segunda-feira, 30 de junho de 2008

Morreu um português bom

Morreu um português bom. António Almeida Um homem decente, sério, um amigo com muitos amigos. Um português de piada fácil, mas sem deselegância. Simples no trato e no afecto. A morte apanhou-o a quatro horas de casa, num país que talvez fosse também o seu. Porém, há um senão: na sua morte, teve na Embaixada de Portugal (outra vez!!!) na Guiné-Bissau uma autêntica... madrasta!
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O pedido de um caixão à Embaixada para a transladação do cadáver teve uma resposta, digamos... ora bem: «Podem levar o caixão, mas há que devolvê-lo». Eu deixo aqui uma pergunta à Embaixada de Portugal: Devolve-se o caixão depois do velório ou depois do funeral? Com ou sem um corpo lá dentro? Se para esta ultima pergunta a resposta for um 'sim', já agora desculpem lá mais esta perguntinha: Quem viria dentro do caixão?
Resta aos amigos e conhecidos do António a consolação de ainda haver portugueses bons. Um deles pagou do seu bolso mais de 6.000 euros para a transladação do corpo. Mas estejam descansados: este português bom não devolverá caixão nenhum à embaixada, pois o nosso amigo António precisa de eterno descanso. Descansa em paz e que a terra que te cobre te seja leve.
AAS

sábado, 28 de junho de 2008

De peido em peido...

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Pois é, caros amigos, pedir informações tem destas coisas... Não é que o Juíz Bacar Biai, numa nota à Polícia Judiciária, em vez de escrever PEDIDO, pede antes...um PEIDO de informação? Do outro lado, não se sabe se a carta foi - ou não - levada à letra. Mas devia ser.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

E vocês? Já PROJECTARAM hoje?

Interessante. Uma ideia genial: Onde não existe Estado, existe O.N.G. Que tal um projecto para uma O.N.G... para «endireitar bananas»? Vai descascar bananas, malandro...
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Há projectos por todo o lado… Saio de minha casa e, se me descuido, posso mesmo pisar um projecto, dar um pontapé noutro e esborrachar-me em cima dum ainda maior e mais valioso!
Não é mal de Bissau, é um mal geral… Mas é ainda mais caricato ver este mal a passear-se por entre o lixo, por entre a falta de água e luz, e , por vezes, gasóleo, por entre buracos rodeados de alcatrão, e por entre pessoas que lutam para sobreviver, sem um projecto para a próxima hora. E há quem diga calmamente quando lhes perguntam o que andam por aqui a fazer:
-Tenho um projecto!
É o argumento fantástico para um filme de terror de alta qualidade! E o mais incrível é que inquiridor se cala magicamente ao som da palavra bendita! Quem tem um projecto, tem um projecto e ponto final!
Com os ouvidos cheios da palavra “projecto”, cheguei a casa e pesquisei no nosso amigo google: o termo "projecto" tem várias conotações e é usado em sentidos diferentes. Por vezes, associamo-lo a um propósito, uma intenção ou mesmo um desígnio. Noutras situações, conotamo-lo com um esquema, um plano ou um programa. Em geral, os dois aspectos estão presentes, em maior ou menor grau e de modo mais ou menos explícito, naquilo a que chamamos um projecto.
É isto mesmo que as pessoas andam a fazer: mais ou menos qualquer coisa com um maior ou menos grau de qualquer coisa!
Um senhor muito interessante e igualmente perturbado com a questão disse entre duas risadas que já tinha pensado em fazer um projecto de endireitar bananas! É que as parvas nascem sempre tortas!!! Concordámos os dois que numa qualquer ONG que esteja mais ou menos em Bissau a fazer mais ou menos qualquer coisa, com mais ou menos dinheiro, o projecto (!) seria aprovado rapidamente!
E vocês? Já PROJECTARAM hoje?
MeGaMi

Luto ka ta mata...

...Lambu son bu bati!!!
Não lembra ao diabo... o PAIGC - partido «libertador» e, já agora, «destruidor», decidiu-se pela realização do seu 7º Congresso Ordinário (a designação é deles...) em Gabu e...no campo de luta livre. Deixo aos leitores todo o tempo para imaginar sobre o que pode acontecer quando 1053 pessoas (delegados) estão, literalmente, dentro de um campo de luta livre. Eu dou uma ajudinha: Lutam, porra!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Vai começar o 'circo'

A Cidade do Gabú recebe com alguma pompa e circunstância o P.A.I.G.C. para o seu 7º Congresso Ordinário. Parafraseando Malam Bacai Sanhá, um dos eternos candidatos da 'velha senhora'... «Que ganhe o diabo de rabo mais curto».

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Amizade e sexo? Claro que sim.

Para os moralistas: Este texto não é pornográfico. É artístico. Como a fotografia.

Hoje não me apetece fazer nada. Nem falar. Apetece-me estar assim, quieto, sentado nesta cadeira que me deixa marcas no rabo, com o cotovelo apoiado nesta mesa que precisa com toda a certeza de calços, a beber este copo de água, a fumar este cigarro. Só. Sem telefone, sem cartas ou e-mail's, sem livros, sem o hipotético carteiro a anunciar
- «não há correspondência para si, sr. António». E sonho com esse tal dia, A. Todos os dias.

Em resposta à tua pergunta que já tem largos dias.

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«Olá, A.

Quero começar assim: nunca percebi os idiotas que acham que sexo não se mistura com nada. Por exemplo, com amizade.
Sou feroz defensor de sexo com amigos: se eles são, de facto, para as ociasiões, então não custa nada estarem lá para quando nos apetece uma ‘bombada’ ou outra.
Contudo, no meu caso e salva raras excepções, encontrar alguém disposto e sexualmente esclarecido é, praticamente, um mito urbano, quase tão difícil de encontrar como o ponto G...
Sou daquela espécie rara que entende que no misturar é que está o ganho, que temos que ser uns para os outros, fazer o bem e ajudar o próximo.
E não me venhas cá com essa treta de que não estás a perceber patavina, e a fazer aquela cara... A.!!!!
Não há quem esteja em déficit ou superávit de ‘bombadas’ porque ambos devemos querer o mesmo: sexo descomprometido mas escorado numa amizade que impede a impessoalidade da coisa. Ou seja, queremos o melhor de dois mundos. Alguém que faça boas gratificações orais ou lambidelas íntimas com intensidade sem que tenhamos que, forçosamente, nos lembrar da data em que fez a comunhão, nem do que quer que seja.
A única coisa que ambos querem é poder telefonar à uma da manhã cheios de tesão e que do outro lado haja uma voz que mostre igual vontade.
Ah!, mas encontar essa alguém é outra coisa... agora, imagina que tens alguém que te ‘bombe’ decentemente por mais de meia hora sem acusar dores nas pernas nem nos rins. Mil maneiras há que manter e proteger essa relação que, quando funciona em pleno, deixa grande saudade e é geradora de uma imensa cumplicidade e amizade duradoura. Da boa.

AAS»

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Señor Hamadi, presumo.

Ora, ora...quem é vivo sempre aparece!
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Eu lamento, mas não sabia que a Coca-Cola tem, em Bissau, um Cônsul Honorário. AAS

Poupem-me, porra!!!

O antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, João José 'Huco' Monteiro, tem todo o espaço para explicar este «cargo» no passaporte...AAS

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Tu também, Cuba?

Hoje, saí à caça do jeep do sr. Hamadi, o antigo cônsul honorário do Reino de Espanha. Não o vi, ou melhor, vi-o mas num outro jeep de matrícula IT. Não fiquei satisfeito e fui à sua residência. E perguntei pelo jeep CH. «Está fechado dentro da garagem», disse-me alguém. Não ficarei descansado enquanto não fotografar o jeep do sr. Hamadi. De preferência com o sr. Hamadi a sorrir e a fazer pose para a objectiva...

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Bom, mas na caça ao Hamadi surge-me esta carrinha, da embaixada de Cuba, literalmente en contra-mão. Cá está a prova. A não ser que em Cuba se guia pela esquerda...Eu, estou atento aos vossos disparates.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Chico-esperto

O Presidente do Tribunal de Contas (TC) e do Partido PADEC, Francisco Fadul, anda por aí a distribuir cartões de visita e a desancar e a ameaçar o Estado com o tribunal. Isto se, em três dias, não for resolvida a questão para a nova prisão - perdão, sede do seu poleiro.
Diz o homem que «há pelo menos um ano» que está a alertar para a situação do edifício do TC.
Bonito, bonito mesmo é o cartão de visita:
Tem todos os títulos e graus académicos: desde 'Sr. Professor Doutor' até aqueles de que o diabo se esqueceu há muito, isto para além, claro, dos cargos que o dito cujo ocupou. Ah, mas falta um e disso o homem não fala: o de golpista. E, já agora, o de Primeiro-Ministro falhado.
AAS

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Hipocrisia

«Contra vontade» ainda mexe...
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«Que fique bem claro que não me refiro a ninguém, nem a nenhum grupo de pessoas, em concreto. Amigo, tem paciência… então para que é que perdeste tempo a escrever estas linhas?

1 – Os que lá estão porque foram para lá enviados pela instituição/empresa para a qual trabalham; - não encontro propriamente um mal nisto… mas continuemos…;
2 – Os que lá estão por dinheiro; - quem com mais de sete palmos de testa não está aqui por dinheiro? Eu estou! Tu também já estiveste! Toda a gente quer ganhar dinheiro, uma vez que temos um estômago para alimentar, prestações para pagar, um corpo para vestir, etc, etc, etc…;
3 – Os que lá estão porque gostam de África e/ou da Guiné-Bissau.
Ok… querem convencer-me a mim de que há alguém que está algures em Portugal, a comer um belo dum bife do lombo, cheio de natas e cogumelos e que não tem papás que lhe tenham comprado um BMW aos 18 anos, que pensa: - Uau! O que era mesmo mesmo mesmo bom nesta altura era eu ir para a Guiné-Bissau… Aquele país maravilhoso, onde as pessoas vivem na miséria, onde não há luz nem água pública permanente, e onde a Olá só chegou há cerca de um mês!

Depois, criticas algures o facto dos “maus” fumarem, beberem, fazerem sexo… Ainda não descobriste como isso é maravilhoso??? Experimenta! Estás a perder as melhores actividades da vida!!!!! Se isso me faz ganhar um lugar no Inferno, sinto muito, mas valerá a pena!...

Ah! E já agora… Pertencias a que grupo? É que ao grupo dos bons não era de certeza, senão tinhas continuado em Bissau a trabalhar…


Branco N’Pelelé»

Ua!

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Morgan Tsvangirai desistiu porque a sua subida ao poder não justifica tantas mortes e refugiou-se na embaixada holandesa, em Harare. O mundo condenou Mugabe. A União Africana (UA), nem «nim» nem «sim»: «Esperamos que as eleições decorram com calma e transparência». Parece que não entenderam. África não aprendeu nem quer aprender com as lições do Quénia. Eden Kodjo, sempre! Afinal de contas, o Robert Mugabe de hoje é o Ian Smith de ontem. AAS

domingo, 22 de junho de 2008

O aperto de mão

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Uns autênticos esbirros fanfarrões, a julgar por aquilo que escrevem, meteram nessas cabeças desmioladas que eu fui à Embaixada de Portugal «apenas para arranjar caso». Quero esclarecer aqui, e agora: um rotundo... sim!, seguido de um sonoro «e depois?». Desde que não seja este vosso escriba o protagonista, bem entendido. É claro que fui à embaixada e apertei a mão a seis ou sete pessoas já nem sei bem. A primeira que apertei foi a mão direita do embaixador. A mão que, curiosa e malcriadamente, indicou a porta dos fundos a uma senhora(!).
Quero no entanto esclarecer que um aperto de mão não é apenas um acto físico; é sim, e embora muito breve (foi o tempo que esse aperto de mão durou), uma relação psicológica entre duas pessoas. Envolve emoções (não foi o caso desse aperto de mão), expectativas: «que esperar disto?» e pensamentos: «será que vai haver 'caso'?».
É esse aperto de mão que ainda hoje me perturba. E eu apertei a mão do embaixador, sim. E esclareço: foi um aperto de mão rápido e desinteressado. Não estávamos ali a negociar caixas de bagaço, nem fosfato, nem coisa que o valha. E se querem mesmo saber mais, então cá vai disto: apertei a mão do embaixador e, sim, estava fria. É o que dá. Às vezes, alguns e-mail's roubam-me tempo, que sempre me foi escasso.
António Aly Silva

sábado, 21 de junho de 2008

Expulsa por não cumprimentar

A ‘retaliação’ do embaixador e a carta da visada

Uma cidadã luso-guineense foi expulsa da embaixada de Portugal na Guiné-Bissau pelo embaixador José Manuel Paes Moreira durante a cerimónia de 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, por não o ter cumprimentado, alegou o diplomata.
A visada enviou uma carta de protesto ao ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, e outra para o Parlamento português.
Em declarações ao Correio da Manhã, Cristina Silva, a vítima, manifestou-se indignada com a atitude do embaixador. "Fui chamada, por um segurança, para falar com o embaixador. Ele volta-se para mim e diz-me para abandonar a embaixada porque não o cumprimentei. Quando tentei explicar o que se passou, deu-me ordem de expulsão". Cristina, casada com um professor de português que lecciona em Bissau, alega que chegou tarde à cerimónia. "Quando cheguei já tinham terminado os cumprimentos e não vi o embaixador. Isto não é caso para expulsão".
O gabinete de Luís Amado confirmou a recepção da carta e adiantou que a mesma "foi encaminhada para a secretaria-geral do Ministério para averiguar o que se passou". Recorde-se que, em Março último, as autoridades guineenses pediram a Lisboa a substituição do cônsul Eduardo Rafael acusado de "tratamento indigno" a guineenses.
Carlos Menezes (Correio da Manhã)
A versão da visada
(Excertos da carta que seguiu para o Ministro de Estado e dos Negocios Estrangeiros de Portugal, Luis Amado, e para o Parlamento português)

(...) No passado dia 10 de Junho, desloquei-me à Embaixada de Portugal, tal como faço todos os anos para celebrar o dia de Portugal. Não sei precisar a hora a que cheguei à Embaixada, mas foi seguramente depois de terem chegado os primeiros convidados, já que o recinto estava mais cheio do que alguma vez eu vira em recepções anteriores. Procurei por entre a multidão a comitiva de recepção da Embaixada e pude aperceber-me da presença do nosso Embaixador, o Sr. José Manuel Pães Moreira que, de costas, se encontrava rodeado por alguns convidados com quem me pareceu estar já a conviver. Para além do Sr. Embaixador, não consegui ver mais ninguém que pudesse fazer parte da comitiva de recepção pelo que conclui que à hora a que tinha chegado, o Sr. Embaixador já não estaria a receber.

Não cheguei sozinha e, ao contrário do meu acompanhante que permaneceu à entrada, dirigi-me a uma mesa para procurar uma bebida. Passados uns cinco minutos, um segurança da Embaixada veio ter comigo, explicando-me que deveria abandonar o local por que não havia cumprimentado o Sr. Embaixador. Perplexa fui levada pelo braço até ao Sr. Embaixador que furioso e aos gritos me disse que deveria abandonar de imediato a Embaixada por não o ter cumprimentado. Ainda bastante surpreendida tentei explicar, ao Sr. Embaixador, que, conforme referi acima, julgara que este já não estaria a receber.

O Sr. Embaixador, ainda aos gritos e diante da multidão de convidados nacionais e estrangeiros explicou-me que esta era a segunda vez o que eu me comportava de idêntica forma, o que me deixou sem palavras.

Pedi que me permitissem avisar o meu acompanhante de que teria de sair, o que me foi recusado tendo um segurança disponibilizado a fazê-lo.

Informo ainda que tive o cuidado de procurar no dia seguinte o nosso Adido da Cooperação, o Sr. Guilherme Zeverino, para explicar-lhe que tanto ele, como os restantes elementos da comitiva me haviam igualmente passado despercebidos mas que em momento algum tive qualquer intenção de os ignorar. O Sr. Adido da Cooperação, explicou-me que a Embaixada recebera cerca de quinhentos convidados e que apenas um (eu) não cumprimentara o Sr. Embaixador. Embora tal afirmação me tenha deixado desconcertada, posso dizer que fui recebida com cortesia pelo senhor Adido que, no entanto, em relação ao comportamento do Sr. Embaixador não foi capaz de proferir uma palavra (...)
Cristina Schwarz

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Eu tenho um sonho...

...E o meu sonho é só este: ser recebido, em audiência, pelo Dr. Luis Manuel Cabral, Procurador-Geral da República Guiné-Bissau. É que, temos muito para conversar.

Escrevo-lhe esta carta aberta com o intuito de o conhecer, pois é Vexa a única personalidade deste país com quem nunca tive o prazer de trocar impressões. Logo eu, que trato mais primeiros-ministros por tu e confraternizo com mais chefes de Estado do que Sua Santidade o Papa, o qual, aliás, também conheço razoavelmente bem.

Pessoas que conheço e considero bem informadas, disseram-me que Vexa se tornou no PGR mais popular da história da Guiné-Bissau. Que toma partido do Estado.

Indaguei então se Vexa teria feito algo como... por exemplo: saber se alguém que ocupa o cargo de Presidente do Tribunal de Contas, pode também ser presidente de um partido político, e que ataca o Estado e o insulta de cada vez que fala à comunicação social. Onde está a ética, e o conflito de interesses, Sr. Procurador? Asseguram-me os mesmos que nada disso Vexa fez. Ou melhor, que fez uns avanços para calar ou ganhar tempo a este ou aquele sindicato que, para mais, não deram em nada.

É claro que eu conheço o poder da inveja. Ele há muita gente que diz que o Primeiro-Ministro ou o Presidente da República não fazem nada e, depois, vai-se a ver, verificamos que os homens se fartam de trabalhar, o que explica o facto de serem recebidos com o hino nacional e fecho de estradas.

É por isso que insisto em conhecê-lo; porque não gosto de estar sujeito à meledicência pública daqueles que invejam os seus concidadãos.

Por isso peço humildemente a Vexa para que me receba no seu gabinete. Caso Vexa se dê ao incómodo de contactar este seu (quase) admirador (embora não saiba por que admirá-lo).

Atentamente, António Aly Silva
Contactos:
Morada: Rua de Angola, Nº 58 » Telefone: (+245) 668 31 13 » E-mail: aaly_silva@hotmail.com

A tristeza não tem fim. A felicidade, sim

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Pediram-me. Cá vai, com os devidos acertos.

Os guineenses devem trocar a idade do armário em que se viram enfiados, e ultrapassar a barreira da puberdade.
Ao guineense, é com a alma em sangue que peço: Pense. Reflicta. Confesse. Já nenhum de nós tem idade para andar de skate. É altura de trocar o T-1 por uma casa, reclamar uma camisa no lugar de uma T-shirt e, por tabela, exigir um Estado sério, credível, respeitado. Grande. Crescido. Como nós.
Como é que um país com quase quarenta anos de independência, com tanta história de mestria e valentia; como é que este país que lutou pela sua independência e de mais quatro(!) países atirou a toalha ao chão?
Este país é coisa pouca para alguém? Seja. Mas é nosso. Pode até ser uma coisa pouca, uma luz qualquer. Chega-nos. Deslumbra-nos. A Guiné-Bissau podia, hoje, ser um gigante entre gigantes mas nunca deixaram-na ter essa medida, esse sentido de proporção, a mínima mercê. E, no entanto, a Guiné-Bissau continua brilhante como se a noite não existisse.
Do que nos vale uma Nação sem nacionalismos? Que tal é a sensação desta alma colectiva que se desalma diariamente; esta idade sem qualidade, este tempo dessincronizado com a nossa natureza, onde já não há herói, figura, exemplo, esperança que nos empolgue ou nos sirva?
A Guiné-Bissau é o país do universo africano que fala o português que, proporcionalmente, tem melhores e mais quadros nos organismos internacionais. E se não regressam é porque aqui tudo é muito previsível e, normalmente, o que acontece é quase sempre mau. Verdade seja dita, raras vezes se registam acontecimentos que indiciam novos tempos. Por mais que os ventos soprem.
A Guiné-Bissau tornou-se como aquele mistério que pensamos saber e a perfeição que sabemos não conseguir. É este o mistério perfeito da realidade, o sonho sem amanhã, o desejo sem desperdício, a ideia de uma Nação, o coração de um povo. É verdade. A nossa geração – aquela que não está gasta – tem valores que importa preservar, e uma responsabilidade de proporções bíblicas, que é a de criar uma sociedade em que não se registe a exploração do homem pelo homem ou humilhantes discriminações em relação à mulher. A realidade actual do mundo impõe-nos outra reflexão, e outra intervenção. Um País é um País e é assim, País, que deveria ser.

António Aly Silva
Jornalista

Contra vontade

«Há indignação no ar, em Bissau, face a uma atitude do embaixador português para com uma cidadã lusa. Não vou comentar nem “linkar” o caso, precisamente porque já deixou de ser apenas “político-diplomático” para começar a ser pessoal e intestinal. Acho, contudo, interessante que sejam sobretudo guineenses os porta-vozes da indignação (e daí não vem mal nenhum ao mundo). Tecerei apenas algumas considerações genéricas sobre a presença de estrangeiros na capital bissau-guineense. Que fique bem claro que não me refiro a ninguém, nem a nenhum grupo de pessoas, em concreto. Bissau tem 3 tipos de brancos (diplomatas, cooperantes e outros): 1 – os que lá estão porque foram para lá enviados pela instituição/empresa para a qual trabalham; 2 – os que lá estão por dinheiro; 3 – os que lá estão porque gostam de África e/ou da Guiné-Bissau. Os terceiros, a minoria, são os mais discretos no meio desta fauna selvagem que pulula na pequena capital africana. Não dão nas vistas, fazem o seu trabalhinho e vão gozando a vida, contentes por ali estarem, embora admitindo que há locais melhores para se viver. Os primeiros e os segundos são os que causam problemas. São malcriados, trabalham contra-vontade e representam mal os organismos/empresas para os quais trabalham. Lamentam-se a toda a hora de uma terra e de um povo que já carrega nas costas um calvário inteiro. Tornam-se racistas. Armam zaragatas. Fumam droga, bebem alcóol, fazem sexo com quem não devem e passam o tempo procurando esquecer o tempo em que estão – de castigo – em Bissau. Ora, estas pessoas não têm culpa da sua sorte. Se foram parar a Bissau é porque: ou ganhavam mal onde estavam ou não mereceram a confiança dos seus superiores/patrões para ir para locais melhores (“melhores” segundo eles, pois para mim Bissau é a cidade perfeita para se viver). Assim, a culpa das suas atitudes é de quem para lá os enviou, que não deveria ter enviado. Quem, no norte do mundo, faz a escolha dos profissionais a enviar para Bissau devia ser mais criterioso e não mandar para lá qualquer um. Por outro lado, quem para lá é enviado não devia descarrregar angústias e frustrações em cima dos outros. Bissau é uma cidade pouco simpática (na perspectiva desta gente, na minha não), mas nem sempre na vida se pode trabalhar em locais (ditos por estas pessoas) “agradáveis e bonitos”. Não se pode comer bife do lombo todos os dias. Uma bentaninha cozida sem sal, cheia de espinhas e a saber a bolanha não faz mal a ninguém, de vez em quando.»
NOTA: Subscrevo, e assino por baixo. Obrigado.

Matrículas CD - Mas que brincadeira vem a ser isto?

O senhor HAMADI, há muito que deixou o cargo de Cônsul Honorário do Reino de Espanha (ou da Coca-Cola), não se sabe bem.

PERGUNTO AO MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS
DA GUINÉ-BISSAU:

Agora que o senhor HAMADI já não representa nada, por que motivo conserva a matrícula que lhe dá total imunidade? É vê-lo, imponente, no seu Land-Rover Discovery a pavonear-se pelas ruas de Bissau. A matrícula? CH 2-1 CC. Falta a fotografia da máquina, e da criatura.

P.S. - Na quarta-feira, eu mesmo dei o endereço do meu blogue à ministra guineense dos negócios Estrangeiros. E disse-lhe isto: EU SOU O POLÍCIA DO CORPO DIPLOMÁTICO. E sou.

Os bigodes

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Com o seu ar cinzento, reminiscência de um passado que foi imperial, eles continuam aí! Marca indiscutível do que é ser Português, com P gigante.
Nos bares da cidade, encontram-se nos cantos mais discretos, molhados de cerveja e salgados de mancarra.
Nas discotecas, encontram-se nos cantos mais discretos ou nos limites das pistas de dança, e aí prolongam a soberania através das bajudas ansiosas por uma ou outra nota que lhes dê o passaporte para viver mais um dia. Sim, eu também sei disso: a carne é fraca, a tentação é forte, o calor possui-nos. Todos vivemos pelo mesmo.
Pela tardinha, a sede impera e, antes da farda tirada, chegam a um café para saciar o que o organismo pede. De novo, o banho da cerveja e o sal da mancarra.
Os guineenses que passam são tratados rudemente através de frases que terminam em pá. Outra marca do Português, com P gigante, esta bem mais vergonhosa. Não é culpa dos bigodes. É culpa da educação que não receberam. Só isto lhes aponto, com um dedo qualquer que mostre desagrado.
Passo e recebo deles um sorriso simpático. Simpatizo com eles também. Lembram-me os avós que, no meu bairro de infância, levam os netos às tabernas, depois de almoço, e lhes compram um chocolate enquanto bebem o vinho vermelho escuro por um copo mal lavado.
Se não fosse sentir um arrepio de nudez sob os seus olhares, poderia encontrar ali um amparo paternal, nesta terra que não é minha, mas que amo.
AL.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A ONU - uma manta de retalhos

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Ora cá está um organismo por excelência (gosto da palavra excelência) onde, à sexta-feira, ninguém trabalha depois do almoço. Nos outros dias, dizem-me, nada fazem. Ou melhor, fazem. Fazem pó, muito pó.

1 - Os condutores do sistema das Nações Unidas, parecem uns autênticos malucos na estrada, uns aceleras imberbes. Por onde passam deixam sempre uma nuvem de poeira nas gentes e gentes com um credo na boca. A Divisão de Trânsito da Polícia de Ordem Pública, é claro, deixa passar tudo em claro (perdoem-me a redundância). Porque «são carros com imunidade», disseram-me. Macacos me mordam. Aposto desde já isto: o primeiro carro a aparecer no meu blogue será da ONU;

2 – PERGUNTA INDISCRETA: Há cargos nacionais ocupados por estrangeiros, sem que ninguém dê um pio e peça satisfações. E a ONU na maior, pagando salários sumptuosos a estrangeiros, quando esse dinheiro dava um grande jeito aos nacionais. Era para eles, de facto;

3 – E existe, não me deixarão mentir, uma grande falta de normalidade nessa organização completamente desorganizada.

PS – Se houver, na ONU, alguém que me possa esclarecer me telefone, tá?: (+245) 668 31 13. Ou vai ser preciso organizar uma marcha em frente à vossa sede?
António Aly Silva

O Cônsul que afinal era um cavalo

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Recebi um e-mail. Eu, Aly, recebi um e-mail que mais parece um interrogatório da polícia. Daqueles que eu gosto, desde que me tratem com respeito e coisa e tal. Quero deixar aqui bem claro que muita gente não percebeu o post «Menos ais». Mas como ultimamente tenho andado ocupado a comprar guerras aqui e aly...respondo.
Ler, leram, porque tem havido feedback. Mas que não entenderam, lá isso não entenderam.
Bom, mas o que diz a criatura? Começa por falar do tempo, mas eu já o tinha topado à distância. E quando a moeda cai na ranhura, eis que surge o império em todo o seu esplendor. Aqui vai a minha resposta:
«Caro amigo
Obrigado pelo e-mail. estava mesmo a precisar. A história, como bem sabemos, foi prenhe em impérios. Por todo o lado. De todos os lados. O império português, por quem tu gritas e gesticulas, não passou disso mesmo: de um império. E é - lá está, História. Não me cabe, portanto, julgar o império português, nem outro qualquer. O meu eterno liberalismo tem limites.
Mas como escreveste a um «intelectual» - obrigadinho, pá!, o intelectual (agora sem aspas) escreve-te também (aviso-te já que gosto de reciprocidade).
Isto para te dizer o seguinte: no império romano - esse colossal império, houve de tudo: imperadores inteligentes, outros brilhantes e teve outros que eram... Bom - conta Suetónio (historiador romano 70/160, que viveu na época de pelo menos dois imperadores) - tiveram um que lhes saiu, digamos assim, pela culatra: nomeou cônsul o seu próprio cavalo! Sim, esse idiota do Calígula.
O que se diz é que é a História. Mas, deixa para lá que a história também está cheia de anedotas...

Conversas em família

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Bissau, um mês qualquer entre Maio e Outubro. Choveu toda a manhã. Podia ouvir a chuva bater nas vidraças das janelas e até o murmúrio secreto das pessoas. E sentia o agradável odor do café que a minha Avó preparava todas as manhãs. E só hoje me dei conta de que todas estas pequenas coisas são coisas boas. Desejava chegar aos domingos só para ouvir o ruído do fogão a petróleo e sobretudo a minha Avó a conversar baixinho com o meu Avô. Conversavam acerca do correr dos dias e lembravam-se do tempo em que eram jovens em flor.
Daqueles dias exaltantes, dos bailaricos de rua e de salão. «Foram bons tempos, esses», acrescentava o avô. O meu Avô era um homem pequenino e de mãos bonitas, bem talhadas de resto, pese embora todo o trabalho que suportou durante a sua longa vida. Ainda mantinha uma voz fina, bem modulada. Usava um chapéu branco que, com o passar dos anos, se apresentava todo remendado com arame fino que ele, pachorrentamente, desfiava dos fios de electricidade. Ria muito e com frequência e recusava boleias. O pretexto era sempre o mesmo: «a melhor receita para envelhecer com dignidade é caminhar». E lá ia ele todo pomposo, rua abaixo. Também dizia, a propósito de viver muito (contava na altura cerca de 80anos), que chegara a essa idade porque «gostou muito de mulheres. Ainda gosto, claro. Gosto mas já não posso, se é que me faço entender» - o meu Avô teve muitos filhos e tem-nos visto partir, com dor. Quanto a bebidas, um cálice de whisky por semana, aos domingos, e de um só trago embora se mostre um perito no assunto. «Só se deve beber entre amigos e com amigos. Quando um homem bebe só, algo está mal, algo não vai bem dentro dele». E saiu-se com esta frase lapidar: «quem bebe só está a conviver com a morte que lhe mora na alma» … A minha Avó (que morreu com a respeitável idade de 86 anos) gostava muito do meu Avô. Gostava mesmo muito e dizia-lho sorrindo enlevada (ou embevecida?), não sei bem. E ele manifestava o seu contentamento afagando-lhe as mãos e beijando-a com suavidade na testa enrugada. «Quando a gente não gosta, não deve ocultar os sentimentos e muito menos as emoções». Escutava-os feliz e adormecia no seu colo como uma criança que quer saber coisas sobre as estrelas.
Contei-vos o que sei. Outras mãos escreverão um dia, como todos os outros pormenores, o que falta nesta história.

António Aly Silva
Jornalista
Imagem: pintura de António Aly Silva

Lembras-te de Bissau?

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“Venham daí esses ossos!”. Cruzamo-nos, por acaso, ia eu a atravessar a rua em direcção à fortaleza da Amura. Abraçamo-nos e depois afastou-se. «Olha só para ti, estás um homem!».
Este meu amigo costumava parar no bar «Escondidinho» – que fica na esquina da escola «Marques Palmeirim». Chegava de sorriso aberto, ao final da tarde, depois de grandes caminhadas pelo dia e depois de noites que só ele sabia viver. «Já estou de abalada», dizia isso sem ressentimentos nem temor. Aliás, começou a dizer isto – contaram-me – ia nos quarenta. Durou mais vinte e um; depois, sossegadamente, cerrou as persianas feitas de colmo e foi embora.
E adorava falar de mulheres - «Na minha idade é que era, vocês hoje vão para a cama por tudo e por nada». E tinha razão. Estamos sempre a ir para a cama; de manhã, à tarde e à noite. Pela primeira vez ouvi-o falar da violência da terra, dos ardores do sexo e de gente que se maltratava por um corpo quente de mulher. De gente que ele viu matar por um desvio de águas ou pela aleivosia de um dito mal interpretado. O meu amigo não era de percorrer tabernas, não. O «Escondidinho» enchia-lhe todas as medidas. Bebia o seu tinto, conversava, rindo de riso breve, ouvindo histórias. Histórias como aquelas que ele próprio contava, bem entendido; e contava-as numa toada lenta e despedida de deselegâncias.
Porém, vivia sempre o seu tempo. Nesse encontro, dois anos antes da sua morte, lembramos muitas coisas. Contou-me que enviuvara há cinco anos. A mulher morreu na sala de operações, em pleno parto, por falha de electricidade. «Ninguém contava com aquilo, foi terrível». Fez-se um silêncio sepulcral. Não consegui olhá-lo olhos nos olhos. Senti-me enfraquecido e a desfalecer e culpado por não saber o que dizer para confortá-lo. «Pelo menos ainda temos o ‘Escondidinho’» - disse-lhe. E fomos entrando. Voltou a desabafar. «Os amigos morreram todos; o Ucha, o Fernandinho...O último foi o teu pai» – disse-me. O meu pai morrera nesse ano, mais precisamente.
Fiquei então a saber aquilo que anos a fio me apoquentava: ou seja, o que este meu amigo procurava no «Escondidinho»: Letrado, ele procurava apenas a ração de afecto, os gomos de ternura que, confirmou-mo um dia, só a sua pacata e recôndita aldeia lhe poderia realmente oferecer. Bebíamos, de vez por outra mais do que manda a lei do equilíbrio; e, sobretudo conversávamos muito. E nós ouvíamo-lo muitíssimo. Ele percebera que perdera o tom da época; que a sua época era outra e que sobre essa época outra escrevera tudo quanto tinha de escrever. Porém manteve-se interessado. Lia o que os outros escreviam.
Certa tarde – contou-me o senhor Zé do «Escondidinho» - decidiu que chegara a hora de regressar à sua aldeia. E eles iam lá, vê-lo e conversá-lo. «Bebíamos agora um pouco e devagar». O meu amigo, sábio e antigo, quedava-se agora no batente da porta, no silêncio da tarde, no silêncio de todas as tardes. «Já nem havia palavra, aliás», sussurrou-me o senhor Zé. Depois, confidenciou-me, «ergueu-se e, pausadamente, atravessou os umbrais da eternidade».
António Aly Silva
Jornalista
Fotografia: (C) AAS

Porque há coisas que encantam nesse ‘tchon’

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“Um agitador cheio de coragem e loucura.” Há quem te qualifique assim (eu, por exemplo). Neste espelho cruel e cómico do que é esta cidade, este país, estas gentes, ficava bem um pouco de cor amena, tons pastel que ajudem a respirar com maior leveza nos dias que correm.
Os sorrisos com que me cruzo todos os dias. Nuns encontro inocência, noutros pura simpatia, noutros a esperança de dias melhores.
E as pessoas andam pelas ruas da cidade. Ninguém sabe para onde vão, donde vêm, o que as move. Mas andam. A cidade acorda bem cedo, bem antes de mim ou de qualquer pessoa que vive sob a protecção dos muros do meu bairro - muros de um mundo que não é este. Cada um luta à sua maneira para sobreviver a mais um dia. Mas luta pacificamente. O que vier, virá!
A força já não está nos olhares. Nem nas mãos, nem em lado nenhum. O trabalho faz-se lentamente. O tempo corre lentamente. O calor vai embora lentamente, ou não vai. A chuva agita apenas um pouco a vida desta gente, pelo menos por enquanto.
A alegria é encontrada nas pequenas coisas. Em coisas tão insignificantes que são ridículas aos olhos de quem aqui não pertence.
Um menino do interior da Guiné-Bissau, dos seus 4 anos, passou uma noite em minha casa, a dormir comigo, porque eu pertenço ao mundo dos que acham que estes pequenos gestos nos resgatarão do egoísmo em que vivemos submergidos. Estava calor, dormimos com o ar condicionado durante a noite toda. No regresso a sua casa, este menino contou aos outros meninos da sua idade que dormiu numa casa linda, cheia de vento. O que há de mais doce do que isto?
Aqui existe muita tristeza, muita miséria a todos os níveis. Mas depois existe aquela pequenina coisa pela qual vale a pena viver: a doçura reembolsada por nada! Há aqui uma magia que encanta. Essa magia está nas pessoas.

Bissau, 18 de Junho de 2008
MeGaMi
Foto: (C)AAS

Os novos colonialistas

África já foi citada de várias maneiras. E feitios. Apontam-lhe defeitos. E depois sugam-lhe até ao tutano, como diria Zeca Afonso. Porém, há uma citação que me atormenta. Tem-me perseguido, aliás, como se de uma sombra se tratasse:

«África não é nada, não faz nada nem nunca conseguirá fazer nada», afirmou Eden Kodjo, na altura secretário-geral da OUA (Organização da Unidade Africana), hoje União Africana graças ao homem dos camelos.

Eden Kodjo continua - volvidos quase trinta anos - dono desta razão sem razão, mas com razão de ser. E que é só esta:

Hoje, a Organização Mundial do Comércio, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, estabelecem as regras de uma situação de domínio e exploração de facto, e que consegue ser igual ou pior e de consequências mais funestas do que a escravatura colonial.
António Aly Silva
Jornalista

terça-feira, 17 de junho de 2008

Só mesmo um judeu!

Um judeu foi ao jornal pôr o anúncio da morte da mulher:

"Escreva assim: Sara morreu."

O escriturário, muito admirado pergunta: "Mas é só isso?"

Responde o judeu: "Sim, porque senão fica muito caro!".

O escriturário explica-lhe então que paga o mesmo até cinco palavras.

O judeu aproveita:

"Então escreva assim: Sara morreu. Vendo Opel Corsa".

E por estar tudo tenso...

Marque o zero...

Uma executiva de topo de um instituto público (portanto, não se trata de uma guineense...), recém nomeada, faz a sua primeira viagem em trabalho fora da sua cidade. À noite, sentiu-se sozinha e por isso decidiu telefonar a uma empresa de acompanhantes. Diz ela ao telefone:

- "Boa noite. Preciso de uma massagem... Não, espere! Na realidade o que quero é sexo! Uma grande e duradoura sessão de sexo, mas tem de ser agora! Estou a falar a sério! Quero que dure a noite inteira! Estou disposta a fazer de tudo, participar em todas as fantasias que vocês inventarem. Traga tudo o que tiver de acessórios: algemas, chicotes, dildos, pomadas... quero ficar a noite inteira a fazer de tudo! Vamos começar por espalhar mel pelo corpo um do outro. Depois vamos lamber-nos mutuamente... ou será que você tem alguma ideia mais quente? O que acha?

Diz o homem do outro lado da linha:

- "Bem, na verdade parece-me fantástico, mas para chamadas exteriores a senhora precisa de marcar o zero primeiro...

País light

Eterna feminina, a cidade de Bissau tem o gosto da angústia. A angústia de quem não tem a varinha de condão capaz de transformar, por exemplo, uma sandes de peixe frito em maravilhosas costeletas.
Por seu lado e como bom guineense, o J. é antes de mais, um bom machista. É ele quem fixa as regras do jogo. As garinas são sinónimo de panela de caldo di tchebém e brindje de skilon ao fim-de-semana ou, ainda, de uma barriga por engrossar.
«São muitas vezes simples objectos de prazer», fiz notar ao meu amigo, que não me deixou sem o devido troco. «Sobretudo agora, depois de sucessivos anos de orgia de violência, que reduziram o pessoal masculino e fizeram com que a média mulher-homem fosse (ainda) mais dilatada. «A guerra afinal serve para estas coisas…», disse em tom desajeitado. Recordámos então, com aquele sorriso maroto, as filas intermináveis nos Armazéns do Povo e na Socomin e os jogos de futebol de salão nos ringues do agora Ministério das Finanças, e da defunta UDIB (como dói!).
Isto passou-se pouco antes do meu atribulado regresso a Lisboa (nha polícias di luxo…), no mês de Outubro do corrente ano. De volta ao país, voltei a cruzar-me com o J. numa das nossas esquinas. Estava diferente. Deixara crescer o bigode e engordara. Deitava-me agora aquele olhar melancólico e impotente. «É a Bissau a preto-e-branco» – sussurrei-lhe. «Boa mãe para uma imensa minoria e madrasta para a esmagadora maioria».
É que, há dias, há dias em que um dia parece que nunca mais passa. E há vezes em que estes anos todos passaram quase que de repente. «E o guineense comum – barafustou J. – o Zé-povinho, passa por esta vida como um gato – sem deixar marcas». Provocador (como eu, sim, como eu…) olhou à volta, para se certificar que tínhamos todos ouvido, e riu-se durante cerca de 5 minutos. Nem sequer parou de rir quando, em marcha-atrás, um automóvel conduzido por um motorista meio lélé-da-cuca quase lhe partia a perna.
Fiz-lhe notar que Bissau se transformara num parque de diversões, onde os homens são homens, mesmo que não queiram, e as mulheres são mulheres, mesmo que tenham que fingir. As mulheres divertem-se a gritar ou a fechar os olhos para se convencerem que não estão ali. Os homens cerram os dentes e abrem os olhos como prova de coragem. Na realidade, como fica mal gritar – e não foram educados para isso – defendem-se com um sentido de humor tirado dos intestinos fraquejantes. Outra maneira de ser homem é explicar que isto parece mas não é. Quer dizer, parece que podemos morrer, cair, magoarmo-nos, mas não é possível. Que País!...

António Aly Silva
Jornalista

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Menos ais


A palavra «ego», entre outros tantos significados, exprime a ideia de auto-estima. Ora aí está algo que nos anda a fazer falta a todos.
Falta-nos confiança, temos medo de arriscar e andamos todos na encolha. Melhor, tesos. Melhor ainda: f#/”$%s. E temos um problema ancestral: país algum gosta tanto de nós como gostamos dele.
FACTO: É por demais evidente nos países que colonizaram africanos que, regra geral, não vão muito à bola connosco, e, quando vão, dão-nos com os pés...
Sempre foi o drama dos guineenses gostarem mais dos estrangeiros do que os estrangeiros dos guineenses. Por exemplo, gostamos mais dos portugueses do que eles de nós. Gostamos imenso dos franceses (esses presumidos dos franceses?!) e eles não gostam assim tanto de nós. Gostamos até de muitos países que nem sequer nos conhecem quanto mais gostar de nós. Outro exemplo: Os nossos governantes nada fazem para que os guineenses continuem a querer falar português, mas ficamos amuados quando alguém diz que, se calhar, dava-nos mais jeito passar para o francês.
Os amigos escolhem-se e nós temos de escolher os nossos. Porque é que havemos de querer ser amigos de quem não gosta de nós, só porque vivemos uns tempos com eles ou porque falamos a mesma língua?
Guiné-Bissau tem irmãos a mais e amigos a menos. Os amigos escolhem-se e amizade pratica-se. E não se pode amar à distância. É preciso a proximidade, a presença, a prática. Hoje em dia, as «relações históricas» são mesmo isso: história. O presente, com os olhos postos no futuro mostra-nos a cada dia que passa que essas relações devem ser comerciais. Alguém acredita mesmo na caridade pura e simples? Se acredita, não acredita de bom grado.
Aos parceiros da Guiné-Bissau: A vossa relação connosco (a ganância em perder dinheiro, perder tempo e dignidade) parece altamente suspeita aos olhos do cidadão comum mais bem informado... Alguém disse, e bem, que a cada minuto que passa nasce um trouxa.
Aly Silva

domingo, 15 de junho de 2008

Chega-me lume

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E cá está ele («então, rapaz, tiraste a fotografia...medo?»)... Medo? Mas que medo, caramba! pela enésima vez: eu não tenho inimigos à minha altura. E aqui estou: junto aos pés (não se vê na fotografia, mas está lá) um recipiente com combustível (gasolina, que é o que há...) e, na mão, o isqueiro. Deixem-se lá de ameaças e falemos daquilo que realmente interessa. Quanto a mim, e depois de (quase) perder a esperança na Humanidade, prefiro falar de Jesus Cristo, pois fez o coxo andar, o doente sarar, mas nunca fez um burro tornar-se inteligente. Mais palavras para quê? Se juntar tudo, o resultado será, naturalmente, booooooooooooommmmmm - e o fim de tudo.

sábado, 14 de junho de 2008

Alpedrinha, feito Embaixador

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Carta de um Pai indignado
«Do alto da sua menoridade, no dia 10 de Junho, o Embaixador de Portugal mostrou a sua Raça. Ao expulsar de território português uma cidadã portuguesa, minha filha, e pior ainda, pelas estapafúrdias razões invocadas, "não ter cumprimentado Sexa", mostrou à evidência a sua pequenez, a completa falta de neurónios e a sua acentuada tendência para o consumo de penaltis do Cartacho…
Da inigualável galeria de personagens de Eça de Queiroz ocorre-me logo a comparação com o subserviente Zagalo, distinto biógrafo do eterno Conde d'Abranhos, mas sou obrigado a reconhecer que afinal este sempre dominava umas letras, tinha um estilo de escrita vigoroso e eloquentee conhecimentos escolares mínimos, o que manifestamente parece não sero o caso do Embaixador.
Faz-me lembrar mais o Alpedrinha, desterrado no Cairo a fazer vezes de representante de Portugal. Este ainda poderia ambicionar ser Embaixador, enquanto o de cá tem mais vocação para Embailador. Garantem-me pessoas amigas que este nosso Alpedrinha de trazer por casa foi, em tempos idos, porteiro do Bar Filadélfia ao Cais do Sodré.
Sinceramente não o creio. Vejo-o mais a exercer as mesmas funções na Ginginha do Rossio ou no Papa Açorda, porque mais condizentes com a sua figura caricata, o bigode de caranga e com o pé sempre a fugir-lhe para a chinela. Afinal, Portugal representa-se por pessoas de bem, civilizadas, cultas, como, por exemplo, todos aqueles que vieram participar no Simpósio Internacional de Guiledje e que trouxeram um abraço solidário, mostraram o seu elevado nível de sentimentos, deconhecimento histórico e cultural e que deixaram em todos nós uma imagem do Portugal moderno e civilizado que muito nos calou no coração.
O Alpedrinha que nos calhou em sorte tem o rei na barriga e um séquito de fieis servidores a quem humilha permanentemente na Embaixada, masque habituados à canga não tugem nem mugem, acabando até por gostar de a carregar. Uma coisa ele não sabia e passou a saber: É que há pessoas, simples mortais, com quem se pode brincar a tudo menos com a sua dignidade. Vamos a isto, então!

Carlos Schwarz»

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Aviso à navegação (que se afunda...)

Tenho recebido e-mail's e telefonemas com manifestações de solidariedade por causa do post «Realidade ou Ficção?», vindo de pessoas simples, com cultura democrática que eu considero até bastante acima da média. Uns há que falam com a voz do dono. Mas a mim não metem medo.
Deixo entretanto este alerta a certas pessoas do CORPO DIPLOMÁTICO (CD) acreditado em Bissau:
Se o governo da Guiné-Bissau, nomeadamente o seu ministério dos Negócios Estrangeiros, não faz nada para disciplinar algum CD, eu tomarei essa responsablidade: a partir de hoje, andarei armado de uma máquina fotográfica e câmara de vídeo.
Qualquer indisciplina: carros mal estacionados, carros de marícula CD conduzidos por pessoas que não estão habilitadas para tal, acidentes, disparates, bebedeiras de fazer perder o equilibrio, promiscuidades e outros, serão alvo da minha melhor atenção.
Depois não digam que não avisei. Com prazer,
António Aly Silva (jornalista)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

REALIDADE OU FICÇÃO?! Bem-vindo à embaixada de Portugal na Guiné-Bissau

Ou sobre o 10 de Junho - dia de Portugal, de Camões e de expulsão de portugueses...
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Soube-se que, o Exmo. Senhor Embaixador de Portugal na Guiné-Bissau teve a brilhante e elegante ideia de ser pioneiro na expulsão de portugueses convidados para a comemoração do dia de Portugal, em território considerado português...

Ao que tudo indica, este acto bravo repleto de coragem, teve lugar porque o dito convidado entrou na “festa” sem se dirigir a ele. TERÁ SIDO O ÚNICO?! Sabe-se pelo menos que foi o único a ser expulso com auxílio dos seguranças e com palavras insultuosas proferidas pelo próprio Diplomata em frente a uma plateia numerosa.

...E a justiça foi feita!! Sim senhor, agora poderá reconfortar-se na sua camita e dormir como um anjo, porque ele próprio, o Exmo. Embaixador de Portugal, ladrou como um rufia, mordeu como um animal e prosseguiu a festa como um verdadeiro Diplomata!

Terá ele tido um dia dificil? Terá sido um acaso? Não aprecia particularmente o referido convidado? Terá ficado, simplesmente ofendido e sentiu-se deveras humilhado por não ter sido cumprimentado por esse vulgar convidado? Ou existirão outras razões mais escuras por detrás?

É que estamos a falar de uma convidada, adulta, casada e mãe, com a ficha limpa e sem qualquer filiação partidária, religiosa ou outras.

A verdade é que, POR TÃO POUCO não se esperava esta tão nobre reacção do Senhor Embaixador. É assim que se faz diplomacia.

Que é feito das características primordiais de um Diplomata, de um Representante, a Educação, a Inteligência Emocional e o Diálogo? São características que ao longo dos seus anos de serviço na Guiné-Bissau, não constam do seu Universo, por terem sido substítuidas por outras como baixo nível, ignorância e álcool, para não se falar do mau aspecto que o próprio homem apresenta!

Temos a certeza que o Pai Natal este ano irá felicitá-lo com o presente dos seus sonhos!

Indivíduos, com cargos de grande responsabilidade, com o peso de dignificarem as suas origens, se comportem sem formação, ou se achem Reis longe de casa, é uma cena altamente triste e vergonhosa.

Pessoas que na Europa são simplesmente insignificantes e inúteis, demonstram uma atitude selvagem de um país que se designa desenvolvido?!

Salvo raríssimas excepções, a Embaixada de Portugal na Guiné-Bissau tem contado permanentemente com uma equipa constituida por elementos que têm deixado muito a desejar...Não é de hoje que a referida Instituição pauta pela indiferença, desinteresse por determinados portugueses. O que estarão cá, eles a fazer?!

P.S. O mais incrivel é existirem pessoas que, por uma ou outra razão, achem que a postura do Embaixador foi a melhor!!! OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS e sobretudo, para estas pessoas de curta visão, só se revoltam quando sentem na pele!!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Bissau, a capital africana do Hummer

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Pois é... a visita de Estado que o todo-poderoso presidente da Gâmbia, Yaya Jameh, efectuará a Bissau a partir de amanhã, 10 de Junho, tem tudo a ver... Quatro(!) jippes Hummer (incluindo uma pick-up), e três(!!!) Nissan Armada V8, todos a gasolina, estão em Bissau há dois dias. Uma comitiva de quase 100 pessoas (o grosso é composto por elementos da segurança, alguns em Bissau há uma semana), acompanham o presidente. Bissau ganha, durante quatro dias, o estatuto de capital africana do Hummer. Esperemos que o presidente Jameh tenha, também, trazido combustível, caso contrário - e lá estou eu a engolir o peixe pelo rabo - os camelos do Khadaffi entrarão em serviço mais cedo que o esperado...Poupem-me e aumentem lá o gasóleo que a marcha não pode parar... Quem mal que vos fica o show-off

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Reflexão para o 7 de Junho (I)

Espanta-me o estado de espírito actual dos guineenses, a sua resignação expectante: Passivo à superfície, mas atento e crítico no fundo. Aqui, neste projecto de país, pretende-se caminhar para a justiça social admitindo injustiças pontuais gritantes; prega-se a contenção, e o despesismo do Estado aumenta; quer-se dar excelência ao Ensino e pensa-se, muitas vezes, mais com um espírito economicista do que na natureza do saber.

Aposto mesmo que os nossos governantes pensam o seguinte:
«já que não é possível mobilizar o povo – porque não há ideias, ou porque simplesmente o povo não é mobilizável – neutralizemo-lo, baralhemos a sua 'consciência social' com o nosso pragmatismo ambíguo, obrigando-o a sacrifícios e impondo-lhe, aos poucos, mudanças estruturais; e avancemos assim, com o mínimo de conflitos, até onde pudermos.»

Tendo-lhe retirado deste modo a consciência clara do que realmente se está a passar (um doce a quem saiba para onde isto vai), insuflemos-lhe, pelo menos, a imagem de que se está a dar no duro... Talvez esta seja a única maneira de fazer avançar as coisas, dados os constrangimentos de uma mentalidade mais arcaica. Ocupe-se permanentemente a agenda política, produza-se o acontecimento e preencha-se o espaço político. O povo convencer-se-á, finalmente, de que não há outra via.

Porém, esta maneira de governar comporta dois perigos essenciais: por não haver uma visão geral coerente do que se quer, arrisca-se a não seguir uma linha que diminua progressivamente a injustiça, arriscando-se o governo a perder o «norte». O segundo perigo é o afastamento do povo – o que, precisamente, por razões vitais, o governo não pode querer. Mas até onde quererá ele ir?

António Aly Silva
Jornalista