/Portugal
No âmbito da cooperação bilateral entre a Guiné-Bissau e Portugal, decorreu ontem, 28/01/2015, na Assembleia da República de Portugal, um encontro entre o grupo parlamentar de amizade (Portugal-Guiné-Bissau), presidida pela Senhora Deputada Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, com a presença de um número significativo de deputados que compõem o mesmo grupo.
A Guiné-Bissau foi representada pelo Senhor Iafai Sani, deputado da Assembleia Nacional Popular, eleito pelo círculo de Europa e pelo Senhor M´Bala Alfredo Fernandes, Encarregado de Negócios da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal.
Durante duas horas, os deputados portugueses passaram em revista todos os assuntos anteriormente abordados, quer pelo, Encarregado de Negócios, Senhor M´Bala Alfredo Fernandes, aquando da sua auscultação parlamentar ao referido grupo, quer pelo Embaixador de Portugal na Guiné-Bissau, Senhor António Leão Rocha; encontro esse que serviu de motor para reatar as relações interparlamentares.
No decorrer da audiência, levantou-se várias questões, nomeadamente: a situação política atual na Guiné-Bissau (entendimento intrainstitucional), a situação das Forças Armadas, a questão da reforma no dossiê da Defesa e Segurança, a situação da cooperação Portugal-Guiné-Bissau, e a situação da TAP (transportadora aérea portuguesa), entre outras…
As respostas do Senhor Deputado Iafai Sani, cingiram-se desse modo:” o Governo tem cumprido com as suas obrigações. No que concerne ao cumprimento do Programa de emergência, garantindo deste modo, o total funcionamento das escolas, da energia elétrica, pagamento de salário aos funcionários públicos, e cumprimento, relativamente à dívida para com os terceiros. Referente à situação política, há um consenso alargado, que é transversal a todos os órgãos da soberania, sobre a questão da paz, estabilidade e desenvolvimento.
Esta visão pode ser constatada, quer na formação do governo, quer no asseguramento parlamentar dos diferentes partidos que compõem a Assembleia Nacional Popular. Por seu turno, o Encarregado de Negócios da Embaixada da Guiné-Bissau em Portugal, Senhor M`Bala Alfredo Fernandes, afirmou que a cooperação bilateral entre Portugal e Guiné-Bissau é cada vez mais profícua e os indicadores desta relação estão patenteados a todos os níveis entre os diversos órgãos da soberania, começando pela relação entre os dois Presidentes da República, que tem sido cordialmente regular.
Quanto aos Governos dos dois países, o Diplomata referiu, exemplificando com a assinatura dos dois acordos rubricados em Lisboa no ano passado, 1- Âmbito da Migração e fronteiras, 2- Projeto de programa indicativo de Cooperação entre a Guiné-Bissau e Portugal, sob alto patrocínio dos Primeiro – Ministros da Guiné-Bissau e de Portugal, respetivamente, Engenheiro Domingos Simões Pereira e Dr. Pedro Passos Coelho.
Ainda na sua intervenção, o Diplomata afirmou que no decorrer dos seis meses da governação, passaram por Lisboa, vários Ministros em contactos bilaterais com os seus homólogos, no sentido de incrementar em cada sector, uma aproximação institucional com vista a estabelecer parcerias.
Relativamente ao orçamento da cooperação portuguesa para com a Guiné-Bissau, o Senhor Encarregado de Negócios, explicitou aos deputados, que no período de transição, Portugal reduziu os apoios à Guiné-Bissau, limitando-se ao apoio na área de Saúde, Educação e à Sociedade Civil, cujo instrumentos e indicadores constituirão alicerces para o novo programa indicativos de cooperação.
Afirmou ainda, que os resultados dos acordos acima manifestados pelos ambos governos começam a produzir efeitos, na medida em que já se contabilizaram mais de três missões importantes à Guiné-Bissau, com o objetivo de responder ao espírito dos acordos atrás referidos, nomeadamente, a da Direção Geral de Saúde de Portugal; a da Direção Geral da Política de Defesa Nacional (DGPN), e a da Missão Exploratória do Instituto de Camões.
No âmbito parlamentar, a Embaixada que dirige, tem sido um veículo importante nos contactos entre os dois parlamentos, promovendo desta forma, uma diplomacia parlamentar, com intuito de facilitar aproximação entre as duas casas da Democracia.
Estando todas as partes satisfeitas com o encontro, a Presidente do grupo parlamentar, agradeceu a presença dos dois representantes da Guiné-Bissau pela forma clara e convicta como transmitiram as suas mensagens, e reafirmou a vontade do grupo em visitar a Guiné-Bissau, ainda no decorrer do primeiro trimestre do ano em curso, salientando que o referido assunto está a ser ultimado entre os dois presidentes dos parlamentos, ciente que o convite formulado pela Sua Excelência, Senhor Engenheiro Cipriano Cassamá, Presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, demonstra o quão interessante pode ser a conservação dos laços de amizade entre os dois povos.
OPINIÃO: Nas Entrelinhas
"Sem ser naif, sempre fui de opinião de que, deve-se ser optimista e encarar a vida pelo lado positivo. Porém defendo igualmente de que, ha-que ser-se pragmatico, quando os factos e a realidade tendem a projetar-nos para cenarios menos positivos quanto as nossas expectativastraçadas. Assim é, como em tudo na nossa vida quotidiana, onde temos os nossos altos e baixos, vivemos momentos de euforia e de altas expectativas, e ha momentos em que, sentimo-nos arrastados, para momentos de profunda introspecção, caindo muitas vezes em estado de desanimo profundo. Entre esses antipodas do sentimento humano, é bom contudo, despertar-se enquanto é tempo, para a encararmos a realidade e começar a ponderar algumas situações que, em entrelinhas desgraçadamente enredadas, nos traçam grandes cenarios do que pode vir a ser e acontecer a breve trecho.
Confesso que, cheguei a sentir-me euforico com o restabelecimento da ordem constitucional no nosso pais e com as mudanças que se seguiram ao pleito eleitoral, porque ter um presidente e um primeiro ministro da mesma cor politica e, aparentemente ambos portadores de valências e provas de alcance de acção governativa acima da média, confesso que me fizeram sonhar. Na verdade, o JMV e DSP, fizeram mirabolar os olhos dos esperançosos guineenses, criando a ilusão de se ter encontrado uma dupla imbativel, qual um o rolo compressor de beifeitas, élan que faltava ao pais para traçar as vias seguras para um desenvolvimento seguro e sustentado a médio prazo.
Embora estivesse ciente de que, não sendo a primeira vez que isso acontece na historia democratica do nosso pais, não deixei no entanto de nutrir fortes esperanças com a aparição dessa dupla de governantes, dado por um lado, ao contexto politico-militar particular do qual o pais acabara de emergir e, por outro, as suas capacidades intrinsecas induzidas às lições que forçosamente emergeram desse contexto de particular dificuldades para todo o povo, que sobre o qual, convictamente estava eu convencido, convida-los-ia ao pragmatismo de uma nova abordagem da convivência politica entre os « dois » poderes », dando primazia aos superiores interesses do pais em detrimento dos interesses pessoais, de querelas institucionais ou jogos estratégicos dos respectivos grupos de interesses.
Na verdade, ja em 2000 fora assim com o PRS a arrasar toda a concorrência politica, açambarcando a presidência e a primatura. Infelizmente, essa experiência kumbista-renovadora de ma recordação, deixou um espolio de resultados desastrosos que se conhecem e se respaldam até à presente data devido ao primitivismo governativo que então se instalou no aparelho do Estado. Igualmente, assim foi num passado bem recente, com a dupla aparentemente promissora constituida por MBS e o carismatico CGJ.
Com estes igualmente, as promissoras expectativas de estabilidade e governabilidade, foram amplamente contrariadas, mercê de factores varios, particularmente, uma onda de conspirações venenosamente urdidas por um grupusculo de oportunistas politicos encapotados de conselheiros/assessores que nocivamente orbitavam nos dois polos do poder na Guiné-Bissau. Estes, como se sabe acabaram por fazer vincar a teoria da conspiração e do «conflitos de poderes» e, assim à força dos poderes paralelos fortemente instalados, acabaram por minar uma co-habitação que prometia e muito poderia trazer para o bem do pais, se se atender ao desempenho da parte do executivo de então.
Porém, voltando ao sonho e expectativas entusiasticamente vividos, quiça prematuramente, se considerarmos o cenario similar pouco animador que se vislumbram a curto prazo no nosso pais, é tempo de nos despertar-mo-nos para a realidade cruel que nos bate a porta. A eminência de um conflito institucional à larga escala entre o PR e o PM não é um cenario a descartar a curto prazo.
Essa evidência factual, que embora tende a ser escamoteado, particularmente por parte do PM, demostra infelizmente que, mais uma vez, apesar de todas as envolvências positivas que o actual cenario politico oferece, parece-me obvio de que, os nossos mais altos dirigentes politicos da actualidade, ainda não atingiram o estado da maturidade politica, que passa, pela criação de bases fecundas e perenes para uma convivência sã no quadro do exercicio republicano de um poder que lhes foi conferido nas urnas, a cada um, na sua estrita esfera de competências.
Patética e orgulhosamente, assistimos diariamente, quer nos orgãos de comunicação nacional, quer estrangeira, cada um arrogar a legitimidade do seu mandato, assim como se assiste ao barricar dos incompetentes e «tchutchiduris» que se vão edificando em nucleos potenciadores de conflitos entre os dois orgãos, esquecendo porém, a soberbia dos dois «iluminados da legitimidade» de que, ninguém lhes conferiu a «legitimidade da arbitrariedade» e, tão pouco, lhes foi conferido mandato para fazer o povo guineense de pacovios.
Tudo isso, para dizer, de que eu, enquanto cidadão cioso dos sucessivos problemas que o nosso pais tem vivido até a presente data, não se pode admitir que, por narcisismo de caracter, ou de qualquer outra natureza, se aceite de braços cruzados, a um reeditar de incompatibilidades absurdas, senão estupidas entre esses dois polos do poder na Guiné-Bissau, enquanto o povo, esse morre de consolo de esperar por melhores dias. Isso não...
Não posso, e nem sentir-me-ia confortado na minha intimidade republicana, optar pela indeferença à troca de galhardetes com luva branca, entre o campo do PR e do PM. Sei que muita gente tenta negar essa evidência, incluindo o PR e o PM, porém, este teima, embora subrepticiamente, diariamente a subemirger indecorosamente de parte à parte, quer nos discursos oficiais, quer nos «recados» em actos de interposto exercicio publico de funções, passando por manifestações retoricas de boas intenções de que, TUDO VAI …, quando na verdade a pratica e a falta de concertação é latente, e o descontentamento se faz sentir nos corredores do poder de parte à parte, qual um iceberg a deriva à procura do choque com o Titanic.
Negar a evidência de um conflito entre esses dois orgãos do poder do Estado guineense, quando as vozes se entrecortam em intenções publicamente desavindas, quando os programas e as opções de desenvolvimento que devem ser adoptadas para o pais são conhecidamente antagonicas, é filosofar como Juno, é prestar um mau serviço ao pais, é tentar cobrir o céu com a peneira. Por isso, temos que parar de pensar prioritariamente nos nossos egoismos e projectos pessoais ou do nosso grupo social ou politico e direccionar as sinergias na procura de soluções viaveis para o pais, priviligiando em primeira mão os superiores interesses do martirizado povo guineense.
Neste particular, mais do que os partidos politicos, os quais, tal como se verifica com a inclusão governativa actual, facilmente se acantonam no mutismo colaboraccionista quando os seus interesses pessoais e do grupo sejam salvaguardados, cabe a Sociedade Civil, o dever de jogar um papel crucial no xadrez politico guineense, participando, denunciando, criticando e, acima de tudo, apontar vias e soluções viaveis para a saida do marasmo em que se encontra o pais, pois nenhuma legitimidade pode ser utilizada arma de revanchismo de poder.
O Beijo de Judas"
DSP já fala aos guineenses na cidade da Praia

O Primeiro-Ministro Domingos Simões Pereira já está na biblioteca...

...E tinha centenas de compatriotas à espera. FOTOS:AAS/DC/DR
Guineense morre na cidade da Praia

Secretário de Estado da Cooperação e das Comunidades, Idelfrides Fernandes, acompanhado do Cônsul Geral na Praia, Cândido Barbosa marcaram presença no funeral do compatriota Nelson Sanha, que morreu de doença prolongada. Que descanse em paz.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
ÉBOLA: Guiné-Bissau preocupada com passagens que fintam vigilância médica
Mês e meio depois de a Guiné-Bissau ter reaberto as fronteiras terrestres com a Guiné-Conacri, muitas pessoas continuam a circular clandestinamente e a fintar a vigilância montada para prevenir o Ébola, alertou hoje fonte do Ministério da Saúde. Apesar de afetar países vizinhos, o surto do vírus Ébola que há cerca de um ano eclodiu na África Ocidental não chegou à Guiné-Bissau.
"As fronteiras estão abertas, mas as pessoas continuam a passar por vias secundárias, pelo que pedimos bom senso: é preciso que passem [pelos postos]", onde há vigilância médica, explicou Cristóvão Manjuba, dirigente do Ministério da Saúde. Um apelo feito porque "o maior problema em termos de prevenção, com que nos devemos todos preocupar, é conseguir abordar e confinar o primeiro caso suspeito, para evitar a propagação", sublinhou.
"Se o nosso sistema de vigilância não for capaz a tempo e horas de detetar isso, vamos correr o risco de a doença se propagar para várias regiões do país", alertou Cristóvão Manjuba. Aquele responsável falava hoje em conferência de imprensa, nas instalações do Ministério da Saúde, em Bissau, após um encontro de diversas autoridades para fazer um ponto de situação sobre as ações de prevenção face à ameaça do vírus.
Segundo referiu, os números mantêm-se como em novembro: desde o início do surto, há cerca de um ano, a Guiné-Bissau registou 16 casos suspeitos, ou seja, casos que levaram à intervenção de uma equipa de resposta rápida estacionada na capital e criada com o apoio dos Médicos Sem Fronteiras. Nenhum dos casos suspeitos era infeção pelo vírus Ébola.
As autoridades nacionais e internacionais envolvidas na prevenção estão a partir deste mês a por em marcha uma versão melhorada do plano de prontidão criado pelo governo guineense. Em novembro, uma equipa da Organização Mundial de Saúde avaliou a execução do plano e concluiu que a larga maioria das medidas estavam por realizar, mas ressalvou o país tinha capacidade para rapidamente mudar o cenário.
Na altura, foi considerado urgente simular a recolha de amostras de sangue em casos suspeitos e encaminhamento para o laboratório de diagnóstico em Dacar, Senegal, simulação que já foi feita com sucesso, realçou hoje Cristóvão Manjuba. Nos próximos dias, as autoridades de saúde vão reunir-se para preparar medidas de prevenção específicas para a época de Carnaval, tempo de festa popular que traz muita população para a rua, concluiu.
Perto de 8.500 pessoas morreram na África Ocidental desde o início do surto de Ébola há um ano, essencialmente na Serra Leoa, Libéria e Guiné-Conacri. Nos três países o número de infetados já ultrapassou os 20.000, segundo números da OMS. Lusa
terça-feira, 27 de janeiro de 2015
TACV retoma ligação com Bissau

Esta é uma das primeiras novidades saídas do encontro de trabalho entre os dois primeiros-ministros e respectivas delegações governamentais, tendo o Primeiro-ministro, José Maria Neves avançado que “os TACV preparam-se para retomar as ligações aéreas entre Praia e Bissau. Sobre a reunião, José Maria Neves considerou “histórica” porque marcam a “retoma” das relações bilaterais entre os dois países e assinalam a vontade mútua no reforço das relações comerciais entre Cabo Verde e Guiné-Bissau.
E para que hajam trocas comerciais há que reforçar, obviamente, as ligações aéreas e marítimas entre os dois países, daí que José Maria Neves tenha afirmado em conferência, após os encontros de trabalho, que “os TACV preparam-se para retomar os voos de ligação” entre as capitais dos dois países, ligações essas que haviam sido interrompidas no período político mais conturbado que se viveu recentemente naquele país vizinho e irmão.
Segundo Neves “estão a ser preparadas as condições e logo que elas estiverem preparadas os voos retomar-se-ão. Mas eu gostaria que fossem retomados os voos o mais rapidamente quanto possível”.
Outra prioridade ao nível dos Governos tem a ver com o reforço das ligações e, consequentemente, as trocas comerciais entre os dois países. “Temos de trabalhar fortemente para ver que condições podemos criar internamente para ligações marítimas Praia/Bissau”, salienta o Chefe do Governo das Ilhas.
Por seu lado, Domingos Simões Pereira sublinha esta vontade de poder contar com o apoio de Cabo Verde neste “novo percurso” da Guiné-Bissau, rumo á estabilidade e o desenvolvimento, e “que pode ser feito em conjunto, juntando as nossas sinergias, sendo capazes de explorar as várias oportunidades que se oferecem”. Gab. Com. PM Cabo Verde
DSP: "Não há qualquer mal-estar com o Presidente da República" José Mário Vaz
O primeiro-ministro guineense garantiu hoje, na Cidade da Praia, a existência de qualquer mal-estar com o presidente da Guiné-Bissau e sim “falta de alguma concertação” num país que está a sair de uma situação “terrivelmente difícil”.
Domingos Simões Pereira, que iniciou hoje uma visita oficial de três a Cabo Verde, falava aos jornalistas após um encontro com o presidente da câmara da Cidade da Praia, Ulisses Correia e Silva, e salientou tratar-se de um período que não é fácil, nem para si, nem para José Mário Vaz.
“É preciso compreender que a Guiné-Bissau está a sair de uma situação terrivelmente difícil, há muitos interesses em presença, os partidos políticos estão numa recomposição interna, o jogo político não está totalmente clarificado e compreendo que tudo isso não é muito fácil para o presidente, nem para mim. Mas acredito que vamos conseguir um consenso que o povo guineense não só pede como exige”, afirmou.
Domingos Simões Pereira ressalvou que a sua resposta não pode ser interpretada como o reconhecimento de que existe um mal-estar entre o primeiro-ministro e o presidente.
“É na nossa agenda diária que precisamos de muito mais concertação do que aquilo que, noutras situações, seriam tidas como normais e que levam a pensar que existe um ambiente de crispação. Não. Estamos a aprender a consolidar o nosso processo democrático e isso tem de beneficiar da nossa disponibilidade, aprendizagem e desafios, mas também em encontrar soluções que permitam essa convivência”, notou.
Para Simões Pereira, a situação da Guiné-Bissau é “especial” e a convivência é “algo que tem de ser aprendido”, sendo precisamente esse o caminho que está a ser percorrido, podendo, em alguns momentos, parecer existir alguma falta de consenso sobre determinadas matérias.
“Quero acreditar que a democracia constrói-se pela capacidade de os atores reconhecerem os desafios e de produzir os consensos suficientes para os ultrapassar. O interesse do povo guineense tem de ser colocado em primeiro plano e não tenho dúvidas nenhumas que o presidente (guineense) saberá fazê-lo”, sustentou.
“A construção democrática é um processo. Estamos a fazer o nosso percurso, que tem de ser sempre monitorado pelos atores políticos nacionais que têm de cuidar disso, e criar condições para um diálogo heterogéneo inclusivo, mas tendo em atenção que há valores da Nação que valem a pena preservar”, acrescentou.
Simões Pereira negou, por outro lado, qualquer intenção de remodelar o executivo, salientando que está “concentrado em governar”, admitindo, porém, a morosidade na substituição do ministro da Administração Interna, nome que será conhecido, garantiu, assim que regressar a Bissau.
“Estamos concentrados em governar e não a atender a essas questões (remodelação ministerial). Os desafios que a Guiné-Bissau tem pela frente são tantos que precisamos que a comunidade internacional e os agentes da comunicação nos ajudem a atrair a atenção para aquilo que há de mais positivo”, salientou.
Para o chefe do executivo guineense, o que há de mais positivo é o facto de existir um “consenso nacional” sobre o que é necessário para construir o país, consolidar a paz e a estabilidade e trazer ganhos que possam animar a população.
Sobre os militares, o chefe do executivo de Bissau destacou a construção de uma “relação de entendimento” com as Forças Armadas, sobretudo na intenção de fazer imperar da lógica de “subordinação” das Forças Armadas ao poder político.
Instado sobre o que espera da reunião com os doadores, prevista para Genebra em fevereiro ou março, Simões Pereira manifestou o desejo de que haja uma grande adesão, bem como “sinais concretos” de que a comunidade internacional está com o país e materialize financeiramente os vários programas de desenvolvimento em curso. Lusa
PR da Guiné-Bissau diz que povo "não passou cheque em branco" aos dirigentes do país

Foto: Manuel Almeida, Lusa
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, afirmou hoje que "o povo não passou um cheque em branco" aos dirigentes do país, ao receber cumprimentos de novo ano por parte do primeiro-ministro e restantes membros do Governo.
Sobre o executivo, liderado por Domingos Simões Pereira, o Presidente guineense afirmou que o povo deu a cada um dos dirigentes do país "funções específicas", mas "a ninguém passou um cheque em branco", sublinhou.
"É certo que este ano temos pela frente grandes desafios que vão exigir de todos nós grandes esforços e sacrifícios. Neste particular, os titulares dos órgãos de soberania têm responsabilidades acrescidas", observou José Mário Vaz.
Para o Presidente guineense, o diálogo e a concertação dentro das instituições e entre elas serão necessários sempre no âmbito das causas comuns.
"O Governo, tal como todos os outros órgãos de soberania, terá no Presidente da República, um parceiro certo nos esforços para o desenvolvimento do país", disse Mário Vaz, que prometeu não se imiscuir na esfera específica de nenhum órgão de soberania, frisando que nunca o fez.
"O Presidente da República não se coibirá de exercer, sob nenhum pretexto, sob nenhuma pressão, as competências que lhe são reservadas pela Constituição da República da Guiné-Bissau", destacou José Mário Vaz.
Na mesma cerimónia, estiveram as chefias militares, às quais o Presidente guineense dirigiu palavras de elogio pelas "melhorias e inovações" que têm sido introduzidas na sociedade castrense pelo novo chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Biague Nan Tan.
José Mário Vaz também recebeu cumprimentos de novo ano da parte do presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) e dos deputados ao parlamento. Lusa
Guiné-Bissau apoia "incondicionalmente" candidatura de Cristina Duarte à presidência do BAD

José Maria Neves recebeu o seu homólogo guineense, Domingos Simões Pereira, no Palácio do Governo, na cidade da Praia (Foto: Gab. PM de Cabo Verde)
O primeiro-ministro guineense garantiu hoje, na Cidade da Praia, o apoio “inequívoco e incondicional” da Guiné-Bissau à candidatura da ministra das Finanças cabo-verdiana, Cristina Duarte, à presidência do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).
A garantia de Domingos Simões Pereira, que cumpre hoje o primeiro de três dias de uma visita oficial a Cabo Verde, foi dada no final de um encontro com o seu homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves. As eleições para a presidência do BAD estão marcadas para 28 de maio próximo.
Cristina Duarte anunciou a candidatura em outubro de 2014 e, desde então, vários têm sido os esforços conjuntos da presidência da República, Governo e partidos de oposição para lhe dar visibilidade. Além da candidatura de Cabo Verde à presidência do BAD, liderado atualmente pelo economista ruandês Donald Kaberuka, as eleições contam como sete outras, oriundas do Chade, Etiópia, Mali, Nigéria, Serra Leoa, Tunísia e Zimbabué.
Cristina Duarte, 52 anos, passou pela administração pública antes de chegar ao Governo, de onde transitou, depois, para o Citibank (Quénia e Angola), tendo ainda feito vários serviços de consultoria em organismos internacionais.
Nasceu em Lisboa, a 02 de setembro de 1962, mas acabou por fazer os estudos primários e os primeiros anos do secundário em Angola, onde viveu até aos 12 anos.
Quando se dá o 25 de abril de 1974, a família instala-se em Cabo Verde, aí terminando o liceu. Cristina Duarte regressa a Portugal para se licenciar em Economia pela Universidade Técnica de Lisboa e, no início dos anos 1990, parte para os Estados Unidos, onde tira mestrados em Gestão de Empresas e em Gestão Internacional, ambos na Universidade do Arizona. Lusa
Guiné-Bissau e Cabo Verde retomam cooperação
Cabo Verde e Guiné-Bissau retomaram hoje, formalmente, a cooperação institucional, económica e empresarial, com os primeiros-ministros dos dois países a saudaram o regresso à normalidade das relações, interrompidas após o golpe de Estado de 2012.
O reatar formal das relações surgiu na sequência da visita oficial de três dias que o primeiro-ministro guineense, Domingos Simões Pereira, iniciou hoje a Cabo Verde e no final de uma sessão de trabalho com o homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves.
"É importante a retoma das relações entre os dois países", destacou o chefe do executivo cabo-verdiano, numa conferência de imprensa conjunta com Simões Pereira, tendo ambos ressalvado a necessidade de recuperar o tempo perdido para que se atinja um patamar de "excelência".
Neves garantiu "total disponibilidade" de Cabo Verde para apoiar a Guiné-Bissau nos esforços de desenvolvimento quer da administração pública quer nas relações económico-empresariais bilaterais, apoio delineado durante a governação de Carlos Gomes Júnior (2009/12), na sequência da troca de visitas oficiais então feitas.
Além de apoio às áreas da governação - administração pública e reformas do Estado e da Segurança Social -, Cabo Verde tem "muitos empresários interessados" em investir na Guiné-Bissau, em áreas sobretudo ligadas ao agronegócio, turismo, pescas e agricultura que deverão contar, muito em breve, com missões empresariais comuns.
Sobre os transportes aéreos e marítimos, Neves salientou que os primeiros deverão ser retomados "muito em breve", com o reinício das ligações diretas entre a Cidade da Praia e Bissau pelos Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), e os segundos a necessitar que se criem condições para que as duas capitais possam ficar conectadas, ponto "importante" para as relações económico-empresariais bilaterais.
Os setores da educação, saúde, energias renováveis e formação profissional são outros que os dois países querem privilegiar num acordo de intenções global que deverá ser assinado quinta-feira, no último dia da visita de Simões Pereira.
O primeiro-ministro guineense, por seu lado, destacou sobretudo o reinício do novo percurso comum e, considerando o avanço de Cabo Verde nas diferentes áreas do desenvolvimento, destacou a necessidade de a Guiné-Bissau seguir-lhe o exemplo.
"Queremos seguir o exemplo e a referência de Cabo Verde na Guiné-Bissau", sublinhou Simões Pereira que, na deslocação a Cabo Verde, é acompanhado pela ministra da Justiça, Carmelita Pires, pelos secretários de Estado da Cooperação Internacional, Idelfrides Fernandes, e dos Transportes, João Bernardo Vieira, e pelo presidente das Câmara de Bissau, Adriano Ferreira.
Após a reunião de trabalho com o homólogo cabo-verdiano, Domingos Simões Pereira foi recebido pelo presidente da câmara da Praia, Ulisses Correia e Silva, igualmente líder do Movimento para a Democracia (MpD, oposição), e efetuou uma visita de cortesia ao chefe de Estado de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca.
Da agenda consta, hoje à tarde, um encontro de Simões Pereira com empresários cabo-verdianos e uma conferência no Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais, terminando o dia com um jantar oferecido pelo homólogo cabo-verdiano.
Quarta-feira, Simões Pereira fará, de manhã, uma deslocação à ilha de São Vicente e, à tarde, à da Boavista, onde, além de contactos oficiais locais, tem agendadas visitas a várias empresas e instituições.
No último dia da visita, já na Cidade da Praia, o primeiro-ministro guineense visitará quatro instituições governamentais da administração pública, fará uma visita de cortesia ao presidente do Parlamento, Basílio Ramos, e copresidirá, com Neves, a assinatura de vários protocolos de cooperação.
O último ato oficial de Simões Pereira em Cabo Verde decorrerá, depois, na Biblioteca Nacional, com um encontro com representantes da comunidade guineense residente no arquipélago, após o que regressará, num avião fretado, a Bissau. Lusa
VISITA A CABO VERDE DO PRIMEIRO-MINISTRO DA GUINÉ-BISSAU
O Primeiro-Ministro Domingos Simões Pereira, esteve sempre acompanhado do Ministro da Presidência e do Conselho de Ministros de Cabo Verde, Démis Lobo Almeida. FOTO: AAS/DC/DR
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